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A FAMÍLIA E A SEXUALIDADE


Textos: Gn. 1.27 – Ts. 4.3-5; 5.23 e I Pe. 1.14-16

INTRODUÇÃO: Deus é o Criador do sexo, visando não apenas a procriação, mas também o prazer dos cônjuges. Mas esse tem sido instrumento de banalização na sociedade contemporânea, marcada pela erotização. No estudo desta semana trataremos a respeito desse importante tema, ainda pouco compreendido, até mesmo entre os cristãos. Inicialmente apresentaremos algumas abordagens sociológicas em relação à sexualidade, em seguida, o significado bíblico da sexualidade, e por último, destacaremos os princípios cristãos para a sexualidade sadia.

1. ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS SOBRE A SEXUALIDADE: A sexualidade humana é um assunto bastante completo, além de controvertido. Isso porque envolve fatores diversos, dentre eles, o biológico, o gênero, as emoções, pensamentos, comportamentos, atitudes e valores. As abordagens sociológicas modernas e pós-modernas tendem a rechaçar a repressão à sexualidade. A teoria psicanalítica de Freud favoreceu o liberalismo sexual que testemunhamos nesses últimos anos. A percepção do sexo, para esse pensador, é uma expressão da sua animalidade. Assim sendo, sua repressão não passaria de um condicionamento social. Após o período pós-guerra, surgiu um movimento na sociedade com vistas à liberação dessa chamada “repressão sexual”. Uma manifestação concreta dessa abordagem foi a criação da revista Playboy, por Hugh Hefner. Essa atitude também resultou na coisificação da mulher, transformando-a em mero objeto de desejo. A obsessão pelo sexo, bastante comum nos dias atuais, mostra que existe algo errado em relação ao sexo. A erotização exacerbada está transformando as pessoas em sexólatras. Há inclusive uma indústria do sexo para alimentar os vícios, dentre eles a pornografia, que pode levar à prostituição. As teorias sociais mais equilibradas em relação à sexualidade reconhece que essa é tanto biológica quanto social. As pessoas nascem homem ou mulher, mas carecem também de desenvolvimento, para manifestar a sexualidade. Os aspectos psicológicos também não podem ser descartados. O desenvolvimento do desejo sexual acontece no cérebro como resposta ao estímulo social. Uma região do cérebro, segundo informação da medicina, denominada córtex cerebral, determina o prazer sexual. A erotização da sociedade está fazendo com que as crianças desenvolvam, cada vez mais cedo, o desejo sexual. A mídia, principalmente a televisão, explora demasiadamente o corpo feminino. Como resultado, a iniciação sexual dos jovens está acontecendo cada vez mais cedo.

2. O SIGNIFICADO BÍBLICO DA SEXUALIDADE: A sociedade contemporânea desconhece, e em alguns casos, se opõe ao modelo bíblico de sexualidade. A negação da doutrina do pecado, revelada na Bíblia, (Rm. 3.23), contribui para práticas contrárias ao padrão divino. A doutrina da queda precisa ser enfatizada, ressaltando suas implicações inclusive quanto à sexualidade. Práticas homossexuais, e também heterossexuais, estão marcadas pelo pecado. O princípio bíblico da sexualidade se encontra em Gn. 1.27,28, homem e mulher foram criados a imagem de Deus, macho e fêmea. O propósito fundamental do ato sexual é a procriação. A sexualidade, por conseguinte, é parte do projeto inicial de Deus, antes mesmo do pecado. A complementação do homem e da mulher se concretiza com maior propriedade durante a relação sexual. O homem e a mulher foram criados, por Deus, para o prazer sexual. Após a queda, conforme atestamos em Gn. 3.17-19, a sexualidade perdeu o equilibro inicial. Isso tem resultado em distorções, não apenas no comportamento homossexual, reprovado na Bíblia (Rm. 1.24-27; I Co. 6.11), mas também heterossexual. Não apenas a prática homossexual é pecado, também a relação com animais (Lv. Dt. 27.21); a prostituição (I Ts. 4.3); a fornicação (I Co. 6.15), o estupro (Dt. 22.25,26), o incesto (Dt. 27.20-23); a poligamia (Lv. 18.18) e o adultério (Dt. 22.22). A palavra grega porneia, no Novo Testamento, comumente traduzida por imoralidade sexual, abrange toda essa gama de pecados sexuais. A sexualidade, de acordo com a Palavra de Deus, é digna de honra, pois “venerado seja entre todos o matrimônio, e o leito sem mácula” (Hb. 13.4). Ainda que Paulo tenha recomendado que o melhor fosse ficar solteiro, ele mesmo reconhece que nem todos têm esse dom (I Co. 7.7-8). Na verdade, ao invés do abrasamento, e de um celibato imposto, o melhor mesmo é casar (I Co. 7.9). E tem mais, marido e mulher têm obrigações sexuais a serem cumpridas (I Co. 7.2-5). A negação do ato sexual, defendido pelo catolicismo, é influência do platonismo grego. O livro bíblico de Cantares é uma expressão poética da sexualidade vivida de acordo o padrão divino (Ct. 1.2; 16; 4.1-5; 5.11-16; 7.1-8).

3. ORIENTAÇÕES CRISTÃS PARA A SEXUALIDADE: Existem muitas dúvidas em relação à sexualidade no contexto cristão. Os crentes geralmente querem respostas para perguntas específicas. Mas a Bíblia não apresenta respostas para todas as perguntas, apenas alguns princípios gerais. 

Destacamos algumas orientações para a sexualidade cristã: 
1) O grau de envolvimento sexual deve ser proporcional ao grau de amor e compromisso, por isso o sexo antes do casamento não pode ser motivado; 
2) Limites devem ser postos, a fim de evitar desejos desenfreados, que viciam; 
3) Os cônjuges devem testar suas motivações pessoais para o envolvimento e atividade físicas, não apenas o prazer individual; 
4) A comunicação, mais propriamente, o diálogo deve fazer parte do ato sexual, os cônjuges devem conversar a respeito; 
5) Ambos os cônjuges são responsáveis de, através do diálogo, determinar quais são os limites da relação; 
6) Nem tudo pode ser permitido, ainda que, não necessariamente seja pecado, o respeito pelo outro deve ser considerado. 

O princípio da mutualidade deve conduzir a relação sexual, o marido e a mulher devem buscar a satisfação do outro. Como resultado, ambos conseguirão extrair o melhor do relacionamento sexual, consoante a orientação paulina em I Co. 7.4,5. A palavra-chave grega, nesse texto, é symphomnou, isto é, em sintonia. A relação sexual entre um marido e uma mulher, como respaldada pela Bíblia, é uma harmoniosa sinfonia. Isso acontece quando a sexualidade está fundamentada em uma aliança incondicional, não em um mero contrato, ou mesmo no desejo sexual desenfreado, que é pecado. Isso também envolve graça, a aceitação das limitações do outro, inclusive na área sexual. A erotização supervalorizou o orgasmo, ele foi escolhido como manifestação da liberação sexual feminina. É natural que as mulheres o busquem, mas sem transformá-lo em uma obsessão. Os cônjuges devem tirar proveito daquilo que um pode oferecer ao outro no ato sexual, sem cobranças descabidas ou imposições. A intimidade sexual deve aumentar na medida em que também aumenta o grau de compromisso no casamento.

CONCLUSÃO: O sexo foi criado para o homem e a mulher não apenas para a procriação, mas também para o prazer. Marido e mulher, diante de Deus, e em conformidade com a Bíblia, devem investir no ato sexual. Nada há de pecado na sexualidade sadia, dentro da aliança conjugal, firmada perante Deus e os homens. A proibição do sexo, mesmo dentro do casamento, enfatizada em algumas igrejas, é influência do dualismo grego. O ato sexual, se praticado dentro dos princípios bíblicos, é também uma forma de glorificar a Deus (II Tm. 3.16). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

EDUCAÇÃO CRISTÃ, RESPONSABILIDADE DOS PAIS


Textos: Pv. 22.6 – Dt. 6.1-9


INTRODUÇÃO: Vivemos em dias difíceis, a respeito dos quais tratou Paulo em sua Epístola a Timóteo (II Tm. 3.1-2). Especialmente para a criação dos filhos no temor do Senhor, tendo em vista que os valores cristãos estão sendo cada vez mais solapados pela mídia. Diante dessa situação, estudaremos, esta semana, a respeito da importância da educação cristã, principalmente no contexto familiar, sob a responsabilidade dos pais. Inicialmente trataremos a respeito da educação no Antigo, e depois no Novo Testamento. Ao final, faremos um apelo para que os pais invistam não apenas na formação profissional, mas também espiritual dos seus filhos.

1. EDUCAÇÃO CRISTÃ, CONCEITOS FUNDAMENTAIS: O conceito de educação é bastante amplo, e por demais complexo. O verbo educar, em latim, significa instruir, orientar. Mas as definições de educação dependem bastante das concepções teóricas envolvidas. Em várias instituições educacionais, a abordagem educacional está atrelada à mera informação. A maioria das escolas dos dias atuais, preocupadas com o mercado de trabalho, repassam apenas conteúdos. A educação é meramente bancária, os alunos vão para a escola apenas para receberem informações. Por conseguinte, valores que deveriam ser trabalhados pela escola, tais como o respeito pelo próximo, são relegados a segundo plano. Um reflexo desse modelo educacional é a ausência de posicionamentos éticos por parte daqueles que frequentam os bancos escolares. Os alunos estudam bastante, conseguem entrar nas universidades, mas não se comprometem com o outro. Evidentemente isso acontece também porque a filosofia educacional que predomina nas escolas é materialista. A ênfase no mercado e a desconsideração de uma ética maior estão fortalecendo o individualismo. De modo que, na sociedade, e às vezes nas igrejas, o tratamento é cada um por si, ninguém considera mais o próximo. Isso acontece também por falta de uma cosmovisão cristã em relação à educação. Não podemos esquecer que o ser humano caiu no Éden, e isso resultou no distanciamento do Criador e do próximo. Em consonância com a pedagogia de Jesus, precisamos ensinar a verdade às pessoas, inclusive às crianças, pela Palavra de Deus (Mc. 4.33; Lc. 24.27). O Mestre Jesus valorizava as pessoas, independentemente da condição social, fosse uma adúltera, como a mulher samaritana (Jo. 4), ou um doutor da lei, como Nicodemos (Jo. 3). A educação cristã, seja na igreja ou na família, deve partir das Escrituras, que é útil, a fim de conduzir as pessoas à santificação (II Tm. 3.16).

2. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO: Antes de 2.500 a. C já identificamos, no Antigo Testamento, um sistema educacional formal e estruturado, a fim de treinar as crianças, desde a infância (Pv. 22.6). A educação, naquele contexto, deveria oportunizar o desenvolvimento de uma profissão, mas, sobretudo, o caráter. Samuel é um exemplo de um jovem que fora instruído, desde cedo, ao serviço do Senhor, sob a supervisão do sacerdote Eli (I Sm. 3.10). A competência para a leitura, tendo em vista o domínio das leis, era estimulada desde cedo (Dt. 6.9; 17;18,19; 27.2-8; Js. 18.4,9; Jz. 8.14; Is. 10.19). Talvez por causa do excesso de imagem, principalmente por causa da influência da televisão, as crianças estão lendo cada vez mais tarde. Isso é preocupante, ao invés de lerem um livro, que desperta a imaginação, procuram antes o filme. No Antigo Pacto as ordenanças divinas eram valiosas, por isso deveriam ser ensinadas (Dt. 4.9,10; 6.20), a fim de desenvolver princípios éticos (Lc. 19.2). A instrução não se voltava apenas ao domínio das leis, mas, principalmente, à justiça social (Am. 2.6,7), e ao temor do Senhor, princípio de toda sabedoria (Pv. 1.2-4; 9.10). Durante o cativeiro babilônico surgiu a sinagoga, que serviu como instituição formal para a educação, para a leitura da Torá. A primeira escola do judeu era o seu lar, em casa os filhos aprendiam os rudimentos da fé. Isso porque, na cultura judaica, a família era a base da sociedade. As crianças tinham valor, e pesava, sobre os pais, a responsabilidade de educá-los, por serem dádivas de Deus (Jó. 5.25; Sl. 127.3; 128.3,4). Alguns pais não querem mais se comprometer com a educação dos seus filhos. Por causa do ativismo, inclusive na igreja, muitos pais estão deixando os filhos à mercê da televisão. Os estragos têm sido os mais terríveis, filhos inseguros, com valores distorcidos, tomados pela rebeldia. O treinamento das crianças, no Antigo Testamento, envolvia também a formação artística (I Sm. 16.11; II Rs. 4.18; Jz. 21.21; Lm. 5.14). Essa formação deve ser considerada pelos pais, pois a arte exerce um papel na construção do caráter. A instrução quanto as prendas domésticas também recebia atenção, principalmente para as meninas (Ex. 35.25; II Sm. 13.8).

3. EDUCAÇÃO CRISTÃ NO NOVO TESTAMENTO: O estudo ocupou papel de destaque no ministério de Jesus, não por acaso a Ele se referiam como Rabi, Mestre (Jo. 3.2). Jesus ensinava, a multidão ficava maravilhada com Suas instruções (Mt. 5.1). O conteúdo da Sua mensagem era o evangelho do Reino, fundamentado na Palavra de Deus (Mt. 4.23). A pedagogia do Reino, conforme ensinada por Jesus, estava fundamentada no amor-agape (Mt. 12.31; Jo. 15.12). Essa é uma falha no sistema educacional humano. Ninguém fala em amor, o afeto, uma carência fundamental do ser, está sendo desconsiderada. Os escritos de alguns educadores, dentre eles Paulo Freire e Rubem Alves, têm alertado os professores para esse importante aspecto. Contrariando a lógica do mercado, que sempre quer tirar vantagem em tudo, Jesus ensina a perdoar, e às vezes a ganhar através da perda (Mt. 18.21). A coisificação do ser, resultante do modelo de mercantilização da pessoa, deve dar lugar à dignidade. Jesus respeitava as pessoas, não desprezava as mulheres e as crianças, o que era comum naqueles dias (Mt. 18.1,10). Mas Jesus também chamou a atenção para a realidade do pecado. As crianças estão cada vez menos comprometidas com outro porque não são ensinadas a esse respeito. O pecado tem causado transtornos terríveis à sociedade, o maior deles é o distanciamento de Deus (Rm. 3.23). A supervalorização do dinheiro, bastante comum hoje em dia, deve ser questionada, tanto na igreja quanto no lar (Mc. 10.21). Os pais precisam não apenas através das palavras, mas também de ações, mostrar aos filhos que não são controlados pelo consumismo. Existem várias métodos para o ensino da Palavra de Deus às crianças, as estórias tem muito efeito. Jesus era um contador de histórias, suas parábolas atraiam a atenção dos ouvintes (Mt. 13.3). O Mestre aproveitava todas as oportunidades e lugares para ensinar os princípios divinos (Lc. 9.14). Os pais precisam investir em momentos familiares para a formação dos seus filhos.

CONCLUSÃO: Os filhos são herança de Deus, recompensa do Senhor (Sl. 127.3), por isso devem ser ensinados com amor a fim de que desenvolvam o temor a Deus (Ef. 6.1-4). A educação secularizada, a não ser nas escolas confessionais evangélicas, não investe na formação espiritual das crianças. Diante dessa realidade, a igreja, através da Escola Dominical, e os pais, no convívio doméstico, devem instruir seus filhos nos caminhos do Senhor. A orientação de Pv. 22.6, que  se trata de um princípio geral, deve nos motivar à educação cristã dos nossos filhos, a fim de que esses, quando crescerem, permaneçam na Palavra de Deus. PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

O DIVÓRCIO

Textos: MT. 19.9 – Mt. 19.3-12


INTRODUÇÃO: No estudo desta semana tende a ser polêmico, tendo em vista que o tema divórcio, é um dos assuntos mais controvertidos das Escrituras. Ciente dessa realidade, objetivamos não apenas esclarecer, com base na Bíblia, o que é e as possibilidades de divórcio, mas, também, apresentar encaminhamentos para que os cristãos evitem, sempre que possível, passar por essa experiência frustrante.

1. O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO: A palavra divórcio, do latim “divortium”, significa separar-se e diz respeito ao acordo judicial que os cônjuges, em comum acordo, decidem, perante a lei, dissolver o vínculo do casamento. No Antigo Testamento, essa prática era concretizada através da dissolução do vínculo matrimonial, dando o direito da parte inocente contrair novas núpcias (Dt. 24.2), a esse tipo de divórcio, ou repúdio, Jesus se refere em Mt. 5.31,32; 19.9. As razões que justificam o divórcio, de acordo com a Lei Mosaica, se encontram em Dt. 24.1-4, expressamente quando o homem identificasse, na mulher, uma “coisa indecente” ou “feia”. Em conformidade com a Lei de Moisés, o homem não podia conceder divórcio à mulher por dois motivos: 1) quando a esposa fosse acusada falsamente de infidelidade sexual (Dt. 22.13-19); e 2) quando um homem tirasse a virgindade de uma mulher e fosse compelido a se casar com ela (Ex. 22.16,17; Dt. 22.28,29). No Antigo Testamento, encontramos dois contextos nos quais o divórcio foi recomendado, o primeiro no caso de casamentos mistos, depois que os judeus retornaram do cativeiro babilônico (Ed. 9 e 10; Ne. 13). Em Ml. 2.16, texto no qual Deus revela Sua insatisfação com o divórcio, também, nos versículos 14 e 15, orienta para que os judeus retornem à mulher da sua mocidade. As tentativas de interpretação dos textos do Antigo Testamento deu origem, no período interbíblico, a duas escolas: Shammai – extremamente radical, defendia que o divórcio somente poderia acontecer em casos de adultério. Para esse rabino judeu, a “coisa indecente” de Dt. 24.1 se referia ao pecado sexual; Hillei, - mais liberal, argumentava que o divórcio poderia acontecer por qualquer motivo, assim sendo, a expressão “coisa indecente”, seria qualquer coisa que o marido não gostasse na mulher. Se o marido não gostasse da comida preparada por sua esposa poderia considerar isso uma “coisa indecente”, justificando o divórcio.

2. O DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO: Esse era o contexto no qual o Senhor Jesus se deparou, e a respeito do qual lemos em Mt. 5.31,32, em que o Mestre se opõe ao divórcio por qualquer motivo, a não ser em virtude de relações sexuais ilícitas. Certamente o divórcio era muito comum naqueles dias, não por acaso a mulher samaritana já havia se divorciado cinco vezes (Jo. 4.18), o objetivo do Senhor era coibir as interpretações demasiadamente liberais a respeito do assunto. A palavra grega para “relações sexuais ilícitas” é porneia, que aparece no Novo Testamento para se referir não especificamente ao adultério, mas a prostituição, fornicação, adultério e imoralidade. Esse termo grego é mais amplo, e diz respeito a todo e qualquer tipo de relação sexual ilícita, diferentemente de moicheia, que tecnicamente se refere ao adultério, restrito aos casados (Mc. 7.21). Em Mt. 19.3-12, o divórcio explicitado por Jesus está no contexto de uma pergunta feita pelos fariseus, com base nas escolas de interpretação em evidência na época, mais especificamente a de Shammai e Hillei (Mt. 19.3). Os fariseus queriam posicionar Jesus dentro de uma dessas escolas de interpretação judaica em relação ao divórcio. A resposta de Jesus não se inscreve em nenhuma dessas escolas, Ele remete diretamente ao princípio escriturístico de Gn. 2.24, da indissolubilidade do casamento. O Senhor adverte que “quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas (porneia no grego) e casar com outra, comete adultério (moicheia no grego). Através de Moisés, Deus permitiu que se entregasse Carta de Divórcio (ou de Repúdio) por causa da dureza do coração dos homens (Mt. 19.7,8). O divórcio, por conseguinte, é resultante da natureza caída, da perversão dos corações dos homens. Nas Epístolas de Paulo existem poucas passagens alusivas ao divórcio, as principais delas são Rm. 7.1-3 e I Co. 7.10-15. Na primeira passagem o apóstolo dos gentios não está tratando diretamente a respeito do divórcio, antes pretende ilustrar, a partir da indissolubilidade do casamento, a liberdade que há em Cristo, em comparação com a Lei Mosaica. Como regra geral, enquanto o marido viver a mulher estará ligada a ele pelo matrimônio, mas Paulo não está tratando da exceção, quando ocorre divórcio (Rm. 7.3). Na passagem da Epístola aos Coríntios, Paulo orienta os casais cristãos, mais especificamente às mulheres, que “não se apartem dos seus maridos”, mesmo que eles sejam descrentes. A exceção é se o marido descrente não quiser conviver com a esposa cristã, e resolver abandoná-la, nesse caso ela está livre, não mais sujeita à servidão (I Co. 7.10-15). Evidentemente todo esforço deve ser feito para que as partes vivam em paz, e que haja espaço para a reconciliação, o divórcio deve ser sempre a última saída. Como o texto bíblico afirma que a parte vitimada “não fica sujeito à servidão”, infere-se que essa está livre para contrair novas núpcias, contanto que seja “no Senhor” (I Co. 7.39).

3. O DIVÓRCIO E A IGREJA: No Brasil o divórcio foi instituído, oficialmente, com a Emenda Constitucional nº. 9, de 28 de junho de 1977 e regulamentada pela Lei nº. 6.515 de 26 de dezembro desse mesmo ano. A Lei nº. 11.441, de 4 de janeiro de 2007, facilitou mais ainda a ocorrência do divórcio, tendo em vista que esse passou a ser requerido por via administrativa, dispensando a necessidade de uma Ação Judicial, bastando apenas que um advogado compareça ao tabelionato de notas com um requerimento, mas essa facilidade somente é possível caso os casados não tenha filhos menores ou incapazes. O divórcio no Brasil tem crescido consideravelmente, em 23 anos, deu um salto para 200%, um divórcio para cada quatro casamentos. Em 2009 surgiu a PEC 0028/2010, que posteriormente se transformou na EC 66/2010, que simplifica a concretização do divórcio, acabando com o cumprimento de prazos para a sua realização. Mas o posicionamento da Igreja deve ser diferente daquele exarado na Legislação. O divórcio, em oposição ao que vem fazendo o governo, não deve ser incentivado pela Igreja. Os dois casos com respaldo bíblicos para o divórcio são: a imoralidade sexual da parte do cônjuge e o abandono do descrente pela parte incrédula. Nesses casos, ao que tudo indica, há possibilidade de novo casamento. Evidentemente a Igreja precisa ser cuidadosa e avaliar cada caso individualmente, um exemplo é o de irmãs que não são abandonadas pelo marido descrente, mas que são vítimas de espancamento. Outro aspecto a ser considerado é o caso de pessoas que se divorciaram antes de virem para a igreja, no tempo da ignorância (At. 17.30), não podendo ser julgadas a partir dos mesmos critérios daqueles que sempre foram cristãs (II Co. 5.17). As pessoas que passaram pela frustrante e angustiante experiência do divórcio, especialmente antes de se tornarem cristão, devem ser amparadas pela igreja, como fez Jesus com a mulher samaritana (Jo. 4.17,18).

CONCLUSÃO: Consoante ao exposto, compreendemos, pela Bíblia, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, que o divórcio não deve ser incentivado pela igreja. Muito pelo contrário, o princípio da indissolubilidade do casamento, como aliança, é a base do relacionamento. Mas por causa da imoralidade sexual, e do abandono do cônjuge, é possível que o casamento termine em divórcio. Nesses casos, a parte vitimada tem liberdade de contrair novas núpcias, contanto que seja no Senhor. PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

A INFIDELIDADE CONJUGAL


Textos: Pv. 6.32; Pv. 5.1-5; Mt. 5.27,28


INTRODUÇÃO: A infidelidade conjugal é um sério problema, e que compromete o futuro do casamento. Por isso, a igreja precisa aprender a lidar biblicamente com essa realidade. No estudo desta semana trataremos a respeito do conceito bíblico de infidelidade, bem como da sua abordagem, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Ao final, apresentaremos encaminhamentos práticos a fim de evitar a infidelidade no casamento.

1. A INFIDELIDADE CONJUGAL: DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA: A infidelidade conjugal, no contexto bíblico, diz respeito ao ato sexual de uma pessoa casada com outra que não é o seu cônjuge. O termo mais específico para a infidelidade conjugal é adultério, tendo em vista que o ato sexual antes do casamento é reconhecido como fornicação. A palavra hebraica no Antigo Testamento para adultério é naaph, que aparecem em dois contextos distintos. No primeiro diz respeito à violação do relacionamento conjugal em que o esposo ou a esposa tem um envolvimento sexual com uma terceira parte. Essa palavra ocorre mais de trinta vezes, principalmente na literatura profética, para se referir ao adultério moral de Israel, seu distanciamento de Deus (Jr. 2.33; 7.9; 23.14; 29.23; Os. 4.2; Ml. 3.5). No Novo Testamento, a palavra grega para adultério é moichos, substantivo associado àqueles que se tornaram culpados em virtude da infidelidade conjugal (Lc. 18.11; I Co. 6.9; Hb. 13.4). Esse termo também é usado metaforicamente, para fazer referência às pessoas que traíram a Cristo, e se envolveram com o mundo (Tg. 4.4). Atrelado a essa palavra encontramos também o termo grego moicheia, que é o pecado físico do adultério (Mt. 15.19; Mc. 7.21; Jo. 8.3; Gl. 5.19). Na língua portuguesa, a palavra adultério vem do grego adulterium, que significa dormir em cama alheia. Mas é preciso ter cuidado para não confundir adultério – moicheia em grego, com imoralidade sexual – porneia em grego, tem a ver com fornicação, ou qualquer tipo de imoralidade sexual (Mt. 5.32).

2. A INFIDELIDADE CONJUGAL NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO: O adultério era terminantemente proibido no Antigo Testamento (Dt. 5.18), mais especificamente no Decálogo (Ex. 5.18). O pecado da infidelidade conjugal, ou mais precisamente, do adultério, era tão grave que a punição deveria ser com a morte (Lv. 20.10; Dt. 22.22). A recomendação rabínica era que a morte deveria acontecer por estrangulamento. Nos tempos de Jesus, a punição se dava por apedrejamento, e que os culpados deveriam ser pegos no ato do pecado (Jo. 8.5). O adultério era tido como um crime horrendo no Antigo Pacto (Jó. 31.11), por isso os profetas advertiram o povo de Israel quanto ao envolvimento nesse tipo de pecado (Pv. 2.17). O profeta Natan repreendeu o rei Davi por causa do seu pecado de adultério, seguido de homicídio (II Sm.  12.7), o qual orou a Deus, suplicando perdão (Sl. 51). Os livros sapienciais, com maior propriedade o de Provérbios, trazem instruções a fim de que o homem não se envolva em pecado de adultério (Pv. 6.29-32). A gravidade do adultério é percebida também na Bíblia porque esse pecado justifica o divórcio (Dt. 24.1; Mt. 19.9). Isso porque o adultério compromete os laços conjugais (I Co. 6.15-17; Hb. 13.4) concretizados no enlace matrimonial (Gn. 2.24). Para Jesus, o ato do adultério vai além do contato dos corpos, o olhar desejoso de um homem para um mulher, cometeu pecado em seu coração (Mt. 5.28). A prática constante do adultério pode resultar em apostasia, provocando esfriamento espiritual, e distanciando a pessoa de Cristo (I Co. 6.9,10). O caso de adultério – ou infidelidade conjugal – de Davi, anteriormente mencionado, revela algumas lições: 

1) Ninguém está imune à tentação, qualquer pessoa pode cair em adultério, até mesmo um guerreiro como Davi (I Sm. 18.7-8; I Co. 10.12); 
2) O melhor é permanecer no local planejado por Deus, não se distanciar dos Seus desígnios (I Sm. 11.1); 
3) Não se deve alimentar pensamentos pecaminosos, que incitem à concretização do adultério (II Sm. 11.2-5; I Co. 6.18); 
4) Não adianta acobertar o pecado da infidelidade, é preciso buscar arrependimento, e voltar-se para Deus (II Sm. 11.6-13); 
5) Nem tudo está perdido, Deus perdoa o pecado de adultério, e tem poder para restaurar o espírito quebrantado (I Co. 6.11; II Co. 5.17).

3. RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS PARA EVITAR A INFIDELIDADE CONJUGAL: Os cristãos estão sujeitos à infidelidade conjugal, por isso, devem fazer todo o possível para não caírem nesse pecado. As pessoas são diferentes, algumas delas são mais propensas à infidelidade conjugal, essas devem ter cuidado redobrado, estarem atentos aos seus limites (I Co. 10.12). O esposo deve permanecer ciente do seu compromisso com sua esposa, e deve tratá-la com amor, como Cristo se sacrificou pela Sua igreja (Ef. 5.25). É preciso estar atento às fragilidades emocionais, muitos casos de infidelidade conjugal acontecem porque um dos cônjuges se encontra emocionalmente fragilizado. Por isso, quando precisar de aconselhamento, não conte sua situação para uma pessoa do sexo oposto, mesmo que seja um colega de trabalho, ou da igreja. Mais importante que isso, antes de se envolver em um ato de infidelidade conjugal, calcule as consequências, geralmente são desastrosas, principalmente para a vida espiritual (Ap. 22.15). O marido e a esposa têm responsabilidades conjugais no casamento, inclusive em relação ao sexo. O relacionamento sexual, dentro do casamento, deve ser uma prática constante (I Co. 7.5). A partir do livro de Provérbios, que apresenta recomendações práticas a fim de evitar o adultério, extraímos alguns conselhos, particularmente com base em Pv. 2.16,17: 

1) Não se entregar às palavras lisonjeias, essa orientação serve tanto aos homens quanto às mulheres, pois a infidelidade conjugal começa com o uso de expressões elogiosas (Pv. 2.16), os lábios que conduzem ao adultério são perniciosos (Pv. 5.3; 6.24; 7.5, 21,23); 
2) Não se esqueça de que você é alguém comprometido, tanto com Deus quanto com seu cônjuge (Pv. 2.17). Os cônjuges, mesmo geograficamente distantes, estão unidos através dos laços conjugais. O marido ou mulher não podem trocar  as carícias de amor, por aqueles oferecidos nas ruas, ou outros ambientes pecaminosos (Pv. 7.10-12); 
3) Os cônjuges não estão ligados apenas por um contrato, mas por uma aliança, cujo fundamento é a Palavra de Deus (Pv. 2.17). O elo que firma essa aliança é o amor (Fp. 1.9), que deve ser cultivado no casamento cristão, e não pode ser rompido pelo fogo destruidor do adultério.

CONCLUSÃO: A infidelidade conjugal tem causado muitos estragos nos relacionamentos, até mesmo entre os cristãos. É preciso estar atento aos perigos do adultério, suas consequências são desastrosas para a vida do casal, inclusive para os filhos. Marido e mulher devem investir na relação, inclusive sexualmente, evitando, assim, a fragilização que pode conduzir ao pecado. Acima de tudo deve prevalecer o amor-agape, que se sacrifica, e motiva à obediência (Jo. 14.21). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!