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ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA

Texto áureo: Rm. 13.7 – Leitura Bíblica: Rm. 13.1-7

INTRODUÇÃO
A relação entre o cristão e a política é um dos temais mais controvertidos no meio evangélico. Em virtude dos vícios da política brasileira, alguns evangélicos absorveram as práticas pecaminosas da sociedade. Diante dessa realidade, faz-se necessário fazemos alguns esclarecimentos bíblicos, a fim de orientar os cristãos evangélicos para que esses saibam lidar com a questão política, de maneira ética e com sabedoria divina. Caso contrário, poderão servir aos interesses mundanos da política partidária, e serem manobrados pela politicagem.

1.  POLÍTICA, PARA QUE?
A palavra política vem do grego “polis” e diz respeito à cidade, trata-se, portanto, de uma orientação humana com vistas à convivência social. Biblicamente, a origem da política remete também a da cidade, com a construção de Babel, a torre da confusão (Gn. 11). Em virtude daquele fatídico episódio, Deus entregou o governo nas mãos dos homens, de maneira que esses passaram a conduzir os ditames das suas cidades. Em tese, a política deveria buscar o bem-estar comum da sociedade, infelizmente isso não acontece por causa da condição pecaminosa do ser humano. A organização política como conhecemos atualmente é inspirada nos gregos e romanos, que fundamentaram a democracia. Por causa da natureza pecaminosa, os cristãos trataram de “aperfeiçoar” a democracia, criando os poderes constituídos, que deveriam fiscalizar uns aos outros. Esperava-se que, através da independência dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, a democracia seguisse seu rumo, e favorece aos cidadãos, sobretudo aos mais necessitados. Porém, por causa da concentração de riquezas nas mãos de poucos, o Estado acabou por ser dominado por interesses econômicos, que determinam inclusive a escolha dos governantes. Estudiosos contemporâneos defendem que cada vez mais a democracia está em perigo. E mais, que o sonho de organização social, postulado pelo liberalismo político-econômico, não está cumprindo o que prometeu. Diante desse quadro, os cristãos evangélicos precisam ser cautelosos, para não se tornarem presa fácil das armadilhas da politicagem, que se infiltram nos arraiais evangélicos, e são naturalizadas como se normais fossem. Por causa da ingenuidade de alguns evangélicos, políticos evangélicos e não evangélicos interesseiros se aproveitam, citando, às vezes, versículos bíblicos descontextualizados, a fim de angariar votos.

2. EQUÍVOCOS EVANGÉLICOS SOBRE A POLÍTICA
Existem alguns equívocos no meio evangélico em relação à política, os quais precisam ser esclarecidos, o principal deles é o mito da nação evangélica. Alguns evangélicos falham na interpretação bíblica quando confundem a teocracia israelita com a atuação da igreja no Novo Testamento. Versículos tais como “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl. 33.2 ) não podem ser aplicados a qualquer país na atualidade, pois Deus não trata mais com uma nação específica, mas com uma nação santa, um povo adquirido, pelo sangue de Jesus (I Pe. 2.9 ). Não devemos nos iludir com a pretensão de que teremos um dia uma nação evangélica, pois o Estado não deve professar uma religião, antes deve garantir a liberdade de culto religioso. Como cristãos, devemos escolher representantes, inclusive aqueles que professam a fé cristã, desde que exerçam seus mandatos buscando o bem-estar social comum. Outro equívoco é o de pensar que o político evangélico é eleito para defender a moral evangélica, ou mesmo para obter recursos para as igrejas. Existem práticas politiqueiras dentro do contexto evangélico que favorecem a corrupção e contribuem para a falência do próprio Estado. Os políticos evangélicos, tal como William Wilberforce, que contribuiu para o fim da escravidão na Inglaterra, deve se envolver em projetos que façam a diferença para a sociedade como um todo. Outro equívoco diz respeito à interpretação equivocada em Rm. 13, que geralmente é interpretada de maneira descontextualizada. Nessa passagem Paulo expõe a função do Estado, mas não está endossando suas ações injustas. O próprio Paulo apelou para seu direito romano, quando ilegalmente açõitado em Filipos (At.  16.16-40). Pedro deixou margem para a desobediência civil, quando o Estado agir injustamente, e contrariar os padrões da Palavra de Deus (At. 5.29). Dietrich Bonhoeffer é um exemplo de cristão moderno que resistiu à política nazista, por reconhecer que essa servia a interesses outros, não aqueles que favorecem o bem-estar comum das pessoas em geral. Uma interpretação política do Apocalipse revelará a existência de um componente diabólico na política dos homens, que já antecipa a operação do Anticristo nos últimos dias (Ap. 13).

3. A POLÍTICA DE DEUS E DOS HOMENS
A política do cristão é a política de Jesus, o poder a ser buscado não é o temporal, mas o poder que vem do alto (At. 1.8). Os políticos cristãos prestarão serviço à fé evangélica se derem exemplo, tanto de vida ilibada, quanto de amor ao próximo. Caso contrário, se adentraram a política – principalmente a brasileira, acostumada a corrupção endêmica - macularão seu testemunho, perderão a oportunidade de ser sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.  13-16). Como cristãos, não podemos perder o escatos de vista – a esperança na plenitude do reino de Deus – que se dará quando Cristo vier para reinar. Enquanto esse dia não chega, estaremos debaixo da política dos homens, que dependendo dos seus ditames, influenciará para bem ou para mal, implicando diretamente na vida das pessoas. A Igreja não deve se misturar com o Estado, aquela sempre será tentada a fazê-lo, desde os tempos de Constantino, o imperador romano do Sec. IV, que institucionalizou o cristianismo como religião oficial. Na verdade, essa relação tem trazido mais prejuízos que ganhos, se considerarmos a piedade como fonte de maior lucro, do que as riquezas e o patrimônio terreno. Ainda nos tempos do Antigo Testamento, os reis tinham interesse de cooptar os sacerdotes, a fim de que esses ficassem ao seu favor, e defendessem suas atitudes mesquinhas. Mas Deus sempre levantou seus profetas, a fim de denunciar o pecado, e a corrupção que se instalava na monarquia teocrática. De igual modo, a igreja deve assumir seu caráter profético, e deve denunciar o pecado, não apenas em sua condição individual, mas também coletiva. O pecado que reside nas estruturas sociais, e que leva a morte de pessoas em hospitais precários, o comprometimento da educação, por causa de escolas sucateadas, e a falta de segurança pública, com um policiamento limitado.

CONCLUSÃO
Os cristãos precisam saber se posicionar com sabedoria no contexto da política, não podem trata-la com ufanismo, acreditando que essa resolverá os problemas da sociedade. Por outro lado, devemos escolher nossos representantes, a fim de que tenhamos paz e vida sossegada, e o mais importante, para que o Estado possa cumprir seu papel, e a atender as necessidades daqueles que mais precisam. Enquanto cristãos, devemos reconhecer nossa dupla cidadania, tanto somos cidadãos do céu quanto cidadãos da terra (Fp. 3.20), por esse mesmo motivo, devemos saber fazer a diferença, e dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César (MT. 22.21).

BIBLIOGRAFIA
BOYD, G. The myth of a Christian nation. Grand Rapids: Zodervan, 2005.
ELLUL, J. Política de Deus e política dos homens. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.