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ORANDO SEM CESSAR

Texto Áureo: I Ts. 5.17 – Leitura Bíblica: Mt. 6.5-13

INTRODUÇÃO
As armas espirituais são indispensáveis na batalha que temos que enfrentar. A oração, enquanto fundamento para a luta, também é muito importante. Na aula de hoje, a última deste trimestre, iremos estudar a respeito da oração, e seu valor para a vida cristã. Inicialmente, destacaremos, com base em Mt. 6.5-13, os fundamentos cristãos para a oração, com base na análise do texto grego. Em seguida, faremos a interpretação e aplicação desse texto.

1. ANÁLISE TEXTUAL
A oração sempre fez parte da religiosidade judaica, os fariseus do tempo de Jesus consideravam-na necessária, mas se equivocavam em relação ao modo. Esses eram os hupokritai, que apreciavam orar em pé, que pretendiam ser admirados pelas pessoas, como se fossem atores em um teatro. Eles são censurados pelo Mestre por quererem plateia (v. 5). A oração pública tem seu valor, mas não substitui a oração privada, no lugar secreto. Essa é a oração direcionada ao Pai, pois Ele é Aquele que recompensa. A oração, ainda que seja em oculto – en tô kruptô, terá recompensa do Pai, que responderá (v. 6). Ao orar, devemos fechar a porta, e não fazer como hoi hupokritai, que optam por ficarem “batendo na mesma tecla” (v. 7). Os seguidores de Jesus devem ser diferentes: me oun homoiôthete. Com essa expressão, o Senhor adverte para não se parecer com os gentios (v. 8). Deus é Pater hêmôn, não apenas meu ou teu, mas hêmon, e que é maior do que nós, pois está em tois ouranois. É assim que Jesus ensina Seus discípulos a orarem, e mais que: hagiasthetô to onoma sou, que Teu nome seja santificado (v. 9). A oração ensinada por Jesus orienta a clamar:  elthetô hê basileía sou, venha o Teu reino. Ele já reina nos corações e vidas daqueles que creem. Os súditos do reino se submetem ao senhorio de Cristo. A thelema - vontade de Deus é que todos se dobrem diante desse reino, mas isso não pode ser feito por meio da força. Oramos para que a vontade de Deus seja feita na terra, assim como acontece no céu. (v. 10). Até aquele dia, quando finalmente o reino de Deus será pleno, quando Cristo retornar em glória (Ap. 20.1-10). Devemos orar também pelas nossas necessidades, especialmente pelo pão nosso.Temos necessidades, e essas são supridas pelo Senhor, que nos favorece σήμερον. Nesses tempos de consumismo, existem muitos desejos, mas precisamos aprender a pedir pelo sustento (v. 11). Temos carência também do perdão divino, por isso devemos pedir: aphes hemin ta afelimata hemôn, perdoa as nossas dívidas. O relacionamento com o Pai é o que há de mais importante, pedir perdão é uma necessidade que não pode ser desconsiderada. E um dos fundamentos para fazê-lo é: hos kai hemeis afiemen tois afeiletais hemon, assim como nós perdoamos aos nossos deveredores (v. 12). Somos devedores a Deus, assim como certamente outros nos devem, formos alcançados pela graça, devemos agir de igual modo. É necessário também lembrar do perigo da tentação, por isso precisamos orar: kai me eisenegkes hemas eis peirasmós. E por fim, precisamos reconhecer na oração que é de Deus: he basileía kai he dunamis kai he doxa eis tous aiônas aiônas amén. Ao invés de querer aparecer, como faziam os religiosos, que pareciam que estavam em um palco, diante de uma plateia, em um espetáculo, devemos dar a Deus a glória (v. 13).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus passa, então, a ensinar-lhes a orar (Mt. 6.9; Lc. 11.2). As instruções do Senhor dizem respeito às atitudes: 1) com sinceridade (Mt. 6.1,5,6), não como os fariseus (Mt. 23.14; Lc. 18.10-14); 2) com confiança (Mt. Lc. 11.9-13; Mt. 21.22); 3) com persistência (Lc. 11.5-8), mas 4) com brevidade, sem apelar para vãs repetições (Mt. 6.7). Ainda que possamos orar no templo, enquanto casa de oração (Mt. 21.13; Mc. 11.17; Lc. 19.46; At. 3.1), não estamos restritos a um lugar específico, pois Deus é Espírito e importa que os adoradores que Ele mesmo busca façam-no em espírito e em verdade (Jo. 4.19-24). Um dos elementos fundamentais à oração é que essa seja feita com fé, pois aqueles que se achegam a Deus precisam acreditar que Ele é galardoador dos que O buscam (Hb. 11.6). As palavras de Jesus também devam permanecer em nós, pois, diz Ele em Jo. 15.7, “se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. É preciso fazer uma ressalva, que esse “tudo” é relativo, isto é, não podemos pedir mal, para esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.2,3). E assim, quando as palavras de Jesus, verdadeiramente, estiverem em nós, oraremos segundo a Sua vontade, e Ele nos ouvirá (I Jo. 5.14; Jo. 15.7). A oração instrutiva de Jesus quebra um paradigma em relação à fé judaica porque chama Deus de “Paizinho” (Aba), ressaltando o relacionamento íntimo que podemos ter com Ele. Mas Deus não é apenas meu Pai, Ele é “nosso” Pai. Em Cristo fomos feitos filhos de Deus, de modo que hoje podemos, todos aqueles que crêem, se direcionar a Ele como Pai (Jo. 1.12). Esse Pai amoroso, revelado na Parábola do Filho Pródigo (Lc. 16), está acima dos homens, Ele é Deus acima de todos, por isso, está “nos céus” (Is. 66.1), é o Criador, não pode ser confundido com a criatura. Todos devem reconhecer que Ele é Santo, o nome dEle, na verdade, é Santo, e digno de louvor e adoração (II Sm. 22.5; Ez. 36.20). Ele é soberano, por isso, oramos para que venha o reino dEle, que Sua “vontade seja feita na terra como no céu”. Jesus veio para anunciar o Reino de Deus (ou dos céus) (Lc. 4.43), e esse já está no meio de nós (Mt. 22.1; Lc. 14.16), pois Cristo já reina entre os seus súditos (Mt. 13.44, 45, 46), mas ainda virá o dia no qual esse reino será pleno (Ap. 21.2-4), naquele dia, a vontade de Deus prevalecerá, na terra como já acontece no céu. Essa é a bendita esperança da igreja, e principalmente, de Israel, quando o trono de Deus será estabelecido na terra e Jesus será reconhecido como o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Enquanto vivemos debaixo dessa esperança, dependemos de Deus e rogamos que Ele nos dê o alimento diário, ainda que saibamos que o Pai sabe o que temos necessidade, antes mesmo que peçamos (Mt. 6.8), oramos, pois Ele se compraz em responder as orações. O cristão não deve pedir riqueza, muito menos pobreza (Pv. 30.8,9), mas tão somente o necessário, não para entesourar, ou para viver ansiosamente (Mt. 6.19-31), antes dependendo do Senhor, que nos dá o que precisamos (Mt. 6.32-34). Devemos lembrar do material, mas também do espiritual, pois somos pecadores. Durante a oração precisamos reconhecer diante de Deus os nossos pecados, e pedir que Ele nos perdoe, mas precisamos perdoar aqueles que nos ofenderam (Mt. 6.14,15; 11.25; 18.21,22, 35), muito mais do que sete vezes (Mt. 18.21,22). O pecado não deva ser uma prática comum na vida cristã, por isso, é preciso orar para que não caiamos em tentação, cientes que não somos tentados por Deus, e sim pela nossa concupiscência (Tg. 1.13-14) e que nenhuma tentação nos sobrevém de sorte que não a possamos suportar (I Co. 10.13; II Pe. 2.9). Além de orar para que não cedamos à tentação, devemos pedir também que o Senhor nos livre do mal, isto é, do Maligno (Jo. 17.15). Orar somente não é suficiente, faz-se necessário resisti-lo (Tg. 4.7), pois Satanás “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe. 5.8). Estejamos, pois, firmes, fortalecidos com toda armadura de Deus (Ef. 6.14-18) para que não sejamos vencidos pelo príncipe das trevas (Ef. 6.10-12), nem por homens perversos e maus (II Ts. 3.1-2), e muito menos pelos cuidados deste mundo e pela sedução das riquezas (Mt. 13.22).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Vivemos em um mundo repleto de atividades, uma se sobrepõe à outra. O corre-corre da vida impossibilita o crente a buscar a Deus em oração. Mas não era assim no princípio, no Gênesis está revelado que o ser humano desfrutava de amizade com Deus. Depois da Queda, o sentimento de autossuficiência passou a ter prioridade na conduta humana. A agitação da modernidade também favorece a ausência de oração. Nos dias atuais, dominados pela tecnologia, as pessoas estão deixando de orar. O fazer está se sobrepondo à oração. É evidente que precisamos agir, mas toda ação do crente pressupõe oração. Lutero costumava dizer que deveríamos trabalhar como se todo trabalho dependesse de nós e orar como se tudo dependesse de Deus. Nesse contexto do fazer, os cristãos estão deixando de separar momentos especiais para a oração: de madrugada, antes das refeições, ou antes de dormir (Sl. 63.1). A materialismo filosófico e o liberalismo teológico contribuíram para essa “apostasia na oração”, pois fomos instruídos, por esses pensamentos, a depender exclusivamente do poderio humano. Essa lógica leva à apostasia, e, na verdade, toda aposta se inicia pela falta de oração. A oração não pode ser um apêndice na vida cristã, ela precisa ter prioridade, a hora silenciosa para a oração e meditação na palavra deva ter primazia na agenda do cristão. A oração é o meio pelo qual desenvolvemos nosso relacionamento com Deus. Ela é uma disciplina cristã, por isso, precisa de treinamento contínuo, tal como a de um atleta (I Co. 9.25). É importante que o cristão tenha um tempo reservado para a oração, ainda que esse seja inicialmente de apenas 15 minutos diariamente, e deva ser persistente em tal prática. Esse é o momento de trocar as nossas forças pelas forças de Deus (Is. 40.31). O ideal é que o crente associe a oração à leitura da palavra (I Sm. 3.21), meditando em algum texto da Escritura, pedindo ao Senhor que se revele por meio dela. Esse é um período para digerir a Palavra de Deus, deixando que ela seja alimento (Jr. 15.16). Alguns cristãos adotam a prática de fazer anotações: data, passagem lida, aplicações e o motivo da oração. Outra opção é a utilização de um livro devocional diário, com textos bíblicos e meditações aplicativas, sem esquecer da oração. A relevância da oração não está naquilo que iremos receber da parte de Deus, mas no fato de estarmos na presença dEle. Jesus nos dá esse exemplo maior, pois Ele, enquanto homem, nos ensinou a depender do Pai e a buscar desenvolver nosso relacionamento com Ele (Mt. 1.35-39). O encontro de Jesus com os discípulos, no caminho de Emaús, revela a importância do relacionamento com Deus (Lc. 24.13-16). Na jornada cristã, precisamos da companhia de Cristo, Ele é Aquele que nos livra das inquietações do cotidiano (Hb. 4.16; Fp. 4.6,7) Jesus é o fundamento da oração cristã, na verdade, podemos nos achegar ao Pai com confiança porque Ele é o mediador, Seu sacrifício perfeito nos oportuniza o acesso a Deus em oração (Ex. 30.7-10), por meio da Sua graça (Hb. 4.14-16), e auxílio bem presente (Rm. 8.34; I Jo. 2.1-2). A confiança se concretiza através da sinceridade, por isso, devemos orar cientes de que Deus pode nos socorrer (Sl. 139.1; I Cr. 28.9), perdoar os pecados, contanto que quebrantemos nossos corações perante Ele (Sl. 51.10,17), que não sejamos hipócritas tal como o publicano (Lc. 18.13). Na oração também podemos apresentar nossas queixas perante o Senhor (Sl. 44.23-24). A esse respeito, disse um pensador judeu: “o judeu pode amar a Deus ou lutar com Ele, mas não pode ignorá-lo”. Não tenhamos receio de apresentar nossas angústias diante de Deus, esses também são modos de oração, experimentados por homens de Deus, tal como Abraão (Gn. 18.23-33) e Moisés (Ex. 32.12,14). Mas a oração é também uma oportunidade para a rendição, isto é, de acatarmos a vontade soberana de Deus para as nossas vidas. Alguns crentes não oram porque têm receio de se dobrarem à vontade de Deus (Jo. 4.34; Rm. 12.1-3). É por meio da oração que nos achegamos em gratidão por tudo que o Senhor nos tem feito (ou deixado de fazer). Deus sabe sempre o que é melhor para cada cristão, por isso, enquanto a resposta não vem, devemos confiar nEle (Sl. 100.4), agradecer pela Sua providência (Ef. 5.20) e reconhecer a Sua soberania (Sl. 113.1-3).

CONCLUSÃO
A oração é fundamental na vida de todo crente. Não apenas para recebermos as bênçãos de Deus. A importância central da oração repousa na oportunidade de desenvolvermos um relacionamento contínuo com nosso Pai Celestial. Enquanto oramos, independentemente do modo como Ele responde, devemos confiar em Suas promessas (Fp. 4.6,7), que é o antídoto contra toda ansiedade (Sl. 4.8) e a certeza da Sua presença diante das adversidades (Fp. 4.9).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

VIVENDO EM CONSTANTE VIGILÂNCIA

Texto Áureo: I Co. 16.13  – Leitura Bíblica: At. Mt. 26.36-41

INTRODUÇÃO
Em uma batalha, os soldados se mantem alerta, ficam em suas torres, vigiando para não serem pegos de surpresa. Na batalha espiritual acontece a mesma coisa, devemos permanecer atentos, evitando o ataque inesperado do inimigo. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da importância de viver em constante vigilância, sobretudo na expectativa da bendita esperança da igreja, quando a trombeta soar e os mortos em Cristo ressuscitarem.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Antes de ser conduzido ao calvário, Jesus seguiu para o Getsêmane, com a intenção de orar. Mateus registra esse momento difícil no final do ministério terreno do Senhor, e se encontra no cap. 26, versículos 36 a 41. Nesse texto, é narrado que Jesus chegou ali com seus discípulos, dando-lhes uma orientação expressa: kathisate autou heos os apelthon ekei proseuxomai. O Senhor ordena que os discípulos fiquem naquele lugar, enquanto ele iria mais adiante, para orar (v. 36). Ele levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, o escritor diz que começou a entristecer-se, lupeisthai em grego, com a ideia de prantear, como resultado do sofrimento, e também a angustiar-se, admonein em grego, com o sentido de ficar ansioso ou de sentir dor (v. 37). Então Jesus disse aos seus discípulos: a minha alma está cheia de tristeza até a morte, ficai aqui e vigiai comigo. A palavra alma em grego é psuche, que pode ser traduzida por vida ou pessoa, assim, compreendemos que Jesus sofreu profunda angústia em sua existência terrena, naquele momento específico. A tristeza era imensa, a palavra é perilypos, destacando a intensidade da dor enfrentada pelo Senhor. Diante daquela situação, roga para que os discípulos vigiem com ele: gregoreite, verbo que se encontra no imperativo, com o sentido de ficar em alerta, ou mais precisamente, ficar acordado (v. 38). Mateus diz que Ele foi um pouco adiante, e que prostrou-se sobre seu rosto e orou: Pater mou, ei dunaton estin, parelthatô ap emo uto potérion touto. Jesus se dirige ao Pai, o termo em hebraico provavelmente foi Aba, uma demonstração de intimidade. E pede que que, se possível – ei dunaton estin – o cálice ou taça – poterion, passasse – parelthatô, o verbo está no imperativo. Mesmo assim, a vontade que deve prevalecer é a do Pai, pois acrescenta: ou hos ego thelô ala hos su. Que não prevalecesse seu ego – seu eu – mas a thelos, vontade do Pai (v.39). Ao retornar da oração, Jesus achou Seus discípulos adormecidos – katheudontas, que se encontra no presente, portanto, eles estavam dormindo. Então, se dirigiu a Pedro, e pergunta: houtos ou ischuo heis hora gregoreo meta ego? O verbo vigiar – gregoreo – é repetido na indagação de Jesus, e a expressão de espanto, por eles não serem capazes de vigiar com o Senhor por tão pouco tempo (v. 40). Em seguida, dar uma orientação aos discípulos, o verbo grego gregoreite mais uma vez aparece no texto: gregoreite kai proseuchesthe – vigiai e orai – com um propósito: hina me eiselthe eis peirasmon, para que não entrem – eiserchomai – em tentação ou em provação. Na verdade, diz o Senhor, o espírito – pneuma – está pronto – prothumon, ou mais precisamente, o espírito está disposto, mas a carne – sarx – é fraca – asthenes, a carne fraqueja (v. 41).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
De acordo com Mateus, antes de Jesus ser crucificado como o Messias, aconteceu a Páscoa, a celebração da Ceia e os eventos no Getsêmane, em seguida o Senhor é preso, julgado e condenado pelas autoridades romanas, por fim é flagelado, crucificado, morte e sepultado, com parte da trama entre os líderes religiosos. Jesus não ficou surpreso com tudo que aconteceu, pois Ele mesmo previu Sua crucificação, e destacou tudo que haveria de ocorrer quando foi ungido em Betânia (Mt. 26.6-13), e sabia que seria traído por Judas (Mt. 26.14-16). O Getsêmane, cujo significado é “prensa de azeite”, era um jardim, no Monte das oliveiras, onde o azeite era preparado (v. 36). O Senhor conduz os discípulos que faziam parte do Seu círculo íntimo – Pedro, Tiago e João – para partilhar com Ele esse momento de angústia intensa, diante das agruras da cruz do calvário que O esperavam (v. 37). A dor era profunda, naquele momento Jesus sentiu tristeza, a sua alma estava angustiada, ao ponto de morrer. Era uma antecipação do que sobreviria a Ele, por ocasião da crucificação, quando seria separado do Pai, por levar sobre si a culpa dos pecados da humanidade (v. 38). Ele prostrou-se sobre o seu rosto, uma demonstração de humildade na oração, o Senhor estava rendendo Sua vontade diante do Pai, colocando-se a Sua disposição para enfrentar a maior provação da Sua vida, pois teria que beber aquele cálice (v. 39). Além disso, naquele momento tão difícil, ficou sozinho com Seu sofrimento, nenhum dos discípulos teve disposição de vigiar e orar com o Senhor. É angustiante não ter com quem partilhar nossas dores, a solidão e o desprezo daqueles que não se identificam com nossas provações (v. 40). É preciso andar no Espírito, mas não satisfazer as concupiscências da carne, há uma luta renhida entre a carne e o espírito, e se não estivemos atentos, poderemos até mesmo negar ao Senhor, quando a hora da provação chegar, como fez Pedro depois da prisão de Jesus, talvez por isso o Senhor chamou a atenção especificamente desse discípulo (v.41). Pedro negou Jesus por três vezes, quando foi identificado como um provável seguidor do Mestre, mas esse não foi esquecido do Senhor, que lembrou da condição de Pedro, após Sua ressurreição (Mc. 16.7).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os servos de Deus devem permanecer vigilantes em relação à vinda do Reino de Deus, e esse já está no meio de nós, ainda que não seja pleno. Não podemos perder a dimensão escatológica de vista, o interesse nas coisas deste mundo está cegando espiritualmente muitos cristãos. A próprio religião pode nos distanciar do Reino de Deus, há líderes religiosos que se embriagaram com seus cargos, servem apenas suas posições eclesiásticas, estão distantes da vontade de Deus. Alguns deles utilizam seus cargos a fim de abusar espiritualmente das pessoas, impondo sobre elas padrões e regras que eles mesmo não seguem. Paulo também teve que lidar com esse tipo de religiosidade quando escreveu sua Epístola ao Gálatas. Alguns crentes daquela cidade, incitados pelos falsos mestres judaizantes, abandonaram o verdadeiro evangelho, substituindo por um outro, totalmente diferente daquele ensinado por Jesus (Gl. 1.8-9). O abuso do poder religioso tem causado sérios danos, inclusive no contexto das igrejas evangélicas. Em nome de Deus, muitas pessoas estão sendo feridas, ovelhas que gemem, maltratadas pelos seus “pastores”. Quando a religião enfoca apenas a dimensão material, perde a visão do Reino de Deus, torna-se apenas uma engrenagem, põe em evidências as coisas e esquece das pessoas. Os cristãos precisam reconhecer que não passam de servos, a liderança evangélica também deve saber que não é dona do rebanho (At. 20.28; I Co. 4.1,2;  I Pe. 5.2). Jesus voltará em breve, essa é uma verdade bíblica, que muitas igrejas não consideram mais. Certo pastor destacou que antigamente a expressão JESUS VEM BREVE era bastante comum nos púlpitos das igrejas evangélicas. Mas aos poucos resolveram colocar apenas JESUS VEM, e nesses últimos dias, escrevem apenas JESUS. Infelizmente, em algumas igrejas evangélicas, nem mesmo o nome de JESUS está presente. Evidentemente, não podemos avaliar o compromisso de uma igreja com Jesus pela presença ou ausência de uma expressão. Mas essa metáfora nos ajuda a refletir sobre a expectativa escatológica da igreja. Precisamos manter a vigilância espiritual, compreender que Jesus virá, por isso devemos viver debaixo dessa verdade. Não sabemos QUANDO Ele virá, mas sabemos COMO devemos viver. Como o servo prudente da parábola, quando Cristo voltar devemos ser achados “servindo assim”. Aqueles que não estão preparados, que não consideram a realidade do Reino, serão surpreendidos, de modo que o “Dia do Senhor virá como ladrão de noite” (I Ts. 5.2). Sejamos, portanto, cautelosos, cientes da nossa missão, enquanto despenseiros (I Pe. 4.10). A santificação deve ser o alvo na vida de todo cristão, considerando que ninguém verá o Senhor, a menos que esteja consagrado a Deus (Hb. 12.14). E que sejamos bons mordomos, administradores fieis do que não é nosso (I Pe. 5.2), principalmente nesses tempos trabalhosos (II Tm. 3.1-5).

CONCLUSÃO
A mensagem de Jesus foi enfática: “eis que cedo venho, guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap. 3.11). Devemos, portanto, permanecer vigilantes, na expectativa do Vinda do Senhor. Caso contrário, como o servo mau da parábola, seremos envergonhados, por desconsiderar a expressas orientações do Senhor. Saibamos, a todo tempo, que não passamos de despenseiros, e que haveremos de prestar contas do que recebemos dAquele que nos comissionou para Sua obra.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – UM DOM IMPRESCINDÍVEL


Texto Áureo: I Co. 2.15  – Leitura Bíblica: At. 16.16-22

INTRODUÇÃO
Conforme temos estudado a respeito de Batalha Espiritual, o espírito do engano campeia na sociedade, muitos distorcem o conteúdo da mensagem evangélica. Há também os que são instrumentalizados para ludibriar, até mesmo os crentes. Diante dessa realidade, faz-se necessário nos fundamentar nas Escrituras, e do dom de discernimento de espíritos, a fim de não se tornar prisioneiros das hostes malignas de Satanás.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Esse relato lucano se refere a entrada de Paulo na Europa, depois da visão do homem que em sonho clama para que ele passe a macedônia para ajudá-los. Quando o Apóstolo chega a Filipos decidiu ir a oração, quando se deparou com uma jovem – paidisken, alguém que se encontra escravizada – pois tinha um espírito de adivinhação – pneuma puthon – um tipo de espírito com capacidade de revelar coisas sobrenaturais. Aquela mulher estava escravizada pelo mundo dos negócios religiosos, pois dava grande lucro – ergasia – aos senhores que escravizavam aquela jovem, pois essa tinha a capacidade de adivinhação – manteuomene, essa palavra grega dá a ideia de revelar a sorte das pessoas (v. 16). Essa mulher seguia os apóstolos, e clamava – ekrazen, com o sentido de gritar em alta voz, reconhecendo que eles anunciavam a salvação – hodon sôtêria, e que eram servos do Deus Altíssimo – theos ho hupsistos (v. 17). É digno de destaque que ela não fez isso apenas uma vez, mas muitas vezes – polás hêmeras. Paulo, ao invés de se gloriar com aquela afirmação, ficou perturbado – piaponeomai, incomodado – com aquelas palavras, voltou-se para a jovem e disse ao espírito: en onomati Iêsou Christou exelthein ap autês. O verbo encontra-se no imperativo, e é uma ordem para que o espírito saísse imediatamente. Como resultado, o espírito saiu na mesma hora – tô ôra. Os senhores daquela jovem não gostaram, por causa do lucro que a jovem lhes dava, a expressão grega é hê elpis tes ergasias autôn, denotando que aqueles senhores – kurioi – tinha esperança naquele negócio. E por causa da frustração, por saberem que iriam ter prejuízo, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça – agora em grego, seria uma espécie de mercado público, à presença dos magistrados, os archontas – que eram as autoridades da cidade (v. 19). Os senhores viram em Paulo e Silas uma ameaça aos negócios religiosos da cidade, e os identificou como judeus – Ioudaioi, e acusaram-nos e perturbarem – ektarassousin – causarem agitação na cidade. A acusação deles, além de religiosa, também foi cultural, por exporem costumes – ethos, comportamentos – não acharam lícitos, e também uma prática, que não era condizente com romanos – rhomaios (v. 21). Por causa daquela acusação, a multidão – ochlos, as pessoas – se levantou unida – sunepeste, em ajuntamento, contra eles, incitados pela tumba, os magistrados mandaram açoitá-los com, mas antes rasgaram as vestes deles (v. 22).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Durante a passagem de Paulo, e os demais missionários, pela cidade de Filipos, esse se depararam com uma jovem que tinha um espírito de adivinhação, de procedência demoníaca, com capacidade para conter segredos das vidas das pessoas. Essa prática sempre foi proibida no contexto da religiosidade judaica (Dt. 18.10; I Sm. 28.8; II Rs. 17.17; Mq. 3.11). A palavra grega usada nessa passagem – manteuomai – é a mesma na Septuaginda que se encontra nessas passagens do Antigo Testamento (v. 16). Ao que tudo indica, as adivinhações dessa jovem eram verdadeiras, essa foi uma das razões da perturbação de Paulo, pois poderia parecer que ela estava do mesmo lado do Apóstolo, e que teria alguma identificação com o evangelho pregado pelos missionários (v. 18). O Espírito Santo deu a Paulo a capacidade para discernir a procedência das declarações daquele espírito de adivinhação, e com autoridade espiritual ordenou que deixasse a menina, como fez Jesus em várias ocasiões (Mt. 8.16; 12.28). Aquela jovem era escravizada pelo comércio religioso, os senhores daquele mercado se aproveitavam desse poder, por isso ficaram revoltados quando Paulo expulsou aquele espírito (v. 19). Há vários relatos em Atos de pessoas que queriam ganhar dinheiro por meio da religião, tais como Simão, o mago (8.18-24), Elimas (13.8-12) e Demétrio (19.24). Paulo e Silas foram levados aos magistrados, que eram as pessoas responsáveis por manterem a ordem civil, como oficiais das colônias Romanas (v. 20). Eles estavam a serviço do império, para que as leis fossem cumpridas, principalmente quando comportamentos ameaçavam a prática romana. A multidão ficou polvorosa, e tomou logo partido contra os apóstolos, argumentando que esses contrariavam os costumes romanos, tentando impor práticas judaicas sobre o povo. Esses missionários foram açoitados com varas (v. 23). Na verdade, eles foram injustiçados, pois a opinião pública foi usada contra eles, ainda que Paulo fosse cidadão romano, recebeu açoitado sem que fosse ouvido, como preconizava a lei.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
O dom de discernimento de espírito é uma capacitação sobrenatural, dada pelo Espírito Santo, para identificar manifestações que não procedem de Deus. Nada tem a ver com o julgamento humano, partindo de critérios analíticos, fundamentados na psicologia. Há quem pense que o dom de discernimento de espírito serve para identificar as falhas dos outros, ou que é uma antecipação do pensamento alheio, com base em técnicas humanas e/ou satânicas. O dom de discernimento de espíritos (gr. diakrisis pneumaton) é uma habilitação sobrenatural que permite a identificação da natureza e do caráter dos espíritos. Não podemos esquecer que Satanás pode se transformar em anjo de luz, para difundir o engano inclusive dentro da igreja (II Co. 11.14). Estamos diante de uma batalha espiritual, portanto, precisamos estar preparados, inicialmente com toda armadura de Deus, para vencer as hostes celestiais do Maligno (Ef. 6.11,12). Para tanto devemos cingir os lombos com a verdade, vestir a couraça da justiça, calçar os pés com a preparação do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito (Ef. 6.13-17). Precisamos, para vencer as hostes satânicas, permanecer atentos quanto ao “espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef. 2.2). E saber que o espírito do Anticristo, está presente no mundo (I Jo. 4.1-3). Existem manifestações desse dom no ministério de Cristo, Ele revelava que seus opositores agiam pelo espírito do Diabo (Lc. 13.11-16), que algumas enfermidades eram provenientes de opressão maligna (Mt. 12.22; Mc. 9.25; Lc. 8.29). Paulo, que foi usado pelo Espírito para revelar que havia um espírito de adivinhação em uma jovem em Filipos (At. 16.16-18), admoesta os crentes, através de Epístola a Timóteo, quanto às falsas doutrinas dos últimos dias (I Tm. 4.1). O engano na igreja pode ser identificado através do ensinamento bíblico, por isso Paulo instrui Timóteo a ensinar (I Tm. 4.11). Mas em alguns casos, de modo sobrenatural e instantâneo, o Espírito Santo pode capacitar a igreja a identificar uma atuação enganosa. Isso evita que a igreja seja conduzida ao erro, e se deixe levar pelo ensino dos falsos mestres, que querem desvirtuar o rebanho de Deus (At. 20.30).

CONCLUSÃO
Existem forças poderosas que se opõem a Palavra de Deus, espíritos demoníacos que trabalham contra o evangelho de Jesus Cristo. Precisamos do poder do Espírito Santo, e principalmente do dom de discernimento, para identificar a manifestação diabólica. Esse é um dom imprescindível, ou seja, que não pode ser dispensado, sob o risco de ser conduzidos facilmente pelo espírito do engano. Dependamos cada vez mais de Deus, e do poder do Seu Espírito, para que possamos agradá-LO, com vistas a liberação de vidas escravizadas por satanás, ainda que o mercado religioso se incomode com nosso testemunho.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

PODER DO ALTO CONTRA AS HOSTES DA MALDADE


Texto Áureo: Lc. 24.49  – Leitura Bíblica: At. 8.5-13; 18-21


INTRODUÇÃO
Na luta contra as hostes celestiais da maldade, conforme já estudamos anteriormente, é imprescindível recorrer à Armadura de Deus. Mas há também outros recursos, os quais devemos lançar mão, caso queiramos obter êxito na batalha espiritual. Na aula de hoje, estudaremos a respeito do poder do alto, enquanto capacitação divina, a fim de testemunhar da morte e ressurreição de Cristo (At. 1.8). Esse poder – dunamis em grego – é necessário também para a realização de milagres, sinais que evidenciam a chegada do reino de Deus.  

1. ANÁLISE TEXTUAL
O livro de Atos, escrito por Lucas, é o relato dos primórdios da igreja, que se iniciou em Jerusalém, seguiu para Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Após um período de perseguição intensa da igreja, os discípulos de Jesus tiveram que sair da Judéia. Em At. 8, Lucas registra a pregação do evangelho em Samaria, uma das regiões consideradas inóspitas pelos judeus. Samaria fez parte das dez tribos de Israel que se dispersaram, quando o rei da Assíria, Salmaneser a sitiou, por volta do ano 722. a. C. Os judeus menosprezavam os samaritanos, por considerarem esse um povo mestiço, indigno da misericórdia de Deus. Mas Jesus, ainda no início do Seu ministério terreno, ordenou que o evangelho fosse pregado aos samaritanos, Ele mesmo deu exemplo (Lc. 9.52,53; Jo. 4.25-28). No texto em foco, Filipe é conduzido pelo Espírito à Samaria, onde se encontrava pregando Cristo a eles – ekerussen autois ton Christon. O verbo kerusso tem o sentido de proclamar, anunciar ou mesmo mostrar algo, a partir de comprovações (v. 5). É importante ressaltar que a multidão estava atenta ao que Felipe dizia, porque ouviam e viam os sinais – semeia – que apontavam para a chegada do Reino de Deus (v. 6). Enquanto anunciava, os espíritos imundos saiam de muitos que os tinham, e muitos eram curados – etherapreuthesan – na voz passiva, a cura vinha de Deus, por intermédio de Filipe (v. 7). Houve naquela cidade um avivamento, demonstrada por grande alegria – pollê chara, não se trata de mera felicidade, mas uma alegria que vem do Espírito (v. 8). Mas estava ali um homem chamado Simão, que exerceu no passado arte mágica – mageoun – realizava magia, práticas exotéricas. Esse homem, se utilizava de tais artes para ganhar dinheiro, tinha iludido – existanon, causava espanto, levava a êxtase (v. 9). Esse homem, literalmente, enfeitiçava as pessoas com suas práticas, por isso era tido como grande virtude de Deus – he dunamis tou theou. A palavra dunamis tem significado no contexto, pois é a mesma para o poder do Espírito, não por acaso era denominado “o grande” – megalê (v. 10). Ele exercia influencia sobre as pessoas, por casusa das práticas mágicas – mageiais – com a qual os iludia – exestakenai autous, levando as pessoas ao delírio (v. 11). A mensagem de Filipe era a do Reino de Deus – basileia tou Theou – bem como do nome de Jesus Cristo – tou onomatos Iêsou Christou. Por conseguinte, muitos foram batizados, tanto homens como mulheres (v. 12). Esse Simão mágico também creu, tendo sido batizado, vendo os sinais – te sêmeia – e os milagres – dunameis, ficando ele mesmo extasiado – existato (v. 13). Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos apostos era dado o Espírito Santo, ofereceu dinheiro – proskênegken autois chrêmata. A palavra chrêmata – que se refere ao dinheiro – significa também fortuna (v. 18). Ele ficou interessado naquele poder, por isso queria também impor as mãos sobre as pessoas, para que elas recebessem o Espírito Santo – Pneuma Hagion (v. 19). Pedro compreendeu as intenções de Simão, por isso declarou que o dinheiro dele fosse para perdição – apôleian – destruição, sendo enfático que o dom de Deus – tem dôrean tou Theou – não se alcança por dinheiro (v. 20). E acrescente que Simão não tem parte – meris, participação, domínio, nem sorte – kleros, porção ou partilha, pois o coração dele não era reto – eutheia, direito - diante de Deus.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
O testemunho de Filipe, a respeito do Reino de Deus, transpôs as fronteiras de Jerusalém, mostrando que Deus não está restrito a uma nação, ou mesmo a um povo terreno (At. 10. 34). Ele seguiu para pregar entre os samaritanos, em uma demonstração que Deus não faz acepção de pessoas (v. 4). Esse povo era considerado indigno pelos judeus, mesmo mantendo a tradição mosaica, e adorando a Deus ao pé do monte Gerezim, que consideravam sagrado (v. 5). Esse é um dos motivos do diálogo de Jesus com a mulher que se encontrava no poço de Siquém, e que era uma samaritana (Jo. 4.4-21). Os samaritanos receberam a mensagem proclamada por Filipe, a respeito de Jesus como o Messias Prometido. Do mesmo modo que os apóstolos, Filipe recebeu o poder do Espírito, para expulsar espíritos imundos e curar os enfermos (v. 6). O poder do Espírito Santo foi prometido por Jesus, a fim de que Seus discípulos tivessem autoridade, para testemunhar de Cristo (At. 1.8). Expulsar demônios e curar enfermos não é um fim em si mesmo, mas um sinal que aponta para o Reino de Deus, a proeminência está na mensagem do evangelho.  O Simão que aparece no relato lucano, dizia ter poderes divinos, e se intitulava O Grande, atraindo atenção das pessoas para ele mesmo, como um enviado da divindade (v. 9). Esse creu e foi batizado, o texto não deixa claro se essa crença foi autêntica, ou apenas aparente. O contexto da passagem sugere que a fé de Simão foi interesseira, pois quando viu que as pessoas recebiam o Espírito Santo, pela imposição de mãos dos apóstolos, quis comprar o dom com dinheiro (v. 17). É possível que houvesse uma manifestação física, como o ato de falar em línguas, como aconteceu no dia de Pentecostes (At. 2). De acordo com Lucas, o recebimento do poder do alto, fez toda diferença no ministério apostólico, capacitando os discípulos de Jesus a testemunhar, com poder e autoridade. Mas não estava imune a investidas de Satanás, tentado minar a autenticidade da comunhão cristã, a partir da hipocrisia de Ananias e Safira (At. 5), bem como com a tentativa de ganhar dinheiro por meio da Palavra, como quis fazer Simão. Esse foi repreendido por Pedro, dizendo que Simão não teria parte nem sorte, ou seja, não fazia parte dos discípulos de Cristo, pois não passava de um impostor, que queria se aproveitar das pessoas, por meio do evangelho pregado pelos apóstolos (v. 21).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
A narrativa lucana, ao longo de livro de Atos, destaca que Deus não faz acepção de pessoas. Várias passagens desse registro dos primórdios da Igreja ressaltam como o poder do Espírito Santo dirigiu os seus passos. A pregação do evangelho aos Samaritanos, iniciada pelos próprio Jesus, durante Seu ministério terreno, reforça o alcance do Seu ide, não apenas a Jerusalém, mas até aos confins da terra. A igreja tem uma tendência a se acomodar, mas Deus se utiliza das suas estratégias, e não poucas vezes, recorre à perseguição, para que essa saia da zona de conforto. A escolha para a pregação do Reino de Deus não depende da igreja, mas do próprio Deus que optou por incluir a todos, independente das fronteiras geográficas. Os tempos atuais são marcados pela segregação, o nacionalismo pode ser positivo, mas se não tivermos cuidado, pode resultar em xenofobia. Devemos amar nosso país, orar e trabalhar, para que tenhamos dias melhores, mas não podemos colocar a atuação do Estado acima da igreja. A esta compete, pelo poder do Espírito Santo, anunciar as boas novas de Cristo, não apenas àqueles que nos interessam, mas a toda criatura. Os inimigos dos cristãos não podem ser odiados, Jesus ensinou a amar até mesmo aqueles que são contrários a nós, por isso não podemos impor limites para levá-los o evangelho. Essa mensagem tem proeminência, e dependendo da operação do Espírito, pode ser acompanhada por sinais e maravilhas. Mas esses não podem ser o ponto central da pregação evangélica, o conteúdo do reino e de Jesus Cristo, é mais importante. Há igrejas evangélicas que fazem verdadeiros shows em nome da fé, e se apropriam indevidamente dos recursos financeiros das pessoas, como fez Simão nos tempos apostólicos. O movimento evangélico cresceu significativamente neste país, mas não tem tido a relevância necessária, a não ser para capitalização de votos nos períodos eleitorais. Por causa disso, há muita simonia no contexto evangélico, pessoas que se aproximam das igrejas apenas com interesses econômicos ou eleitoreiros. De maneira profética, devemos nos pronunciar contra o pecado da simonia, e deixar bem claro que essas pessoas não têm parte nem sorte no reino de Deus. Como Pedro, devemos diferenciar a verdade do engano, o evangelho genuíno das artes mágicas. Os que se utilizam do evangelho, para se tornarem grandes, ou que se infiltram nas comunidades cristãs, a fim de buscar enriquecimento, serão julgados por Aquele que é o Senhor da Igreja.

CONCLUSÃO
A Igreja cristã depende do poder do alto para a proclamação do evangelho, por isso Jesus foi enfático ao pedir que essa ficasse em Jerusalém, até que fosse revestida do poder do Espírito Santo (Lc. 24.49; At. 1.8). Temos uma tendência a depender das nossas forças, ou de poderes terrenos, para que esses favoreçam a atuação da igreja no mundo. Mas não podemos esquecer de uma verdade fundamental, é pelo poder do Espírito cumpriremos nossa missão. Para sermos testemunhas poderosas de Jesus, precisamos receber o poder indispensável do Espírito Santo.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.