SISTEMA DE RÁDIO

 
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OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO

"Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio, para que se não atirem a ti" (Sl.32:9).
Romanos 12:
1.Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2.E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
3.Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5.assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6.De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7.se é ministério, seja em ministrasse é ensinar, haja dedicação ao ensino;
8.ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.
9.O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10.Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos principais atributos do ser humano: espiritualidade, racionalidade, sociabilidade, liberdade e criatividade. Como eu já disse em aulas anteriores, o homem é ser diferente dos animais irracionais, pois, enquanto estes têm instinto e agem segundo essa condição, o homem tem autoconsciência (investiga a si mesmo – tem a capacidade de se reconhecer por inteiro, de identificar todos os defeitos e qualidades, e todo o bem e todo o mal que há em si mesmo) e autodeterminação (decide por si mesmo, se autogoverna, realiza suas escolhas sem intervenção de outrem; tem livre-arbítrio), por ter pessoalidade; e, como tal, possui o que os animais não têm: consciência, raciocínio, vontade, emoções; e, ainda, possui atributos para viver e influenciar o mundo. O ser humano deve usar cada um de seus atributos, em todas as esferas da vida, para glorificar a Deus.

I. A ESPIRITUALIDADE HUMANA

O ser humano é espiritual; ele tem necessidade de acreditar que existe algo que, superior a si, o envolve em crenças e esperanças de encontrar respostas. O significado da existência é uma dimensão espiritual que sempre acompanhou o ser humano. Afinal quem somos?  Ao que viemos?  Por que estamos aqui? Por que morremos? Por que sofremos?  Por que temos doenças? Por que? Por que? É uma busca constante do sentido da vida. O homem tem sua origem em Deus; ele anseia por Deus. Em sua natureza carnal, ele precisa sempre ser vivificado, pois não tem imunidade contra o pecado.

1. A origem divina de nosso espírito

Após formar o homem do pó da terra, Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida, e a partir daquele momento o homem tornou-se alma vivente (Gn.2:7).
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.
Este texto narra a criação da parte imaterial do homem, o chamado homem interior, que é constituída da alma e do espírito. Deus soprou nos narizes do homem e ele foi feito "alma vivente", ou seja, surgiu desse sopro uma alma e essa alma tem consciência de que vem de Deus e está ligada a Ele. Temos, então, as duas instâncias do homem interior: a alma e o espírito. Este é o aspecto totalmente diverso entre o homem e os demais seres vivos criados na Terra.
-“O fôlego da vida”. Este “fôlego da vida”, soprado por Deus, não é o ar que conhecemos, mas a própria vida dada ao homem, a própria imagem e semelhança de Deus. O homem é imagem e semelhança de Deus exatamente porque Deus lhe imprimiu algo de Sua essência, algo que veio diretamente dEle, ao contrário do restante da criação, que foi feito a partir da vontade divina expressa por Sua Palavra.
Esta parte imaterial coloca o homem acima da natureza e que lhe permite dominar sobre ela. É o resultado do sopro de Deus, é o que Paulo denomina de "homem interior", porque é a parte do homem que não aparece aos nossos olhos, parte esta que as Escrituras identificam figurativamente como "mente" (Rm.7:25) e "coração" (Pv.4:23; Ap.2:23).
- “Alma vivente”. Ao afirmar que o homem foi feito "alma vivente”, está sendo dito que o homem é uma alma que tem vida, ou seja, é uma alma que está em comunhão com Deus, pois vida, aqui, não é uma mera existência, mas é uma demonstração de existência de uma comunhão entre Deus e a Sua criatura.

2. O anseio natural do espírito humano

O espírito humano tem origem divina, por isso, naturalmente, ele anseia pelo ser divino. Todos aqueles que nasceram de novo, que se tornaram novas criaturas, que mantem uma vida piedosa e estão em comunhão com Deus, anseiam por Sua presença constante, como se fosse a água que o cervo fortemente anela. O salmista afirmou que a sua alma ansiava por Deus – “Como o servo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Senhor” (Sl.42:1). Como a vida de um cervo depende da água, a nossa depende de Deus. Aqueles que buscam e anseiam pelo Senhor encontram a vida eterna.

3. A vivificação do espirito humano

O homem, crente ou não, o “velho”, ou o “novo” homem, foi feito por Deus dotado de duas naturezas: uma natureza espiritual, sob a orientação do espírito; uma natureza material, sob o controle da alma. Graças a esta providência de Deus, o homem é o único ser com capacidade para viver e relacionar-se tanto com a terra, ou as coisas materiais, como com o céu, ou as coisas espirituais.
No seu estado natural, o homem pecador vive sob o domínio da Alma, a qual usa o corpo como instrumento pecaminoso. Neste caso, o espírito permanece “mortificado”, como que em estado latente, sem qualquer possibilidade de ação; não morto, pois, tanto o espírito como a alma são imortais.
Jesus Cristo, porém, através de sua morte redentora, vivifica o homem que está morto espiritualmente (Ef.2:1; Cl.2:13).
“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência” (Ef.2:1,2).
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas” (Cl.2:13).
Ao aceitar Jesus, o espírito do homem, pela ação do Espírito Santo, é vivificado e adquire forças para subjugar a alma, a qual passa a ser por ele controlada. Este “homem novo” anda pela ação do Espírito de Deus, assume o controle do corpo, o qual é santificado como morada do Espírito Santo – “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”(1Co.3:16,17).
Este é o homem espiritual, que vive sob o domínio do seu espírito, o qual é fortalecido pela presença do Espírito de Deus. Neste caso o corpo é usado para glória de Deus; porém, o “velho homem” não está morto, pois, a alma, que é quem controla a natureza material ou carnal é imortal, tal como o espírito.
Assim é que, o combate entre a natureza espiritual, sob o controle do espírito, e a natureza carnal, sob o controle da alma, será permanente enquanto estivermos neste corpo material, e terreno. Destaca-se, pois, a importância de uma vida, constantemente, consagrada, pois, por essa consagração o espírito é fortalecido e vivificado, e, por conseguinte, a sua natureza carnal é enfraquecida.

II. A RACIONALIDADE HUMANA

O homem foi feito dotado de razão, de capacidade de pensar e de ser criativo. O filósofo grego Aristóteles, ao definir o homem, disse que ele era “o animal racional”, e a racionalidade humana é outro elemento que embaraça os evolucionistas de plantão, porquanto nada há, nos demais seres criados sobre a face da Terra, qualquer elemento que possa ser considerado como racional como vemos no ser humano. Tanto assim é que Deus diz que os homens são “cooperadores de Deus” (1Co.3:9), prova de que o homem tem capacidade criativa, a ponto de poder colaborar com o Criador.

1. Deus é um ser racional

Deus é um ser racional, por isso mesmo Ele requer de cada ser humano uma postura racional, haja vista que ele foi dotado de uma natureza racional e inteligente (Gn.1:26,28). O apóstolo João inicia o evangelho de Jesus Cristo, segundo ele escreveu, da seguinte forma: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). O falecido Gordon Clark, um filósofo cristão do século 20, traduz este texto do seguinte modo: “No princípio era a lógica, e a lógica estava com Deus, e a lógica era Deus”. O que ele quis ressaltar era que a racionalidade vem de Deus, que Deus é um ser racional e que Ele interage com seu povo de uma maneira racional.

2. O homem é um ser racional

Por ter sido criado à imagem de Deus (Gn.1:26,27), conforme à Sua semelhança (Gn.1:26), o homem é dotado de razão, é um ser racional, que o torna diferente dos animais, que são dotados de instinto. Animais agem por instinto, seguem seus instintos; portanto, não são os instintos que nos tornam humanos, são as nossas convicções, princípios e valores, características estas advindas de um ser dotado de razão, isto é, de um ser que é racional. Afirmou o salmista: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio...” (Sl.32:9).
O que é instinto? O teólogo Marcelo Gomes, em seu Livro “Sabedoria para viver e ser feliz”, afirma que “são inclinações comportamentais inatas, ligadas a questões vitais e de sobrevivência (exemplos: acasalamento e procriação, autodefesa, alimentação, etc.), às quais o organismo recompensa com sensações de satisfação e prazer”. É claro que, também, estas necessidades existem no ser humano, mas nos tornamos distintos dos animais à medida que submetemos essas necessidades aos valores que adquirimos e preservamos ao longo de nossa história.
Afirma o professor Marcelo: “Comportamentos unicamente instintivos são animalescos, degradantes e indignos de um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Preciso de sabedoria para agir com convicções que vençam os instintos e as necessidades de ordem unicamente orgânica ou de prazer. Mais sábio, trilharei pelo caminho dos princípios, valores e virtudes que qualificam as pessoas de bem, das quais o mundo, principalmente o pós-moderno, tanto precisa. Mais sábio, serei mais sensato e muito mais comprometido com a vida, os relacionamentos e a fé”.
Portanto, o homem, como imagem e semelhança de Deus, é um ser racional e moralmente responsável. João Wesley, o famoso evangelista e avivalista inglês, cava mais fundo para mostrar o homem como imagem de Deus, distinguindo-o dos irracionais. Diz ele: "Qual é en­tão a separação entre o homem e os brutos? Qual a linha divi­sória que eles não podem atravessar? Não é a razão... A di­ferença é esta: o homem é capaz de ter contato com Deus, as criaturas inferiores não são capazes. Não temos nenhuma base para crer que eles sejam capazes de ter qualquer grau de conhecimento, de amor ou de obediência a Deus. Esta é a diferença específica entre o homem e os brutos, o grande golfo que eles não podem atravessar" (Coletânea de Teologia de João Wesley – Junta Geral de Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil – pág. 111).
Como imagem de Deus que o homem é, ele se distingue dos irracionais:
ü  Pelo poder de pensar em coi­sas abstratas.
ü  Pela lei moral que se evidencia no seu comportamento em busca de uma perfeição.
ü  Pela natu­reza religiosa que em potencial existe em cada ser huma­no.
ü  Pela capacidade de fixar um alvo maior a ser alcan­çado no tempo e na eternidade.
ü  Pela consciência da in­tensidade da vida humana.
ü  Pela multiplicidade das ati­vidades humanas, que, conjuntas, somam o bem comum daquele que as executa.

3. A harmonia entre racionalidade e espiritualidade

Há uma perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Para aquele que recebeu uma nova natureza - a natureza espiritual -, por ocasião da sua conversão, e quando esta subjuga a natureza carnal, a espiritualidade desse individuo manifesta-se de maneira racional, pois Deus a quem ele serve é racional em sua essência. Por ser o homem racional, o Espírito Santo desenvolve nele inteligência espiritual.
A inteligência espiritual é uma habilidade sobrenatural, dada por Deus, para entender as coisas espirituais e discerni-las; essa habilidade é dada a todos aqueles que nasceram de novo, ou seja, que foram regenerados espiritualmente, e está em Cristo. Aqueles que estão em Cristo têm a mente, a mentalidade, a forma de pensar, de Cristo; por isto, eles podem compreender o que os naturais e os carnais não conseguem: as coisas do Espírito de Deus. Por quê? Porque ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus (1Co.2:11); e Deus revela essas coisas aos espirituais pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1Co.2:10). Este era o desejo de Paulo para com a igreja de Colossos, por isso, ele orava sempre para que aqueles irmãos fossem cheios de conhecimento da vontade do Espírito Santo, em toda a sabedoria e inteligência espiritual (Cl.1:9).
Há muitas pessoas que não frequentaram grandes universidades, nem ostentam títulos acadêmicos, nem tampouco são “doutoras em divindade”, mas são capazes de ministrar estudos profundíssimos, extraindo riquezas do texto bíblico, porque são dotadas de “inteligência espiritual”, ou seja, têm a unção do Espírito Santo, estão envoltas pelo Espírito de Deus e, por isso, compreendem as coisas espirituais, podendo nos transmitir o que o Senhor tem deixado em sua Palavra.

4. O culto racional agrada a Deus

Em Romanos 12:1, Paulo ensina que o culto agradável a Deus é o racional. A palavra, no original grego, carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
Isto significa que, apesar de haver liberdade para a multiforme operação do Espírito Santo na vida dos salvos (1Co.12:6,7), o culto cristão não deve ter exageros ou modismos. Deus está vendo, ouvindo e avaliando tudo o que fazemos, pois Ele é racional. Devemos adorar a Deus de forma consciente e perfeitamente entendida. Se deixarmos de fazer uso da razão, ignorando os princípios bíblicos, poderemos cair no erro de inventar práticas e atribuí-las ao Espírito de Deus.

III. A SOCIABILIDADE HUMANA

O ser humano é um ser social, não sobrevive sozinho por muito tempo, pois depende do seu próximo para viver. A solidão é contrária à natureza humana; por isso, Deus instituiu a família e, só depois, o Estado. A primeira Família, formada pelo próprio Deus, teve como princípio a formação de um casal, ou seja, Deus uniu, com a sua bênção, um homem e uma mulher – “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a”(Gn.1:28). Estava, assim, realizado, pelo próprio Deus, o primeiro casamento, e determinado uma de suas principais funções: a perpetuação da raça humana através da geração de filhos.

1. A solidão é nociva ao ser humano

Tudo que Deus criou foi bom (Gn1:31); o próprio Criador afirmou isso: “Então Deus contemplou toda a sua criação, e eis que tudo era muito bom...”. Paulo escrevendo a Timóteo, disse: “Pois tudo o que Deus criou é bom...”(1Tm.4:4). A única coisa que Deus não achou bom foi a solidão (Gn.2:18) – “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só...”.
A Bíblia mostra que o ser humano é por natureza um ser social e gregário (Gn.1:28,29), ou seja, vive necessariamente com outros de sua espécie, vive em sociedade. Por ser social, ele não sobrevive sozinho, ele precisa se comunicar e viver em sociedade; ele precisa do outro para viver.
Assim Deus fez o ser humano, de sorte que, como já dizia o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), o homem é um ser “naturalmente social”. Por esse motivo, Deus fez a mulher para que o homem tivesse uma companhia completa, idônea e sábia (Gn.2:21-25); uma companhia que lhe fosse correspondente na espécie. Deus, que já se relacionara na Trindade, agora tinha oportunidade de se relacionar com o homem e com a mulher.

2. A família é a origem da sociedade humana

Ao criar o homem um ser social, o Senhor fez com que o homem somente pudesse atingir os propósitos sublimes para ele determinados pelo próprio Deus se estivesse vivendo em sociedade. Não haveria como o homem obter a frutificação, a multiplicação, o preenchimento da Terra e a dominação sobre a criação terrena (Gn.1:28), se não vivesse em sociedade, sociedade esta que tem como célula mater a família (Gn.2:24).
A família é o primeiro grupo social a que uma pessoa pertence, grupo este criado pelo próprio Deus (Gn.2:23,24), e que procura suprir as necessidades sentimentais, afetivas e emocionais básicas do ser humano. A função da Família é, precisamente, impedir que haja o sentimento de solidão, que caracterizava Adão antes da formação da mulher (Gn.2:20). Os salmos 127 e 128, da autoria do rei Salomão, exaltam o papel fundamental da família na sociedade.
“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa” (Sl.128:1-3).
Satanás tem feito de tudo para destruir a família como Deus criou. A destruição da instituição familiar representaria a própria destruição da humanidade, da imagem e semelhança de Deus na vida dos seres humanos, e é por isso que o adversário de nossas almas, que nos odeia e nos detesta, tem investido tanto na destruição desta instituição. Destrua-se a Família e estarão destruídos os seres humanos e, por conseguinte, a igreja e toda a sociedade.

3. A Igreja de Cristo, a sociedade perfeita

A Igreja, principalmente a Igreja Local, é formada pela soma de suas Famílias. O apóstolo Paulo escrevendo aos crentes de Corinto, apresenta a Igreja de Cristo como a sociedade perfeita, porque nela todos formamos um único corpo (1Co.12:13). Ela é o “edifício de Deus”, é a “lavoura de Deus”, o “corpo de Cristo”, “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15), a “nação santa”.
A Igreja é o reflexo das Famílias. Famílias bem estruturadas formam Igrejas bem estruturadas. Isto é verdade, e Satanás sabe disto. Por esta razão, de forma mais acentuada nestes “últimos dias”, ele tem investido, pesadamente, contra a estrutura familiar, de forma especial, através da televisão, usando, principalmente, suas novelas. Desmoralizando o casamento, incentivando as uniões ilícitas, tanto as normais, como as homossexuais, enaltecendo a liberdade sexual, quebrando a hierarquia familiar, retirando ou coibindo a autoridade dos pais, e coisas correlatas, o objetivo de Satanás é enfraquecer, desmoralizar, acabar com a estrutura familiar. Porém, seu alvo principal é a Igreja. Ele sabe que combatendo a Família, está prejudicando a Igreja.

IV. A LIBERDADE HUMANA

Ao criar o homem, Deus concedeu a ele o livre-arbítrio, ou seja, a liberdade para escolher entre o bem e o mal.

1. O livre-arbítrio

Livre-Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt.30:11-20 e Js.24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos.
A Bíblia contém uma série de textos em que o livre-arbítrio, o direito humano de escolha, fica claro:
-Adão e Eva. No jardim do Éden, podiam escolher o fruto que comeriam; escolheram a desobediência e foram castigados por causa dela. Se estivessem predestinados a pecar, Deus não os tinha condenado.
-Caim. Deus deixou claro para Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn.4.7); por outro lado, havia a opção pelo pecado. Se tudo estivesse predestinado e predeterminado por Deus, por que o Senhor haveria de alertá-lo? É bom observarmos que Caim estava morto espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, crer e decidir.
-Outras passagens interessantes:
“Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24.15). 
“O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt.30.19).
Portanto, a liberdade humana, o livre-arbítrio, é uma manifestação da vontade divina. Deus quis que o homem tivesse esta liberdade e, por isso, não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade.

2. O ato de decidir

Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar as pessoas a servir a Deus. Elias deixou claro que o ato de decidir entre o bem e o mal, entre Deus e os ídolos, entre Deus e Baal, é um direito dado por Deus a qualquer ser humano (1Rs.18:21):
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada”.
Quem, pois, cerceia a liberdade de opção do homem em servir, ou não, a Deus, algo que, infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de mais nada, contra a própria ordem estabelecida por Deus, que foi quem criou o homem com este atributo.
Mas a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma correspondência: a responsabilidade. Ao verificarmos o texto sagrado de Gn.2:16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que ele dela comesse, certamente morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, qual seja, a morte, a separação entre o homem e Deus (“certamente morrereis”).
A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção.
Veja, ainda, a advertência do escritor sagrado aos jovens, mas que pode ser aplicado ao ser humano em qualquer faixa etária:
“Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e alegre-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas essas coisas te trará Deus a juízo” (Ec.11:9).
 O evangelista adverte:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).

3. A soberania divina

Deus é soberano, entretanto, a soberania divina não interfere na liberdade do homem, porque a soberania diz respeito a Deus, que está além de toda a criação, é algo imputável somente a Ele, faz parte da sua própria natureza e, por isso, não podemos querer transferir a soberania divina para algo que diz respeito apenas ao homem.
O Senhor não quis criar seres autômatos, verdadeiros “robôs”, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas ou fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn.3:1-13).
Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, mas a liberdade humana não altera a soberania divina. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem responderia diante dEle sobre o uso desta liberdade. Uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofrerá a penalidade da morte eterna, ou seja, da separação de Deus, arcando com as consequências de sua opção.
“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm.14:12).

V. A CRIATIVIDADE HUMANA E O TRABALHO

Tem gente que acha que foi o Diabo que inventou o trabalho, outros culpam Adão, que foi expulso do Jardim do Éden e então teve que começar a trabalhar para poder viver. Mas na verdade quem inventou o trabalho foi Deus. Veja:
"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente" (Gn.2:15,16).

1. A dignidade do trabalho

O trabalho é dom de Deus, não um castigo pelo pecado. O trabalho dignifica a pessoa; revela algo sobre aquele que o realiza; expõe o caráter subjacente, motivações, habilidades e traços da personalidade. Mesmo anterior à Queda, o homem tinha deveres a cumprir, porque o trabalho dignifica a pessoa. Deus estabeleceu atividades laborais que fizessem parte de sua vida (Gn.2:5,7,8,15).
5.Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
7.E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
8.E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado.
15.E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.
Depois da Queda, o trabalho tornou-se infrutuoso e com fadiga. Mesmo que Adão trabalhasse penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo estava amaldiçoado sob seus pés.
“Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo” (Gn.3:17,18).
Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, porém a Bíblia não ensina tal coisa; ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo infrutuoso e com fadiga (Gn.3:17). O que era leve, suave e agradável, por causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável. A maldição está mais ligada à tristeza, à frustração, ao cansaço que acompanham o trabalho.
Por causa da Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais duro que se tente, a realidade nunca vai mudar, pois a Terra foi amaldiçoada. Por mais que se trabalhe duro, por vezes, o que se experimenta é futilidade, penúria, inutilidade, insignificância.
Toda a raça humana e a própria natureza ainda continuam sofrendo como consequência do juízo pronunciado sobre o primeiro pecado. O apóstolo Paulo fala poeticamente de uma criação que "geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm.8:22).
Mas Deus faz uma promessa de um juízo redentivo (Gn.3:15). Ao invés de lançar apenas juízos inclementes e condenatórios sobre o homem, Deus, o Justo Juiz, abriu um espaço para a redenção - “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. É a mais gloriosa promessa de redenção, de soerguimento do homem da condenação e da maldição da Terra.

2. A criatividade humana

Por ter sido criado com inteligência, com propensão para ampliar conhecimento sem limite, o homem tem demonstrado que é um ser impressionantemente criativo. Na terceira geração de Adão, o homem já dominava a agricultura, a pecuária, a metalurgia e a arte musical (Gn.4:20-22). Diz assim o texto sagrado:
“E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá”.
A criatividade humana não dá trégua, e nestes últimos cem anos, o leque de invenções, de criatividades tem demonstrado sua maior intensidade, muito mais do que em toda a história humana; a cada instante inventa-se alguma coisa. Há pessoas pensando em tudo o que há para se pensar em todas as esferas do conhecimento humano. Algumas ideias são louváveis e outras nem tanto; mas todas têm em comum o fato de serem produto de uma das mais intrigantes capacidades humanas: a criatividade.
O homem tem dominado facilmente todo o planeta, e nele deixado as suas marcas criativas em todo lugar. Logo após o Dilúvio, o ser humano mostrou que não havia restrição para tudo o que ele intentasse fazer (Gn.11:6) – “e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer”.
Infelizmente, o ser humano, face ao poder criativo que dispõe, tem se voltado para uma postura de arrogância, achando-se que é deus, negando até mesmo a existência do Deus Criador. O salmista chama o ateu de “néscio”, ou seja, “ignorante”, “sem entendimento”. Somente quem não tem entendimento, quem é ignorante é capaz de dizer “não há Deus” (Sl.14:1; 53:1). O ateísmo nada mais é que o resultado da plenitude de cegueira espiritual, que o inimigo tem realizado na mente dos incrédulos (2Co.4:3,4). Por isso, quando vemos o contínuo aumento do pecado no mundo (Mt.24:12), percebemos como tem se intensificado o ateísmo sobre a face da Terra, sendo, aliás, como demonstram as estatísticas e as pesquisas, crescente o número de pessoas que se dizem ateias ou sem qualquer religiosidade no mundo todo, a comprovar como tem operado o espírito do anticristo, o mistério da injustiça nestes dias derradeiros antes da volta de Cristo.

CONCLUSÃO

Os atributos do ser humano estudados aqui – a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade, a liberdade e a criatividade – são reconhecidos e praticados desde quando ele foi formado pelo Criador. Ao longo da história, tem-se aperfeiçoado estes atributos, mas, infelizmente, em termos espirituais, o homem tem regredido rumo ao abismo. A cada momento, o ser humano se distancia cada vez mais de Deus, sendo influenciado pelo pós-modernismo que tem suas lentes focadas para o ateísmo, o relativismo e o materialismo.
A cosmovisão bíblica, isto é, a ideia de mundo, de criação, de Deus, de homem, etc., através das lentes das Escrituras, tem atravessado todos os períodos da civilização ocidental, contudo, depois da entrada do período pós-moderno essa cosmovisão sofreu sérios embates e, com as lentes do racionalismo, fez com que a cosmovisão bíblica viesse quase a desaparecer em muitos lugares. Estamos, realmente, vivendo o início do fim de todas as coisas. Jesus está às portas, e quando Ele vier, este mundo passará pela fase mais terrível e jamais vista desde a criação do ser humano. Sem dúvida, a única solução para a humanidade, nestes últimos da Igreja, é Jesus Cristo. Pense Nisso!

A NATUREZA DO SER HUMANO

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”(1Ts.5:23).
Genesis 1:
26.E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27.E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28.E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
Genesis 2:
7.E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da natureza do ser humano, um ser impressionantemente complexo, e essa complexidade passa pela materialidade e imaterialidade da pessoa que se revelam na constituição do corpo, da alma e do espírito. Com a alma amamos a Deus e ao próximo; com o corpo servimos a Deus; e com o espirito (na ajuda do Espirito Santo) adoramos e buscamos a Deus. O Espirito Santo testifica com nosso espirito que somos filhos de Deus (Rm.8:16), e alegra a nossa alma para glorificarmos e sermos agradecidos a Deus (Lc.1:46,47).
O ser humano, um ser pessoal, à semelhança de Deus, tem inteligência, vontade e emoções; tal condição lhe distingue dos animais. Enquanto estes apenas agem por instinto, conforme o que Deus programou para eles, aquele tem autoconhecimento e autodeterminação, por ter pessoalidade; e como tal, possui o que o irracional não tem: intelecto, consciência, vontade e emoções. O ser humano discerne, imagina, projeta, cria, inventa e produz coisas; o animal apenas repete o que lhe instiga a natureza. Além disso, o ser humano interage com Deus, conversa com Deus, adora a Deus de forma consciente e deliberada, pois nele há o elemento que se comunica com Deus: o espírito, elemento este que os animais não possuem.

I. A COMPLEXIDADE DO SER HUMANO

Desde a criação, o ser humano não é um aglomerado de células, como dizem os cientistas ateus e materialistas; é um ser completo, composto de corpo, alma e espírito. Deus fez o homem à Sua imagem, conforme a sua semelhança (Gn.1:26). Deus é triúno e o ser humano é tricotômico.
“Disse, então, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc.1:47,47).
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5:23).
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb.4:12).

1. A natureza de Deus

A natureza de Deus é identificada com mais frequência pelos atributos que não possuem nada em comum com a natureza do ser humano. Ele existe por si mesmo, não dependendo de outro ser. Ele é a fonte de origem de tudo, tanto em criar, como também em sustentar a criação.
·         Deus é Espírito (João 4:24). Um espírito é uma substância imaterial, invisível e indestrutível. Ele não está confinado à existência material, e é imperceptível ao olho físico. Jesus disse que “espírito não tem carne nem ossos” (Lc.24:39).
·         Deus é Eterno. Ele não é limitado ao tempo. Passado, presente e futuro é a mesma coisa para Ele. A Bíblia o apresenta com o qualificativo “eterno” – que existe desde a eternidade. A eternidade denota que Deus é livre de toda a distinção temporal de passado e de futuro. Ele não teve um começo nem terá fim em seu ilimitado Ser. Ele existe desde “antes dos tempos dos séculos” (Tt.1:2). Isto está muito claro na expressão “EU SOU O QUE SOU” (Êx.3:14). Esta expressão fala tanto da autossuficiência como da auto-existência divina. Expressou o salmista: “O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade” (Sl.93:2); “Mas tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim” (Sl.102:27).
·         Deus é Onipotente. Ele é poderoso para fazer tudo que esteja de acordo coma sua natureza e seus propósitos. A onipotência de Deus ensina-nos que Ele tem todo o poder (Sl.62:11), ou seja, não existe ser mais poderoso do que Ele. Daí porque o Senhor afirmou através do profeta Isaias: “operando eu, quem impedirá?” (Is.43:13). O apóstolo Paulo verificando esta verdade indagou: “Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm.8:31), e o apóstolo João ressaltou: “Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1João 4:4). Disse o anjo a Maria: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc.1:37).
·         Deus é Onipresente. O espaço não pode limitá-lo, pois Ele está em todo lugar ao mesmo tempo (Jr.23:24). Esta presença de Deus é total, pois Ele enche os céus e a terra. Na verdade, como afirmou Salomão na oração que fez por ocasião da dedicação do templo, nem mesmo os céus e a terra O podem conter (1Rs.8:27).
-“Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o SENHOR. Porventura, não encho eu os céus e a terra? Diz o SENHOR” (Jr.23:24).
-“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb.4:13).
·         Deus é Onisciente. Ele conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras, sendo capaz de saber até o que pensamos (Sl.139:2; 1Co.3:20). A Onisciência de Deus excede todo o entendimento humano; é um desafio à nossa compreensão, mas é também uma realidade revelada.
-“Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração e conhece todas as coisas” (1João 3:20).
-“SENHOR, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces. Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir. Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?” (Sl.139:1-7).
-“Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Sl.139:16).

2. A natureza dos anjos

Os anjos são criaturas espirituais e invisíveis aos seres humanos. Eles são sobrenaturais e, como os humanos, possuem natureza racional.
a) São criaturas de Deus. Os anjos são, assim como os homens, criaturas de Deus. Em Cl.1:16 está escrito que Deus foi o criador dos anjos, de forma que os anjos são criaturas, ou seja, seres inferiores a Deus, embora sejam superiores aos homens. Isto é muito importante, pois não temos como confundir os anjos com o próprio Deus, nem podemos atribuir a anjos quaisquer atributos divinos, pois Deus é o Criador, enquanto os anjos são apenas criaturas. É impossível fixar o tempo em que foram criados os anjos, mas a resposta de Deus a Jó declara que eles foram criados antes de todas as outras coisas (Jó 38:4,7).
b) São seres espirituais. A Bíblia mostra-nos que os anjos são seres espirituais, ou seja, ao contrário do homem que é formado de uma parte material (corpo) e de outra parte imaterial (alma e espírito), os anjos são puro espírito. O escritor da Epístola aos hebreus diz que os anjos são “espíritos ministradores enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb.1:14). Por serem espirituais, os anjos não estão sujeitos às leis da física e é por isso que os vemos, ao longo do texto bíblico, imunes às leis da física, podendo aparecer e desaparecer (Jz.6:21; Lc.1:11; 2:13); contrariar a lei da gravidade (Jz.13:20); ter poder de ferir milhares de pessoas ao mesmo tempo (2Sm.24:16,17; 2Rs.19:35; 1Cr.21:16; 2Cr.32:21; Is.37:36); fechar a boca de leões famintos (Dn.6:22); remover grandes pedras (Mt.28:2); fazer emudecer (Lc.1:20); entrar e sair de lugares que estão fechados (At.5:19; 12:7-11); ferir uma pessoa em particular de modo fulminante e fatal (At.12:23); entre outros poderes. Isto mostra que as leis vigentes para o mundo físico e material não atingem estes seres, já que são puramente imateriais.
c) possuem pessoalidade, pois são dotados de consciência, sentimento, entendimento e vontade.
·         São dotados de consciência. No episódio da criação é dito que os anjos cantavam e rejubilavam, ou seja, demonstraram ter noção do que estava a acontecer e louvavam a Deus. Isto só é possível para seres que têm consciência de si mesmos e consciência de quem é Deus a ponto de reconhecerem Sua soberania e Sua dignidade para ser adorado. Os anjos têm plena consciência de que devem adorar a Deus e de que somente Deus deve ser adorado (Sl.103:20; Ap.22:9).
·         São dotados de sentimento. Em Jó, vemos que os anjos estavam alegres enquanto Deus criava o mundo e, por isso, cantavam, tendo, também, com alegria, trazido a mensagem do nascimento de Jesus (Lc.2:10).
·         São dotados de entendimento. Os anjos sabem o que são, o que fazem e o que está acontecendo ou vai acontecer. Os anjos, diz-nos a Bíblia, são seres que obedecem à voz de Deus (Sl.103:20), que transmitem fielmente as mensagens divinas, bem sabendo o seu teor (Dn.8:16; 9:22; 10:14; Lc.1:19), como também conhecem como funciona a dimensão celestial a que pertencem (Dn.10:12,13; Jd.9).
·         São dotados de vontade. Assim como os homens, os anjos foram criados com o livre-arbítrio, ou seja, com o poder de escolher entre servir a Deus ou não. Tanto é assim que o “querubim ungido” escolheu o mal, quis ocupar o lugar de Deus e, por isso, pecou, tendo sido achado iniquidade nele, a ponto de ter perdido toda a glória que possuía neste lugar de proeminência diante do Senhor (Is.14:12-16; Ez.28:12-19). Isto só foi possível porque os anjos são dotados de livre-arbítrio. Entretanto, este livre-arbítrio só pode ser exercido uma única vez, visto que os anjos estão na dimensão celestial, onde não existe o tempo e, portanto, o arrependimento se torna impossível. Tendo feito a sua escolha, quando do pecado do “querubim ungido”, os seres angelicais a fizeram para sempre e, por isso, podemos, hoje, falar em “santos anjos” (Mt.25:31; Mc.8:38; Lc.9:26; At.10:22; Ap.14:10) ou “anjos de Deus” (Jó 4:18; Sl.91:11; Sl.148:2; Mt.4:6; 13:41; 16:27; 18:10; 24:31; Mc.13:27; Lc.4:10; Hb.1:7; Ap.3:5), como também em “anjos do diabo” (Mt.25:41; Ap.12:7,9), também chamados de “anjos que não guardaram o seu principado” (Jd.6).
d) São seres assexuados. Por serem plenamente espirituais, os anjos também são assexuados, ou seja, não são nem do gênero masculino, muito menos do gênero feminino. Não há, portanto, “anjos do sexo masculino” nem tampouco “anjas”. Jesus, certa feita respondeu a alguns saduceus desta maneira: “Porque, na ressurreição, nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu” (Mt.22:30), mostrando que os anjos são seres assexuados.

3. A natureza do ser humano

De acordo com as Escrituras Sagradas, a natureza do ser humano é dicotômica: constituída de duas partes: natureza material – constituída pelo corpo; e natureza imaterial – constituída pela alma e espirito.
-O corpo é a parte física, onde entra em contato com as coisas materiais, através dos cinco sentidos: ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar.
-A alma e o espírito formam a parte imaterial do ser humano. Na alma está a minha personalidade, as emoções, vontade, centro decisório, sentimentos. A função do espírito é entender as coisas espirituais, as coisas de Deus, é a ligação com o Céu, é o elemento que se comunica com Deus.
Deus inspirou-se em si mesmo para formar a natureza do homem
''.... Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança...'' (Gn.1:26). 
“E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7).
-Pelo sopro de Deus o homem foi feito conforme à sua imagem. A imagem de Deus no homem refere-se à imagem espiritual e moral, conforme a semelhança de Deus; e também à imagem natural, pelo fato de o homem ser uma pessoa, à semelhança de Deus, que também é uma Pessoa. Nenhum animal foi criado nesta condição de imagem de Deus; por isto, nenhum outro ser material possui os atributos que o homem possui e que o faz diferente de toda espécie animal.
O homem foi criado com uma natureza espiritual e isto o faz conforme à imagem de Deus porque ‘‘Deus é Espírito...’’ (Gn.4:24). Esta natureza espiritual é formada por dois dos três elementos que compõem o homem: o espírito e a alma. Estes dois elementos foram formados no homem pelo sopro de Deus - “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida...” (Gn.2:7). Isto aconteceu apenas e tão somente em relação ao homem.
Essa imagem de Deus foi corrompida pelo pecado. Mas, quando o homem se volta para o Criador e aceita a salvação, através de Jesus Cristo, torna-se “a imagem e glória de Deus” (1Co.11:7). Nascido de novo, o salvo é revestido “do novo homem, que segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef.4:24). Nascido de novo, o homem é “nova criatura” (2Co.5:17) e se torna participante “da “natureza divina” (2Pd.1:4). Tal participação, no presente, é parcial, pois o homem está sujeito à fraqueza e ao pecado; mas, na glorificação, será restaurada a “semelhança” da “imagem de Deus”, pois “agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (1João 3:2).
-Por este sopro o homem recebeu a vida eterna. O homem é o único ser material criado que traz em si a eternidade – a alma do homem bem como seu espírito possuem vida eterna. Há quem diga, e até quem ensina, que Deus poderia ter destruído Adão e Eva por haverem pecado, criando um novo casal; afirmam que Deus não os destruiu porque isto seria uma vitória de Satanás – ele poderia dizer que Deus criou, mas ele impediu que vivessem; que por sua causa Deus teve que destrui-lo. Mas, acreditamos não ser correto esse entendimento. Na verdade, Deus havia lhe conferido a eternidade; não se pode destruir o que é eterno. O sopro saiu de dentro de Deus, era parte do próprio Deus. Tudo que sai de dentro de Deus é eterno. Por isto, acerca de sua própria Palavra, está escrito - “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Salmos 119:89). A palavra que sai da boca de Deus é eterna – porque ela saiu de dentro de Deus. Portanto:
  • O homem recebeu uma natureza espiritual, formada pela alma e pelo espírito, por que Deus é Espírito - “Ora o Senhor é Espírito...” (2Co.3:17).
  • Recebeu em si a eternidade, porque Deus é eterno – “...de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmos 90:2).
Portanto, o ser humano foi criado e recebeu de Deus a vida eterna; logo, não pode ser destruído ou aniquilado. Assim sendo, não há apoio nas Escrituras Sagradas o ensino de que os ímpios serão destituídos ou aniquilados; não se pode destruir o que tem a eternidade. O homem não é eterno, mas recebeu a eternidade, ou a vida eterna; eterno é aquele que não teve princípio e não terá fim. Todos os seres que foram criados por Deus, inclusive o “querubim ungido” que se transformou em Satanás, não são eternos, porque tiveram princípio ao serem criados, mas receberam a eternidade. Eterno é somente o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O homem criado à semelhança de Deus é tricotômico
“E disse Deus: Façamos o homem...conforme à nossa semelhança...”(Gn.1:26).
-Tendo sido feito conforme à semelhança de Deus, o homem foi criado numa tri-unidade formado pelo corpo, alma e espírito. Assim como Deus é triúno, o homem é tricotômico (1Ts.5:23); Hb.4:12). A Bíblia não fala em três deuses – fala em um único Deus - “Ora, ao Rei dos Séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (1Tm.1:17).
Deus é um, porém, em três Pessoas distintas, assim como o número cento e onze é um número, porém, formado por três números um:1-1-1; cada um dele é uma unidade em si mesmo, tem o seu valor e as suas funções, quando separados. Da mesma forma, à semelhança de Deus, o homem é um, tal como o número 111; porém, é tricotômico na sua constituição: é formado de corpo, alma e espírito, ou seja, 1-1-1.

II. AS CARACTERISTICAS DO CORPO HUMANO

O corpo humano é, sem dúvida, a mais bela obra-prima do Criador. O que o faz belo é a vida intelectual e espiritual que permitem a participação da própria vida de Deus. Esse corpo veio “do pó da terra”. Com os elementos químicos que se encontram no barro, ou na argila, Deus, de modo sobrenatural, formou cada parte do corpo humano, combinando-as de maneira jamais compreendida pela mente humana. No corpo humano existem os seguintes elementos químicos: oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, iodo, ferro, cobre, zinco, etc.; porém, o corpo com todos esses elementos da terra, sem os elementos divinos, são de ínfimo valor. Como Deus combinou os aminoácidos, as proteínas, os sais minerais e demais elementos para compor o corpo humano é algo que transcende a qualquer especulação cientifica.

1. Materialidade

Como já dissemos, o ser humano é constituído de três elementos: corpo, alma e espírito, sendo o corpo o elemento material, e esta parte material foi formada em sua natureza do pó da terra (Gn.2:7). Mesmo assim, originalmente falando, não se desgastaria com o tempo, nem estava sujeito às enfermidades que abatem o ser humano depois do pecado, porque ele foi criado para viver eternamente, como explicamos anteriormente. Porém, por causa do pecado, o homem recebeu o justo castigo de Deus. Esse castigo, além da morte espiritual, inclui também a morte do corpo que foi feito do pó e ao pó tornará (Gn.3:19). Percebemos em Genesis 2:17, que na sentença de Deus a morte é apresentada como algo anormal, um juízo por causa do pecado, estando ligada à desobediência. Ao desobedecer a Deus, o homem desencadeou sobre si e sobre toda a humanidade a ruína moral, em todas a suas formas (Rm.5:12,14).
“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm.5:12).

2.  Visibilidade e tangibilidade

O corpo é parte material do ser humano, logo ele é visível e tangível, ou seja, pode ser tocado. É visível e tangível, mas não pode fazer dele o que quiser. O corpo não pode ser usado para a impureza, ele deve ser usado para glória de Deus (1Co.6:13). Esse corpo, agora, não pertence a nós, pertence a Jesus Cristo, que o comprou e o redimiu. Se o nosso corpo é de Cristo devemos cuidar bem dele. O cuidado com o corpo insere-se dentre aquelas tarefas que foram cometidas ao ser humano na sua qualidade de “mordomo-mor” sobre a face da Terra.
Temos de cuidar de nosso corpo, porque a vida é um dom dado por Deus (Gn.2:7; 1Sm.2:6) e que nos está “emprestado”, motivo por que deveremos prestar contas do que tivermos feito com ele, em especial aqueles que alcançarem a salvação na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Co.5:10) – “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”.
O filósofo Platão via o corpo do ser humano como a parte desprezível, pois ele via na matéria um mal em si, a fonte de toda a imperfeição humana. Dentro desta linha de raciocínio é que temos de tomar cuidado com o chamado “ascetismo”, doutrina que consiste em negar direitos ao corpo, ou mesmo castigá-lo, como se isto tivesse um efeito positivo em favor da alma, purificando-o de desejos carnais e liberando a alma para melhor progredir no caminho da salvação. A prática do ascetismo inclui o celibato, a autoflagelação, a abstenção de alimentos e prazer, a reclusão e a mendicância. Paulo, porém, coloca o corpo humano no mesmo pé de igualdade da alma e do espirito. Os três têm que ser “conservados íntegros e irrepreensíveis” (1Ts.5:23).

3. Mortalidade

Como consequência do pecado o homem recebeu de Deus a sentença de morte, pela qual voltaria à terra – “No suor do teu rosto comerás o pão, até que te tornes à terra; porque dela fostes tomado, porquanto és pó, e em pó te tornarás” (Gn.3:19).
O que deve voltar à terra certamente é a substância material que compõe o homem, ou seja, o seu Corpo. O espírito e a alma foram formados pelo sopro de Deus, portanto, são substâncias espirituais, não podendo voltar à matéria, ou terra. Assim, condenando o homem a voltar ao pó da terra, Deus estava estabelecendo uma separação entre o corpo e a substância espiritual, formada pelo espírito e pela alma. Salomão, pelo Espírito de Deus, entendeu esta separação quando disse: “E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec.12:7). Esta separação, no entanto, segundo a Bíblia, é uma separação temporária que perdurará entre a morte e a ressurreição do homem, salvo ou não – “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn.12:2).

III. A ALMA, O NOSSO ELO COM O MUNDO EXTERIOR

Alma e espírito formam o "homem interior", o homem imaterial. Com efeito, a Bíblia registra que Deus formou o corpo do homem da matéria, mas, para criar a parte imaterial do homem, "soprou em suas narinas"(Gn.2:17) - expressão bíblica que indica que o homem interior não tem qualquer relação com a matéria existente na Terra, mas decorre de uma criação que advém diretamente da personalidade divina, do Ser divino.
A alma precisa do corpo para expressar sua vida funcional e racional. De modo geral, a alma é aquele princípio inteligente que anima o corpo e usa os órgãos e seus sentidos físicos como agentes na exploração das coisas materiais, para expressar-se e comunicar-se com o mundo exterior; é responsável pela razão, vontade e sentimentos.

1. Significados da Alma

A palavra “alma", como a maioria das palavras, é "plurívoca", ou seja, tem muitos significados. Assim, não podemos deixar de observar que nem sempre a palavra “alma", quando se encontra na Bíblia Sagrada, quer dizer a mesma coisa, variando de passagem para passagem, até porque sabemos que o texto bíblico foi escrito, primeiramente, em três línguas (Antigo Testamento, em hebraico e alguns trechos em aramaico; Novo Testamento, em grego) por pessoas de diferentes classes sociais e em diversas circunstâncias e épocas, o que faz com que o significado de alguns termos tenham se alterado ao longo dos anos e tempos. Isto ainda acontece nos nossos dias, tanto que, naturalmente, quando falamos: “a propaganda é a alma do negócio"; "não acredito em almas penadas"; "a minha alma tem sede de Deus", evidentemente não estamos dando à palavra "alma" o mesmo significado.

Veja, a seguir, alguns significados que a Bíblia registra:

a) Alma com o sentido de respiração da vida. A palavra "alma" significa "respiração da vida", pois, como a vida física é indicada pela respiração, logo se criou a ideia de que a alma está relacionada com o ato de respirar. Por isso, usa-se a expressão "último suspiro" para indicar a morte. Portanto, a alma, que é a vida, foi associada ao ato de respirar, e a morte, à saída da alma. É o que vemos em passagens bíblicas como Gn.35:18 e 1Rs.17:21,22.
“E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni; mas seu pai o chamou Benjamim”(Gn.35:18).
“Então, se mediu sobre o menino três vezes, e clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que torne a alma deste menino a entrar nele. E o SENHOR ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (1Rs.17:21,22).
A alma não é respiração, mas só pode morar em um corpo que respira, por isso, às vezes é confundida com respiração. Deus, para levar alguém, só precisa retirar sua respiração.
“Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela” (Is.42:5).
“nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17:25).
 “Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34:14,15).
b) Alma significando o sangue (Dt.12:23; Lv.17:14). A alma está intimamente ligada ao sangue, pois se o homem ficar sem sangue ele morre fisicamente e a alma sai do corpo. A alma não é o sangue, mas precisa do sangue para continuar morando no corpo; por isso, às vezes é confundida com o sangue.
 “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida” (Lv.17:11).
c) Alma significando o indivíduo. A palavra "alma", muitas vezes, significa "pessoas", "indivíduos" no sentido de que a parte que distingue cada pessoa de outra é a alma. É assim que vemos a aplicação da palavra em Rm.13:1.
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”.

2. Alma e o espírito são inseparáveis

Como já disse, a alma e o espírito formam a natureza espiritual do ser humano, formam o homem interior. Estes elementos advêm do sopro de Deus, quando da formação do ser humano. Eles são inseparáveis, e por serem assim, se a alma for para o inferno o espirito também irá; se o espirito for para o Céu, a alma também irá. Eclesiastes 12:7 diz: “... e o pó volte à terra, como era, e o espirito volte a Deus, que o deu”. Este versículo fala que o espirito (espirito e alma) fica à disposição de Deus após a morte. Deus se encarrega de destinar seu caminho: Paraíso (lugar intermediário dos salvos) ou Hades (lugar intermediário dos ímpios -local de tormento – a antessala do inferno, que é o Lago de fogo e enxofre – Ap.19:20; 20:10,14,15).
-O espirito e alma dos fiéis vão para o Paraíso onde gozarão de descanso, consolação e felicidade (Ap.14:13; Lc.16:23,25). Por isto é preciosa à vista do Senhor a morte dos santos (Sl.116:15).
-O espirito e alma dos injustos irão para o Hades, um lugar de tormentos, onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final (Lc.16:22,23, Ap. 20:11,12).

3. A alma é a janela para o mundo exterior

Através da alma, o ser humano se expressa e tem acesso ao mundo que o cerca. Para que isso seja possível, a alma precisa usar elementos do corpo do ser humano. A alma e o corpo (que formam o homem natural – 1Com.2:14) comunica-se com o mundo natural. Através do corpo entramos em contato com a matéria, com o mundo material, afetamos e somos afetados por esse mundo.
Alma e corpo são muito interligados. Os cinco sentidos do corpo - ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar -, são as janelas da minha alma. O que os cinco sentidos fazem é levar informações para minha alma. Vejo, ouço, daí reajo na minha personalidade, na minha alma. Jesus certa vez afirmou: “A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso” (Lc.11:34). É através do corpo, portanto, que a alma se comunica com o mundo exterior. É no rosto que aparecem as expressões de alegria, tristeza, ira, sono, calma, entusiasmo, rancor, mágoa e tantos outros sentimentos próprios da natureza humana.
O corpo tem ações físicas, porém a alma se expressa através do corpo. Quando você está alegre ou triste e as pessoas olham para seu rosto logo vão notar, pois o corpo reflete a nossa alma. Em Provérbios 15:13 está escrito: “o coração alegre aformoseia o rosto”. Veja ainda Provérbios 2:10,11.
Se a alma influencia o corpo, o corpo também influencia a alma. Há um intercâmbio muito grande entre alma e corpo. A Bíblia chama esse intercâmbio, esse relacionamento muito próximo, de homem exterior; é a manifestação da alma influenciada pelo corpo. A alma, influenciada pelo corpo, preocupa-se com o mundo natural. Recebendo informações através do corpo, a alma reage para com o mundo natural e para com os nossos semelhantes. Já o espírito age e reage para com as coisas espirituais, age e reage com o mundo espiritual.

4. A separação da alma do corpo gera a morte

A alma dá vida ao corpo; quando ela sai, então o corpo fica inerte. A mesma coisa acontece com os animais, conforme afirmou Salomão:
 “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos tem o mesmo fôlego” (Ec.3:19).
É bom ressaltar que os animais, também, têm alma, que é diferente da alma humana. Pela Bíblia sabemos que o homem e os animais foram criados de forma diferente. Animal tem alma, mas não tem espírito.
O homem foi a única criatura sobre a qual Deus declarou: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança”(Gn.1:26). Para criar o homem Deus inspirou-se em si mesmo, criando-o à sua imagem e conforme à sua semelhança.
As almas dos animais foram criadas junto com seus corpos – “Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente...” (Gn.1:20). Mas a alma do homem não foi criada junto com o corpo, ela foi colocada no corpo através do sopro de Deus – ”... e soprou em seus narizes o fôlego da vida...” (Gn.2:7). Assim, a alma dos animais é mortal, ela morre junto com o corpo; mas a alma do ser humano é imortal.
Portanto, homens e animais morrem quando a alma sai do corpo. Todavia, a alma do homem é espiritual e tem vida eterna. Juntamente com o espírito ela constitui a natureza espiritual do homem.

IV. O ESPÍRITO E NOSSO CONTATO COM DEUS

1. O que é o espírito

O espírito é a parte imaterial do homem, que, juntamente com a alma, forma “o homem interior”. Disse Paulo: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm.7:22). O apóstolo ensina sobre a luta entre a carne, ou a natureza carnal do homem, e o espírito, que provém de Deus, e acentuava que o “homem interior” tinha prazer na lei de Deus.
O espírito é o elemento de comunicação entre Deus e o homem; ele vincula os seres humanos ao mundo espiritual e os ajuda a interagir nessa dimensão. Por ele: somos iluminados pelo Espírito de Deus; reverenciamos a Deus; adoramos a Deus; conectamo-nos com Deus.

2. O elo entre o nosso corpo e Deus

O espírito é a parte do homem que faz a relação dele com Deus; é a sede da consciência, que é o elemento que nos permite discernir o certo do errado, o elo de ligação entre Deus e o homem, a instância em que tomamos consciência da existência e da soberania de Deus. Por intermédio do espírito, entramos em contato com Deus. Por isso, deve o nosso espírito ser quebrantado (Sl.51:17), voluntário (Sl.51:12) e reto (Sl.51:10). O apóstolo Paulo afirma que servia a Deus em seu espírito (Rm.1:9).
Quando de nossa morte, entregamos a Deus o espírito (Lc.23:46; At.7:59). O espírito e alma dos ímpios, Deus os lançará no Inferno (Lc.16:19-31; Sl.9:17; Mt.13:40-42; 25:41,46), pois não se pode separar a alma do espírito, pois ambos formam uma unidade indivisível.

3. A sede de nossa comunhão com Deus

A consciência é o instrumento do espirito que provê testemunho interior sobre a conduta moral do indivíduo (Tt.1:15); é o conhecimento de si mesmo; é a faculdade de discernimento da alma (João 8:9; Hb.9:9).
Deus dotou o homem de consciência, ou seja, da capacidade de saber o que é certo e o que é errado, quase que como uma voz do próprio Deus no interior do homem, a permitir-lhe saber o que deve e o que não deve ser feito. Deste modo, através da consciência, o homem poderá saber qual é a vontade de Deus e, assim, poder estabelecer um relacionamento apesar da infinita distância entre o Senhor e o ser humano.
A consciência é, assim, a faculdade do espírito que nos permite saber o que é o certo e o que é errado, um verdadeiro tribunal que existe em nosso interior a nos dizer quando estamos acertando e quando estamos errando, algo que existe em todo ser humano, se bem que o pecado gere, como efeito, o embrutecimento do homem, a ponto de ele chegar a ter a própria consciência cauterizada (1Tm.4:2), ou seja, completamente sufocada e inoperante.
A consciência é a capacidade que temos de distinguir o certo do errado, mas, nem por isso, o homem está isento de errar. Através da consciência, Deus permitiu ao homem discernir entre o que é correto, o que está de acordo com a vontade divina e o que não é correto, mas, devemos lembrar que o homem é livre, ou seja, pode escolher entre fazer o certo ou não. Se fizer o errado, acabará dominado pelo pecado, sem condições de se libertar (cf. Gn.2:16,17; 4:6,7), a não ser por intermédio de Cristo Jesus (João 8:31-36).
Somente quando o espírito está em comunhão com Deus, somente quando há um verdadeiro relacionamento entre Deus e o homem, podemos ter uma consciência sensível e obediente à voz do Senhor (João 10:27). Esta é a consciência sem ofensa (At.24:16) e a consciência pura (1Tm.3:9).

CONCLUSÃO

Como vimos, de acordo com as Escrituras Sagradas, a natureza do ser humano é dicotômica, ou seja, é constituída de duas partes: natureza material – constituída pelo corpo; e natureza imaterial – constituída pela alma e espirito. Com o sopro divino, o homem recebeu vida para sempre, mas pela desobediência perdeu esse direito de vida eterna com Deus; porém, Jesus veio para nos dar vida eterna, e para alcançar a vida eterna que Deus soprou sobre Adão no Éden é preciso que a mentalidade humana volte a ser como o Criador a fez quando soprou sobre o homem; para isto é preciso nascer de novo, tornar-se nova criatura (João 3:3; 2Co.5:17). Pense nisso!