AS PROMESSAS DE DEUS

 

Texto Base: Isaias 55:6-13

“E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr.1:12).

Isaías 55:6-13

6.Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.

7.Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é perdoar.

8.Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor.

9.Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.

10.Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,

11.assim será a palavra que sair da minha boca ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.

12.Porque, com alegria, saireis e, em paz, sereis guiados; os montes e os outeiros exclamação de prazer perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão palmas.

13.Em lugar do espinheiro, crescerá a Faia, e, em lugar da sarça, crescerá a murta; isso será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.

INTRODUÇÃO

No 4º trimestre de 2024, exploraremos profundamente as “Promessas de Deus” conforme reveladas na Bíblia Sagrada. As promessas divinas têm o propósito de cumprir os planos de Deus, exigindo nossa fé total nEle e em Sua Palavra para se realizarem. Ao longo do Trimestre, analisaremos não apenas o que são essas promessas, mas também como estão fundamentadas nas Escrituras.

Nesta primeira Lição, definiremos o que são as “Promessas de Deus” e como elas estão fundamentadas. Além disso, classificaremos os tipos e os propósitos das Promessas de Deus, compreendendo seu impacto em nossa vida cristã.

I. UM CONVITE DE DEUS

1. Um convite, uma Promessa

Isaías 55:6-13 é um dos textos mais ricos da Bíblia em termos de promessa divina e convocação para a redenção. Neste trecho, Deus convida o povo de Israel a buscar Sua face e a se arrepender, oferecendo-lhes uma oportunidade de transformação e bênção. Este convite, no entanto, não é apenas uma simples oferta, mas uma promessa carregada de poder e propósito.

Em Isaias 55:11, lemos: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”. Este versículo destaca a soberania de Deus e a eficácia de Sua Palavra. A Palavra de Deus, quando proclamada, carrega em si a certeza do cumprimento. Ela é viva, eficaz e sempre alcança o objetivo para o qual foi enviada, seja para a redenção daqueles que a recebem com fé ou para a condenação daqueles que a rejeitam.

Este texto de Isaias sublinha a importância de responder ao convite divino. Deus não apenas convida, mas garante que Sua Palavra, quando acolhida, trará consigo o cumprimento das Promessas. No entanto, para que essas Promessas se manifestem na vida do crente, é necessário um movimento ativo em direção a Deus — buscar ao Senhor enquanto se pode achar, invocar enquanto está perto (Isaias 55:6).

2. É preciso Buscar ao Senhor

O primeiro passo essencial para viver as promessas de Deus é buscar ao Senhor de forma ativa e contínua. Em Isaías 55:6, lemos: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Este versículo é um chamado urgente para um relacionamento profundo e constante com Deus. Ele não é apenas um conselho, mas um imperativo que destaca a necessidade de uma busca diligente e persistente por Deus.

Buscar ao Senhor implica em dedicar tempo à oração, meditação na Palavra e em cultivar uma vida espiritual que reflita um desejo genuíno de conhecer e experimentar a presença de Deus. No contexto do Antigo Testamento, essa busca era uma resposta ao convite de Deus para o arrependimento e restauração. Era uma convocação para o povo de Israel retornar ao Senhor com todo o coração.

O Novo Testamento reafirma essa necessidade de buscar a Deus, como ensinado por Jesus em Mateus 7:7,8: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre”. Aqui, Jesus assegura que a busca sincera por Deus não é em vão. Ele promete que aqueles que O buscam de coração encontrarão Sua presença, Sua direção e Suas bênçãos.

A busca por Deus, conforme Jesus ensinou, não é passiva; ela requer esforço, perseverança e fé. É um processo que envolve pedir com humildade, buscar com determinação e bater com insistência. Essa busca é uma expressão de dependência total de Deus, reconhecendo que Ele é a fonte de toda provisão, sabedoria e direção.

Além disso, essa busca deve ser feita “enquanto se pode achar” e “enquanto está perto”, como destaca Isaías. Isso sugere que há um tempo oportuno para buscar ao Senhor, que não deve ser desperdiçado. Deus está sempre acessível, mas é vital que aproveitemos o momento presente para nos voltarmos a Ele, pois a oportunidade de buscar Sua face pode não estar disponível para sempre.

Buscar ao Senhor é, portanto, um ato de fé e obediência, essencial para que as Promessas de Deus se tornem realidade em nossas vidas. Essa busca deve ser caracterizada por sinceridade, arrependimento e uma entrega total ao propósito de Deus. Quando buscamos ao Senhor com todo o coração, não apenas encontramos a realização de Suas Promessas, mas também experimentamos uma transformação profunda em nosso relacionamento com Ele.

3. É preciso se Arrepender

O Segundo passo para se viver as Promessas de Deus: “É preciso se arrepender”. Isaías 55:7 chama ao arrependimento: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”. Esse arrependimento é essencial para que as Promessas de Deus se cumpram plenamente. Deus promete abundância e bênção, mas estas estão condicionadas à obediência e à transformação do coração.

Além disso, Isaías 55:7 chama ao arrependimento: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”. Esse arrependimento é essencial para que as Promessas de Deus se cumpram plenamente. Deus promete abundância e bênção, mas estas estão condicionadas à obediência e à transformação do coração.

As Promessas de Deus muitas vezes vêm com condições que exigem a obediência do Seu povo para que sejam cumpridas. Aqui estão três exemplos bíblicos de bênçãos que dependiam da obediência a Deus:

a)   A Promessa de vida longa e prosperidade na Terra Prometida (Êx.20:12 e Dt.5:33)

ü  Promessa: Deus prometeu ao povo de Israel que, se obedecessem aos Seus mandamentos, teriam vida longa e prosperariam na terra que Ele lhes deu.

ü  Condição: A obediência à Lei, especificamente o mandamento de honrar pai e mãe, é destacada em Êxodo 20:12: "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá."

ü  Cumprimento: Essa promessa de vida longa e prosperidade estava diretamente ligada à prática da obediência.

b)   A Promessa de vitória sobre os inimigos (Dt.28:1-7)

ü  Promessa: Deus prometeu que, se Israel obedecesse diligentemente à Sua voz e guardasse todos os Seus mandamentos, Ele os exaltaria sobre todas as nações da terra e garantiria a vitória sobre os inimigos.

ü  Condição: A obediência total a Deus é a chave para receber essa bênção: "E será que, se ouvires a voz do Senhor teu Deus... o Senhor entregará os teus inimigos, que se levantarem contra ti, feridos diante de ti" (Dt.28:1,7).

ü  Cumprimento: A vitória sobre os inimigos estava condicionada à obediência completa aos mandamentos de Deus.

c)   A Promessa de ser feito povo de Deus (Dt.28:9,10)

ü  Promessa: Deus prometeu que Israel seria estabelecido como Seu povo santo, separado para Ele, se obedecessem aos Seus mandamentos.

ü  Condição: "O Senhor te confirmará para si por povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos seus caminhos" (Dt.28:9).

ü  Cumprimento: Ser reconhecido como povo santo de Deus, com todas as bênçãos que isso traz, estava ligado à obediência fiel aos caminhos do Senhor.

Esses exemplos demonstram que as Promessas de Deus frequentemente exigem uma resposta de fé expressa em obediência para que sejam plenamente realizadas na vida de Seu povo.

Portanto, o convite de Deus em Isaías 55 é uma oferta de redenção fundamentada na veracidade e no poder de Sua Palavra. As Promessas de Deus não são apenas palavras vazias; elas são garantias do cumprimento de Seu propósito em nossas vidas, desde que respondamos com fé, arrependimento e busca contínua por Sua presença.

II. AS PROMESSAS E SEUS FUNDAMENTOS

1. A Promessa na Bíblia

As Promessas de Deus são um tema central na Bíblia, refletindo o comprometimento divino em realizar Seu propósito na vida das pessoas. Desde o início das Escrituras, vemos Deus fazendo Promessas a Seus servos, estabelecendo um relacionamento baseado na confiança e na fé em Sua Palavra.

No Antigo Testamento, as Promessas de Deus aparecem de forma implícita e explícita em diversos momentos. Embora a palavra "promessa" nem sempre seja mencionada diretamente, o conceito é claramente manifestado nas alianças que Deus fez com Abraão, Isaque, Jacó e o povo de Israel. Por exemplo, em Gênesis 12:1-3, Deus prometeu a Abraão que ele seria pai de uma grande nação, que sua descendência seria abençoada, e que todas as nações da terra seriam abençoadas por meio dele. Essas Promessas estabeleceram a base do relacionamento de Deus com Israel e antecipavam o plano de redenção que se desenrolaria ao longo da história bíblica.

O Novo Testamento, por sua vez, revela o cumprimento dessas Promessas na pessoa de Jesus Cristo. Ele é o cumprimento das Promessas messiânicas do Antigo Testamento, trazendo à plenitude a obra redentora que Deus prometeu realizar. Por exemplo, em Lucas 4:16-21, Jesus lê na sinagoga a profecia de Isaías e declara que ela se cumpriu nEle. O apóstolo Pedro, em Atos 2:29-31, também afirma que as Promessas feitas a Davi foram realizadas em Cristo, que foi ressuscitado dos mortos e exaltado à direita de Deus.

Além disso, o Novo Testamento introduz novas Promessas que se estendem à Igreja e a todos os crentes. Essas Promessas incluem a ressurreição dos mortos e a transformação dos corpos dos fiéis por ocasião do Arrebatamento da Igreja, conforme 1Tessalonicenses 4:13-18. Essas Promessas não são apenas esperanças futuras, mas são fundamentos da fé cristã, reforçando a certeza de que Deus cumprirá tudo o que prometeu.

Os fundamentos das Promessas de Deus estão enraizados na Sua natureza imutável e fiel. A palavra "promessa" na Bíblia refere-se ao ato de Deus comprometer-Se a realizar algo. E esse compromisso é infalível porque Deus é fiel e justo, incapaz de mentir ou falhar em Sua palavra. Como declara o autor de Hebreus: "Guardemos firme a confissão da nossa esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel" (Hebreus 10:23).

Portanto, as Promessas de Deus são mais do que simples declarações; elas são garantias de que Ele cumprirá Sua vontade no tempo certo. Elas são a base sobre a qual a fé dos crentes é edificada, oferecendo segurança e esperança inabaláveis. Ao longo da Bíblia, vemos que Deus é zeloso em cumprir o que promete, e é essa confiança que sustenta a vida e a fé de todos que nEle confiam.

2. Deus é Infalível

A infalibilidade de Deus é uma verdade central e confortadora da fé cristã. Ela se fundamenta nos atributos incomunicáveis de Deus, que O diferenciam de toda a criação e garantem que Suas Promessas e propósitos jamais falharão. Quando afirmamos que Deus é infalível, estamos reconhecendo que Ele é absolutamente perfeito em poder, conhecimento e presença, qualidades que são exclusivas da Sua natureza divina.

Em primeiro lugar, Deus é Onipotente — Ele possui todo o poder. Em Sua onipotência, Deus é capaz de realizar tudo o que deseja, sem limitações. Não há circunstância ou força no universo que possa frustrar Seus planos ou impedir que Suas Promessas se cumpram. Isso está claramente refletido em Isaías 43:13, onde Deus declara: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?”. Essa declaração de poder absoluto reforça que, quando Deus decide agir, nada nem ninguém pode impedir Sua vontade.

Em segundo lugar, Deus é Onisciente — Ele conhece todas as coisas. O conhecimento de Deus é perfeito e abrangente, abrangendo o passado, o presente e o futuro em sua totalidade. Ele conhece todos os detalhes do universo e da vida humana, desde o mais insignificante até o mais grandioso. Como Deus sabe todas as coisas, Ele nunca é surpreendido ou enganado, e Suas Promessas são feitas com pleno conhecimento de tudo o que acontecerá. A onisciência de Deus garante que Suas palavras são verdadeiras e fiéis, pois Ele nunca promete algo sem saber exatamente como e quando irá cumprir.

Em terceiro lugar, Deus é Onipresente — Ele está presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Isso significa que não há lugar no universo onde Deus não esteja plenamente presente. A onipresença de Deus assegura que Ele está sempre perto de nós, acompanhando cada detalhe de nossa vida e sustentando a criação. Essa presença constante é um lembrete de que Deus nunca nos abandona, e que Suas Promessas se aplicam a nós em todos os momentos e circunstâncias.

Esses atributos incomunicáveis — Onipotência, Onisciência e Onipresença — constituem a base da infalibilidade de Deus. Diferente dos seres humanos, que são limitados e falíveis, Deus é absolutamente confiável em todas as Suas ações e palavras. Sua infalibilidade significa que Ele nunca falha, nunca muda, e nunca deixa de cumprir aquilo que prometeu. Como o profeta Isaías afirma em Isaías 55:11, a Palavra de Deus “não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”.

Portanto, quando confiamos nas Promessas de Deus, podemos ter plena certeza de que elas serão cumpridas, porque elas são sustentadas pela natureza infalível do próprio Deus. Ele é imutável e eternamente fiel, e é por isso que Suas Promessas são um fundamento seguro para a nossa fé e esperança. Ao entendermos a infalibilidade de Deus, somos levados a uma confiança mais profunda nEle, sabendo que, independentemente das circunstâncias, Ele jamais falhará.

3. Deus zela por Sua Palavra

A expressão "Deus zela por Sua Palavra" encapsula uma verdade profunda sobre o caráter divino: Deus é absolutamente fiel e comprometido com o cumprimento de tudo o que Ele declara. Sua Palavra não é meramente uma comunicação sem consequência; ela é viva, eficaz e carregada de poder para realizar exatamente o que Ele determina.

Em Isaías 55:11, lemos: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”. Este versículo enfatiza que a Palavra de Deus é enviada com um propósito específico e infalível. Quando Deus fala, Suas palavras não são ocas nem vazias. Elas carregam a autoridade e o poder do próprio Deus e, portanto, são irresistíveis e inalteráveis. O que Deus declara será cumprido, sem exceção.

A fidelidade de Deus em cumprir Sua Palavra é ilustrada de maneira vívida em Jeremias 1:11,12, onde o profeta tem uma visão de uma vara de amendoeira. Quando Deus pergunta a Jeremias o que ele vê, e ele responde corretamente, Deus confirma a visão dizendo: “Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir”. A vara de amendoeira, uma árvore que floresce precocemente na primavera, simboliza vigilância e prontidão. Assim como a amendoeira floresce no tempo certo, Deus está constantemente vigiando para assegurar que Sua Palavra se cumpra exatamente como foi proferida.

Esse zelo de Deus por Sua Palavra revela Sua imutabilidade e integridade. Diferente dos seres humanos, cujas Promessas podem ser falíveis ou não cumpridas, Deus não pode mentir, nem Se contradizer. Sua Palavra é um reflexo perfeito de Seu caráter: fiel, verdadeiro e constante. Quando Deus faz uma promessa, Ele se compromete a realizá-la com todo o Seu ser, porque Ele é fiel a Si mesmo e à Sua Palavra.

Além disso, o zelo de Deus por Sua Palavra também nos oferece segurança e confiança. Podemos depositar nossa fé nas Promessas de Deus, certos de que Ele cumprirá cada uma delas. Nenhuma circunstância, adversidade ou força contrária pode impedir o cumprimento daquilo que Deus declarou. Este zelo é um sinal da soberania divina, mostrando que Deus não apenas decreta, mas também vela atentamente para garantir que tudo ocorra conforme Seu plano perfeito.

O entendimento de que Deus zela por Sua Palavra deve impactar profundamente nossa vida de fé. Ele nos chama a confiar plenamente em Suas Promessas, sabendo que elas são inquebrantáveis. Em um mundo onde tantas palavras são ditas sem responsabilidade, a Palavra de Deus se destaca como um alicerce sólido e imutável. Podemos viver em paz, sabendo que aquilo que Deus disse se cumprirá, porque Ele mesmo está atento e comprometido com a realização de cada uma de Suas Promessas.

III. TIPOS E PROPÓSITOS DAS PROMESSAS DE DEUS

1. Promessas incondicionais

As Promessas Incondicionais de Deus são declarações soberanas que Ele faz, garantindo que Seu propósito se cumprirá independentemente de qualquer condição ou resposta humana. Essas Promessas não dependem de circunstâncias, tempo, ou atitudes do destinatário. Elas são fundamentadas unicamente na vontade imutável de Deus, que, em Sua soberania e fidelidade, assegura que o que Ele determinou acontecerá de maneira infalível.

Um dos exemplos mais claros de uma promessa incondicional na Bíblia é a profecia do nascimento de Jesus Cristo. Isaías 9:6 anuncia: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Esta profecia foi dada séculos antes de seu cumprimento, independentemente das circunstâncias que pudessem ocorrer ao longo da história. Deus prometeu e, na plenitude dos tempos, Ele cumpriu essa promessa ao enviar Seu Filho ao mundo, nascido de uma virgem, como anunciado em Isaías 7:14.

Outro exemplo é a promessa do local de nascimento de Jesus. Em Miquéias 5:2, lemos: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para estar entre as milhares de Judá, de ti sairá aquele que será dominador em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Esta profecia especifica que o Messias nasceria em Belém, uma pequena e aparentemente insignificante cidade, mas escolhida soberanamente por Deus para este propósito. Nada que a humanidade pudesse fazer mudaria essa realidade, pois estava estabelecida pelo decreto incondicional de Deus.

Além das Promessas já cumpridas, a Bíblia também apresenta Promessas incondicionais que ainda aguardam cumprimento. Um exemplo significativo é a promessa do Arrebatamento da Igreja, conforme descrito em 1Tessalonicenses 4:13-17. Esse evento escatológico inclui a ressurreição dos que morreram em Cristo e a transformação dos crentes que estiverem vivos na vinda do Senhor. Não há condições anexadas a essa promessa; ela ocorrerá no tempo determinado por Deus, independentemente das ações humanas. Isso reflete a soberania de Deus sobre a história e Seu plano redentor.

A incondicionalidade dessas Promessas é uma garantia para os crentes de que o plano de Deus será realizado de maneira perfeita e imutável. Mesmo quando Promessas parecem distantes ou quando as circunstâncias parecem contradizer o que foi prometido, os crentes podem ter plena confiança na fidelidade de Deus. Como Hebreus 10:23 nos exorta: “Guardemos firme a confissão da nossa esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”.

Portanto, as Promessas Incondicionais são um testemunho do poder soberano e da fidelidade de Deus. Elas revelam que Deus está no controle absoluto de toda a criação e que Seu propósito será realizado sem falha. Para os crentes, essas Promessas são uma fonte de esperança e segurança, lembrando-nos que, independentemente das circunstâncias, a Palavra de Deus é firme, imutável e digna de total confiança.

2. Promessas Condicionais

As Promessas Condicionais de Deus, diferentemente das Promessas Incondicionais, requerem uma resposta ou ação específica por parte do ser humano para que se cumpram. Elas estabelecem uma relação direta entre a obediência ou cumprimento de certas condições e a recepção das bênçãos prometidas. Ao longo das Escrituras, essas Promessas são frequentemente apresentadas como parte de alianças e instruções divinas, demonstrando que o relacionamento de Deus com Seu povo envolve responsabilidades mútuas.

Um exemplo clássico de uma Promessa Condicional é encontrado em Êxodo 15:26, onde Deus faz uma promessa de saúde plena ao povo judeu, condicionada à obediência às Suas ordenanças:

"Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e deres ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre os egípcios; porque eu sou o Senhor, que te sara".

Aqui, Deus oferece proteção contra as doenças, mas essa proteção está condicionada à obediência e fidelidade a Ele.

Outro exemplo de Promessa Condicional é encontrado em Deuteronômio 28:1,2, onde Deus promete bênçãos abundantes ao povo de Israel, mas com a condição de que eles obedeçam cuidadosamente a todos os Seus mandamentos:

"E será que, se ouvires a voz do Senhor, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o Senhor, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor, teu Deus".

Neste capítulo, Deus detalha tanto as bênçãos pela obediência quanto as maldições que viriam pela desobediência, enfatizando a natureza condicional das Suas Promessas.

No Novo Testamento, vemos Promessas Condicionais ligadas ao perdão e à comunhão com Deus. Em Mateus 6:14,15, Jesus ensina que o perdão de Deus está condicionado ao perdão que oferecemos aos outros:

"Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas".

Esta Promessa ressalta a importância do perdão na vida cristã, mostrando que a misericórdia que recebemos de Deus depende de nossa disposição de mostrar misericórdia aos outros.

Jesus também condiciona o permanecer no amor de Deus à obediência aos Seus mandamentos. Em João 14:23, Ele afirma:

"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada".

Da mesma forma, em João 15:10, Ele declara:

"Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço".

Nessas passagens, o vínculo com o amor de Deus e a intimidade com Ele são condicionados à nossa fidelidade e obediência a Cristo.

Essas Promessas Condicionais sublinham a importância da responsabilidade humana no relacionamento com Deus. Elas nos lembram que, embora Deus seja gracioso e desejoso de abençoar, Ele espera que respondamos à Sua graça com obediência e fidelidade. O cumprimento dessas Promessas depende de nosso comprometimento em seguir as diretrizes divinas.

Em resumo, as Promessas Condicionais são um reflexo da aliança entre Deus e a humanidade, onde as bênçãos divinas estão ligadas à nossa obediência e à forma como respondemos ao Seu chamado. Elas nos encorajam a viver de maneira que honre a Deus, sabendo que nossas escolhas podem influenciar a realização das bênçãos que Ele deseja derramar sobre nós.

3. O propósito das Promessas de Deus

As Promessas de Deus, conforme reveladas na Bíblia, carregam propósitos profundos e multifacetados que envolvem tanto a realização dos planos divinos quanto o desenvolvimento de um relacionamento íntimo e duradouro com a humanidade. Cada promessa divina é uma expressão do amor, da graça e da soberania de Deus, e o cumprimento dessas promessas serve para evidenciar o caráter imutável e fiel de Deus.

-O primeiro propósito das Promessas de Deus é estabelecer uma aliança com o ser humano. Desde o início da criação, Deus demonstrou Seu desejo de se relacionar com a humanidade de maneira íntima e significativa. Em Gênesis 1:27-30, Deus cria o homem à Sua imagem e semelhança e concede-lhe domínio sobre a terra. Logo depois, em Gênesis 2:16,17, Deus estabelece um mandamento, formando assim uma aliança inicial com Adão e Eva. As Promessas associadas a essa aliança refletem o desejo de Deus de que a humanidade viva em harmonia com Ele, seguindo Suas direções e desfrutando das bênçãos que Ele preparou.

-Outro propósito significativo é a reconsideração do destino da raça humana, particularmente evidente na história de Noé. Após a corrupção generalizada da humanidade, Deus, em Sua justiça, decide trazer um dilúvio para purificar a terra, mas em meio à destruição, Ele faz uma promessa a Noé. Em Gênesis 9:11-17, Deus estabelece um pacto com Noé, prometendo nunca mais destruir a terra por meio de um dilúvio e dando à humanidade uma nova oportunidade para recomeçar. Esta promessa revela a graça e a misericórdia de Deus, que, mesmo diante da rebeldia humana, oferece redenção e uma nova chance de viver segundo os Seus preceitos.

-Além disso, as Promessas de Deus também servem para mostrar a eleição de um povo específico, Israel, como parte de Sua aliança com Abraão. Em Gênesis 12:1-3, Deus chama Abraão e promete fazer dele uma grande nação, através da qual todas as famílias da terra seriam abençoadas. Essa promessa é reiterada em Êxodo 19:5,6, onde Deus, após libertar os israelitas da escravidão no Egito, reafirma Seu compromisso de fazer de Israel um “reino de sacerdotes e uma nação santa”. As Promessas relacionadas à eleição de Israel mostram que Deus escolhe agir por meio de pessoas e nações para realizar Seus propósitos redentores no mundo.

-Outro grande propósito das Promessas de Deus é zelar pela Sua Palavra e aprofundar o Seu relacionamento com a humanidade. Em Isaías 55:11,12, Deus declara que a Sua Palavra não voltará vazia, mas cumprirá tudo o que Ele deseja. Quando experimentamos o cumprimento das Promessas de Deus, percebemos Sua presença ativa em nossas vidas e Sua fidelidade em cumprir o que foi prometido. Isso nos dá a certeza de que Deus está intimamente envolvido em nossa jornada, fortalecendo nossa fé e nos assegurando que não estamos sozinhos no mundo. A realização das Promessas divinas reforça a confiança de que Deus é um Pai amoroso e zeloso, comprometido com o bem-estar e a redenção de Seus filhos.

-Em última análise, o cumprimento das Promessas de Deus visa a demonstrar Sua glória e promover Seu reino. Cada promessa cumprida aponta para o caráter soberano e fiel de Deus e nos chama a uma vida de fé e obediência, sabendo que Ele é digno de confiança.

Quando entendemos os propósitos das Promessas de Deus, somos levados a uma adoração mais profunda e a um compromisso renovado com Sua vontade, confiando que Ele sempre age para o nosso bem e para a Sua glória eterna.

CONCLUSÃO

Deus, em Sua soberania, é fiel e comprometido com a realização de Suas Promessas; essas Promessas são compromissos profundos que revelam Sua natureza imutável e amorosa. Aprendemos que existem Promessas incondicionais, como o nascimento de Jesus e a redenção, que Deus cumprirá independentemente das circunstâncias, e Promessas condicionais que dependem da nossa obediência e resposta às Suas orientações. Vimos também que os propósitos das Promessas incluem estabelecer alianças, oferecer oportunidades de redenção e aprofundar nosso relacionamento com Deus. O cumprimento dessas Promessas confirma a fidelidade divina e fortalece nossa confiança de que Deus está constantemente presente em nossas vidas. Somos chamados a esperar com paciência e fé, sabendo que cada promessa reflete o amor e a graça de Deus, e que Sua Palavra jamais retorna vazia.

ESTER, A PORTADORA DAS BOAS-NOVAS

 Texto Base: Ester 8:4-8; 9:29-31; 10:1-3

                “E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra” (Et.8:16).

Ester 8:

4.E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então, Ester se levantou, e se pôs em pé perante o rei,

5.e disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para lançar a perder os judeus que há em todas as províncias do rei.

6.Por que como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a perdição da minha geração?

7.Então, disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram numa forca, porquanto quisera pôr as mãos sobre os judeus.

8.Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos e em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque a escritura que se escreve em nome do rei e se sela com o anel do rei não é para revogar.

Ester 9:

29.Depois disso, escreveu a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, com toda a força, para confirmarem segunda vez esta carta de Purim.

30.E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e fidelidade,

31.para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido e como eles mesmos já o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua semente, acerca do jejum e do seu clamor.

Ester 10:

1.Depois disto, pôs o rei Assuero tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar.
2.E todas as obras do seu poder e do seu valor e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura, não estão escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?

3.Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação.

INTRODUÇÃO

Com esta Lição concluímos o estudo dos livros de Rute e Ester, duas mulheres notáveis que desempenharam papéis essenciais na história da salvação revelada em Cristo Jesus. Esta Lição aborda o grande livramento concedido por Deus ao Seu povo nos dias do rei Assuero. A trama que ameaçava os judeus estava terminando, com o decreto real permitindo que as comunidades judaicas se defendessem em todas as províncias persas. Ester, corajosa e estratégica, se destacou como a difusora das boas-novas, enquanto Mardoqueu alcançou grande honra em todo o império. Esse episódio sublinha a importância da fidelidade, da coragem e da providência divina na trajetória histórica da salvação.

I. O PEDIDO DE DEFESA AOS JUDEUS E A CONCESSÃO DO REI

1. A humildade de Ester e sua súplica

Ester, ciente da iminente ameaça ao seu povo, abordou o rei Assuero com humildade e respeito. O decreto fatal, planejado por Hamã e assinado pelo rei, determinava que no dia 13 do décimo segundo mês (entre fevereiro e março de nosso calendário), os judeus seriam exterminados em todas as 127 províncias do Império Persa. Para impedir esse massacre, Ester suplicou ao rei para revogar a ordem.

Assuero, reconhecendo a gravidade da situação e já tendo executado Hamã, explicou que não podia anular um decreto que havia sido selado com seu anel. No entanto, ele concedeu a Ester e Mardoqueu a permissão para redigir um novo decreto que poderia oferecer uma solução alternativa (Ester 8:7,8).

A resposta do rei sublinhou uma realidade comum nos sistemas legais daquela época: os decretos reais não podiam ser revogados, uma vez selados. Isso deixou os judeus com a necessidade de se defenderem, enfrentando seus adversários com coragem e fé.

Ester não apenas demonstrou grande humildade ao pedir ao rei que revesse a situação, mas também uma profunda sabedoria ao agir estrategicamente dentro dos limites da lei. Este episódio reforça a importância de agirmos com discernimento e confiança em Deus, mesmo diante de desafios aparentemente insuperáveis.

A humildade de Ester e sua capacidade de persuasão são exemplares. Ela soube equilibrar respeito e firmeza, lembrando-nos que, enquanto confiamos em Deus, também precisamos desempenhar nosso papel ativo nas situações que enfrentamos (Josué 1:3-9). A história de Ester nos ensina que a fé em ação, combinada com humildade e sabedoria, pode transformar circunstâncias desesperadoras em oportunidades de grande vitória e livramento.

2. Segurança jurídica

Os reis da Pérsia, incluindo Assuero, operavam dentro de um sistema onde a lei dos medos e persas era imutável. Este princípio significava que uma vez que um decreto real era assinado e selado, ele não podia ser revogado, independentemente das circunstâncias. A história de Dario e Daniel ilustra bem essa realidade. Apesar de Dario estimar Daniel, ele não pôde livrá-lo da cova dos leões devido à irrevogabilidade de seu próprio decreto (Dn.6:8,15).

Este conceito de imutabilidade legal sublinha a importância da sujeição às leis, um princípio que se aplica em qualquer nação. A Bíblia também reflete essa importância quando Paulo escreve que todos devem estar sujeitos às autoridades superiores e às leis (Rm.13:1). Jesus, ao responder sobre o tributo a César, exemplificou essa sujeição (Mt.22:17-21).

Em democracias modernas, como o Brasil, a vida pública e privada é regida por um ordenamento jurídico baseado na Constituição Federal. Este conjunto de leis oferece previsibilidade e segurança jurídica, assegurando que nenhuma pessoa ou poder está acima da Constituição. Alterações nesse ordenamento só podem ser feitas pelo Parlamento, que representa a vontade do povo.

A segurança jurídica é essencial para a estabilidade de qualquer sociedade. Sem ela, os direitos e deveres dos cidadãos se tornariam imprevisíveis, levando a um estado de anomia. O respeito às leis garante que todos saibam o que esperar, criando um ambiente de confiança e ordem.

Neste contexto, é vital que as autoridades respeitem a Constituição e que a Igreja do Senhor Jesus ore por elas, como Paulo exorta em 1Timóteo 2:1,2, pedindo para que governem com justiça e retidão. A oração pelas autoridades é um reconhecimento de que, apesar de as leis humanas serem fundamentais, a sabedoria e a justiça divinas são supremas e necessárias para guiar os líderes na condução de seus povos.

3. O direito de defesa

Diante da irrevogabilidade do decreto inicial de Assuero, que permitia a matança dos judeus em todo o Império Persa, o rei tomou uma medida significativa: emitiu um novo decreto, que concedia aos judeus o direito de se defenderem (Et.8:8-13). Esse decreto não anulava o anterior, mas funcionava como uma contraordem que equilibrava a balança, permitindo aos judeus se protegerem e lutarem por suas vidas no dia marcado para o ataque.

O texto de Ester nos revela que havia, de fato, uma hostilidade sistemática contra os judeus espalhada por todo o império (Et.8:11,13; 9:1,2,5). Portanto, a permissão para se defender não era uma licença para a vingança indiscriminada, mas uma resposta necessária às ameaças reais que os judeus enfrentavam. Este contexto é crucial para entender que a defesa dos judeus foi uma reação justa à tentativa de aniquilação, e não um ato de violência gratuita.

O envio do novo decreto às províncias produziu um efeito transformador. A notícia trouxe grande alegria aos judeus, que agora podiam se preparar para sua defesa, e gerou temor entre os demais povos do império. Esse temor foi tão profundo que muitos não-judeus se converteram ao judaísmo, evidenciando a ampla influência e o respeito gerado por Mardoqueu, cuja posição e poder estavam crescendo (Et.8:17).

Quando o dia do confronto chegou, os judeus não apenas sobreviveram, mas prevaleceram sobre seus inimigos. Em Susã, a capital, 500 homens foram mortos, incluindo os dez filhos de Hamã, o arquiteto do genocídio planejado (Et.9:1-10). No total, 75 mil dos inimigos dos judeus foram mortos em todo o império persa (Et.9:11-16). No dia seguinte ao primeiro combate, mais 300 inimigos foram mortos em Susã (Et.9:15).

Este relato demonstra a justiça divina em ação. Os judeus, com a permissão do rei e a mão protetora de Deus, puderam se defender e eliminar as ameaças à sua existência. A aliança de proteção, liderada por Ester e Mardoqueu, não só salvou os judeus da aniquilação, mas também reforçou sua posição no império. Os nobres e maiorais das províncias, temendo Mardoqueu e reconhecendo a influência crescente dos judeus, os apoiaram, tornando o livramento ainda mais completo e divinamente providencial (Et.9:1-4).

A resposta firme e justa dos judeus ao decreto de destruição reforça a ideia de que a defesa legítima é um direito fundamental. A segurança jurídica dada pelo novo decreto de Assuero foi crucial para que os judeus pudessem se preparar e agir em sua defesa. A história nos ensina que, em momentos de adversidade extrema, a coragem, a sabedoria e a confiança em Deus são essenciais para transformar ameaças em triunfos.

II. A RAINHA ESTER ESCREVE BOAS NOTÍCIAS PARA O SEU POVO

1. A comemoração dos judeus

O dia 14 do décimo segundo mês, “adar”, tornou-se um dia de grande celebração para os judeus espalhados pelo vasto Império Persa. Esse dia marcou o alívio e a alegria pelo grande livramento que Deus concedeu ao seu povo. O sentimento de alívio e gratidão era profundo e precisava ser gravado na memória coletiva dos judeus. Para isso, Mardoqueu tomou a iniciativa de registrar esses eventos históricos.

Mardoqueu escreveu cartas aos judeus de todas as províncias, instituindo oficialmente a Festa de Purim. Esta festa comemorativa foi estabelecida para ser celebrada anualmente em memória do livramento dos judeus das mãos de seus inimigos. Hamã, o adversário dos judeus, havia lançado sortes (pur) para escolher o dia da destruição dos judeus, mas, em uma reviravolta providencial, aquele dia tornou-se uma data de celebração e alegria.

A Festa de Purim foi assim estabelecida como um feriado nacional judaico, a ser celebrado por todas as gerações futuras. Os eventos que levaram a esse livramento foram documentados para que nunca fossem esquecidos, e para que os judeus pudessem relembrar e celebrar a intervenção divina em sua história. Ester e Mardoqueu, ao instituírem esta festa, garantiram que o povo judeu manteria viva a memória de sua sobrevivência e da justiça divina que os salvou.

Essa celebração é uma poderosa lembrança da fé e da providência divina, sublinhando a importância de reconhecer e comemorar os momentos de livramento e bênção na vida comunitária e individual. A Festa de Purim serve como um testemunho duradouro do triunfo da justiça e da proteção de Deus sobre o seu povo, transformando um dia de medo e potencial destruição em um dia de alegria e renovação de esperança (Et.9:20-28).

2. A carta e o decreto de Ester

Após o envio da primeira carta por Mardoqueu, que anunciava a instituição da Festa de Purim, uma segunda carta foi redigida por Ester e Mardoqueu, confirmando a celebração dessa festa por dois dias. Esta segunda comunicação foi especialmente significativa porque foi a primeira vez que a rainha Ester se dirigiu oficialmente ao seu povo.

A iniciativa de Ester em escrever uma segunda carta foi um gesto poderoso de liderança e cuidado. Ela não apenas endossou o conteúdo da primeira carta, mas também solidificou a celebração de Purim como uma festa de dois dias, mostrando a importância e a solenidade desse evento na vida dos judeus. Esse decreto, saindo diretamente da caneta da rainha Ester, conferiu uma legitimidade adicional à instituição da festa.

A confirmação da Festa de Purim através do decreto real estabeleceu oficialmente a celebração no calendário judaico. Com isso, Ester garantiu que a memória do livramento dos judeus seria perpetuada por todas as gerações. A Festa de Purim, marcada pela leitura do Livro de Ester, troca de presentes, doações aos pobres e celebrações festivas, é uma lembrança constante da providência divina e da coragem dos protagonistas dessa história bíblica.

Até hoje, a Festa de Purim é comemorada pelos judeus ao redor do mundo, não apenas como um evento histórico, mas como uma celebração da sobrevivência e da identidade judaica. O decreto de Ester e Mardoqueu não só preservou a história, mas também reforçou a união e a fé do povo judeu, demonstrando que, mesmo em tempos de grande adversidade, a intervenção divina e a liderança corajosa podem transformar situações de ameaça em ocasiões de grande alegria e renovação espiritual (Et.9:32).

3. A exaltação de Mardoqueu

Após a revelação de Ester de que Mardoqueu era seu parente, Assuero passou a vê-lo sob uma nova luz. Até então, o rei conhecia Mardoqueu como um leal súdito que havia descoberto um complô contra sua vida, mas não sabia de sua relação com a rainha. Quando Ester fez essa revelação, a posição de Mardoqueu no reino mudou drasticamente.

No mesmo dia em que Ester denunciou Hamã, Assuero fez Mardoqueu comparecer à sua presença e, reconhecendo sua importância e lealdade, deu-lhe o anel que antes pertencia a Hamã, um símbolo de autoridade e poder (Et.8:1,2). Além disso, Ester confiou a Mardoqueu a administração da casa de Hamã, consolidando sua influência e posição no reino.

A exaltação de Mardoqueu não parou por aí. Após a derrota dos inimigos dos judeus, Assuero elevou ainda mais sua posição, fazendo dele o segundo homem mais poderoso do reino, uma posição que anteriormente era ocupada por Hamã (Et.10:3). Mardoqueu se tornou um exemplo de integridade e serviço público. Ele utilizou sua posição elevada para o benefício de seu povo, trabalhando incansavelmente pelo bem-estar dos judeus em todo o império.

O relato bíblico de Mardoqueu encerra com um testemunho de sua exemplaridade: ele não apenas prosperou pessoalmente, mas sua administração trouxe paz e segurança ao seu povo. Este exemplo ilustra como Deus pode usar seus servos em posições de influência para realizar Seus propósitos e trazer bênçãos a muitos. A trajetória de Mardoqueu nos lembra da importância de servirmos a Deus em todas as áreas de nossas vidas, fazendo tudo para a Sua glória (1Co.10:31).

III. A MULHER É CHAMADA POR DEUS PARA SER RELEVANTE NO MUNDO

1. Uma mulher notável

Ester é um exemplo notável de como uma mulher pode exercer um papel de extrema importância em um cenário adverso e patriarcal sem necessidade de conflito ou inversão de papéis. Desde sua ascensão à condição de rainha, Ester demonstrou profundo respeito, obediência e honra a Mardoqueu, seu primo e tutor. Mardoqueu, que a criou como uma filha, guiou-a com sabedoria e integridade, e Ester seguiu seus conselhos com humildade e discernimento.

A trajetória de Ester no Império Persa é marcada pela prudência, humildade e equilíbrio. Diferente de Vasti, que foi destituída por sua desobediência e atitude irreverente, Ester mostrou-se uma rainha que respeitava e honrava seu marido, o rei Assuero. Sua maneira de se dirigir ao rei, mesmo em momentos de grande tensão, era sempre marcada por uma deferência que lhe garantiu não apenas o respeito, mas também a confiança de Assuero.

Ester não apenas entendeu o propósito de Deus para sua vida, mas também agiu com firmeza moral e coragem, características que a destacaram como uma mulher de grande relevância. Sua decisão de arriscar a vida ao interceder pelo seu povo diante do rei é um testemunho de sua fé e determinação. Ester soube esperar o momento certo, agir com estratégia e, acima de tudo, confiar em Deus para a libertação de seu povo.

A firmeza moral de Ester e sua capacidade de navegar com sabedoria as complexidades da corte persa a fizeram uma mulher notável, respeitada por seu povo e por aqueles ao seu redor. Ela é um exemplo de como a obediência a Deus e a sabedoria em lidar com as autoridades podem transformar situações difíceis e trazer grande livramento e bênção.

No contexto atual, Ester nos ensina que a relevância de uma mulher não está em disputar ou subverter os papéis, mas em reconhecer seu chamado divino e exercer sua influência com humildade, sabedoria e firmeza. Mulheres de todas as épocas podem olhar para Ester como um modelo de como servir a Deus e à sua comunidade de maneira significativa e impactante, cumprindo o propósito divino para suas vidas.

2. A banal “guerra dos sexos”

A “guerra dos sexos” é uma disputa fútil e sem sentido, promovendo ódio e aversão entre homens e mulheres, que Deus não apoia. Desde a criação, Deus fez homem e mulher, cada um com suas características e papéis específicos, conforme revelado nas Escrituras (Gênesis 1:27; 2:15-18). Ambos foram criados para complementar e colaborar, não para competir de forma destrutiva.

Deus não se alinha com partidarismos ou ideologias que buscam dividir ou diminuir qualquer gênero. Sua justiça e suas leis são perfeitas e serão o padrão pelo qual todos serão julgados. O papel de homens e mulheres é ser relevantes no mundo, utilizando seus dons e habilidades para cumprir os propósitos de Deus.

As mulheres têm um papel crucial no reino de Deus e podem contribuir imensamente para o bem-estar da sociedade. Ester é um exemplo brilhante disso, mostrando que a verdadeira força e influência vêm de uma vida dedicada à sabedoria, humildade e obediência a Deus. Ela não precisou entrar em conflito com os homens ao seu redor para ser relevante; ao invés disso, ela agiu dentro de sua posição e fez uma diferença monumental.

A relevância da mulher no plano divino e na sociedade é indiscutível. Deus chama tanto homens quanto mulheres para trabalhar em harmonia, refletindo seu amor e justiça. Mulheres, assim como Ester, são chamadas a se destacar pela integridade, coragem e fé, contribuindo de maneira significativa para a obra de Deus e a edificação de uma sociedade justa e amorosa.

3. O contexto cristão

Além das mulheres notáveis da Bíblia, muitas outras têm desempenhado papéis cruciais ao longo da história da Igreja. Anotamos algumas:

ü  Catarina von Bora, esposa de Martinho Lutero, foi fundamental na Reforma Protestante, trazendo estabilidade e apoio a Lutero.

ü  Susannah Wesley, mãe de John e Charles Wesley, criou uma base espiritual que influenciou o movimento metodista.

ü  Sarah Kalley, missionária no Brasil, teve um papel significativo no estabelecimento da Igreja Congregacional.

ü  Corrie ten Boom, com sua bravura durante a Segunda Guerra Mundial, salvou muitos judeus e escreveu um testemunho impactante de fé e perdão.

ü  Ruth Graham, esposa de Billy Graham, apoiou seu ministério global e inspirou muitos com sua devoção e sabedoria.

No contexto das Assembleias de Deus, várias mulheres foram pioneiras e líderes, tais como:

ü  Celina Martins Albuquerque foi a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo no Brasil, marcando o início do movimento pentecostal no país.

ü  Lina Nyström, missionária sueca, foi instrumental na evangelização e estabelecimento de igrejas.

ü  Zélia Brito e Frida Vingren foram outras missionárias que contribuíram significativamente para a expansão das Assembleias de Deus no Brasil.

ü  Signe Carlson e Elisabeth Nordlund também deixaram legados duradouros com suas obras missionárias e evangelísticas.

ü  Florência Silva Pereira e Albertina Bezerra Barreto desempenharam papéis importantes na liderança feminina dentro da igreja.

ü  Ruth Doris Lemos e Wanda Freire Costa são exemplos contemporâneos de mulheres que continuam a influenciar e liderar.

Essas mulheres e muitas outras não apenas atuaram em contextos específicos, mas também mostraram que a relevância das mulheres no reino de Deus é atemporal e universal.

Em solo brasileiro e ao redor do mundo, muitas mulheres continuam a servir com dedicação, coragem e amor, contribuindo para o crescimento e fortalecimento da Igreja. A sua atuação não apenas enriquece a história da fé cristã, mas também inspira futuras gerações a seguir seus passos de serviço e devoção a Deus.

CONCLUSÃO

Ester se destacou como uma figura central na história do povo judeu, sendo usada por Deus para trazer livramento e esperança em tempos de extrema adversidade. Sua coragem, sabedoria e humildade, em contraste com a maldade e arrogância de Hamã, resultaram na preservação de seu povo e na instituição da Festa de Purim, celebrada até hoje.

Mesmo em meio às dificuldades, Deus está presente e age em favor de Seu povo. A providência divina é uma constante em nossas vidas, e assim como Ester, somos chamados a ser instrumentos de Deus, levando boas novas e fazendo a diferença onde quer que estejamos. Que possamos aprender com o exemplo de Ester e confiar plenamente na soberania de Deus, sabendo que Ele está sempre no controle, guiando e protegendo Seu povo.

Com esta Lição, concluímos o estudo dos livros de Rute e Ester. Acima do papel humano evidenciado nessas histórias, a providência divina é contemplada do começo ao fim. Rute e Ester, com suas vidas e ações, foram instrumentos nas mãos de Deus para a realização de Seus propósitos. A trajetória de Rute, uma moabita que se tornou parte da linhagem de Jesus, e a coragem de Ester, que salvou seu povo da destruição, revelam como Deus utiliza indivíduos para cumprir Sua vontade. A providência divina não apenas guiou esses eventos históricos, mas também continua agindo em favor de Seu povo hoje. Que possamos reconhecer e confiar na soberania e no cuidado amoroso de Deus em nossas vidas, assim como fizeram Rute e Ester.