SISTEMA DE RÁDIO

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JESUS É DEUS


 Texto Base: Joao 1:1-4,9-14
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1).

João 1:

1.No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

2.Ele estava no princípio com Deus.

3.Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.

4.A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.

9.a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina toda a humanidade.

10.O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por meio dele, mas o mundo não o conheceu.

11.Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

12.Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome,

13.os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

14.E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

INTRODUÇÃO

A afirmação da divindade de Jesus Cristo é uma das verdades centrais da fé cristã e está revelada de forma clara nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Desde as profecias messiânicas de Isaías, que anunciou o nascimento do Emanuel, “Deus conosco” (Is.7:14), até as declarações contundentes do apóstolo João, que apresenta Jesus como o Verbo eterno que “se fez carne” (João 1:1,14), a Bíblia proclama que Jesus não é apenas um homem extraordinário, mas o próprio Deus encarnado.

Nesta lição, exploraremos como as Escrituras testificam da divindade de Cristo e como essa verdade é fundamental para a nossa salvação e compreensão de quem Deus é. Examinaremos evidências bíblicas, refutaremos equívocos históricos sobre Sua natureza divina e reafirmaremos a gloriosa verdade de que Jesus é, de fato, Deus.

I.  A DOUTRINA BÍBLICA DA DIVINDADE DE JESUS

1. Jesus é Deus

A doutrina da divindade de Jesus Cristo está firmemente fundamentada nas Escrituras do Novo Testamento. Desde os Evangelhos até as epístolas, a natureza divina de Cristo é proclamada com clareza, mostrando que Ele é o Deus eterno que se revelou em carne.

João começa seu Evangelho com uma declaração poderosa: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). Aqui, o termo “Verbo” (do grego Logos) identifica Jesus como a manifestação plena e eterna de Deus. Ele não é apenas divino, mas é Deus em sua essência, coexistindo com o Pai desde a eternidade.

Apóstolo Tomé, após a ressurreição, reconhece Jesus como “Senhor meu e Deus meu” (João 20:28). Essa afirmação é um testemunho direto da divindade de Cristo. Jesus não apenas aceita essa adoração, mas confirma que a fé de Tomé é legítima, reforçando Sua identidade divina.

Paulo descreve Jesus como existindo “na forma de Deus” (morphē theou) (Fp.2:6), o que significa que Ele possui a mesma essência divina. Sua escolha de não se apegar à igualdade com Deus, mas de esvaziar-se, mostra Seu amor e humildade, mas não nega Sua divindade.

Paulo também afirma que Cristo é o “mistério de Deus” (Cl.2:2). Ele é a revelação suprema e completa do Deus invisível (Cl.1:15), sendo plenamente Deus em essência (Cl.2:9).

Em Tito 2:13, a expressão “nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” une os títulos de Deus e Salvador em uma única Pessoa, Jesus Cristo. Ele é apresentado como o foco da esperança dos cristãos, reafirmando Sua natureza divina.

Pedro reafirma a divindade de Cristo, descrevendo-O como “nosso Deus e Salvador” (2Pd.1:1). Essa passagem também conecta a obra salvadora de Cristo diretamente à Sua divindade, evidenciando que Ele é tanto o justo quanto o justificador (Rm.3:26).

João conclui sua primeira epístola com uma declaração categórica: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1João 5:20). Jesus é identificado não apenas como Aquele que concede a vida eterna, mas como o próprio Deus verdadeiro.

Essas passagens não deixam dúvidas sobre a identidade divina de Jesus. Ele é o Deus eterno, Criador, Salvador e Redentor. Reconhecer Jesus como Deus não é apenas uma questão teológica, mas o fundamento da fé cristã e da nossa esperança de salvação.

2. Seus atributos absolutos

Os atributos absolutos ou incomunicáveis são características exclusivas de Deus, que revelam Sua essência e natureza incomparáveis. No caso de Jesus Cristo, esses atributos não apenas O identificam como divino, mas também O colocam no mesmo patamar de igualdade com o Pai e o Espírito Santo.

a) Onipotência: “Todo-poderoso”

A onipotência refere-se à capacidade infinita de realizar tudo o que é compatível com a Sua natureza. Jesus, como Deus, é descrito como onipotente:

  • Ele afirma ter “todo o poder no céu e na terra” (Mt.28:18), deixando claro que Sua autoridade não conhece limites.
  • Paulo ressalta que Cristo está acima de todo governo, poder e domínio, indicando Seu senhorio universal (Ef.1:21).
  • Em Apocalipse 1:8, Jesus é identificado como “o Todo-Poderoso,” reforçando Seu status divino e soberano sobre todas as coisas.

b) Eternidade: “Deus sempre existente”

A eternidade de Jesus significa que Ele não tem começo nem fim, sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb.13:8).

  • Isaías O chama de “Pai da Eternidade” (Is.9:6), um título que sublinha Sua existência eterna.
  • Miquéias 5:2 descreve Suas origens como sendo “desde os tempos eternos”, indicando que Ele precede toda a criação.
  • Em João 1:1, a expressão “No princípio era o Verbo” mostra que Ele já existia antes de o mundo ser criado, coexistindo com o Pai desde a eternidade (cf. Gn.1:1).

c) Onipresença: “Presente em todos os lugares”

A onipresença é a capacidade de estar em todos os lugares simultaneamente, atributo exclusivo de Deus.

  • Jesus promete estar presente onde dois ou três estiverem reunidos em Seu nome (Mt.18:20), demonstrando que Sua presença não está limitada pelo espaço.
  • Sua promessa de estar conosco “todos os dias até à consumação dos séculos” (Mt.28:20) reflete uma presença constante e universal em todos os lugares e tempos.

d) Onisciência: “Conhecimento absoluto”

A onisciência de Jesus é evidenciada por Seu conhecimento perfeito de todas as coisas, incluindo pensamentos e eventos futuros.

  • Ele revelou a Pedro onde encontrar uma moeda na boca de um peixe (Mt.17:27), demonstrando controle absoluto sobre a criação.
  • Em João 1:47,48, Jesus identificou Natanael à distância e descreveu sua experiência anterior sem jamais tê-lo visto fisicamente.
  • Nos diálogos com a mulher samaritana (João 4:17,18) e com Pedro (João 21:17), Jesus demonstrou um conhecimento profundo de suas vidas pessoais.
  • Seus discípulos reconheceram: “Agora sabemos que sabes todas as coisas” (João 16:30), confirmando Sua onisciência divina.

Enfim, os atributos absolutos de Jesus Cristo, como a onipotência, eternidade, onipresença e onisciência, revelam que Ele é verdadeiramente Deus. Essas perfeições divinas não apenas sustentam Sua identidade como o Filho de Deus, mas também são a base da fé cristã, pois garantem Sua capacidade de salvar, guiar e sustentar o Seu povo em todas as circunstâncias.

II. A HERESIA QUE NEGA A DIVINDADE DE JESUS

1. Arianismo

O arianismo é uma das heresias mais conhecidas da história do cristianismo e teve origem no início do século IV, em 318 d.C., com Ário, um presbítero de Alexandria. Ário negava a divindade plena de Jesus Cristo, afirmando que Ele era uma criatura, ainda que superior às demais, criada por Deus em algum ponto do tempo antes da criação do mundo. Ele sustentava que Jesus não era eterno como o Pai, mas subordinado a Ele em essência e natureza.

O arianismo foi combatido pela Igreja no Concílio de Niceia (325 d.C.), onde a divindade de Cristo foi formalmente reafirmada. A expressão “consubstancial ao Pai” (homoousios) foi inserida no Credo Niceno, indicando que Jesus e o Pai possuem a mesma essência divina. Apesar disso, o arianismo persistiu e influenciou grupos até os dias atuais, como os Testemunhas de Jeová, que negam a plena divindade de Cristo.

O arianismo subverte a verdade bíblica sobre a natureza de Jesus Cristo e compromete a essência do Evangelho. A rejeição da divindade plena de Cristo enfraquece a doutrina da Trindade e a obra da redenção, pois somente um Deus eterno e perfeito poderia ser o Salvador do mundo. Por isso, é essencial reafirmar continuamente as verdades bíblicas sobre Jesus como Deus verdadeiro e homem verdadeiro, eternamente igual ao Pai e ao Espírito Santo.

2. Suas explicações

Ário e seus seguidores pinçavam as Escrituras aqui e acolá em busca de algumas passagens bíblicas para dar sustentação às suas crenças.

Os principais pontos do arianismo:

  • Jesus como uma criatura. Ário ensinava que Jesus foi criado por Deus e, portanto, não poderia ser coeterno nem consubstancial (da mesma essência) com o Pai. Eles gostam de citar estes versículos: “O Senhor me criou o princípio dos seus caminhos” (Pv.8:22 – LXX); “O qual ´imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl.1:15). Baseado nestes versículos, tirados do seu contexto, eles diziam que “houve um tempo em que o filho não existia”. Isso contradiz João 1:1, que declara: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
  • Subordinação essencial. Para os arianos, Jesus possuía uma natureza divina inferior à de Deus Pai, uma ideia contrária às afirmações bíblicas de que Jesus é igual ao Pai em essência e poder (Fp.2:6).
  • Outra passagem favorita do arianismo: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Com isso ignoravam todo o pensamento bíblico que defende a eternidade e a deidade de Cristo (João 1:1-3).

3. Como solucionar a controvérsia de Ário e seus seguidores?

As passagens utilizadas por Ário e seus seguidores foram tiradas de seu contexto para sustentar uma doutrina contrária à Bíblia. Portanto, a refutação às interpretações de Ário e seus seguidores deve ser feita considerando o contexto pleno das Escrituras, especialmente as passagens que afirmam claramente a eternidade e divindade de Cristo. Veja a seguir a refutação dos principais textos pinçados pelo arianismo:

a) Provérbios 8:22 – “O Senhor me criou no princípio dos seus caminhos” (LXX).

Ário interpretava esta passagem como uma prova de que Cristo foi criado. Contudo, o contexto de Provérbios 8 não fala sobre o Cristo histórico, mas sobre a personificação da sabedoria divina. A palavra hebraica traduzida como "criou" na LXX é “qanah”, que no hebraico original pode significar “possuir”, “adquirir” ou até “originar”. Assim, esta passagem não implica que Cristo foi criado, mas sim que a sabedoria, da qual Cristo é a plena manifestação (1Co.1:24), sempre esteve com Deus.

Além disso, as Escrituras afirmam repetidamente a eternidade de Cristo:

  • João 1:1-3 – “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.
  • Hebreus 1:8 – O Pai declara sobre o Filho: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre”.

Esses textos confirmam que Cristo não é uma criatura, mas eterno e consubstancial com o Pai.

b) Colossenses 1:15 – “O primogênito de toda a criação”

Ário interpretava “primogênito” como “primeiro a ser criado”. Porém, a palavra grega usada, “prototokos”, não se refere à criação no sentido temporal, mas à supremacia e preeminência. No contexto judaico, “primogênito” era um título de honra, indicando posição e autoridade, e não necessariamente o primeiro a ser nascido. Exemplos:

  • Salmos 89:27 – Deus chama Davi de “primogênito”, embora ele fosse o caçula em sua família.
  • Em Colossenses 1:16, Paulo esclarece que Cristo “criou todas as coisas”, o que seria impossível se Ele mesmo fosse criado.

Além disso, a sequência do texto (Cl.1:17) afirma que “Ele é antes de todas as coisas”, reforçando Sua eternidade.

c) João 17:3 – “Que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro

Ário usava este versículo para negar a divindade de Cristo, destacando o Pai como único Deus verdadeiro. Contudo, o contexto mais amplo de João refuta essa interpretação:

  • João 1:1-3 afirma a plena divindade do Filho: “O Verbo era Deus”.
  • João 10:30 – Jesus declara: “Eu e o Pai somos um”.
  • João 20:28 – Tomé, ao ver Jesus ressuscitado, exclama: “Senhor meu e Deus meu!”.

João 17:3, portanto, enfatiza o papel único do Pai como fonte de toda divindade, mas isso não nega a coeternidade e divindade de Cristo.

d) outras evidências bíblicas da divindade de Jesus Cristo, que contradizem o arianismo:

  • A eternidade de Jesus. Textos como João 1:1-3 e Miquéias 5:2 mostram que Cristo existia desde a eternidade e não foi criado.
  • A igualdade com o Pai. Filipenses 2:6 afirma que Jesus, “existindo em forma de Deus”, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia se apegar, indicando Sua essência divina e igualdade com o Pai.
  • Adoração a Cristo. A Escritura ensina que apenas Deus deve ser adorado (Êx.34:14). No entanto, Jesus aceitou adoração em várias ocasiões (Mt.14:33; João 9:38), evidência de Sua divindade.
  • Jesus é chamado de Deus. Passagens como Tito 2:13 e João 20:28 confirmam que Jesus é reconhecido como Deus pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos.

e) Refutação Geral

A ideia de Ário de que “houve um tempo em que o Filho não existia” contradiz diretamente passagens como:

  • Hebreus 13:8 – “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre”.
  • Apocalipse 22:13 – Jesus declara: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim”.

Essas e outras passagens afirmam a eternidade do Filho de Deus.

A doutrina da Trindade é o fundamento para compreender essas verdades. O Pai, o Filho e o Espírito Santo compartilham a mesma essência divina, sendo distintos em pessoas, mas inseparáveis em Sua divindade.

Portanto, a interpretação de Ário falha em reconhecer o contexto das Escrituras e a plenitude da revelação bíblica sobre Cristo. Ele não é uma criatura, mas o Deus eterno, Criador de todas as coisas e Salvador de todos os que creem n’Ele.

III. IMPLICAÇÕES DO ARIANISMO NA ATUALIDADE

1. A Tradução do Novo Mundo

A exemplo do Arianismo, há um movimento religioso que usa a Bíblia fora do contexto por meio de uma versão exclusiva das Escrituras, denominada de Tradução do Novo Mundo (TNM). Essa tradução, utilizada pelas Testemunhas de Jeová, é amplamente reconhecida por estudiosos como uma versão tendenciosa, com alterações deliberadas para sustentar suas crenças doutrinárias. Essas adulterações refletem uma tentativa de negar a divindade de Cristo e a Trindade, conceitos centrais da fé cristã histórica. Abaixo estão algumas das alterações citadas, analisadas à luz do texto original das Escrituras:

a) João 1:1 – “E a Palavra era um Deus”Na TNM, a última frase de João 1:1 é traduzida como “e a Palavra era um deus” (com "d" minúsculo), em vez de “e a Palavra era Deus”.

  • A frase em grego, “kai theos ēn ho logos”, traduz-se literalmente como “e Deus era a Palavra”. O artigo definido está ausente antes de theos para indicar que o foco está na natureza divina da Palavra, não para sugerir um deus inferior.
  • A tradução da TNM reduz Jesus a uma entidade subordinada, contrariando a teologia bíblica que afirma sua igualdade com o Pai (João 10:30; Hebreus 1:3).
  • Especialistas em grego, como Bruce Metzger e Daniel Wallace, rejeitam essa tradução como injustificável.

b) Tito 2:13 – “Do grande Deus e do nosso Salvador Jesus Cristo”. A TNM adiciona “do” na tradução de Tito 2:13, separando “Deus” de “Salvador Jesus Cristo”. O texto original diz: “tou megalou theou kai sōtēros hēmōn Iēsou Christou”, traduzido corretamente como “do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo”.

Segundo a gramática grega, quando dois substantivos são unidos por “e” (kai) e compartilham o mesmo artigo definido (tou), eles referem-se à mesma pessoa. Aqui, o texto claramente identifica Jesus como “Deus e Salvador”. A adição de “do” na TNM quebra essa regra gramatical para negar que Jesus é chamado de Deus diretamente.

c) 2Pedro 1:1 – “Do nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo”. Assim como em Tito 2:13, a TNM insere um “do” onde não existe no texto original.

  • “tou theou hēmōn kai sōtēros Iēsou Christou”, traduzido corretamente como “do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”. A mesma regra gramatical de Tito 2:13 se aplica aqui, identificando Jesus como Deus e Salvador. A alteração na TNM busca separar Deus Pai de Jesus Cristo, indo contra o ensino bíblico da plena divindade de Cristo.

Problemas gerais da TNM

a)   Alterações sistemáticas. A TNM não segue a tradução literal do texto grego, mas altera passagens-chave que sustentam a doutrina da divindade de Cristo e a Trindade.

b)   Uso seletivo de fontes. Os tradutores da TNM não eram especialistas em grego ou hebraico. Eles se basearam em interpretações convenientes e isoladas para justificar suas alterações.

c)   Desvio doutrinário. Ao manipular o texto bíblico, a TNM conduz seus leitores a uma visão distorcida de Deus e de Cristo, afastando-os da verdade revelada nas Escrituras.

Refutação bíblica

As Escrituras, corretamente traduzidas, confirmam que Jesus é Deus:

  • João 1:1 apresenta Jesus como o Verbo eterno e divino.
  • Tito 2:13 e 2Pedro 1:1 identificam Jesus como “nosso Deus e Salvador”.
  • Hebreus 1:8 declara: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre”.
  • Filipenses 2:6 afirma que Ele é “em forma de Deus”, igual ao Pai.

Enfim, a adulteração do texto bíblico pela Tradução do Novo Mundo reflete uma tentativa deliberada de apoiar crenças heréticas, como a negação da divindade de Cristo. É essencial que os cristãos estejam bem fundamentados nas Escrituras, traduzidas com fidelidade e em harmonia com o contexto e a gramática original, para combater tais distorções e defender a verdade bíblica.

2. Os movimentos orientais e a negação da divindade de Jesus

Os movimentos religiosos orientais, especialmente aqueles com base no panteísmo monista, têm visões profundamente diferentes sobre a natureza de Deus, do homem e do universo, rejeitando tanto a doutrina da Trindade quanto a divindade de Jesus Cristo. Essa negação é especialmente evidente em grupos como o movimento Hare Krishna e outros que seguem tradições derivadas do hinduísmo ou do budismo.

a) A visão panteísta monista. No panteísmo monista, Deus e o universo são considerados uma única realidade impessoal. Não há distinção entre o Criador e a criação, o que contradiz a visão bíblica de um Deus transcendente e pessoal (Isaías 57:15). Nesse contexto:

  • Jesus Cristo não é reconhecido como Deus encarnado ou Salvador, mas muitas vezes visto como um guia espiritual ou uma manifestação de um “princípio divino”.
  • Trindade é negada, pois o conceito de três Pessoas em uma única essência divina não se alinha à ideia de um “todo universal impessoal”.

b) O caso específico do movimento Hare Krishna. O movimento Hare Krishna, originado da tradição Vaishnava do hinduísmo, considera Krishna como a suprema personalidade de Deus. Dentro dessa perspectiva:

  • Jesus é reduzido a um “avatar” ou “manifestação secundária” de Krishna. Ele é considerado um mestre espiritual, mas não Deus encarnado nem o Salvador da humanidade.
  • Salvação não é encontrada em Jesus Cristo, mas na devoção a Krishna, através de cânticos e práticas meditativas.

A Bíblia apresenta Jesus como único mediador entre Deus e os homens (1Timóteo 2:5), enquanto o movimento Hare Krishna nega esse papel exclusivo.

c) Diferença fundamental entre Cristianismo e movimentos orientais. A visão bíblica é diametralmente oposta às crenças orientais:

  • Jesus é Deus. O cristianismo afirma que Jesus é plenamente Deus e plenamente homem; é a segunda Pessoa da Trindade (João 1:1,14; Hebreus 1:3).
  • Salvação pela graça. O cristianismo ensina que a salvação é um dom gratuito de Deus, recebido pela fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8,9). Em contraste, movimentos orientais frequentemente associam a “salvação” a práticas e méritos humanos, como meditação ou devoção ritualística.
  • Deus pessoal. A Bíblia revela um Deus pessoal e amoroso, que se relaciona com sua criação e oferece redenção por meio de Cristo (João 3:16), enquanto o panteísmo monista reduz Deus a uma energia ou força impessoal.

Enfim, a negação da divindade de Jesus pelos movimentos orientais reflete uma cosmovisão que contraria as Escrituras e minimiza o papel redentor de Cristo. Cabe aos cristãos apresentar, com clareza e amor, o evangelho de Jesus Cristo como a verdade suprema, destacando que Ele é o único caminho para Deus (João 14:6) e o Salvador de toda a humanidade.

3. Outros grupos

A visão de Jesus Cristo varia amplamente entre diferentes grupos religiosos e filosóficos, com muitos negando sua divindade e papel como Salvador da humanidade. Essas visões distorcidas contradizem a revelação bíblica, que declara que Jesus é Deus encarnado e o único mediador entre Deus e os homens (1Timóteo 2:5). A seguir, uma análise mais detalhada das crenças desses grupos e sua incompatibilidade com as Escrituras.

a) O Jesus do Alcorão. No Islã, Jesus (conhecido como Issa) é considerado um dos maiores profetas, mas não é Deus nem o Filho de Deus. As principais crenças islâmicas sobre Jesus incluem:

  • Negação da divindade. O Alcorão rejeita explicitamente que Jesus seja Deus ou que faça parte de uma Trindade (Surata 5:72,73).
  • Negação da filiação divina. Para os muçulmanos, Deus (Allah) não tem filhos, e a ideia de Jesus como Filho de Deus é considerada blasfema (Surata 19:35).
  • Negação da crucificação e ressurreição. O Alcorão afirma que Jesus não morreu na cruz, mas que foi levado ao céu por Deus (Surata 4:157,158).

Todavia, a Bíblia revela Jesus como o próprio Deus encarnado (João 1:1,14), que morreu pelos pecados da humanidade e ressuscitou no terceiro dia (1Coríntios 15:3,4). Sua ressurreição é central para a fé cristã e confirma sua divindade e vitória sobre a morte (Romanos 1:4).

b) Religiões reencarnacionistas. Grupos que acreditam na reencarnação, como o espiritismo e algumas correntes do hinduísmo e budismo, têm uma visão reducionista de Jesus. Para eles:

  • Jesus não é Deus. Ele é visto como um espírito evoluído, um médium, ou um dos grandes mestres espirituais que atingiram um elevado grau de iluminação.
  • Negação da singularidade. Jesus é considerado um entre muitos líderes espirituais, perdendo sua posição única como o Salvador da humanidade.
  • Rejeição da ressurreição física. Esses grupos interpretam a ressurreição como um evento simbólico ou espiritual, não como um fato histórico literal.

Todavia, a Bíblia apresenta Jesus como singular e incomparável:

  • Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Timóteo 2:5).
  • Sua ressurreição não foi apenas espiritual, mas física e histórica (Lucas 24:39; Atos 1:3).
  • Ele é exaltado acima de todo principado e poder (Efésios 1:21) e é perfeito em sua santidade e sacerdócio eterno (Hebreus 7:26).

c) A supremacia de Cristo segundo a Bíblia. Os grupos mencionados distorcem a identidade de Jesus, mas as Escrituras proclamam claramente sua divindade e supremacia:

  • Jesus é Deus em forma humana. "Deles são os patriarcas e também deles, quanto à carne, veio o Cristo, que é sobre todos, Deus bendito para sempre. Amém!" (Romanos 9:5).
  • Ele é único e incomparável. "Acima de todo principado e autoridade, e poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não só no presente século, mas também no vindouro" (Efésios 1:21).
  • Sua ressurreição é o fundamento da fé cristã: "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé" (1Coríntios 15:14).

Finalmente, os grupos que negam a divindade de Jesus perdem de vista sua verdadeira identidade como Deus encarnado, Salvador e Senhor. Esses erros enfatizam a necessidade de proclamar fielmente a Cristo como revelado nas Escrituras, apresentando-o como o único caminho para Deus e a salvação (João 14:6).

CONCLUSÃO

O estudo desta Lição reforça a doutrina central da fé cristã: Jesus Cristo é Deus, plenamente divino e plenamente humano. As Escrituras são claras ao afirmar sua divindade, apresentando-o como o Verbo eterno que se fez carne (João 1:1,14), o Deus verdadeiro e a vida eterna (1João 5:20). Sua singularidade é revelada em seus atributos divinos, obras poderosas, e na adoração que recebe, algo reservado exclusivamente a Deus.

Apesar dos ataques históricos e contemporâneos à sua divindade, como o Arianismo e outros movimentos que negam sua natureza divina, a Bíblia permanece como a fonte inerrante e inabalável que testifica quem Jesus realmente é. Ele não é apenas um profeta, mestre ou guia espiritual, mas o Criador de todas as coisas, o Salvador da humanidade e o Senhor da glória.

Portanto, crer na divindade de Jesus não é opcional, mas essencial para a salvação (João 14:6; Romanos 10:9). Que possamos reconhecer Jesus como nosso Deus e Salvador, adorando-o em espírito e em verdade, e proclamando sua majestade ao mundo. A Ele, todo poder, honra e glória para sempre! Amém.

 

DEUS É TRIÚNO

 

Texto Base: Mateus 3:15-17; 28:19,20

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19).

Mateus 3

15.Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu.

16.E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.

17.E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

Mateus 28

19.Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20.ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

INTRODUÇÃO

A doutrina da Trindade revela um dos maiores mistérios da fé cristã: Deus é único em essência, mas se manifesta em três Pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo. O Novo Testamento evidencia que os cristãos do período apostólico reconheciam essa realidade, mesmo antes de a Igreja formalizar a terminologia teológica necessária para combater ideias equivocadas.

Embora o termo “Trindade” não esteja explícito nas Escrituras, sua verdade permeia a Bíblia de forma clara e consistente. Desde o batismo de Jesus, onde o Pai fala dos céus, o Filho é batizado e o Espírito desce como pomba (Mt.3:16,17), até as bênçãos apostólicas que envolvem as três Pessoas divinas (2Co.13:13), percebemos um Deus relacional, perfeitamente uno e plural.

Nesta lição, exploraremos os fundamentos bíblicos e a riqueza dessa doutrina, compreendendo que a Trindade não é apenas um conceito teológico, mas a revelação do Deus vivo que opera em unidade perfeita para a nossa salvação e comunhão eterna.

I. COMO A BÍBLIA APRESENTA A SANTÍSSIMA TRINDADE

1. A Trindade e o monoteísmo judaico-cristão

A doutrina da Trindade é firmemente ancorada no monoteísmo bíblico, isto é, na crença de que há um único Deus. As Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, revelam que o Deus de Israel é o mesmo Deus dos cristãos, e que Ele se manifesta em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essa verdade, embora transcenda a lógica humana, não contradiz o ensino bíblico sobre a unicidade de Deus.

a) Cada Pessoa da Trindade é chamada "Deus". A Bíblia aplica o título “Deus” a cada uma das Pessoas da Trindade:

  • Ao Pai: Ele é o criador soberano e sustentador de todas as coisas (Fp.2:11).
  • Ao Filho: Ele é plenamente Deus, habitando corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl.2:9).
  • Ao Espírito Santo: Ele é Deus, como demonstrado na passagem de Atos 5:3,4, onde mentir ao Espírito Santo é equivalente a mentir a Deus.

Essa atribuição deixa claro que cada Pessoa compartilha a mesma essência divina, sem hierarquia de divindade entre elas.

b) Cada Pessoa da Trindade é chamada "Senhor". O termo “Senhor” (em hebraico, YHWH - o tetragrama sagrado) também é usado para referir-se a cada Pessoa da Trindade:

  • Ao Pai: Ele é identificado como Senhor em passagens como Salmos 110:1, onde a soberania de Deus é exaltada.
  • Ao Filho: Isaías 40:3 apresenta o título “Senhor” aplicado ao Filho, conectando Jesus diretamente ao Deus de Israel.
  • Ao Espírito Santo: Ezequiel 8:1,3 revela o Espírito como Senhor no exercício de Sua obra divina.

Por isso, o monoteísmo da fé cristã não contradiz a pluralidade das Pessoas em Deus, mas enriquece a compreensão de Sua unidade.

c) O monoteísmo bíblico não contradiz a Trindade. Deuteronômio 6:4, conhecido como o “Shemá”, declara: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. A palavra hebraica “echad”, traduzida como “único”, frequentemente denota uma unidade composta. O mesmo termo é usado em Gênesis 2:24 para descrever a união entre marido e mulher como “uma só carne” - duas pessoas em uma unidade. Esse uso de “echad” indica que o monoteísmo bíblico, judaico-cristão, não exclui a pluralidade dentro da unidade de Deus, mas a suporta.

A revelação de Deus como Trindade não contradiz a confissão de fé do Judaísmo; pelo contrário, a Trindade é o cumprimento perfeito dessa revelação, trazendo à luz a unidade e diversidade harmoniosa de Deus em Sua essência.

Portanto, a Trindade é a manifestação plena do monoteísmo bíblico, revelando que o único Deus é ao mesmo tempo Pai, Filho e Espírito Santo, em perfeita comunhão e unidade.

2. Evidência no Antigo Testamento

Embora a doutrina da Trindade seja plenamente revelada no Novo Testamento, há indicações claras de sua presença implícita no Antigo Testamento. Os textos a seguir demonstram a pluralidade na unidade de Deus, um conceito que se harmoniza com a revelação progressiva das Escrituras.

a) Pluralidade na Criação. Em Gênesis 1:26, Deus declara: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. A forma plural usada em “façamos” e “nossa” aponta para uma interação dentro da própria divindade. Essa expressão não se refere a anjos ou outros seres criados, pois apenas Deus é o Criador e somente Ele confere Sua imagem ao ser humano. Aqui, vislumbramos um diálogo entre as Pessoas da Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo - cooperando na criação.

b) Pluralidade na unidade Divina. Outras passagens reforçam a ideia de pluralidade na unidade de Deus:

  • Gênesis 3:22: “Eis que o homem é como um de nós”.
  • Gênesis 11:7: “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua”.

Estes textos utilizam termos plurais para descrever ações e decisões divinas. A palavra “nós” reflete uma conversa intra-trinitária, revelando uma comunhão intrínseca em Deus.

c) O Espírito Santo e o Anjo do Senhor. Em Isaías 63:8-14, encontramos uma descrição fascinante da atuação divina na história de Israel. O texto menciona:

  • Javé (o Senhor). Representando Deus Pai em Sua liderança sobre Israel.
  • O Espírito Santo. Ativo no meio do povo, guiando-o e garantindo sua redenção (Is.63:10,11).
  • O Anjo da presença. Identificado com a manifestação de Deus no Antigo Testamento, frequentemente associado a Cristo pré-encarnado, pois realiza obras atribuídas exclusivamente a Deus.

Esse trecho evidencia uma interação harmoniosa entre diferentes Pessoas divinas, todas operando em unidade para redimir e conduzir o povo de Deus.

Portanto, o Antigo Testamento, embora não explique detalhadamente a doutrina da Trindade, oferece uma base sólida e consistente para sua revelação posterior no Novo Testamento. Essas evidências são fundamentais para compreender que o único Deus da Bíblia é triúno, manifestando-se em três Pessoas distintas, mas unidas em essência e propósito.

3. Revelada no Novo Testamento

A doutrina da Trindade encontra sua revelação mais clara no Novo Testamento. Embora a palavra “Trindade” não seja usada nas Escrituras, o conceito de um único Deus que subsiste eternamente em três Pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - está amplamente fundamentado nos textos sagrados e é central à fé cristã.

a) A Trindade em Si mesma. No Novo Testamento, a interação entre as três Pessoas da Trindade é evidente em várias passagens que revelam tanto sua unidade quanto suas distinções:

  • A Grande Comissão (Mateus 28:19). Jesus ordena aos discípulos a batizarem “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. A fórmula singular “nome” enfatiza a unidade divina, enquanto as três Pessoas mencionadas demonstram sua distinção.
  • Distribuição dos dons espirituais (1Coríntios 12:4-6). Paulo descreve o Espírito, o Senhor (Cristo) e Deus (o Pai) como agentes complementares na concessão dos dons espirituais, na administração e no poder operacional da Igreja.
  • A bênção trinitária (2Coríntios 13:13). Paulo invoca “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo” sobre os cristãos, destacando a atuação conjunta e harmônica das três Pessoas da Trindade.
  • Unidade da Igreja (Efésios 4:4-6). A Igreja é apresentada como um corpo único, sustentado por “um só Espírito”, “um só Senhor” e “um só Deus e Pai de todos”, indicando que a Trindade é o fundamento dessa unidade.
  • A obra da salvação (1Pedro 1:2). Pedro destaca que os crentes são eleitos “segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”, revelando a participação das três Pessoas da Trindade na redenção humana.

Esses exemplos mostram que a Trindade não é uma invenção teológica posterior, mas uma verdade claramente evidenciada na obra de Deus relatada no Novo Testamento.

b) A Trindade dos Credos. Os credos da Igreja, formulados nos primeiros séculos do Cristianismo, consolidaram a doutrina da Trindade em resposta às heresias que desafiavam a compreensão bíblica de Deus.

  • Definição. A Trindade é definida como a união de três Pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo - em uma única essência divina. Elas são iguais em poder, glória, majestade e eternidade, da mesma substância (homoousios, como declarado no Credo de Niceia).
  • Distinção. Embora iguais em essência, as três Pessoas são distintas em suas funções. O Pai é a fonte de todas as coisas, o Filho é o Redentor, e o Espírito Santo é o Santificador, mas todos atuam em perfeita unidade e cooperação.
  • Credo apostólico e Credo Niceno. Esses documentos históricos refletem a confissão cristã da Trindade e enfatizam que a fé cristã reconhece e adora um único Deus triúno.

Portanto, o Novo Testamento não apenas revela a Trindade, mas também apresenta sua relevância prática e teológica para a fé e vida cristãs. Desde a missão da Igreja até a obra da redenção, cada Pessoa da Trindade desempenha um papel essencial e interligado. Essa verdade foi fielmente preservada nos credos da Igreja, garantindo que a fé cristã continue ancorada na revelação bíblica do único Deus triúno.

II. AS HERESIAS CONTRA A DOUTRINA DA TRINDADE

São duas as principais heresias contra a Trindade: o Unicismo e o Unitarismo. Ambas são contrárias à Bíblia, condenadas pelas igrejas antigas e rejeitadas pelos principais ramos do Cristianismo. Nesta lição, trataremos do Unicismo.

1. O Unicismo

O Unicismo é uma das heresias mais antigas e persistentes que desafiam a doutrina bíblica da Trindade. Esse movimento surgiu no século III e, ao longo da história, assumiu diferentes nomenclaturas, como monarquianismomodalismopatripassianismo e sabelianismo, sendo representado por heresiarcas como NoetoPráxeas e Sabélio.

A Base do ensino Unicista

O Unicismo não nega a deidade do Filho e do Espírito Santo, mas distorce o ensino bíblico ao afirmar que Pai, Filho e Espírito Santo não são três Pessoas distintas, mas manifestações ou modos de uma única Pessoa divina. Essa visão ensina que Deus assume diferentes formas ou modos de existência conforme necessário: Como Pai na criação e na autoridade; Como Filho na encarnação e na redenção; Como Espírito Santo na regeneração e na santificação.

Os unicistas rejeitam a coexistência simultânea das três Pessoas da Trindade, entendendo-as como aspectos ou funções temporárias de Deus, e não como subsistências eternas e distintas de uma única essência divina.

Refutação Bíblica ao Unicismo

A Bíblia apresenta Deus como um único Ser eterno (monoteísmo), mas subsistente em três Pessoas distintas - Pai, Filho e Espírito Santo - que interagem e coexistem de maneira simultânea. Essa verdade é enfatizada em várias passagens:

a)   No batismo de Jesus (Mateus 3:16,17):

  • O Filho é batizado nas águas.
  • O Espírito Santo desce em forma de pomba.
  • O Pai declara: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.

Essa cena mostra as três Pessoas agindo simultaneamente, descartando a ideia de que são apenas modos ou manifestações de uma única Pessoa.

b)   Na grande Comissão (Mateus 28:19):

  • Jesus ordena o batismo “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. A fórmula singular “nome” revela a unidade divina, enquanto as designações “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” destacam sua distinção.

c)   Na bênção trinitária (2Coríntios 13:13):

  • A bênção apostólica menciona “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo”, evidenciando a ação conjunta e harmoniosa das três Pessoas divinas.

d)    Na obra da redenção (1Pedro 1:2) – “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo. Que a graça e a paz lhes sejam multiplicadas”.

  • Veja que a eleição, “segundo a presciência de Deus Pai”, é realizada “pela santificação do Espírito” e aplicada “pela aspersão do sangue de Jesus Cristo”. Essa passagem refuta qualquer noção de confusão entre as Pessoas da Trindade.

A visão unicista distorce a natureza de Deus e afeta doutrinas essenciais do Cristianismo, como:

  • A encarnação de Cristo. Se Pai e Filho não são Pessoas distintas, a relação do Filho como enviado do Pai perde significado (João 3:16,17).
  • A intercessão de Cristo. A função do Filho como Mediador diante do Pai (1Timóteo 2:5) torna-se incompreensível.
  • A obra do Espírito Santo. O papel do Espírito como Ajudador enviado pelo Pai em nome do Filho (João 14:26) é reduzido a uma ilusão.

Portanto, a doutrina da Trindade não é um conceito teológico inventado pela Igreja, mas uma verdade revelada nas Escrituras. O Unicismo, ao negar a coexistência das três Pessoas da Trindade em uma única essência divina, contradiz o ensino bíblico e subverte a natureza de Deus. Como a Declaração de Fé de muitas denominações cristãs, especialmente a da Assembleia de Deus, corretamente afirma: “cremos em um só Deus que subsiste eternamente em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo”. Esse é o verdadeiro Deus revelado nas Escrituras.

2. A verdade Bíblica

A doutrina bíblica da Trindade é clara e irrefutável, e a ideia de unicismo - que nega a distinção entre as Pessoas da Trindade - não pode ser sustentada pela leitura direta e honesta das Escrituras. A Bíblia apresenta consistentemente o Pai, o Filho e o Espírito Santo como três Pessoas distintas que subsistem em uma única essência divina.

a) O Batismo de Jesus: evidência incontestável (Mateus 3:16,17). No batismo de Jesus, a interação entre as três Pessoas da Trindade é evidente:

  • Filho é batizado no rio Jordão.
  • Espírito Santo desce sobre Ele em forma de pomba.
  • Pai declara audivelmente: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.

Essa cena refuta completamente a ideia unicista de que Pai, Filho e Espírito Santo são meros modos ou manifestações de uma única Pessoa. Todas as três Pessoas agem simultaneamente, demonstrando distinção e unidade.

b) As Declarações de Jesus sobre Sua relação com o Pai. Jesus afirmou repetidamente que Ele e o Pai são distintos, embora compartilhem a mesma essência divina:

  • João 8:16,17. Jesus declara que Seu testemunho é válido porque Ele não está sozinho; o Pai que O enviou é outro que dá testemunho Dele.
  • João 17:3. Na oração sacerdotal, Jesus refere-se ao Pai como “o único Deus verdadeiro” e a Si mesmo como “aquele que enviaste”.
  • Mateus 20:23. Jesus ensina que somente o Pai tem autoridade para conceder certos privilégios, destacando a distinção de funções entre Eles.
  • Mateus 26:39,42. No Jardim do Getsêmani, Jesus ora ao Pai, expressando Sua submissão à vontade do Pai, mostrando claramente que são Pessoas distintas.

c) O Espírito Santo - a Terceira Pessoa da Trindade. Jesus também apresenta o Espírito Santo como uma Pessoa distinta:

  • João 14:16,17. Jesus promete que o Pai enviará o Consolador, outro Auxiliador, em nome Dele. Aqui, a palavra grega “allon” (outro) indica alguém da mesma essência, mas distinto.
  • João 14:26. Jesus declara que o Espírito Santo ensinará todas as coisas e lembrará os discípulos das palavras de Jesus, confirmando Sua personalidade e missão divina.

d) A relação Eu, Tu, Ele. A relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo reflete claramente uma interação interpessoal. Na oração sacerdotal (João 17), Jesus ora ao Pai com expressões como “eu” e “tu”, reafirmando o relacionamento distinto e pessoal entre Eles. Além disso, ao anunciar o Espírito Santo, Jesus usa a terceira Pessoa: “Ele vos ensinará todas as coisas” (João 14:26), demonstrando que o Espírito Santo não é uma força impessoal nem o próprio Jesus, mas outra Pessoa divina.

e) A paternidade do Pai e a filiação do Filho. A Bíblia descreve Jesus como “o Filho do Pai” (2João 3). Essa expressão não apenas indica um relacionamento único e eterno, mas também refuta a ideia de que Jesus seja o próprio Pai. A relação entre Pai e Filho é um aspecto essencial da Trindade, e confundi-los equivale a negar a revelação bíblica.

Portanto, a doutrina da Trindade não é um construto humano, mas uma verdade claramente revelada nas Escrituras. As distinções entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo são consistentes e fundamentais para a compreensão da natureza de Deus. Negar essas distinções, como faz o Unicismo, é contradizer as Escrituras e a própria essência da revelação divina. O Deus triúno, Pai, Filho e Espírito Santo, é o fundamento do Cristianismo bíblico e da nossa fé.

III. UNICISMO: UMA HERESIA ANTIGA NA ATUALIDADE

1. O problema

A heresia unicista, que nega a distinção entre as Pessoas da Trindade, ainda persiste na atualidade, especialmente em alguns movimentos pentecostais que, embora mantenham uma aparência de cristianismo ortodoxo, ensinam uma visão distorcida de Deus. Esses grupos, muitas vezes, utilizam músicas e mensagens populares para disseminar suas ideias, tornando a heresia mais acessível e menos evidente para muitos cristãos. No entanto, essa questão não é um mero detalhe teológico, trata-se de um desvio que compromete a essência da revelação bíblica sobre Deus e o plano da salvação.

Unicismo e o desvio doutrinário sobre Deus

O unicismo nega a coexistência eterna de três Pessoas distintas na divindade - Pai, Filho e Espírito Santo -, reduzindo-as a meros modos ou manifestações de uma única Pessoa. Essa visão contradiz diretamente a revelação bíblica. Jesus, ao orar em João 17:3, destacou a necessidade de reconhecer o Pai como o único Deus verdadeiro e a Si mesmo como Aquele que foi enviado. Essa declaração não apenas reafirma a distinção entre as Pessoas, mas também aponta para a importância de compreender essa verdade para a salvação.

Em João 17:3, Jesus ensina que a vida eterna depende do conhecimento do Pai como Deus verdadeiro e de Jesus como o enviado. Esse conhecimento não é meramente intelectual, mas profundamente relacional, envolvendo comunhão, fé, adoração e obediência. A unidade entre o Pai e o Filho não anula sua distinção pessoal. Pelo contrário, essa unidade é fundamentada em sua essência divina comum (João 10:30). Negar essa distinção compromete o entendimento correto do evangelho e do relacionamento que Deus deseja ter com a humanidade.

Unidade na Trindade: uma revelação Bíblica

Embora Pai, Filho e Espírito Santo compartilhem a mesma essência divina, a Bíblia consistentemente apresenta cada Pessoa da Trindade em papéis distintos:

  • Pai envia o Filho ao mundo (João 3:16; João 5:37).
  • Filho executa a obra de redenção e revela o Pai (João 14:9; João 17:4).
  • Espírito Santo aplica a obra redentora, habitando nos crentes e os guiando em toda verdade (João 14:26; João 16:13).

A compreensão bíblica de Deus envolve a aceitação dessa pluralidade na unidade. Negar essa verdade é reduzir o Deus revelado nas Escrituras a algo inferior ao Seu pleno caráter divino.

Movimentos unicistas apresentam uma visão limitada de Deus que, embora pareça próxima à fé cristã, contradiz a Bíblia. Ao confundir as pessoas da Trindade, esses grupos distorcem a natureza do Deus revelado em Jesus Cristo, comprometendo a base do evangelho. Essa heresia não é apenas uma questão de terminologia ou perspectiva, mas afeta profundamente a compreensão da obra da salvação.

Mesmo disfarçado em um contexto contemporâneo, o Unicismo continua sendo uma ameaça à pureza doutrinária. Para combatê-lo, é essencial que os cristãos conheçam e proclamem a verdade bíblica sobre a Trindade. O reconhecimento do Pai, do Filho e do Espírito Santo como Pessoas distintas, mas igualmente divinas, é central para nossa fé e adoração. A vida eterna depende do correto conhecimento de Deus, e isso inclui a aceitação plena da Trindade conforme revelada nas Escrituras.

2. Uma reflexão bíblica sobre o impacto das músicas unicistas

A questão do uso de músicas compostas por movimentos unicistas levanta um ponto delicado: como devemos entender as conversões e as experiências espirituais associadas a esses ministérios? À luz da Bíblia, é essencial separar o poder transformador da Palavra de Deus da falibilidade dos instrumentos humanos que a proclamam.

Jesus ensina que a eficácia espiritual não está nas mãos do semeador, mas na semente - a Palavra de Deus (Lc.8:11). Mesmo que essa “semente” seja lançada por pessoas com doutrinas equivocadas ou vidas espiritualmente comprometidas, ela possui intrinsecamente o poder de gerar vida, conforme Isaías 55:11: "Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia". A obra de Deus não é limitada pelos erros humanos, mas isso não isenta os crentes de discernirem e confrontarem falsas doutrinas (2Tm.4:2-4).

Muitas pessoas justificam o consumo de músicas ou práticas equivocadas baseando-se em experiências emocionais positivas. Contudo, a Bíblia é clara ao afirmar que o coração humano, sem a orientação de Deus, é enganoso e corrupto (Jr.17:9). Sentir-se bem ao ouvir uma música ou participar de um evento não garante a conformidade dessa prática com a verdade bíblica. Em Mateus 7:21-23, Jesus adverte que muitos realizarão obras em Seu nome sem, de fato, fazerem a vontade de Deus. Emoções são importantes, mas devem ser submetidas à autoridade da Palavra.

A doutrina cristã não se baseia em emoções, experiências pessoais ou tradições, mas unicamente na Palavra de Deus (2Tm.3:16,17). Pedro exorta os crentes a atentarem à profecia bíblica como uma "luz que brilha em lugar escuro" (2Pd.1:19), reafirmando que a verdade é revelada por Deus, e não pelo homem. João 16:13 reforça que é o Espírito Santo quem guia os crentes em toda a verdade, conduzindo-os pela Palavra.

Embora a conversão de pessoas através de músicas ou mensagens equivocadas possa ocorrer, isso não justifica a adoção ou a validação de heresias. Os crentes são chamados a testar os espíritos (1Jo.4:1) e a rejeitar qualquer doutrina que não esteja alinhada com a verdade bíblica (Gl.1:8,9). O uso de conteúdos associados a heresias requer vigilância espiritual e compromisso com a pureza doutrinária, evitando que tais materiais sirvam de porta de entrada para ideias equivocadas.

Enfim, Deus, em Sua soberania, pode usar até mesmo instrumentos imperfeitos para cumprir Seus propósitos. No entanto, isso não diminui a responsabilidade dos crentes de se manterem firmes na verdade da Palavra. Emoções e experiências humanas não são base para doutrina; somente as Escrituras têm essa autoridade. Como seguidores de Cristo, devemos buscar uma adoração fundamentada na verdade bíblica, guiada pelo Espírito Santo e centrada em Deus.

3. A posição oficial da Igreja Assembleia de Deus

A Igreja Assembleia de Deus, desde sua origem, posiciona-se firmemente contra o Unicismo, reconhecendo-o como uma heresia condenada pelas Escrituras e rejeitada pelos principais ramos do cristianismo ao longo da história. Essa doutrina deturpa a verdadeira identidade de Deus revelada na Bíblia, apresentando um Jesus diferente daquele descrito no Novo Testamento (2Co.11:4).

Em sua Declaração de Fé, a Assembleia de Deus afirma o compromisso com a sã doutrina, rejeitando o uso de músicas de grupos unicistas em cultos e atividades eclesiásticas. Tal decisão não é um ataque pessoal aos seguidores do Unicismo, mas sim uma defesa da pureza doutrinária e da verdadeira adoração ao Deus triúno revelado nas Escrituras.

Apesar da oposição à doutrina, a postura da igreja em relação aos adeptos do Unicismo deve ser marcada por respeito e mansidão. A Bíblia nos orienta a manter contato respeitoso com pessoas de crenças diferentes, ao mesmo tempo em que rejeitamos a propagação de ensinamentos contrários à verdade bíblica (2João 10,11). Assim, nosso compromisso é com a verdade, mas também com o amor, buscando oportunidades de testemunhar o Evangelho de forma firme, mas graciosa.

“NEGAÇÃO AO UNICISMO, UNITARISMO E TRITEÍSMO. Negamos o Unicismo sabelianista e moderno, ou seja, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam três modos de uma mesma pessoa divina, porque está escrito que as três pessoas são distintas.

Negamos também o Unitarismo, pois essa doutrina afirma que somente o Pai é Deus, negando, assim, a divindade do Filho e do Espírito Santo, ao passo que as Escrituras Sagradas ensinam a divindade do Filho e do Espírito Santo.

Também negamos o Triteísmo, ou seja, que existam três deuses separados, pois a Bíblia revela a existência de um único Deus verdadeiro: ‘há um só Deus e que não há outro além dele’ (Mc 12.32); ‘todavia, para nós há um só Deus’ (1 Co.8.6). Essa doutrina monoteísta tem implicação para a salvação: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste’’ (João 17.3) ”’ (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.41).

CONCLUSÃO

Acabamos de estudar que, indubitavelmente, Deus é Triúno. Deus é um só, mas subsiste eternamente em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que são iguais em essência, poder e glória. Essa revelação está firmemente alicerçada nas Escrituras, desde os primeiros indícios no Antigo Testamento até a plena manifestação no Novo Testamento.

Compreender a Trindade é essencial para a verdadeira adoração e comunhão com Deus, pois ela reflete o amor e a unidade perfeita que existem em Sua natureza divina. Ao mesmo tempo, é nosso dever combater heresias que distorcem essa doutrina, como o Unicismo, permanecendo fiéis à Palavra de Deus.

Ao defender a verdade bíblica, somos chamados a agir com mansidão e respeito, refletindo o amor de Deus em nossos relacionamentos, mas sem abrir mão da fidelidade às Escrituras. Que este estudo fortaleça nossa fé e nos leve a glorificar a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, o único Deus verdadeiro e eterno.