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A PROSPERIDADE DOS BEM-AVENTURADOS

Textos: Lc. 4.18 – Mt. 5.1-12


INTRODUÇÃO: O movimento da Teologia da Ganância, que nada tem de cristã, foge dos textos bíblicos que tratam a respeito do sofrimento. As bem-aventuranças, apresentadas por Jesus no Sermão do Monte, são desconsideradas. No estudo desta semana, aprenderemos que existe prosperidade para os bem-aventurados, e esses, diferentemente do que defendem o pseudopentecostalismo, tem como marca o sofrimento. Mesmo em meio ao sofrimento, por amor a Cristo, esses são considerados - makarios em grego - isto é, mais do que felizes.

1. BEM-AVENTURADOS OS POBRES, OS QUE CHORAM E OS MANSOS: A pobreza espiritual é o reconhecimento da nossa necessidade de Deus, de que somos pecadores, carentes do Seu perdão. Como bem explicitou Calvino: “só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. O reino de Deus é concedido àqueles que percebam sua carência de Deus, os pecadores, nos tempos de Jesus, concretizados, por exemplo, nos publicanos e prostitutas (Mt. 21.21). Os fariseus, alicerçados em sua vã religiosidade, deixaram de atentar para essa sublime verdade (Mt. 23.23-26). Os que choram também são bem-aventurados, Jesus é um grande exemplo nesse sentido, pois Ele mesmo chorou a miséria dos homens (Jo 11.35; Mt. 23.37; Hb. 5.7). Somente aqueles que choram pelos seus pecados podem receber o Consolador, pois esses, ao final, terão suas lágrimas enxugadas por Deus (Ap. 7.17). Os mansos – praus em grego – seguem o modelo que é Cristo, em Sua mansidão (Mt. 11.29). Dr. Lloyd Jones explica essa bem-aventurança com a seguinte declaração: “a mansidão é, em essência, a verdadeira visão que temos de nós mesmos, e que se expressa na atitude e na conduta para com os outros”. A promessa de Jesus aos mansos é que eles herdarão a terra, que ecoa as palavras do Salmo 37, para não nos indignarmos por causa dos malfeitores, e a mantermos nossa esperança no Senhor.

2. OS QUE TÊM FOME E SEDE DE JUSTIÇA, OS MISERICORDIOSOS: Maria, em seu Magnificat, declara que Deus encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos (Lc. 1.53). De fato, os que têm fome e sede de Deus, e de justiça, é que serão fartos. A ambição desses não é material, como tanto se propaga atualmente, mas espiritual. Essa fome e sede de justiça não serão cumpridas enquanto estivermos aqui na terra. No mundo impera a maldade e o engano, as pessoas fazem de tudo para tirar vantagem. O rico prospera e ostenta o produto das suas aquisições, muitas vezes adquiridas ilicitamente. Enquanto que o pobre é injustiçado, trabalha por um salário de fome, e é constantemente oprimido. Mas bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles, no céu, jamais terão fome e nunca mais terão sede (Ap. 7.16,17). Os misericordiosos – eleos em grego - também são bem-aventurados, pois demonstram compaixão pelas pessoas que passam necessidade. Existe uma diferença marcante entre graça (charis) e misericórdia (eleos). A primeira é resultante do favor imerecido, em relação ao pecado, enquanto que essa última é uma demonstração de alívio diante da dor, da miséria e do desespero. O mundo desconhece tanto a graça quanto a misericórdia, pois trata as pessoas com crueldade, foge da dor e do sofrimento dos homens. A cultura da vingança e da competitividade se consolidou no contexto de uma sociedade insensível à mensagem de Deus. Agir com misericórdia é está disposto a perdoar, conforme instruiu Jesus na parábola do credor incompassivo (Mt. 18.21-35).

3. OS LIMPOS DE CORAÇÃO, OS PACIFICADORES E OS PERSEGUIDOS: Bem-aventurados são os limpos de coração, aqueles que oram, com Davi: “cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl. 51.6). A pureza que agrada a Deus vem de dentro para fora, parte do interior do ser, não do exterior, como defendiam os fariseus (Lc. 11.39; Mt. 23.25-28). Umas das marcas dos limpos de coração é sinceridade, são pessoas que não entregam a alma à falsidade (Sl. 24.4). A motivação das suas atitudes é produto da honestidade. Os limpos de coração não vivem das aparências, do marketing pessoal em detrimento da sinceridade do coração. Somente os limpos de coração, os que são sinceros diante de Deus, que não vivem de máscaras, verão a Deus. Aqueles que assim vivem são pacificadores, por isso são bem-aventurados, pois não vivem dissimuladamente, antes agem com vistas a construir relacionamentos sólidos, sem que esses estejam baseados na pressão. Os cristãos não foram chamados por Cristo para viverem em conflito, mas em paz (I Co. 7.15; I Pe. 3.11; Hb. 12.14; Rm. 12.18). Os que são pacificadores são bem-aventurados porque foram agraciados com a paz de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo (Cl. 1.10; Ef. 2.15). Aqueles que vivem a partir desses princípios sofrerão perseguição, mesmo assim, devem se considerar mais do que felizes (Mt. 5.12). A promessa para os que suportam as perseguições é a “o galardão nos céus”. Os profetas, por denunciarem o pecado, foram perseguidos, aqueles que fazem o mesmo atualmente, participam dessa sucessão (At. 5.41).

CONCLUSÃO: 
Lutero incluiu o sofrimento no rol das características de uma verdadeira igreja. Do mesmo modo, podemos afirmar que uma igreja verdadeiramente próspera passa por sofrimento. Paradoxalmente, há movimentos cujo slogan é: “pare de sofrer”. Uma igreja que não sofre não pode se considerar igreja, pois conforme revelou Paulo ao jovem pastor Timóteo, todos aqueles que seguem piedosamente a Cristo padecerão perseguição (II Tm. 3.12). PENSE NISSO! 

Deus é Fiel Justo!



AS BENÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA

Textos: Ef. 1.3 – Gl. 3.2-9


INTRODUÇÃO: Um dos maiores equívocos na interpretação bíblica é confundir as bênçãos do Antigo Pacto atribuindo-as ao povo do Novo Pacto. Existem bênçãos que cabem a Israel, e que são especificamente para esse, enquanto que outras são para a Igreja. No estudo desta semana veremos a respeito dessas bênçãos, com o princípio exegético de diferenciar entre àquelas que cabem a Israel e à Igreja.

BENÇÃOS NA BÍBLIA: No Antigo Testamento, as bênçãos – beraka em hebraico – indicam o ato de pronunciar coisas boas em direção a outrem (Gn. 27.38). Deus é a fonte da benção, pois Ele abençoou a Adão, Noé e Abrão (Gn. 12.2-3), Sara (Gn. 17.16), Ismael (Gn. 17.20), Isaque (Gn. 25.11), Labão (Gn. 30.27), Jacó (Gn. 32.29), o povo de Israel (Dt. 2.7), Sansão (Jz. 13.24), Jó (Jó. 42.12), o justo (Sl. 5.13) e todos aqueles que O temem (Sl. 115.13). Outras pessoas podem ser agentes das bênçãos de Deus, tal como o foi Isaque (Gn. 27.27), Jacó (Gn. 49.28), Moisés (Ex. 39.43), Arão (Lv. 9.22), Josué (Js. 14.13), Eli (I Sm. 2.20) e Esdras (Ne. 8.6). A maior benção para Israel, no Antigo Pacto, era a presença de Deus (Ne. 6.24-26). Mas a benção, para esse povo, estava condicionada à obediência (Dt. 7. 12-15; 28.1-68). As bênçãos de Deus para Israel incluíam: posteridade (Gn. 1.18; 9.1; 12.2.; 22.17; 26.4; 28.3; Dt. 7.13; Js. 17.14; Sl. 107.38), a posse da terra, bem como outros tipos de prosperidade material (Gn. 24.35; 26.3; 39.5; Dt. 2.7; 12.7; 15.4). As bênçãos de Deus foram prometidas a Abrão, neles seriam benditas todas as nações da terra (Gn. 12.1-3). Tais bênçãos trazem justiça (Sl. 24.5), vida (Sl. 133.3) e salvação (Sl. 3.8). No Novo Testamento, as bênçãos – eulogia em grego – em seu sentido geral – significa falar bem a alguém (Rm. 16.18). No sentido do Antigo Testamento, as bênçãos são recebidas de Deus (Rm. 15.29) tanto na esfera natural (Hb. 6.7) quanto sobrenatural (I Pe. 3.9). A maior benção da Igreja é a salvação (Gl. 3.14; Ef. 1.3) que pode ser rejeitada, tal como fez Esaú (Hb. 12.12-17). Quando Jesus ascendeu ao céu, Ele nos abençoou com a salvação (At. 3.26; Gl. 3.9). Paulo diz que em Cristo Deus nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais (Ef. 1.3,4).

AS BÊNÇÃOS PARA ISRAEL: As bênçãos de Deus para Israel faziam parte do Pacto que o Senhor tinha com essa nação, tendo em vista que Ele prometeu fazer de Abraão uma grande nação (Gn. 12.2) e dar a terra de Canaã por herança à sua posteridade (Gn. 17.8). Essa percepção de Israel enquanto nação é muito importante para a interpretação dos textos bíblicos que fazem alusão à prosperidade desse povo. Essa é uma benção prometida com exclusividade a Israel, que não cabe à Igreja (Dt. 28.8). O texto de I Cr. 7.14: “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra tem sido indevidamente aplicado à Igreja, e o pior, a determinadas nações. O tratamento de Deus não é mais com uma nação ou com um povo geograficamente constituído. A nação escolhida por Deus, para ser testemunha da Sua revelação no Antigo Pacto, é Israel (Dt. 28.10). No futuro, por ocasião do Milênio (Ap. 20.1-10), Israel receberá as bênçãos que lhe compete e que ainda não se cumpriram. Esse será um tempo de abundância para esse povo e de prosperidade em todos os sentidos. Israel desfrutará de paz com as nações (Is. 9.6; Mq. 4.3-4; Lc. 2.13-14); a terra da palestina será ampliada (Is. 26.25), a topografia será alterada (Zc. 14.4), as chuvas cairão trazendo bençãos (Is. 41.18; Ez. 34.26; Jl. 2.23); as fontes e mananciais de águas serão abundantes (Ez. 47.1-11); Zc. 14.8), a terra produzirá muito (Is. 32.15; 35.1; Ez. 47.12; Am. 9.13), haverá paz e justiça em plenitude (Is. 32.16,17), até na criação (Is. 11.6-9; 65.25; Rm. 8.19-21). Essas são as bençãos que competem a Israel, mas não agora, pois tudo isso se concretizará no futuro, no reinado de Cristo (At. 14.22; I Co. 6:9-10; I Ts. 2.12; Tg. 2.5; II Pe. 1.11; II Tm. 4.1; Ap. 12.10).

AS BÊNÇÃOS PARA A IGREJA: 
Deus não trata, atualmente, com nações, isto é, com um povo delimitado por fronteiras geográficas. O povo de Deus, hoje, é a Igreja, a quem Pedro se refere como: “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pe. 2.9). As bençãos que competem à Igreja, por conseguinte, são diferentes daqueles que competem a Israel. A temporalidade era uma das marcas da benção de Deus para Israel. A Igreja do Senhor desfruta, neste tempo, de bençãos eternas, superiores as promessas dadas a Israel (Hb. 8.13; 10.34). As bençãos de Deus para a Igreja são plenas, espirituais, transcendem as de Israel, cujo foco estava na prosperidade material (II Co. 3.1-11). As bençãos do Novo Pacto incluem: a justificação (Gl. 2.16,21), o Espírito Santo (Gl. 3.2); a herança espiritual de ser filho de Deus (Rm. 8.14), a vida eterna (Rm. 8.2; Gl. 3.21) e a liberdade plena (Gl. 4.8-10; 5.1). As bençãos para a Igreja repousam na tensão entre o já e o ainda não (I Jo.3.1,2). Por isso, sabemos que o nosso tesouro não está na terra (Mt. 6.21), mas no céu, donde esperamos o Senhor Jesus Cristo (Fp.3.2). Por isso, precisamos permanecer nEle (Jo. 15.7), e, ao orar – não determinar – façamos com humildade, tendo o cuidado para não pedir mal, para esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.3), levando em consideração a vontade soberana de Deus (I Jo. 5.14).

CONCLUSÃO: 
Alguns estudiosos da Bíblia interpretam indevidamente Gl. 6.16, argumentando que a Igreja se tornou o Israel de Deus, e que, por isso, tem parte nas bênçãos materiais a ele prometidas. Uma análise criteriosa dos textos bíblicos, alusivos a Israel e a Igreja, no Antigo e no Novo Testamento, a partir dos princípios hermenêuticos, mostrará que existem bênçãos distintas para Israel e para a Igreja. O equívoco do movimento pseudopentecostal é confundir essas competências e reivindicar o que Deus, definitivamente, não prometeu à Igreja. PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

A PROSPERIDADE NO NOVO TESTAMENTO

Textos: Rm. 14.17 – II Co. 8.1-9
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INTRODUÇÃO: Estudamos anteriormente a prosperidade no Antigo Testamento. No estudo desta semana, atentaremos para a doutrina da prosperidade no Novo Testamento. A princípio, definiremos o que significa prosperidade à luz do hebraico e do grego bíblico, em seguida, analisaremos o conceito de prosperidade neotestamentário, ressaltando a abordagem deste em relação ao dinheiro. Ao final, mostraremos qual a verdadeira fonte de prosperidade para a Igreja do Senhor Jesus Cristo.  

1. DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DE PROSPERIDADE: Existem diferentes termos hebraicos, no Antigo Testamento, para prosperidade, destacamos tsalach, no sentido de prosperidade material e econômica (Gn. 24.21; 39.2; Jr. 12.1) e o verbo sakal, que ocorre sessenta vezes, este no sentido de desfrutar das bençãos prometidas para Israel em Canaã (Dt. 19.9; Js. 1.7). Mas no Novo Testamento, as alusões à prosperidade são reduzidas, isso porque essa não é uma das prioridades da igreja cristã, contrariando o que costuma acontecer nos arraiais neopentecostais (ou pseudopentecostais).  O termo euporia, que ocorre em At.19.25, tem o significado de prosperidade, bem como o de riqueza, e é apresentado em um sentido negativo, em que religiosos se aproveitam das pessoas para fazer fortuna. Em sentido positivo, esse termo se encontra em At. 11.29, ao registrar que os irmãos decidiram, de acordo com suas posses, ajuda para os irmãos da Judéia. Em I Co. 16.1, Paulo orienta aos irmãos de Corinto para que façam uma coleta para os santos da Galileia, conforme a cada um tenha prosperado (euodoo em grego) ao longo da semana. A doutrina da prosperidade, como propalada nos dias atuais, não tem fundamento bíblico-teológico no Novo Testamento. A ganância desenfreada, inclusive nos contextos eclesiásticos, é resultante de uma cosmovisão mundana em relação ao dinheiro. A sociedade contemporânea tem sido solapada pelo consumismo, as pessoas querem ter cada vez mais para gastarem com coisas que não precisam. Existe uma indústria, sustentada pela propaganda midiática, que fomenta esse tipo de comportamento social. Ao invés de serem avaliadas pelos que são, as pessoas são julgadas pelo que têm. No modelo equivocado de espiritualidade do movimento neopentecostal, as pessoas são “abençoadas” não pelo relacionamento que têm com Deus, mas pelos bens que conseguem acumular.

2. PROSPERIDADE E DINHEIRO NOS EVANGELHOS: O modelo de prosperidade do neopentecostalismo não encontra respaldo bíblico neotestamentário, por isso, seus adeptos preferem citar passagens descontextualizadas do Antigo Testamento. A abordagem de Jesus em relação ao dinheiro é radical, Ele se posiciona contra o acúmulo de riquezas na terra, orienta as pessoas a entesourarem no céu (Mt. 6.19-21). Essa é a resposta de Jesus a ansiedade que assola a sociedade moderna. Ao invés de estarem preocupados com muitas coisas, ansiosos pelas vicissitudes da vida, devemos aprender a confiar em Deus, na Sua providência (Mt. 6.25). Por isso, quando se encontrou com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos pobres, mas ele foi incapaz de fazê-lo (Mt. 19.16-22). A conclusão de Jesus, em virtude do apego daquele jovem às riquezas foi a seguinte: “Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt. 19.23,24). Algumas parábolas de Jesus, tal como a de Lc. 12.15-21, mostram o perigo de colocar o foco nas riquezas materiais. O rico da parábola é denominado de louco, pois se tornou escravo dos seus bens. Estas palavras fazem eco com a declaração do Senhor a João, no Apocalipse, em direção à igreja de Laodicéia que ostentava sua riqueza, como sinônimo de espiritualidade. A essa igreja, e tantas outras que somente investem nas fundações materiais, a Palavra do Senhor continua firme: “Dizes: estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap. 3.17). Muitas igrejas, como a de Laodicéia, não adoram mais a Deus, mas a Mamom, o deus das riquezas, a essas diz o Senhor: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um, e amar o outro; ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt. 6.24). Ao invés de enfocar demasiadamente as riquezas, Jesus ensina que devemos buscar, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça e que as demais coisas – apresentadas no contexto, e não todas como dizem alguns – os serão acrescentadas (Mt. 6.33).

3. PROSPERIDADE E DINHEIRO NAS EPÍSTOLAS: Nas epístolas paulinas e gerais também não há base para sustentar uma teologia da prosperidade nos moldes comumente apresentados na mídia pelas igrejas neopentecostais (pseupentecostais). Paulo, ao escrever aos Coríntios, nos apresenta o modelo de Jesus em relação à riqueza e a pobreza. Diz ele: “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (II Co. 8.9). A riqueza a respeito da qual trata o Apóstolo, nesse texto, não é material, tendo em vista que, ao escrever a Timóteo, alerta a respeito do perigo das riquezas: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm. 6.9,10). O oposto da ganância é a generosidade e esta, infelizmente, tem sido esquecida em igrejas moldadas por um modelo mundano que transformou o acúmulo de riqueza em um fim em si mesmo. A orientação apostólica é a de que há maior felicidade em dar do que em receber (At. 20.35), por isso, Deus ama a quem dar com alegria (II Co. 9.7). A moeda mais valiosa para a igreja cristã, isto é, a verdadeira prosperidade, está no exercício da piedade, que a fonte de lucro (I Tm. 4.8). A piedade, no Novo Testamento, tem a ver com uma espiritualidade autêntica, que não está fundamentada nas aparências. O cristão piedoso não cultiva a ganância, mas o contentamento, que nada tem a ver com comodismo, mas com o reconhecimento do que é necessário para viver. Não podemos esquecer que nada trouxemos a esse mundo, e que, por conseguinte, nada levaremos dele (I Tm. 6.7), que não podemos fixar nossos olhos no que é transitório (II Co. 4.18), antes devemos saber que Deus de tudo nos provê ricamente para a nossa satisfação (I Tm. 6.17), por isso, devemos nos conservar livres do amor ao dinheiro e contentarmo-nos com o que temos, pois o Senhor supre as nossas necessidades (Hb. 13.5,6).

CONCLUSÃO: A prosperidade material, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, implica em responsabilidade. Tiago admoesta aos ricos para que lamentem pelo julgamento que sobrevirá sobre eles por utilizarem irresponsavelmente suas riquezas, para oprimir ao pobre e necessitado (Tg. 5.4-6). Para o mundo, ter dinheiro é sinal de status, e muitos vivem ostentando riqueza enquanto muitos padecem necessidade. A igreja do Senhor precisa agir de modo diferenciado, não pode se esquecer dos pobres (Gl. 2.10), e deve estar ciente que a verdadeira prosperidade é espiritual, por isso, a igreja de Esmirna, que era pobre aos olhos do mundo, foi considerada rica por Jesus (Ap. 2.9). A piedade, e não a riqueza material, é a maior fonte de prosperidade – porismos em grego, que também tem o sentido de lucro – para a igreja do Senhor (I Tm. 6.5). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

OS FRUTOS DA OBEDIÊNCIA NA VIDA DE ISRAEL

Textos: Dt. 11.29 – Dt. 11.26-32
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INTRODUÇÃO: Israel poderia desfrutar da verdadeira prosperidade, mas, para tanto, deveria obedecer a Deus. Esse é um princípio estabelecido pelo Senhor na Aliança com o Seu povo. Um dos textos fundamentais que revela esse Concerto se encontra em Dt. 11, o qual será estudo desta semana, a fim de compreender os frutos da obediência na vida de Israel enquanto nação. Ao final do estudo, atentaremos para o papel da obediência no contexto da Igreja.

1. A OBEDIÊNCIA NO PACTO DE DEUS COM ISRAEL: A obediência é condição no pacto de Deus com Israel, por isso, o termo shama – obediência – ocorre 1.150 vezes em contextos que tem a ver com o ato de “escutar” ou “ouvir” à Palavra do Senhor. No Antigo Testamento, a orientação para a obediência é encontrada em Ex. 23.1; Dt. 13.4; 27.10; I Sm. 15.22. Existe uma benção geral para o povo de Israel ao dar ouvidos a Deus (Jó. 36.11), bem como na alegria em obedecê-lo (Gn. 26.5). Através da obediência, Israel confirmaria a sua Aliança com Deus (Ex. 19.5; 23.22; Dt. 11.27; 30.2,8; Jr. 7.23; 38.20; Zc. 6.15). A nação de Israel aceitou os termos desse Pacto, que fora reafirmado em Js. 24.24. A desobediência, por sua vez, resultaria na quebra do Concerto (Ex. 5.2; Jr. 3.13). Em decorrência dessa, Israel receberia o julgamento divino (Jz. 2.2; I Sm. 12.15; Jr. 12.17; 18.10). As punições que sobreviriam sobre Israel, pela desobediência ao Pacto, são identificadas em I Rs. 20.36; Ne. 9.17; Jó. 36.12. Maldições sobreviriam sobre o povo se este não se voltasse à obediência ao Senhor (Dt. 11.18; 28.62; Jr. 9.13; 11.8; 26.13; 42.13). Várias passagens bíblicas mostram as duras experiências que Israel enfrentou por causa da desobediência ao Senhor (Jz. 6.10; Dn. 9.11; Js. 5.6; II Rs. 18.12; Jr. 40.3).

2. FUNDAMENTOS PARA A OBEDIÊNCIA DE ISRAEL: A obediência a Deus tinha alguns fundamentos, primeiramente, era Deus quem determinava, portanto, não cabia a Israel questionar, pois Ele é o Senhor, por isso os verbos das passagens de Dt. 11 se encontram no imperativo: temer, andar, amar, servir e guardar (Dt. 11.12,13). A base para tais imperativos é o amor, palavra utilizada seis vezes por Moisés (Dt. 10.12,15,19; 11.1,13, 22). Moisés ensina ao povo a obedecer não apenas por temer, mas, principalmente, com o coração, isto é, por amor. O Deus de Israel era digno de ser obedecido, pois Ele é o Criador de todas as coisas (Dt. 11.14). Soberanamente, e em graça, Deus escolheu Israel e o retirou do jugo de opressão do Egito (Dt. 10.15,16). Deus não apenas elegeu Israel, Ele também cuida do Seu povo (Dt. 11.7). O cumprimento das promessas de Deus em relação a Israel é a prova dos seus cuidados. O Senhor prometeu a Abraão que faria dele uma grande nação (Gn. 13.14-16; 15.5; 22.17; 26.4). A terra entregue a Israel era de Deus, Ele é o Senhor da terra (Lv. 25.2, 23, 38). A terra que manava “leite e mel” estaria nas mãos daquele povo, contato que esse estivesse disposto a obedecer aos mandamentos de Deus. Mas Ele não era apenas o Deus da terra, mas também da chuva, pois se o povo se negasse a dar ouvidos à Sua Palavra, enfrentaria tempos de seca, tal como o descrito nos tempos do profeta Elias, quando o povo se voltou à adoração de Baal, o deus filisteu da produtividade (I Rs. 18.16). A situação somente seria revertida quando a nação se arrependesse dos seus pecados e se voltasse para o Senhor (Dt. 28.23,24; II Cr. 7.12-14; Dt. 11.12). Diante de Israel, portanto, estava posta a condição: se obedecesse ao Senhor, Ele o abençoaria, caso O desobedecesse, seria castigado.

3. A OBEDIÊNCIA NA ALIANÇA DE DEUS COM A IGREJA: Na Aliança de Deus com a Igreja, através de Cristo, a obediência também tem sua relevância. A princípio, é preciso destacar que a obediência – hypakiê em grego – é um ato de fé, uma resposta positiva e confiante em Cristo (Rm. 1.5;15.18). Os cristãos, na condição de seguidores do Senhor, devem viver em obediência (I Pe. 1.2), pois esses são reconhecidos como filhos da obediência (I Pe. 1.14). O autor da Epístola aos Hebreus, ao conclamar seus leitores a serem fiéis ao Senhor, mesmo em meio à adversidade, destaca o exemplo de Abraão na obediência (Hb. 11.8), por isso é através da obediência a Cristo que o crente é conduzido à salvação (Hb. 5.9). A base para a obediência da Igreja, consoante ao que fora revelado aos israelitas em Dt. 11, é o amor, isso porque o cumprimento da Lei é o amor (Rm. 13.10), a disposição para fazer a vontade de Deus deva partir do coração, não apenas da imposição de regras externas (Ef. 6.6). O sinal exterior da obediência de Israel era a circuncisão, mas para a Igreja, a obediência é uma disposição espiritual, produzida pelo Espírito Santo (Fp. 3.1-10; Cl. 2.9-12). Essa condição cristã é concretizada na medida em que o crente abandona o pecado e se torna nova criatura em Cristo (Cl. 2.11), ratificada pela presença do Espírito Santo em sua vida (Ef. 1.13; 4.30; Rm. 8.9, 16).

CONCLUSÃO: O povo de Israel deveria viver a partir das orientações entre os dois montes Gerezim e Ebal (Dt. 27-28). O Monte Ebal é considerado o monte das maldições e o Gerezim o monte das bênçãos. Na medida em que cada maldição era proferida, o povo no Monte Ebal diziam “Amém”, significando, “assim, seja, eu concordo”, afirmando as condições do Pacto. Após cada benção ser lida, as tribos do Monte Gerezim declaravam solenemente: Amém. A Igreja do Senhor se encontra também entre dois montes, o Calvário, onde Jesus morreu por nós, e o das Oliveiras, para o qual um dia Ele retornará (Zc. 14.4; At. 1.11,12). Fazemos parte de uma Nova Aliança, não escrita em pedras, mas em nossos corações em Cristo Jesus (II Co. 2.1-3; Hb. 8; Ef. 1.3), por isso, vivemos debaixo da graça, mas isso não quer dizer que temos licença para pecar (Rm. 6.1-14), antes obedecemos em amor, a concupiscência da carne é subjugada pela justiça de Deus, através do Seu Espírito, em nós (Rm. 8.4). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

Textos: Gn. 39.3 – Dt. 8.11-18
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INTRODUÇÃO: Interpretar os textos bíblicos no contexto, inclusive o histórico-teológico, é condição para a apropriada aplicação das verdades bíblicas. Os adeptos da Teologia da Prosperidade (ou da Ganância) utilizam passagens descontextualizadas (e isoladas) do Antigo Testamento para justificarem suas doutrinas. Para evitar tais equívocos, estudaremos, esta semana, sobre como o Antigo Testamento aborda a questão da prosperidade, destacando que, mesmo no Antigo Pacto, a posse de bens materiais implicava em responsabilidade, em uma dimensão ética.

1. RIQUEZA E PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO: A abordagem em relação à riqueza no Novo Testamento é distinta daquela apresentada no Antigo Testamento. No Novo Testamento os textos que se referem à riqueza são geralmente negativos, diferentemente daqueles da Antiga Aliança. Isso porque no Antigo Testamento, no pacto de Deus com Israel, a riqueza é algo desejável e agradável a Deus para o Seu povo. Essa distinção não costuma ser percebida pelos pregoeiros da Teologia da Prosperidade (ou da Ganância). Eles adoram propagar nos canais de televisão que Deus abençoou Abraão e que, do mesmo modo, pretende enriquecer aqueles que os seguirem. Mas é preciso atentar para o papel da riqueza e da pobreza no Antigo Testamento, especialmente no que tange a Abraão. Tanto esse servo de Deus quanto Jó podem ser categorizados entre os ricos justos, isto é, eles não colocaram sua confiança na riqueza, mas em Deus, por isso, no caso de Abraão, este deixou sua parentela, a cidade de Ur onde morava e partiu em busca de uma terra que o Senhor prometeu. Na medida em que Abraão sai, ele abre mão das suas riquezas, demonstrando, assim, que não dependia da prosperidade material, isso fica evidente na disputa entre os pastores de Ló, sobrinho de Abraão, e os seus pastores. Em uma atitude de confiança em Deus, Abraão deixa que Ló escolha o lado para o qual pretende ir. Uma das provas bíblicas de que Abraão não se fiava na riqueza se encontra em Gn. 14.21-24 onde está registrado o encontro deste com o rei de Sodoma. Abraão não quis o enriquecimento que não viesse do Senhor, ele sabia fazer a diferença entre a benção de Deus e a prosperidade dos homens. Jó é outro exemplo de rico justo no Antigo Testamento, ele é reconhecido pelo próprio Satanás que Deus o abençoou com bens materiais. O Inimigo questiona se a causa do amor de Jó a Deus não está baseado nas riquezas. Jó demonstra, em sua experiência provada, que ainda que morra não deixará de confiar em Deus. Quando a riqueza e a prosperidade material toma o primeiro lugar, o homem se distancia de Deus, isso pode ser comprovado nas atitudes de Salomão. Este monarca, em sua riqueza e prosperidade, se torna motivo de glória para o reino, mas ao contrário de glorificar a Deus, se torna opressão para os filhos de Israel.

2. AS CONDIÇÕES PARA A RIQUEZA NO ANTIGO TESTAMENTO: De acordo com a revelação do Antigo Testamento, é Deus o verdadeiro proprietário das riquezas, por isso, Ele a entrega a quem deseja. É neste sentido que Salomão admite que “na mão direita, a sabedoria lhe garante a vida longa; na mão esquerda, riqueza e honra” (Pv. 3.16). Ana, em sua oração, também reconhece que “O Senhor é quem dá pobreza e riqueza; ele humilha e exalta” (I Sm. 2.7). Davi assim também expressa em sua oração: “O Senhor nosso Deus, toda essa riqueza que ofertamos para construir um templo em honra ao teu santo nome vem das tuas mãos, e toda ela pertence a ti” (I Cr. 29.16). No Antigo Testamento, a riqueza deva ser compreendida como benção de Deus, mas sua utilização tem uma dimensão ética. Por isso Ezequiel questiona o príncipe de Tiro quando esse se vangloria ao dizer “eu me enriqueci” (Ez. 29.3). Mesmo no Antigo Testamento não é correto desejar as riquezas, considerando que o Senhor destacou que Salomão foi distinto ao não pedir “uma vida longa nem riquezas” (I Rs. 3.11). Não é certo requerer riqueza de Deus, por isso, destaca o sábio: “Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário” (Pv. 30.8). E ainda “Não esgote suas forças tentado ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias para o céu” (Pv. 23.4,5), e mais: “Quem tenta enriquecer-se depressa não ficará sem castigo” (Pv. 28.20). Paradoxalmente, as pessoas, atualmente, exaltam aqueles que enriqueceram, ainda que os meios sejam escusos. O enriquecimento não deve ser, desde a Antiga Aliança, um fim em si mesmo, ter dinheiro, por sua vez, acarreta em responsabilidade. O orgulho proveniente das riquezas pode conduzir as pessoas para distante de Deus, ao invés de aproximá-las dEle. Os profetas denunciaram com coragem o amor às riquezas: “Efraim orgulha-se e exclama: ‘Como fiquei rico e abastado! Em todos os trabalhos que realizei não encontrarão em mim nenhum crime ou pecado’” (Os. 12.8), sem dar a devida atenção para o “Mas” de Deus (Os. 12.9). Deus não se deixa impressionar com aqueles que adquirem riquezas para si, e põem a confiança no dinheiro, principalmente quando tal prosperidade vem por meios injustos. Em Pv. 13.11 está escrito que “O dinheiro ganho com desonestidade diminuirá, mas quem o ajunta aos poucos terá cada vez mais”. Sabemos que da perspectiva exegética, os Provérbios não podem ser generalizados, mas fica evidenciada, no texto, a insatisfação de Deus com a riqueza acumulada indevidamente. Apropriada a palavra profética: “O homem que obtém riquezas por meios injustos é como o perdiz que choca ovos que não pôs. Quando a metade da sua vida tiver passado, elas o abandonarão, e, no final, ele se revelará tolo (Jr. 17.11). Os teólogos da Teologia da Prosperidade (ou da Ganância) não leem os escritos proféticos, apenas os históricos, se assim fizessem, perceberiam que Deus condena Israel porque “vendem por prata o justo, e por um par de sandálias o pobre” (Am. 2.6). Eles não poupam os juízes e os sacerdotes, já que “seus líderes julgam sob suborno, seus sacerdotes ensinam visando o lucro, e seus profetas adivinham em troca de prata. E ainda se apoiam no Senhor” (Mq. 3.11). Quantos hoje dizem servir a Deus, mas agem apenas com interesse no dinheiro, o $erviço cristão, em alguns contextos eclesiásticos, é escrito com cifrão. O dinheiro conduz a uma falsa segurança (Pv. 10.5) e leva seus adoradores a desejarem sempre mais (Ec. 5.10). Os que vivem regaladamente hoje, usufruindo de recursos indevidos, receberão, no tempo devido, o julgamento de Deus, pois “de nada vale a riqueza no dia da ira divina” (Pv. 11.4).

3. RECOMPENSA E BENÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO: No Antigo Testamento, a riqueza é uma recompensa pela fidelidade a Deus, isso percebemos no caso de Josafá, quando o Senhor firmou o seu reino por causa da obediência a Deus, mas, principalmente, pelo uso apropriado dos pertences (II Cr. 17). A sociedade contemporânea, fundamentada em um capitalismo selvagem, idolatrou o acúmulo de riquezas. Os heróis do presente não são aqueles que agem com generosidade, mas os que retêm tudo que podem exclusivamente para eles. Os bilionários se tornaram os deuses do presente, o Mercado assumiu o trono no coração de muitos, a bolsa de valores determina as ações das pessoas. Versículos isolados do Antigo Testamento não podem ser utilizados irresponsavelmente para justificar a opressão e a pobreza. Os adeptos da Teologia da Prosperidade (ou da Ganância) gostam de citar Pv. 10.22, argumentando que “A benção do Senhor traz riqueza”, mas esquecem que “A riqueza dos sábios é a sua coroa” (Pv. 14.24) e que “A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida” (Pv. 22.4). Os livros de sabedoria, dentre eles Salmos e Jó, explicitam a natureza da prosperidade e põem a ênfase sobre o temor ao Senhor: “assim são os ímpios, despreocupados, aumentam suas riquezas” (Sl. 73.12) e “não confiem na extorsão, nem ponham a esperança em bens roubados; se as suas riquezas aumentam, não ponham nelas o coração” (Sl.62.10). A riqueza e a prosperidade é uma concessão de Deus, mas somente em sentido amplo, pois os ricos podem ajuntar bens, apenas para confiar neles e se distanciar do Senhor. Por isso, “os ímpios passam a vida na prosperidade e descem à sepultura em paz. Contudo, dizem eles a Deus: ‘deixe-nos! Não queremos conhecer os teus caminhos. Quem é o Todo-poderoso, para que o sirvamos? Que vantagem temos em orar a Deus? (Jó. 21.7-15). O rico tem uma propensão a confiar em suas riquezas, e a depender daquilo que conseguiu acumular, vive como se Deus não existisse, e se acredita nEle, não põe nEle sua confiança.

CONCLUSÃO: No Antigo Testamento, a riqueza é uma dádiva de Deus, mas precisa ser utilizada com cautela, pois implica em responsabilidade. A riqueza não pode ser vista como uma propriedade pessoal, ela está na dimensão do sagrado, na relação com o outro. Por isso, para Israel, sua plenitude tem uma dimensão escatológica, tendo em vista que, no futuro, “se alimentarão das riquezas das nações, e do que era o orgulho delas vocês se orgulharão” (Is. 61.1). Mas isso não é para agora, se cumprirá por ocasião do Milênio, nada tem a ver com a Igreja contemporânea, como apregoa a Teologia da Prosperidade. Por enquanto, na fartura ou na necessidade, devemos admitir, conforme foi revelado a Abraão, que o Senhor, e somente Ele, é nossa Recompensa (Gn. 15.1). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!