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A DESCONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE BÍBLICA

 

Texto Base: RUTE 4:7-12

 

“E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn.2:15).

RUTE 4:

7.Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto à remissão e contrato, para confirmar todo negócio, que o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel. 

8.Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato. 

9.Então, Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom da mão de Noemi; 

10.e de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herdade, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas. 

11.E todo o povo que estava na porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Leia, que ambas edificaram a casa de Israel; e há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém. 

12.E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar teve de Judá), da semente que o Senhor te der desta moça.

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Lição da “desconstrução da masculinidade Bíblica”. É um tema importante, pois a definição de masculinidade tem sido desvirtuada pelo "progressismo" sociocultural. É fato que a masculinidade está ameaçada em nossos dias; há um processo presente na sociedade pós-moderna de desconstrução da masculinidade tal como é apresentada na Bíblia. Os homens hodiernos têm sido ensinados a não assumirem a sua função e responsabilidades sociais quando orientados desde a infância – na escola e até mesmo em casa – de que tais coisas hoje em dia são relativas, descontruindo assim o modelo bíblico de homem. No entanto, é na Bíblia Sagrada – o manual do Criador – onde buscamos os ensinos para uma possível compreensão da Masculinidade. De acordo com a Palavra de Deus, a masculinidade bíblica leva em conta a criação divina, a constituição biológica e o papel estabelecido por Deus para o homem cristão.

Vivemos uma época em que a luta contra os princípios e valores estabelecidos tem se intensificado. Há uma desvalorização e até mesmo desprezo pelos padrões e por todo tipo de tradição. O "Progressismo" cultural, via de regra, está combatendo diretamente a tradição bíblica como, por exemplo, o casamento, o princípio da autoridade, a criação e disciplina de filhos. Mas nós sabemos, pelas Escrituras Sagradas, que o homem em seu estado de pecaminosidade, deseja mesmo libertar-se dos padrões impostos por Deus; o salmista já trata desse desejo quando diz: “Por que as nações se enfurecem tanto? Por que perdem seu tempo com planos inúteis? Os reis da terra se preparam para a batalha; os governantes conspiram juntos, contra o Senhor e contra seu ungido. Vamos quebrar estas correntes, eles dizem. Vamos nos libertar da escravidão!"(Salmos 2:1-3-NVT).

Na verdade, tudo isto que está acontecendo, até mesmo as coisas que em outro tempo eram inimagináveis, e que temos acompanhado nos últimos tempos, sempre estiveram no coração corrupto do ser humano pós-queda (Jr.17:9). Por isso, Deus orienta o seu povo para que viva e haja com sabedoria, "não removendo os marcos ou limites antigos que foram postos pelos seus pais" (Pv.22:28). Como nós reagiríamos se alguém mudasse de lugar as coisas onde nós as pusemos? Aquilo que culturalmente ou socialmente precisa ser mudado deve ser conforme a Palavra dAquele que criou e estabeleceu todas as coisas; porém, aquilo que precisa ser conservado o deve ser também em observância a Palavra de Deus, e não segundo o desejo do coração do ser humano. As coisas devem estar onde Deus quer que elas estejam.

I. A MASCULINIDADE BÍBLICA

1. A criação divina do ser humano

O ser humano é considerado a coroa da Criação. Enquanto os demais seres foram criados tão somente pela palavra do Senhor, o homem foi objeto de cuidado especial, tendo Deus deixado bem claro que o ser humano seria um ser diferente, pois seria feito à imagem e semelhança de Deus e que, além disso, seria constituído como superior em relação aos demais. Nenhuma teoria da evolução humana do reino animal, qualquer que seja a sua versão, é compatível com essa declaração bíblica. Está escrito em Gênesis 1:26-28: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”. Veja que, ao criar o ser humano, Deus o definiu pelo sexo: “macho e fêmea”, homem e mulher. Essa diferenciação visa ao complemento mútuo na união conjugal e ao desempenho dos papéis divinamente designados a cada um.

Nenhuma outra criatura foi feita como o ser humano. Os peixes, as aves e todos os outros animais foram produzidos “segundo a sua espécie” (Gn.1:21,24,25), mas ao criar o ser humano, Deus o fez olhando para si mesmo, isto é, olhando a sua própria imagem e semelhança (Gn.1:26). Portanto, a expressão “imagem de Deus” é usada unicamente com referência aos seres humanos e, assim, os separa das demais criaturas. Enquanto as demais criaturas são criadas segundo as suas espécies (Gn1:21,24,25), o ser humano é feito à imagem de Deus. Segundo o teólogo James Montgomery Boice, a expressão “à imagem de Deus” significa que o homem tem personalidade (conhecimento, sentimento e vontade), moralidade (liberdade e responsabilidade) e espiritualidade (feito para ter comunhão com Deus).

O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus no sentido espiritual, porém, após o pecado de Adão, o pecado manchou esta imagem divina no homem, e com isto alguns traços da imagem de Deus no homem foram perdendo o valor; isto é melhor compreendido ao ver o pecado crescendo, e os valores morais perdendo o valor, e ver que o homem após o pecado tem uma facilidade muito grande de não cumprir suas palavras, de desrespeitar o próximo, e desobedecer ao seu Criador

Será que os homens de nossos dias ainda são a imagem e semelhança de Deus? A resposta é não, pois somente a obra expiatória de Cristo poderá recuperar a imagem de Deus no homem, mediante o arrependimento dos pecados; quando o homem recebe o amor de Cristo, o Apostolo São Paulo afirma que o homem passa a ser uma nova criatura(2Co.5:17). A palavra nova criatura quer dizer que a primeira criação já não mais existe, a imagem do pecado que restou de Adão deixa de existir, e assim em Cristo o homem passa a ser novamente a imagem de Deus, pois tudo se faz novo.

2. Características da masculinidade

Várias são as características da função do homem na história, segundo a sua constituição biológica, reveladas nas Escrituras Sagradas; dentre elas se destacam o homem como protetor e provedor. Ao criar o homem, Deus lhe confiou duas tarefas primárias e essenciais: cultivar e guardar – “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn.2:15). O trabalho é dom de Deus, e não castigo pelo pecado; na verdade, é uma ordenança divina antes e depois da Queda.

Os verbos “cultivar” e “guardar” abrangem todo tipo de atividade humana; no Eden, devia cultivar o jardim, como um agricultor, e guardar o jardim, como um vigilante. O pr. Douglas Baptista afirma que estes “dois termos resumem o mandado divino para o comportamento masculino. Significa que as funções de provedor e protetor são próprias da natureza do homem”. Na verdade, o homem é apenas um Mordomo ou administrador das coisas criadas por Deus, dentre elas está a família, que deve ser feita de forma inteligente, racional e sábia.

Quanto ao exercício da Mordomia da Família, pelo casamento, o homem, no uso de seu papel de protetor e provedor, deve proteger sua família, bem como prover-lhes uma vida digna (Ef.5:28-30). Ele deve assumir diante de Deus vários deveres. Cito apenas quatro:

a) O dever de prover as necessidades materiais. No exercício da Mordomia da família, é um dever do homem prover as necessidades materiais para sua família. Foi ao homem que Deus disse: “No suor do teu rosto comerás o teu pão...” (Gn.3:19). O homem é o responsável pelo sustento material da família, mas isto não significa que a mulher não possa auxiliar nessa tarefa. Nada impede que uma mulher se desenvolva, que estude e que se forme, que trabalhe para ajudar a família, e que faça a Obra do Senhor, desde que estas atitudes não desfigurem o propósito de Deus de dar ao homem uma “adjutora” - para que o homem não estivesse só. “Adjutora” é uma auxiliadora, é alguém que Deus colocou junto do homem para ajudá-lo.

b) O dever de prover as necessidades afetivas. Biblicamente, o casamento deve ter como pilar principal o amor; do contrário, não haverá como suprir as necessidades afetivas do cônjuge. A “masculinidade bíblica” enaltece o amor e o cuidado em relação à mulher e que “o machismo” a inferioriza e a desonra. Nesse aspecto, a Bíblia ensina ao homem a honrar a mulher com toda a dignidade (1Pd.3:7).

O homem fiel e virtuoso tem o dever de amar sua esposa, de suprir suas necessidades afetivas; é o que a Palavra de Deus ensina: “Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela. Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo” (Ef.5:25,28). Foi o próprio Adão quem declarou: “...esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne...”. Nesta declaração está implícito o seu reconhecimento de que a mulher não é um simples objeto, mas que é uma pessoa semelhante a ele - uma pessoa com sentimentos, com emoções, com vontade própria; uma pessoa capaz de amar e com necessidade de ser amada. Portanto, suprir as necessidades afetivas do cônjuge é uma obrigação no exercício da Mordomia da Família.

c) O dever de prover as necessidades sexuais. No casamento, suprir a esposa com bens materiais como, por exemplo, casa, carro, roupas, alimento, dinheiro, não é o bastante; ela necessita também de afeto e de sexo. Isso deve ser aplicado, também, ao marido. Foi o que Paulo ensinou com outas palavras: “O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência” (1Co.7:3-5).

d) O dever de proteger a família. Deus formou o homem e lhe incumbiu de liderar e proteger sua esposa e família. Porém, nestes tempos pós-modernos em que há uma desconstrução da masculinidade bíblica, o homem não tem cumprido este papel essencial. A Bíblia diz que a mulher, por ser mais frágil do que o homem, deve ser protegida e honrada por ele - Da mesma forma, vocês, maridos, honrem sua esposa. Sejam compreensivos no convívio com ela, pois, ainda que seja mais frágil que vocês, ela é igualmente participante da dádiva de nova vida concedida por Deus. Tratem-na de maneira correta, para que nada atrapalhe suas orações” (1Pd.3:7). Esta talvez tenha sido a segunda mensagem que Deus quis transmitir quando formou a mulher de uma costela do homem (Gn.2:21,22). A costela foi tirada de sob o braço do homem; braço, na Bíblia, é símbolo de força, de proteção – isto significa a necessidade de a mulher ser protegida, como vaso mais fraco. Assim, o homem precisa transmitir confiança e segurança para que sua mulher possa viver tranquila ao seu lado. Se o homem não for a “cabeça” (Ef.5:23), não haverá segurança no seu lar e ele estará falhando como Mordomo da Família.

3. A liderança masculina

Uma das maneiras de o homem refletir a imagem de Deus é pela liderança. Depois que Deus disse: “façamos o homem à nossa imagem”, Ele acrescentou: “Tenha domínio...”. Deus ordenou que tanto o homem quanto a mulher tivessem domínio (Gn.1:27). Tanto o homem quanto a mulher receberam a habilidade e a autoridade de liderar, respeitando o espaço de cada um estabelecido por Deus. Não receberam ordem de governar um ao outro, mas de governar as criaturas da terra (Gn.1:28). Mas a História mostra como homens e mulheres perverteram os seus papéis recebidos de Deus, tentando governar um ao outro. Todos nós devemos servir uns aos outros nas áreas de nossos talentos e do propósito (Gn.1:29,30). Deus criou todas as coisas para um propósito. Nosso propósito geral é liderar, mas cada um de nós deve perguntar a Deus: “qual é o meu propósito específico?”. A liderança de cada pessoa é mais bem exercida na área do seu talento (Gn.1:31). Quando descobrimos os nossos talentos, naturalmente lideramos naquelas áreas onde somos mais produtivos, intuitivos, sentimo-nos mais confortáveis, exercemos mais influência e nos sentimos mais satisfeitos.

Com relação à Liderança na Família, Deus reservou ao homem a liderança do lar. Na Bíblia, Deus é a cabeça de Cristo; Cristo é a cabeça do homem; e o homem é a cabeça da família (1Co.11:3). O movimento feminista, de viés neomarxista, considera esse modelo um sistema machista opressor para com a mulher. Ao contrário dessa falácia, o apóstolo Paulo revela que o homem deve liderar a sua casa do mesmo modo que Cristo lidera a Igreja. Ao detalhar o papel do marido, Paulo escreveu: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a Igreja” (Ef.5:25-29).

No Lar, o marido nunca deve usar sua liderança para sufocar a esposa nem para impedi-la de se expressar. O conceito de autoridade nas Escrituras não tem que ver com poder, domínio e opressão. A liderança do marido não é uma permissão para agir com autoritarismo, mas uma oportunidade para servir com amor. A ênfase de Paulo não está na autoridade do marido, mas em seu amor (Ef.5:25,28,33). O marido deve amar sua mulher como ao próprio corpo. O amor de Cristo pela Igreja foi proposital, sacrificial, santificador, altruísta, abnegado e perseverante. O amor não é egoísta, mas devotado à pessoa amada. O amor visa o bem da pessoa amada. O amor busca a perfeição da pessoa amada. O amor visa a felicidade plena com a pessoa amada.

Enfim, contrariamente ao que muitos ensinam, a liderança no Lar não se dá debaixo de poder e controle. Paulo pede para que as pessoas tenham uma mútua submissão (Ef.5:21) e pede aos maridos para que sejam imitadores de Cristo (Ef.5:23-25). E como Cristo conduz sua Igreja? Ele forneceu recursos, ensinou, chorou, curou e se sacrificou por sua Igreja, morrendo na cruz. Uma liderança espiritual significa em assumir responsabilidades para manter saudáveis os relacionamentos e para poder desenvolvê-los.

II. A EROSÃO DA MASCULINIDADE

1. Apologia à homossexualidade

A Bíblia condena de forma contundente a prática homossexual (cf. Levítico 18:22 e 20:13; Romanos 1:26-27; 1Coríntios 6:9). Portanto, a apologia à homossexualidade e qualquer teologia como, por exemplo, a “teologia de gênero”, que dê amparo e normalize tal atitude deve ser refutado pela Igreja de Cristo.

Nestes tempos pós-modernos, a “ideologia de gênero” faz contínuas investidas de legitimação da homossexualidade. Defende que a sexualidade de uma pessoa não é determinada pelo seu componente biológico e genético, mas sim pelo modo como ela se considera a si mesma. Defende que o ser humano nasce sem sexualidade psicológica definida. A diferenciação sexual do corpo seria apenas um acidente anatômico que “convencionalmente” é apresentado como masculino ou feminino. Ou seja, nossa “suposta” identidade sexual é, para tal teoria, uma mera imposição do ambiente em que fomos educados. Essa concepção invalida a criação divina da raça humana como ser binário “masculino” e “feminino” (Gn.1:27).

A ideologia de gênero afirma ainda que as diferenças entre homem e mulher, além das evidentes implicações anatômicas não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos de uma cultura, de um país ou de uma época. Ensina que não existem diferenças biológicas entre homens e mulheres. Assim sendo, legitima propostas estranhas como o banheiro unissex para meninos e meninas nas escolas e universidades.  Incentiva a sexualidade antinatural (Rm.1:26,27), e isto tem causada uma crise gritante no comportamento masculino no tempo presente (1Co.6:10).

Dentro do conteúdo doutrinário da ideologia de gênero é forte o argumento que os dois sexos – masculino e feminino – são considerados construções culturais e sociais, de modo que, embora existindo um sexo biológico, cada pessoa tem o direito de escolher o seu sexo social (gênero) quando quiser. Seus adeptos e defensores querem ensinar às crianças que elas, socialmente falando, não são homens ou mulheres, mas podem escolher qualquer opção sexual que quiserem. Para esses defensores, quando a criança nasce ela não deve ser considerada do sexo masculino ou feminino, mas somente uma pessoa do gênero humano, que depois fará a escolha do seu próprio sexo. Só que este ato contraria não somente a realidade biológica, mas, sobretudo, a Lei divina. Ninguém nasce homem ou mulher por mero acaso, mas em virtude dos inescrutáveis desígnios da divina providência (Salmos 139:14-16; Jr.1:5).

A Ideologia de Gênero é diabólica, por isso, jamais pode ser aceita como algo normal e necessário. Dentro de nós há uma identidade e, com ela, o plano criador de Deus, que não pode ser alterado por nenhuma ideologia.

2. Responsabilidade negligenciada

Em virtude do processo de desconstrução da masculinidade nestes tempos pós-modernos, o modelo bíblico estabelecido ao homem como provedor e protetor tem sido negligenciado e até mesmo abandonado. Historicamente, a sociedade tendia a atribuir aos homens o papel de provedores financeiros, enquanto as mulheres eram responsáveis pelo cuidado dos filhos e das tarefas domésticas. No entanto, nas últimas décadas, houve uma mudança gradual em direção à desconstrução desses papéis costumeiros e tradicionais.

Uma coisa positiva há nesta nova cultura de responsabilidade, é que hoje em dia, muitos casais compartilham as responsabilidades financeiras e domésticas de forma igualitária. As mulheres estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e alcançando posições de destaque em diversas áreas. Ao mesmo tempo, muitos homens estão buscando um envolvimento mais ativo nas tarefas domésticas e no cuidado dos filhos.

Essa mudança reflete uma compreensão crescente de que a responsabilidade de sustentar a família e cuidar do lar não deve ser exclusivamente atribuída aos homens. Os casais estão encontrando maneiras de equilibrar as demandas profissionais e pessoais, dividindo as tarefas de acordo com as habilidades, preferências e circunstâncias individuais de cada membro do casal. Este novo modelo é muito bom! Dar à mulher a oportunidade de compartilhar o provimento do lar, antes exclusivo do homem; é altamente benéfico e revolucionário para a família.

No entanto, isto trouxe uma mudança enorme no comportamento do caráter do homem no que tange à sua responsabilidade como provedor, e afetou sobremodo a sua liderança no lar. Um homem ficou mais descuidado, relaxado! Isto tem induzido ao argumento de que ele não é mais o responsável absoluto pela proteção e sustento do lar. Como bem diz o pr. Douglas Baptista, “a identidade masculina, que deveria estar associada à virilidade, à capacidade de prover e proteger a família, é substituída por indivíduos de duplo ânimo, vacilantes e inconsequentes (Tg.1:8). Uma parcela é incapaz de sustentar a sua própria casa, não pelo desemprego, mas pela aversão ao trabalho (Pv.21:25). Os efeitos desse comportamento resultam em inúmeros casos de desajustes familiares e divórcio”.

3. Crise de liderança

As mudanças sociais, culturais e econômicas têm afetado a noção tradicional de masculinidade e, consequentemente, gerado desafios para alguns homens em relação ao exercício da liderança. A evolução dos papéis de gênero e a luta por igualdade têm desafiado as antigas noções de poder e dominação associadas à masculinidade. Hoje, a liderança não é exclusivamente uma qualidade masculina. Agora, tanto homens quanto mulheres têm habilidades e potencial para exercer liderança em diferentes contextos e situações. Isto tem estimulado a irresponsabilidade masculina no seu dever de marido, pai, provedor, provedor e líder.

Além disso, mudanças no mercado de trabalho, como a automação e a globalização, têm impactado a estrutura tradicional do emprego, levando a uma maior precariedade e incerteza nas carreiras profissionais. Isso tem afetado a autoestima e a confiança de alguns homens em sua capacidade de exercer liderança ou prover sustento para suas famílias.

Com relação ao aspecto eclesiástico, estamos realmente vivendo uma crise de liderança. Hoje, há uma grande carência de líderes com o coração na obra de Deus, líderes que tenham verdadeiro desejo de servir a Cristo e honrá-lo através de suas vidas, líderes que possuam um claro compromisso com o senhorio e com a pureza da sã doutrina. São poucos os líderes que desejam pagar o preço da liderança, pois liderança é trabalho, é preocupação, é exaustão, é responsabilidade.

Como na época do profeta Ezequiel, Deus está à procura de líderes - “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ez.22:30). Nessa época havia uma grave crise de liderança. Jerusalém estava imersa na corrupção, fraudes, mentiras, opressão, extorsão, imoralidade, injustiça e violência (Ez.22:2-13). E Deus buscou um líder segundo o seu coração para reverter essa situação crítica (Ez.22:30). Estamos, hoje, vivendo essa síndrome da época de Ezequiel, e Deus busca esse tipo de homem na atualidade para suprir a carência de liderança no meio do povo de Deus.

III. BOAZ: SÍMBOLO BÍBLICO DE MASCULINIDADE

1. Modelo de generosidade

A Bíblia apresenta um homem por nome Boaz, que viveu no período de juízes, como símbolo de masculinidade. Ele foi um homem íntegro, respeitoso, líder exemplar e um modelo de generosidade a ser seguido; seu nome significa “nele há força”. Era um homem influente e grande fazendeiro. Ele era parente de Elimeleque, o falecido esposo de Noemi (Rt.2:1).

Quando a fome chegou a Belém, Elimeleque, Noemi e seus dois filhos, Malom e Quiliom, fugiram para Moabe. O dilema é que Moabe não era um lugar seguro para a família de Elimeleque; ao contrário, era um lugar de sofrimento, doença, pobreza e morte. Eles saíram movidos pela visão humana, e não guiados pela fé. Como Ló, buscaram segurança, e não a vontade de Deus; buscaram novos horizontes, e não a direção do céu. As alternativas do mundo podem nos jogar na cova da morte. Quando a crise chega, quando há falta de pão na Casa do Pão, a solução não é abandonar a Igreja, buscar novos rumos, novas teologias, novas experiências e novos modismos. Não. Nessas horas, o que a Igreja precisa fazer é se humilhar diante de Deus; o que ela precisa é buscar o Pão Vivo do Céu, Jesus.

Elimeleque e seus filhos morreram em Moabe. Eles perderam a vida buscando a sobrevivência; eles encontraram a morte, em vez de segurança; eles encontraram a sepultura, em vez de um lar; eles, no afã de evitarem a fome em Belém, encontraram a morte em Moabe. Onde eles pensaram que preservaria a vida, a perderam. Só escapou Noemi, e ela teve que voltar a Belém com a sua nora Rute, que era moabita (Rt.1:16-19,22), e que também ficou viúva.

Noemi voltou para Belém e lá, ela e Rute, encontraram pão, abrigo e proteção. Rute saiu de Moabe, lugar de morte, e encontrou a vida e um futuro glorioso em Belém. Mas, no início, as coisas foram difíceis. O recomeço sempre é um desafio a enfrentar. Para elas sobreviverem, Rute precisou trabalhar no campo de Boaz (Rt.2:3,5,6), que a tratou com generosidade (Rt.2:11,12), com ternura (Rt.2:8), a protegeu para não ser molestada (Rt.2:9), a alimentou (Rt.2:14) e ordenou que fosse favorecida na colheita (Rt.2:15,16). O que para Rute foi uma mera coincidência em um conjunto de circunstâncias não planejadas, foi parte do cuidado gracioso de Deus.

Boaz sabia tudo sobre Rute antes de ela encontrar-se com ele (Rt.2:11). Ele serviu Rute graciosamente, e toda as suas necessidades foram supridas (Rt.2:14). Ele garantiu a Rute proteção para o presente e prosperidade para o futuro (Rt.2:15,16). Não foi a sorte que conduziu Rute aos campos de Boaz, mas uma agenda traçada no Céu. A agenda de Deus prevalece sobre os planos humanos. Por trás dos aparentes acasos dos encontros comuns do dia-a-dia, Deus expressa o Seu cuidado e a Sua determinação providencial. Os passos de Rute foram guiados pelo Senhor.

A dramática história dessas duas viúvas pobres é transformada em apenas um dia. Um fato novo surgiu, e a página da dor foi virada para sempre. Deus está com as rédeas da História em Suas mãos e Ele pode intervir na nossa vida e transformar tragédias em triunfo. Em apenas um dia, todo um passado de dor pode se converter num lindo episódio de graça e amor.

2. Modelo de responsabilidade

Noemi preparou Rute para se aproximar de Boaz para ser seu parente remidor. Então, instruída pela sogra, Rute foi à eira durante a noite, a fim de persuadir Boaz a se tornar o parente remidor. Pela lei, uma viúva sem filhos só poderia ser resgatada pelo casamento com um parente próximo do falecido (Dt.25:5,6; Rt.4:9,10). O parente resgatador era o único que podia resgatar, mas não tinha a obrigação de fazê-lo. Boaz consentiu com a proposta de Rute, e enviou-a de volta para casa com um presente de seis medidas de cevada.

Boaz prontificou-se resgatar a propriedade de Noemi e casar-se com Rute, mas ele estava ciente de que o direito era de um parente mais próximo que ele (Rt.3:12,13), e esse parente deveria declinar de seu direito para que Boaz pudesse se casar com Rute. Assim, movido pelo senso de responsabilidade, liderança e honra, Boaz levou o caso aos anciãos (Rt.4:1,2). Então, na presença de dez anciãos da cidade, foi oferecido ao parente mais próximo de Noemi a oportunidade de redimir o terreno que pertencia a Elimeleque – o falecido patriarca da família – e se casar com Rute (Rt.4:4,5). Mas esse parente desistiu de seu direito, o que possibilitou Boaz, voluntariamente, assumir o seu lugar e seguir o costume do casamento levirato (Dt.25:5-10; Rt.4:6,9,10).

Ao adquirir a propriedade e tomar Rute por mulher, Boaz tornou-se o provedor e protetor daquela família (Rt.4:13-16). Ele cumpriu os requisitos legais de casar-se com Rute e suscitou descendência à família de Elimeleque. Desta união conjugal nasceu uma criança por nome Obede, que significa “servo”. Com o nascimento de Obede, a amargura de Noemi foi amenizada e seus descendentes incluem Davi, o rei de Israel, e Jesus, o Rei dos reis (Rt.4:22; Mt.1:5,6,16). Desta forma, Rute entrou tanto na linhagem real quanto na linhagem de Jesus (Rt.4:22, Mt.1:5,6,16).

Por ter sido o remidor, Boaz é considerado um tipo de Cristo, o Redentor. Rute, por sua vez, é um tipo da Igreja, a redimida (Rt.4:8,10). O Filho de Deus é o Redentor não apenas de uma família pobre, mas de todos os pecadores que confiam na Sua graça. Ele é o rico Remidor que se fez pobre para nos fazer ricos e herdeiros das Suas insondáveis riquezas (2Co.8:9). Cristo nos remiu, pagou a nossa dívida e nos comprou para Ele. Agora somos Sua propriedade exclusiva. Pertencemos a Ele, e Ele, a nós. Sua provisão nos pertence. Suas riquezas são nossa herança.

Boaz, portanto, é símbolo de masculinidade enquanto marido, pai e líder exemplar. E não somente isto; ele também apresenta outras qualidades especiais que merecem destaques aqui (adaptado do Livro “Rute”, do pr. Hernandes Dias Lopes):

a) Boaz foi um homem que ofereceu graça (Rt.2:8,10). Quando Rute saiu naquela manhã para respigar nos campos, estava procurando alguém que lhe mostrasse graça (Rt.2:2,10,13). A graça é o favor concedido a alguém que não o merece e que não tem como obtê-lo por seu esforço. Como mulher, viúva pobre e estrangeira, Rute não poderia reivindicar coisa alguma a quem quer que fosse. O canal dessa graça foi Boaz. Graça significa que Deus dá o primeiro passo a fim de nos socorrer, não porque mereçamos, mas porque Ele nos ama e nos quer para si.

b) Boaz foi um homem que ofereceu provisão (Rt.2:9). Ele não apenas permitiu que Rute colhesse em seu campo, mas ofereceu a ela a mesma provisão dada aos trabalhadores. Ela passou a ter liberdade de beber da sua água e desfrutar a companhia das suas servas. Jesus partilhou conosco as riquezas de Sua misericórdia e do Seu amor (Ef.2:4), as riquezas da Sua graça (cf. com Ef.2:7), as riquezas da Sua sabedoria e de seu conhecimento (cf. com Rm.11:33), as riquezas da Sua glória (cf. com Fp.4:19) e, além de tudo isso, Suas insondáveis riquezas (cf. com Ef.3:8). Nós, "estrangeiros" indignos, somos membros da família de Deus e temos toda a Sua herança à nossa disposição.

c) Boaz foi um homem que ofereceu proteção (Rt.2:9). Boaz tomou medidas para proteger Rute de abordagens constrangedoras e inconvenientes dos segadores. Ela estava sob seus cuidados e proteção. Ninguém podia tocar em Rute. Assim, também, Deus é o nosso protetor. Ele é o nosso escudo e o nosso Defensor. Somos a menina-dos-olhos de Deus, Sua propriedade exclusiva. Ele nos cerca por todos os lados e nos protege de todo o mal.

d) Boaz foi um homem que ofereceu consolação (Rt.2:13). Rute reconheceu o tratamento amoroso de Boaz. Ele demonstrou graça a ela, dando-lhe conforto e falando-lhe ao coração. Rute não tinha necessidade apenas de pão, mas também de significado. Na verdade, ela estava mais carente de consolo do que de alimento. E Boaz abriu-lhe não apenas as portas da provisão, mas, sobretudo, os celeiros do seu coração e a abundância do seu amor.

e) Boaz foi um homem que ofereceu comunhão (Rt.2:14). Rute foi convidada para assentar-se à mesa com Boaz, para comer pão com ele. Isso é um gesto de profunda intimidade e comunhão. Assentar-se à mesa e comer pão é uma expressão de amizade, intimidade e comunhão. Foi esse o gesto que marcou a celebração da Ceia do Senhor no cenáculo com Seus discípulos. Hoje temos livre acesso à presença do Pai por meio de Jesus. O véu do templo foi rasgado, e podemos, então, entrar na sala do trono pelo novo e vivo caminho. Agora, temos plena comunhão com aquele que nos amou e se entregou por nós.

f) Boaz foi um homem que transcendeu em atos de bondade (Rt.2:15.16). Ele não somente ofereceu a Rute seu campo, sua proteção, sua provisão, sua companhia, sua consolação, mas também deu ordens a seus trabalhadores que deixassem porções especiais para Rute recolher. Ele foi além do esperado, além do exigido pela lei. Boaz foi um homem que excedeu em sua generosidade. Assim também Deus nos trata. Ele é o Deus de toda a graça, de roda a consolação. Suas bênçãos são incontáveis, Seu amor incomensurável, Suas misericórdias não têm fim.

CONCLUSÃO

Vimos nesta Lição que a masculinidade bíblica é um conjunto de atributos e funções inerentes ao homem; ela provém da criação divina e que suas características passam pela provisão e proteção da família. Mas, infelizmente, esta masculinidade tem sofrido erosão, e isto tem a ver com a expansão do ativismo feminista, da ideologia de gênero e com a negligência da responsabilidade masculina. O mundo hoje, em todas as camadas sociais, carece de lideranças masculinas conforme Deus estabeleceu no princípio; carece de homem como Boaz, que apresentava uma imagem de masculinidade responsável e equilibrada enquanto provedor, marido, pai e líder. Portanto, a masculinidade bíblica exige o autocontrole e firmeza de caráter no encargo de suas tarefas. Nesse aspecto, a sociedade, a família e a igreja esperam por homens que honrem a sua masculinidade e exerçam o papel que Deus os vocacionou a desempenharem.

A DESSACRALIZAÇÃO DA VIDA NO VENTRE MATERNO

 

Texto Base: Lucas 1:26-33,39-45

“E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc.1:31).

LUCAS 1:

26.E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 

27.a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 

28.E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. 

29.E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta. 

30.Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus, 

31.E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. 

32.Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, 

33.e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim. 

39.E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, 

40.e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. 

41.E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo, 

42.e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre! 

43.E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? 

44.Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. 

45.Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas!

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Lição sobre a Dessacralização da Vida no Ventre Materno. De acordo com Genesis 2:7, Deus formou o homem a partir do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, fazendo com que o homem se tornasse alma vivente. Essa passagem enfatiza que Deus é o criador e o doador da vida, conferindo à humanidade uma existência única e especial. Através desse ato de criação, Deus demonstra seu poder e autoridade como o autor da vida, tendo ela, conforme está escrito no Salmos 139:13-16, o seu divino valor desde a concepção no ventre materno. Logo, toda ideologia que tem a intenção malévola de dessacralizar a vida e fazer apologia à cultura de morte, inclusive de criatura ainda em formação no ventre materno, afronta a soberania de Deus que a criou e desqualifica a autoridade das Escrituras Sagradas, que a valoriza por ser obra prima do Criador. Somente Deus, que é o autor da vida, tem o direito soberano de tirá-la (1Sm.2:6). Somente Deus tem a autoridade absoluta sobre todas as coisas, incluindo a existência humana e o destino após a morte.

I. A CONCEPÇÃO DE CRISTO

1. O anúncio do nascimento

O anúncio da encarnação e nascimento de Jesus Cristo foi o mais maravilhoso que já ocorreu neste mundo. O mesmo anjo Gabriel que há seis meses visitara Zacarias na Judeia, agora é enviado por Deus a Maria, em Nazaré, na Galileia, para comunicar o evento mais auspicioso e esperado da história: o nascimento do Messias, o Salvador do mundo. Gabriel só aparece na Bíblia em Lucas, capítulo 1, e em Daniel 8:16 e 9:21. Este ser angelical faz a seguinte revelação a Maria: “em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc.1:31). Diante do inusitado, Maria indaga: “como se fará isso, visto que não conheço varão?” (Lc.1:34). A pergunta demonstra a perplexidade da virgem de como se daria a concepção sem a participação de um homem.

A concepção virginal de Jesus é um dos maiores milagres das Escrituras, pois, segundo os estudiosos entendidos no assunto, se fosse possível criar um feto usando apenas o óvulo de uma mulher, essa criança seria do sexo feminino, e não do sexo masculino. Apenas um homem pode dar o cromossomo que, junto com o da mulher, torna possível o nascimento de uma criança do sexo masculino. Este cromossomo, com os outros que formaram a pessoa teantrópica de Jesus (totalmente Deus e totalmente homem), foi dado pelo Espírito Santo. No plano de Deus, a virgem Maria estava destinada a ser a mãe do Cristo, o Messias e Salvador. Maria aceitou sem nenhuma restrição o convite de Deus feito por intermédio do anjo. Ela respondeu com firmeza, se colocando na posição de serva e se submetendo a todas as dificuldades que ela teria que superar.

Maria foi agraciada em ser escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo, o Messias prometido; todavia, ela estava na mesma condição de qualquer outro ser humano: separada de Deus; portanto, como qualquer ser humano, totalmente dependente do ato salvífico de Cristo na cruz. Paulo afirma em Romanos 3:10 que: “[…] Não há um justo, nem um sequer”. Este texto ratifica a dependência humana da salvação por meio de Cristo, incluindo Maria.

O ventre que guardaria o maior de todos os tesouros não era o de uma princesa, mas de uma virgem comprometida a casar-se com um carpinteiro da aldeia de Nazaré, um pequeno vilarejo da Galileia, considerado por alguns com desdém (João 1:46). Nazaré era tão obscura que, dentre as 56 cidades da Galileia, nunca é mencionada no Antigo Testamento nem na lista de Flavo Josefo. Nazaré tampouco é mencionada no Talmude que lista 63 cidades.

Mateus diz que Jesus seria chamado de Nazareno (Mt.2:23). Certamente, Mateus pensou em Isaias 11:1, que diz: “do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo”. A palavra “renovo ou broto” no hebraico é ”nezér”. Jesus é chamado por Isaías de “nezér”. Por causa do seu local de residência, Nazaré, Jesus é designado Nazareno (Mt.2:23; Mc.1:24). Sobre a cruz de Jesus foi escrito: “Jesus Nazareno, o rei dos judeus”. Para os cristãos, esse título significa que Jesus como Nazareno é o “broto” de Jessé, sobre o qual Isaias falou. Assim, Mateus vê a mão coordenadora e diretiva de Deus na circunstância de que, no Antigo Testamento, o Messias é chamado de “nezér” e no Novo Testamento, de Nazareno.

2. A miraculosa concepção

A concepção virginal de Jesus foi obra sobrenatural do Espírito Santo (Lc.1:35), e não resultado de uma relação entre José e Maria. Foi no interregno do noivado à consumação do casamento que o anjo Gabriel visitou Maria em Nazaré. Nessa ocasião, Maria foi comunicada de que seria a mãe do Salvador, de que desceria sobre ela a sombra do Altíssimo e de que, pela ação soberana do Espírito Santo, ela conceberia e daria à luz o Filho de Deus. Seu corpo foi preparado para Ele pelo Espírito Santo (Hb.10:5).

Existem algumas alegações errôneas e não bíblicas de que a concepção virginal de Cristo foi baseada no relato de mitos pagãos; todavia, Mateus afirma que Maria simplesmente “achou-se grávida pelo poder do Espírito Santo” (Mt.1:18-NVI). O anjo Gabriel explicou a Maria que a concepção seria singular e miraculosa: “descerá sobre ti o Espírito Santo” (Lc.1:35a) e, por isso, declarou que o menino, “o Santo, [...] será chamado Filho de Deus” (Lc.1:35b). Para comprovar o plano divino do nascimento virginal, Mateus não recorre à mitologia e sim ao profeta Isaías: “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is.7:14).

Quando se fala de concepção virginal, o que está em questão é a preservação da virgindade de Maria no processo da concepção. Mateus evidencia a origem divina de Jesus por meio da narrativa da concepção sem ação humana e unicamente pela ação divina, independente do casal escolhido para a missão de criar e educar o Messias prometido. Assim, Jesus é apresentado como o Messias divino no qual se cumpriram as profecias do Antigo Testamento. Após o nascimento de Jesus, Maria e José tiveram vários filhos (Mt.13:55).

Negar a concepção virginal de Jesus é negar a sua condição de Salvador, é procurar desacreditar a sua missão de salvação do ser humano. Jesus veio para libertar o povo do pecado e, por isso, não poderia ser formado em pecado.

É interessante observar que a vinda de Jesus por obra e graça do Espírito Santo, em momento algum, pode ser usada como argumento para negar a sua humanidade, porquanto sua concepção virginal teve o propósito de fazê-lo entrar no mundo do mesmo modo que Adão, numa natureza sem pecado, ainda que humana, a fim de que pudesse vencer o mundo e o pecado, e, por conseguinte, garantir a salvação a todo aquele que nele crer(João 3:16).

3. A bênção do nascimento

O nascimento de uma criança é um momento especial e significativo, repleto de emoção e esperança. É um lembrete da maravilha da vida e da responsabilidade de cuidar e orientar essa nova vida. O nascimento conecta gerações passadas e futuras, e nos inspira a construir um futuro melhor. É uma oportunidade de celebrar a vida, nutrir, proteger e guiar a criança em seu crescimento. É uma lembrança da importância da vida e da necessidade de criar um ambiente amoroso e propício. É um evento que merece ser valorizado e celebrado como um presente valioso de Deus (Sl.127:3), uma bênção enviada por Deus.

O nascimento de uma criança é um evento sagrado que carrega consigo uma profunda conexão com a espiritualidade e a fé. Acredita-se que cada criança traz consigo uma missão única e um propósito especial nesta vida. É um lembrete de que a vida é um milagre e de que devemos valorizar e proteger cada nova vida que surge.

O nascimento de uma criança é um lembrete do amor de Deus e da sua presença constante em nossas vidas. É um momento de gratidão e devoção, no qual celebramos a dádiva da vida que nos é concedida. Por isso, dessacralizar a vida no útero de uma mulher é uma afronta ao Criador da vida, que não faz distinção entre embrião e feto, pois aos seus olhos ambos são pessoas completas. O homem, pois, não deve se posicionar como deus e senhor da vida determinando quem deve viver e quem tem de morrer. Esse direito só cabe a Deus, pois a pessoa humana tem início nele e para Ele terá de retornar (Ec.12:7).

Com relação ao nascimento de Jesus Cristo, foi o maior e o mais impactante acontecimento da história; foi a bênção magna para todos os seres humanos; trouxe uma missão e um propósito para toda a humanidade. O nascimento de Jesus foi o cumprimento da promessa de Deus logo após a queda do homem, no afã de restaurá-lo ao status quo da criação (Gn.3:15). Sem esse acontecimento o ser humano estaria perdido para sempre.

É possível perceber como Deus moveu céus e terra para que, na plenitude do tempo, de acordo com Gálatas 4:4, Jesus, o próprio Deus encarnado, nascesse para trazer salvação a toda humanidade: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Portanto, o nascimento de Jesus significou boas-novas de salvação para toda a humanidade. Disse o anjo a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt.1:21).

II. A CULTURA DA MORTE

1. O projeto ideológico

A cultura da morte é um conjunto de ideias que visa modificar o conceito de vida e de família. É vista como uma desconstrução da sacralidade e valorização da vida. É uma visão ou mentalidade que enfatiza o descarte, a desvalorização ou a instrumentalização da vida humana. Essa perspectiva se manifesta de várias formas como, por exemplo, a aceitação ou promoção do aborto, eutanásia, suicídio assistido, genocídio, pena de morte ou outras práticas que desconsideram a dignidade e o valor intrínseco da vida.

Na cultura da morte é estimulada a “eugenia”: o descarte do ser humano com alguma má formação ainda no útero materno; a depreciação da maternidade a fim de que a mulher não deseje ser mãe; a modificação do conceito de saúde reprodutiva para justificar o aborto como medida de saúde feminina. Neste projeto ideológico, o direito à vida no útero é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que por meio do aborto decreta a morte do fruto de seu ventre. Portanto, a cultura da morte visa modificar o conceito bíblico da vida.

Entretanto, o cristão verdadeiro defende a "cultura da vida", o respeito pela vida humana em todas as suas fases e circunstâncias. Somos cônscios de que a vida humana é sagrada e deve ser protegida em todas as suas fases, desde a concepção até a morte natural. A sociedade deve promover uma cultura que valorize e respeite a vida, promova a dignidade e o valor intrínseco de cada pessoa, independentemente de sua idade, saúde ou condição. Isto é bíblico.

2. O direito sobre o corpo

A cultura degradante do pós-modernismo insiste que é direito do ser humano exercer autonomia sobre o próprio corpo. O slogan "meu corpo, minhas regras" é frequentemente utilizado como uma expressão de autonomia individual e defesa dos “direitos” reprodutivos e das escolhas pessoais. Além disso, este slogan pode ser interpretado de forma ampla e aplicado a situações além dos direitos reprodutivos. Em alguns casos, pode ser usado para justificar comportamentos irresponsáveis ou prejudiciais à saúde, ignorando o bem-estar próprio e o impacto na saúde pública. Sob este manto é defendida e promovida a liberdade de práticas sexuais ilícitas, bem como a escolha de vida ou de morte. Também estão amparados neste guarda-chuva de libertinagem os “direitos” à prostituição, ao aborto, à eutanásia, ao suicídio e outros. Qualquer opinião contrária a estas práticas é considerada violação da liberdade humana. Isto é o retrato de uma cultura degradante em oposição ao padrão moral estabelecido por Deus.

É válido ressaltar que as ações de uma pessoa que utilizam este posicionamento de banalização da vida podem afetar não apenas seu próprio corpo, mas também a vida de outros indivíduos. Por exemplo, quando se trata de questões como o aborto, o argumento "meu corpo, minhas regras" ignora a existência de outro ser humano em desenvolvimento, o feto, que também possui direitos e dignidade intrínseca. Esse slogan pode promover uma mentalidade individualista, na qual as consequências sociais e comunitárias são negligenciadas em nome da liberdade pessoal. As ações individuais têm impacto na sociedade como um todo, e é necessário considerar o equilíbrio entre a liberdade individual e a responsabilidade coletiva.

Essa questão de “liberdade humana” não é de agora. Na cidade de Corinto, na época do apóstolo Paulo, defendia-se uma liberdade total, irrestrita e incondicional. Eles estavam transformando a liberdade em libertinagem. No entanto, Paulo exortou aquela igreja da seguinte forma: ”Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. [...] o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo” (1Co.6:12,13). Aquela sociedade não tinha limites. Eles chegaram a aplaudir o pecado de incesto dentre da comunidade que professava o cristianismo ortodoxo, e se jactaram dessa posição permissiva. A lei que regia a vida deles era: “é proibido proibir!”. Eles consideravam todas as coisas indistintamente como lícitas, sem nenhuma restrição. Eles não suportavam restrições, leis ou proibições. Porventura, não é isto que estamos vendo de forma mais intensa nesta cultura pós-moderna?

A filosofia grega não dava nenhum valor ao corpo. O corpo era apenas a prisão da alma. Por isso, os gregos pensavam que tudo aquilo que se faz com o corpo não importa. Paulo, porém, rechaça a filosofia grega e diz que Deus criou o corpo. O corpo é tão importante para Deus que Ele vai ressuscitá-lo. Esse corpo tem uma origem maravilhosa, pois Deus o criou e terá um fim glorioso, pois Deus o ressuscitará. Por conseguinte, o corpo não pode ser usado para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo (1Co.6:13). Ele deve ser usado para a glória de Deus.

Paulo diz também que Jesus Cristo comprou e remiu o nosso corpo (1Co.6:15-18). Ele agora não pertence mais a nós, pertence a Jesus Cristo. Os membros do nosso corpo estão ligados a Cristo (1Co.6:15-17); logo, não podemos unir o corpo de Cristo à impureza.

O crente, portanto, nunca deve se espelhar nesta cultura degradante que impera nesta sociedade de hoje, que exige liberdade para praticar tudo aquilo que vem de encontro aos valores absolutos da Palavra de Deus. Somos livres em Cristo visando algo muito mais importante e especial. É valido dizer que, embora o crente não esteja cercado por uma multidão de restrições, há o perigo de que, ao reclamar a sua liberdade cristã, o homem pode colocar-se na escravidão das coisas que pratica. A vida só tem sentido quando está sob o domínio de Cristo, como afirma o apostolo Paulo: “...Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2:19,20).

3. A prática do aborto

O aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto; é o ato de descontinuar a gestação do ser vivo. Um dos desdobramentos da filosofia pós-moderna em nossa sociedade pode ser observado na crescente defesa da legalização do aborto pelos setores intelectuais e culturais. Defensores do direito ao aborto (feticídio) argumentam que a mulher tem autonomia sobre seu próprio corpo e pode fazer escolhas reprodutivas de acordo com suas circunstâncias individuais. Essa visão muitas vezes enfoca os direitos e interesses da mulher, colocando-os acima do direito à vida do feto. No entanto, cada vida humana é valiosa desde a concepção e merece proteção e respeito, pois a vida criada por Deus é sagrada, desde o momento da concepção (Sl.139:13-16) até o último suspiro (Ec.12:7). Não por acaso, há registros na Bíblia de pessoas chamadas por Deus ainda no ventre (Gn.25:20-23; Is.49:1; Lc.1:15,41; Gl.1:15,16). Deus tem um plano e um propósito para cada vida humana, mesmo antes do nascimento (Jr.1:5).

Além disso, a Bíblia frequentemente menciona a ideia de que Deus conhece e forma cada pessoa no ventre materno. Por exemplo, o Salmo 139:13-16 diz: "Pois tu formaste o meu interior; tu me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra". Essa passagem enfatiza a intencionalidade e a criação divina de cada ser humano.

Outro argumento bíblico é baseado no mandamento "não matarás" (Êxodo 20:13). Este mandamento proibi, enfaticamente, tirar a vida do ser humano, incluindo feto em desenvolvimento. Isto enfatiza a sacralidade da vida e a responsabilidade de protegê-la.

Além disso, a Bíblia frequentemente menciona a ideia de que Deus conhece e forma cada pessoa no ventre materno. Por exemplo, o Salmo 139:13-16 diz: "Pois tu formaste o meu interior; tu me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Digo isso com convicção. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra". Essa passagem enfatiza a intencionalidade e a criação divina de cada ser humano. Assim, quem mata um embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno.

III. A SACRALIDADE DA VIDA

1. A vida é inviolável

A inviolabilidade da vida é um princípio ético e moral que defende a sacralidade e o valor intrínseco de cada vida humana. Esse princípio sustenta que todas as pessoas têm o direito fundamental à vida, e que ela deve ser protegida em todas as suas formas e valorizada desde o estágio inicial de desenvolvimento até a morte natural. Isso abrange questões como a proibição do homicídio, do feticídio, o respeito à integridade física e mental, e a promoção do bem-estar e da dignidade de todas as pessoas. Deus é o autor e Senhor da vida, por isso ela é considerada um dom sagrado, e cabe aos seres humanos respeitar e proteger esse dom.

Em virtude da inviolabilidade da vida, questões como o aborto, a eutanásia, a pena de morte etc., violam o valor intrínseco da vida humana e devem ser rejeitadas em favor de alternativas que preservem e promovam a vida humana em todas as suas formas, pois ela é um ato criativo de Deus, que é o autor e a fonte originária do fôlego da vida (Gn.2:7; Jó 12:10). Somente Deus tem poder sobre a vida e a morte (1Sm.2:6).

Portanto, o cristão precisa tomar cuidado com o relativismo moral, não fazer concessões e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua consciência e o desrespeito à vida humana (2Co.4:2; 1Tm.4:1,2).

2. O começo da vida

Médicos e cientistas comprovam: a vida humana começa no momento da concepção. O profeta Jeremias afirma que a vida tem início na fecundação (Jr.1:5). O salmista afirma que Deus vê o embrião ainda informe e o ama em todos os processos formativos da vida intrauterina, desde a fecundação até o nascimento e por toda a sua vida (Sl.139:15,16).

Deus, pessoalmente, zela pela criancinha desde o momento da sua concepção e estabelece um plano para a vida dela. Por esta razão, Deus ver o aborto de um nascituro como homicídio. De acordo com Êxodo 21:22,23), o nascituro é considerado um ser humano, e provocar a morte desse feto é considerado assassinato. Na época da Lei mosaica, se isto ocorresse, o transgressor seria réu de homicídio e teria que pagar com a própria vida (Ex.21:23).

Em Salmos 139:15,16, o salmista volta ao tempo em que seu corpo estava sendo formado no ventre materno. Observe como ele usa a primeira pessoa do singular para se referir ao embrião ou feto – “Tu me observavas quando eu estava sendo formado em segredo, enquanto eu era tecido na escuridão. Tu me viste quando eu ainda estava no ventre...”. De acordo com a visão bíblica, a vida começa quando ocorre a união do gameta masculino ao feminino, e a personalidade humana existe antes do nascimento; por isso, o aborto, exceto em casos de necessidade médica extrema, é homicídio. Portanto, o embrião é um ser humano, que possui identidade própria, e o seu nascimento não pode ser interrompido por vontade, desejos ou caprichos humanos.

3. A posição cristã

A posição cristã é a mesma da Bíblia: a vida é inviolável desde a sua concepção. É um princípio ético e moral que enfatiza o valor intrínseco e sagrado de cada vida humana. Cada vida humana é valiosa desde a concepção e merece proteção e respeito. Cada feto é um ser humano em desenvolvimento, com potencial para se tornar uma pessoa com direitos e dignidade. Portanto, todas as pessoas têm o direito fundamental à vida e que ela deve ser protegida e valorizada desde o seu início até o seu fim natural. Só Deus tem a autoridade de tirar a vida (1Sm.2:6). Portanto, toda ideologia contrária a isso e que seculariza os princípios bíblicos deve ser combatida (2Tm.3:8).

CONCLUSÃO

A vida humana deve ser respeitada e protegida de manei­ra absoluta a partir do momento da concepção. Portanto, a dessacralização da vida desde o ventre materno deve ser repudiada por todos os cristãos que dizem ser. Desde o pri­meiro momento de sua existência, o ser humano deve ter os seus direitos de pessoa reconhecidos, entre os quais o di­reito inviolável à vida. A valorização da dignidade humana, o direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável são princípios imutáveis do cristianismo bíblico. Acerca do assunto, a Bíblia assegura que Deus é o autor e o detentor da vida humana (Jó 12:10). “Se aceitarmos que uma mãe mate o seu filho no próprio ventre, como podemos dizer às pessoas que não matem umas às outras?” (Madre Tereza de Calcutá)