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O LIVRO DE ÊXODO E O CATIVEIRO DE ISRAEL NO EGITO

Texto: Gn. 50.25 – Ex. 1.1-14



INTRODUÇÃO

Êxodo é o segundo livro do Antigo Testamento, parte dos cinco primeiros livros denominados de Pentateuco (que significa os cinco volumes em grego). Em hebraico, esses livros são conhecidos como Torah (lei ou instrução). É esse livro, cujo significado é “partida”, em alusão à saída do povo de hebreu do Egito, que estudaremos nas próximas lições. No estudo desta semana trataremos de contextualizar esse livro, ressaltando sua autoria, data e estrutura. Ao final destacaremos a pessoa de Cristo, como Aquele que é maior do que Moisés.

AUTORIA, DATA E PROPÓSITO

O autor do livro de Êxodo, escrito entre 1450 e 1410 a. C., é o mesmo que escreveu o Pentateuco. A tradição atribui esses livros à pena de Moisés, ainda que não haja uma referência explicita no texto. Mas é válido destacar que nos tempos de Josué (Js. 8.31-35) Moisés já era reconhecido como seu autor, o que fora confirmado por Jesus (Mc. 12.46). Há evidências internas no livro que apontam para a autoria mosaica, indicando que o autor fora testemunha ocular de alguns fatos (Ex. 2.12; 9.31,32; 15.57). O livro pode ser categorizado como uma narrativa histórica, por tratar a respeito de eventos que se desenvolveram no princípio da história nacional de Israel. Como história, o livro de Êxodo aborda aspectos específicos do povo de Israel, ressaltando a aliança desse povo com Deus. O enfoque principal do livro está no cumprimento das promessas do Senhor em relação a Israel. O contexto é de opressão, pois os filhos de Jacó tinham se multiplicado, incomodado ao novo Faraó, que não tinha mais compromisso com José (Ex. 1.1.-8). A primeira parte do livro trata sobre a revelação de Deus a Abraão de que o povo seria oprimido em uma terra estrangeira por um período de 400 anos, até retornar à terra prometida por Deus (Gn. 15.13-14). A segunda parte do livro mostra a revelação da aliança de Israel com Deus, após o rompimento do pacto (Ex. 19.14; 32-34; 35-40), além de apresentar instruções, através de Moisés, no Monte Sinai (Ex. 20-23; 25-31) para todo povo. O tema principal do Êxodo é mostrar o cumprimento das promessas de Deus aos patriarcas de que ele faria deles uma grande nação. Isso aconteceria apesar da potência egípcia daquele tempo, e até mesmo da incredulidade do povo israelita. Muito embora Moisés seja considerado a figura central do livro de Êxodo, é a providência divina que o conduz ao longo da jornada de fé e coragem. O Deus de Israel é quem dá instruções precisas a esse homem para cumprir Seus desígnios. O livro apresenta a seguinte organização: 1. Opressão dos Hebreus no Egito (Ex. 1.1-11.10); 2. Livramento dos Hebreus do Egito (Ex. 12.1-13.16); 3. Ensinamento a Israel no Caminho do Sinai (Ex. 15.22-19.2); 4. O Pacto de Deus com Israel no Monte Sinai (Ex. 19.3-24.18); e 5. Normas de Adoração a Deus por Israel, no Monte Sinai (Ex. 35.1-40.38). Os versículos-chave se encontram em Ex. 3.7,10, no qual o Senhor responde ao clamor do povo por libertação.

O PAPEL DE MOISÉS NO LIVRO DE ÊXODO

O nome Moisés quer dizer “retirado das águas” (Ex. 2.10), e mais precisamente, em egípcio, “filho” ou “criança”. É reconhecidamente o grande legislador dos hebreus, filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. Moisés nasceu no tempo em que o Faraó do Egito tinha resolvido eliminar todas as crianças do sexo masculino das famílias hebreias (Ex. 2.1-4; 6.20; At. 7.20; Hb. 11.23). Para preservar a vida do seu filho, Joquebede tomou a iniciativa de colocá-lo em um cesto de junco, às margens do Nilo, sendo salvo pela filha de Faraó, que lhe deu o nome de Moisés, educando-o como filho adotivo, sendo este instruído em toda ciência dos egípcios (Ex. 2.5-10; At. 7.21,22). Ainda que Moisés tenha tido um preparo profissional no Egito, sendo levado ao palácio (Ex. 2.10), e frequentado o maiores centos de estudos egípcios (Ex. 3.9,10), fez prevalecer as orientações que recebera da sua mãe, que trabalhara como escrava-ama para cuidar dele, sustentada pela filha do Faraó (At. 7.22). Por isso quando mais velho, Moisés testemunhou um ato de agressão contra um escravo hebreu. Nesse momento, resolveu intervir, identificando-se com aquele homem. Nesse ato, Moisés matou o soldado egípcio que agredia o escravo hebreu, enterrando seu corpo na areia. Mas alguém que testemunhou aquele assassinato o denunciou perante as autoridades egípcias. Para escapar da punição, Moisés fugiu para as terras de Midian, onde se casou com Zípora, filha de Jetro, chefe dos sacerdotes das tribos midianitas, passando a pastorear suas ovelhas (Ex. 2.11-21; At. 7.29). Durante o período em que pastoreava as ovelhas do seu sogro, Moisés, que conhecia o Deus de Israel por ouvir falar, teve um encontro pessoal com Ele, diante de uma sarça ardente (Ex. 3.1-14). Esse encontro modificou radicalmente a vida de Moises, nos primeiros anos de estudo no Egito fora instruído para ser alguém, durante o período em que esteve no deserto, percebeu que não era ninguém, somente depois desse encontro, percebeu que Deus era tudo.

JESUS, MAIOR DO QUE MOISÉS

Nos tempos de Moisés o povo de Israel estava debaixo do jugo opressor dos egípcios, que clamava por um libertador. A condição humana é muito pior, pois as pessoas não estão apenas debaixo da tortura de uma nação, mas do próprio pecado. Por esse motivo, a necessidade premente do ser humano não é de um libertador nacional, mas primordialmente espiritual. Jesus, nesse sentido, é maior do que Moisés (Hb. 3.1-6), pois o centro da nossa confissão de fé está fundamentada nEle. Moisés cumpriu aquilo que lhe dizia respeito em relação à nação israelita, libertando-a do cativeiro egípcio, mas Jesus foi além disso, sendo o Filho de Deus, estabeleceu uma nova aliança. Todos aqueles que estão em Cristo, na atual dispensação, foram firmados em uma promessa eterna (Mt. 10.22; Lc. 8.15; Jo. 8.31; 15.4-6). Nossa confiança deve ser depositada não apenas naquilo que Moisés disse, mas no que fora reafirmado por Jesus, como o Filho enviado pelo Pai (I Ts. 5.24; Jd. 24,25). A esperança do cristão é Cristo (Hb. 3.16), que realizou uma obra salvifíca (Rm. 5.1,2), para todos aqueles que nEle creem (Jo. 3.16). Por meio de Cristo Deus estabeleceu um novo e vivo caminho (Hb. 10.20), firmado sobre Sua palavra (Hb 4.12), portanto, devemos nEle crer, para a vida eterna, caso contrário, seremos conduzidos à morte (Hb. 2.14,15; 3.17). É possível estabelecer uma comparação entre Moisés e Jesus, destacando a superioridade deste em relação àquele. Na verdade, na nova aliança, Jesus se sobrepõe a Moisés, tendo em vista ser Jesus o profeta a respeito do qual falou o próprio Moisés vaticinou (Dt.18.15-18). Isso porque Jesus é a expressão maior do Pai, nEle o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo. 1.1,14,18). Somente Ele poderia dizer que quem O visse estaria vendo o próprio Pai, destacando, assim, a plenitude da Sua revelação (Jo. 14.9; Hb. 1.1,2).

CONCLUSÃO

O estudo do livro do Êxodo nos revelará, nas próximas lições, o valor da liberdade, principalmente em seu aspecto redentor. O bem mais precioso da humanidade é a liberdade, não por acaso existe uma estátua a ela dedicada nos Estados Unidos. Moisés foi o homem usado por Deus para libertar o povo de Israel do cativeiro egípcio. Maior do que ele é Cristo, Aquele que é o Grande Libertador, que tira o homem do pecado, e o conduz à vida eterna (Jo. 8.36). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

TEMA A DEUS EM TODO TEMPO

Textos: Ec. 12.1-13

Ao final desta série de estudos em Provérbios e Eclesiastes voltamos justamente para o local onde começamos: o temor do Senhor. O autor do livro de Provérbios destaca que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). O autor do livro de Eclesiastes conclui que temer a Deus e guardar seus mandamentos é o dever de todo homem (Ec. 12.13). No estudo desta semana reforçaremos esse ensinamento, destacando, a princípio, que temer a Deus não significa ter medo dEle, antes obedecê-lo, em amor.

A juventude é uma etapa na vida de muitas descobertas, muitos rapazes e moças, na busca desenfreada pelo prazer, acabam se distanciado do Criador. Por esse motivo, o autor do Eclesiastes convida os jovens a lembrarem do Criador, justamente nessa fase da vida (Ec. 12.1). Paulo também deu as mesmas instruções ao jovem pastor Timóteo, orientando que esse seguisse a justiça, a fé, o amor e a paz (II Tm. 2.22). As opções para a juventude são as mais diversas, muitos se dedicam exclusivamente para aquilo que traz satisfação, o prazer como um fim em si mesmo. O risco é o hedonismo distanciado de Deus, ou mais propriamente irresponsável, que destrata o ser humano. A juventude está sendo dizimada por causa das drogas, muitos perderam o poder de decidir, se tornaram escravos do pecado (Jo. 8.34). A orientação do sábio é para que os jovens se lembrem do Criador, antes que chegue o tempo da velhice, no qual dirão não encontro nele contentamento. Evidentemente, os velhos têm seu lugar no Reino de Deus, conforme destaca o salmista, muitos ainda dão muitos frutos (Sl. 92.14). O pragmatismo moderno pode incitar a desconsideração aos mais idosos. Mas isso não pode acontecer entre aqueles que servem a Deus. A mensagem do autor do Eclesiastes é uma comparação, entre o vigor da juventude, a busca pelo prazer, e a velhice, uma fase também de canseira e enfado (Sl. 90.10). Diante de tudo, a conclusão final do pregador é: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem” (Ec. 12.13), independentemente da idade.

A vida é uma escola e nela extraímos muitas lições, mas, diferentemente das escolas convencionais, passamos pelo teste primeiro, e tiramos as lições posteriormente. No livro de Eclesiastes, Salomão, em sua idade avançada, repassa instruções para os mais jovens, com base em sua experiência. Esse foi um dos homens mais sábios que já passou pela terra, estudou e investigou a respeito de vários assuntos, escreveu livros como Cantares, Provérbios e Eclesiastes (I Ts. 3.3-28). Ele teve o cuidado de organizar seus ensinamentos, dentro de uma abordagem que em nada deixa a desejar se comparados aos tratados filosóficos contemporâneos. A diferença é que esses não fundamentaram suas reflexões em Deus, mas nas investigações filosóficas. As palavras de Salomão, por sua vez, partem do equilíbrio, que procede de Deus (Pv. 8.6-11). Ele reconhecia que não falava apenas pelo seu intelecto, sua exposição não se firmava em dotes meramente humanos, mas em Deus, que O inspirou para refletir (Ec. 12.11). Percebemos, nessa declaração do sábio, a importância de meditar a respeito da fé. Muitos cristãos supõem que não é preciso refletir a respeito do que se acredita. Mas Jesus ensinou que uma das demonstrações de amor a Deus é o uso do pensamento (Mt. 22.37). A fé se sustenta não na razão, mas a razão pode ser utilizada para justificar a fé, por isso, crer é também pensar. O pensamento não pode ser um fim em si mesmo, como declara a filosofia moderna, mas é também uma prerrogativa cristã. A recomendação de Paulo é a de que saibamos em quem temos crido (II Tm. 1.2), e Pedro admoesta os cristãos para que expliquem, quando inquiridos, sobre a fé que defendem (I Pe. 3.15). Na escola da vida, aprendamos as lições, a fim de crescermos na graça e conhecimento de nosso Salvador Jesus Cristo (II Pe. 3.18).

Mas a vida cristã não está fundamentada apenas no conhecimento, é preciso que aqueles que creem também demonstrem pelas ações, pois a fé sem as obras é morta (Tg. 2.14). Considerando que a vida é um presente de Deus, devemos viver não para nós mesmos, mas para Ele (At. 17.24-28). Somos responsáveis pelas nossas atitudes, não apenas diante dos homens, também perante Deus. Para tanto, devemos temer a Deus, em atitude de reverência, sobretudo de amor. Esse temor não é a mesma coisa que medo, muita gente tem medo de Deus, mas no amor não há medo (I Jo. 4.18). Esse é um temor obediente, não por imposição, mas por amor, na disposição para guardar os mandamentos de Deus (Ec. 12.13). Jesus advertiu que aqueles que dizem amá-LO guardam os mandamentos dEle (Jo. 14.21). Não devemos esquecer que o temor de Deus nos livra da impiedade e da autojustiça (Ec. 7.18), do perigo de achar que podemos agradar ao Senhor por meio das nossas obras (Ef. 2.8-10). Quando tememos a Deus, não somos atraídos pelo pecado (Ec. 5.6; 8.12), esse é o princípio da sabedoria (Sl. 111.10; 9.10). Aqueles que não querem saber do Senhor serão julgados no futuro, pois o momento chegará em que Ele fará distinção entre o justo e o injusto (Ec. 12.14). Aqueles que amam a Deus descansam na promessa de que nenhuma condenação há para eles (Rm. 8.1). Mas àqueles que morrem distanciados de Deus, que não se dobram a Sua palavra, e se negam a obedecê-LO, enfrentarão, no futuro, o julgamento final (Ap. 20.11-15). A Palavra de Deus responsabiliza o ser humano pelas suas ações, isso revela que não somos produto de um determinismo divino. Todos prestarão contas perante Deus das suas atitudes, considerando que a todos é dada a oportunidade para crerem (Jo. 3.16).

Os livros poéticos destacam o valor do temor do Senhor, sendo este o princípio da sabedoria. Essa verdade esboça um paradoxo em relação ao pensamento moderno, que valoriza apenas o acúmulo de conhecimento. Viver em obediência é o que há de mais sublime para o ser humano, porque essa é a vontade de Deus. Diante dEle, a vida que outrora estava destituída de significado, passa a fazer sentido. Pois nEle, e somente nEle, a nossa obra não é vã, isto é, deixa de ser vaidade, firmada em uma esperança eterna (I Co. 15.54,58). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

ATIRE O TEU PÃO SOBRE AS ÁGUAS

Textos: Eclesiastes - 11.1-10


INTRODUÇÃO
 
A vida “debaixo do sol” está cheia de paradoxos, e dependendo do ponto de vista, alguém pode concluir que nada faz sentido. Ao constatar a futilidade da vida, o autor do Eclesiastes pondera a respeito do que realmente vale a pena. No estudo desta semana mostraremos que, ainda que tudo aos olhos humanos seja vaidade, podemos tirar algum proveito da existência. Destacamos, inicialmente, a necessidade de viver pela fé, e mesmo de aproveitar a vida, ciente das responsabilidades que temos diante de Deus e do próximo. Ao final mostraremos a necessidade de, em todas as circunstâncias, depender do Senhor e confiar nEle.

VIVENDO PELA FÉ

Salomão começa a concluir sua análise da vida, e como um homem da assembleia, não se esquece de fazer aplicações. Aponta a importância de se viver pela fé, de lançar o pão sobre as águas. O sábio hebreu estava acostumado às transações comerciais, principalmente através do uso de navios (I Rs. 10.15,22). Aqueles que se aventuram no comércio sabem o quanto essa profissão é arriscada. Quem comercializa pode colher muitos frutos do seu trabalho, mas pode também perder tudo o que tem. Ninguém sabe o que acontecerá no futuro, é viável que se tome as devidas precauções para evitar surpresas. Mas não podemos ter garantias em relação aos nossos investimentos (Ec. 1.2,5,6). O agricultor é exemplificado como alguém que deposita as sementes no solo, na esperança de que, no futuro, venha a colher frutos. Essa é uma instrução do sábio para evitar o marasmo, a falta de tomada de decisões. Não podemos desperdiçar as oportunidades, para tanto precisamos estar atentos às circunstâncias, a fim de não deixar passar a porção que nos é destinada. Todos nós gostamos de comodidade, ninguém está disposto a se aventurar, mas a vida nos convida a arriscar-se. Ninguém pode determinar com precisão quais são os desígnios de Deus, por esse motivo, devemos ter coragem, e agir no momento que for requerido. Paulo orienta os cristãos de Éfeso a remirem o tempo, essa expressão tem uma conotação financeira (Ef. 5.15-17). Diante dos dias maus, não podemos fugir da responsabilidade, antes fazer o que tem de ser feito. Tal como o lavrador da terra, não podemos deixar a chuva passar, olhar para o céu é precaução, até mesmo tentar antecipar os acontecimentos, mas uma vida pautada na fé demanda coragem. Não na própria fé, mas em Deus, que é a razão da nossa confiança, pois Ele é quem dará a colheita em tempo oportuno, de acordo com Sua soberana vontade (G. 6.8,9; Sl. 126.5,6; Os. 10.12).

APROVEITE A VIDA

Ainda que a vida pareça não ter sentido, e que tudo pareça ser tão fugaz, não podemos fugir da condição existencial. Antes precisamos atentar para a máxima: cape diem (aproveite o dia), não como as pessoas que não conhecem a Deus. O ser humano tem uma tendência ao exagero, isto é, aos extremos. Existem alguns que são legalistas, considerando tudo pecado, repreendendo os momentos de alegria. Outros levam para o outro lado, e acham que podem fazer tudo, nada consideram pecado, e se entregam à vida dissoluta. O autor de Eclesiastes nos conduz a um ponto de equilíbrio, ao reconhecimento de que não é pecado regozijar-se, afinal, podemos nos regozijar no Senhor (Fp. 4.4,5). É maravilhoso acordar todas as manhãs com sentimento de gratidão a Deus por tudo que Ele nos tem dado (Ec. 11.7,8; Dt. 33.25). Salomão demonstra preocupação com os mais jovens, que podem desfrutar com maior intensidade a vida. De fato, o período da juventude é caracterizado pela busca do prazer, em algumas situações, hedonisticamente. Os jovens devem estar atentos aos excessos, precisam guardar o coração e os olhos, para não pecarem contra Deus (Nm. 15.39; Pv. 4.23; Mt. 5.27-30), observarem as orientações da Palavra de Deus (Sl. 119.9,11). A alegria da juventude não deve ser desprezada, tenhamos cuidado para não contagiá-los com atitudes pessimistas. Antes que o sol se ponha, os jovens podem desfrutar do amanhecer das suas vidas. Por outro lado, eles devem estar atentos às suas responsabilidades, e terem cuidado para não destruírem o futuro. Muitos jovens estão perdendo suas vidas ao se entregarem ao mundo das drogas, e à promiscuidade sexual. Por não pensarem antes, estão colhendo os frutos amargos das decisões precipitadas. As consequências, não poucas vezes, são drásticas, e em alguns casos, irreparáveis. A descoberta de prazeres que agregam valores deve ser incentivada aos jovens, tais como ouvir música de qualidade, ler bons livros e devotar-se às atividades que resultem em amadurecimento intelectual e espiritual.

DEPENDA DO SENHOR

As instruções do sábio, autor de Eclesiastes, não devem motivar à autossuficiência. Muitas pessoas, tomadas pelo pragmatismo moderno, acham que podem fazer tudo, de que não existem limites. Essa onda motivacional pode ajudar àqueles que perderam o interesse pela busca de ideais. Mas é preciso que o remédio seja dado na dose certa, caso contrário, recairemos em mero ativismo, e em algumas situações, em superdimensionamento das possibilidades. Se por um lado algumas pessoas ficam inertes diante da necessidade de tomada de decisões, por outro, há os que se precipitam e agem sem refletir a respeito das consequências. Jesus nos ensinou a planejar antes de realizar qualquer empreendimento (Lc. 14.28-30). É uma demonstração de sabedoria avaliar os prós e contras antes de investir em determinado negócio, e também certa dose de realismo, para não se frustrar. Há cristão que, instigados pela teologia da ganância, se lançam em negócios, sem ter capital para sustentar o empreendimento, no final se decepcionam. Alguns recebem mensagens de supostos profetas que os impulsiona para fazerem negócios que não têm o respaldo divino. Mais triste ainda é ver muitos que se decepcionam não apenas com esses “profetas”, mas também com o próprio Deus, culpando-O pelo descumprimento da “sua” palavra. A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, mas das coisas que se não veem, aqueles que querem agradar a Deus devem ter fé nEle (Hb. 11.1,6). Mas essa fé não é mero pensamento positivo, uma vontade particular de que algo se concretize, de acordo com nossos desejos (Tg. 4.3). Trata-se de uma fé para além das circunstâncias, mesmo diante das perseguições, não é uma fé empresarial. É a fidelidade, resultante da produção do fruto do Espírito na vida do cristão, uma disposição incondicional para seguir ao Senhor (Gl. 5.22). Aprendamos a pedir ao Senhor o pão nosso de cada dia (Mt. 6.11), a viver não pelo que vemos (II Co. 5.7), mas na esperança daquilo que o olho não viu (I Co. 2.9), cientes de que sem Jesus nada podemos fazer (Jo. 15.5).

CONCLUSÃO

A vida do cristão não é destituída de significado, fazendo referência a um dos personagens de Shakespeare, “não é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem sentido algum”. Deus se importa com cada um de nós, Ele se interessa pelas nossas necessidades, não nos abandonou (Mt. 6.25-32; Hb. 13.5). Devemos fazer a parte que nos compete, agirmos com diligência (Mt. 10.16), mas também confiar na providência do Senhor, pois como ressaltou Salomão, o cavalo se prepara para a batalha, mas a vitória vem do Senhor (Pv. 21.31). PENSE NISSO!


Deus é Fiel e Justo!

A ILUSÓRIA PROSPERIDADE DOS ÍMPIOS

Eclesiastes: 9.1-6

INTRODUÇÃO
No estudo desta semana definiremos a palavra ilusão e termos equivalentes; veremos a perspectiva do Antigo e do Novo Testamento sobre prosperidade; destacaremos uma pequena biografia de Asafe, um levita compositor de salmos, que passou por um grande dilema que quase o desviou da fé em Deus, pois pensava estar servindo a Deus em vão; por fim, pontuaremos também as conclusões que teve o sábio Salomão a cerca da brevidade da vida e dos males que todos estamos sujeitos a enfrentar.
I – DEFINIÇÕES
O Aurélio define a palavra “ilusão” como: “engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação”. Já a palavra “engano” significa: “erro causado por descuido, falta de conhecimento específico ou desatenção”. No hebraico a palavra “engano” é “saw” que quer dizer: “engano, decepção, malícia, falsidade, vaidade, vacuidade” (VINE, 2002, p. 102). Já a palavra “vaidade” que é o termo chave do livro de Eclesiastes significa basicamente “alento” (Is 57.13) ou “vapor” (Pv 21.6), como o do hálito condensado que se respira em um dia frio. Aqui parece implicar em ambos: (1) aquilo que é transitório e (2) aquilo que é fútil. Enfatiza a rapidez com a qual as coisas desaparecem e o pouco que oferecem enquanto de posse delas (Tg 4.14) (MOODY, sd, p. 04).
II – A PERSPECTIVA DO AT E DO NT SOBRE PROSPERIDADE
Vivemos em um mundo capitalista e materialista, onde muitas pessoas estão correndo numa busca desenfreada pela aquisição de bens materiais. Isto por que, para muitas pessoas, ser próspero significa apenas obter sucesso profissional e possuir bens terrenos. Mas, o que a Bíblia ensina sobre a verdadeira prosperidade? Qual é o conceito de prosperidade no Antigo e no Novo Testamento?
2.1 No Antigo Testamento. Encontramos diversos termos traduzidos do hebraico por “prosperidade” e seus derivados, tais como: “hadal”, que significa “ser próspero”; “shalû”, que quer dizer “prosperidade”; “shalew”, traduzido por “próspero”; “shalwâ”, que também significa “prosperidade”; “sakal”, que significa “prosperar” e “shalom” que significa: “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza, segurança”. Esta última definição nos trás um sentido mais amplo de prosperidade, que ultrapassa o sentido de riqueza. A teologia do Antigo Testamento nos mostra que “ser próspero” é possuir a benção de Deus na vida e em tudo o que se possui, e esta por sua vez, é resultante da obediência irrestrita a Palavra de Deus (Gn 39.5; Nm 14.41; Dt 11.27; 28.8; 29.9; Js 1.8; I Rs 2.3; II Cr 24.20; Sl 1.1-3; Pv 10.22). A Bíblia nos mostra que Abraão já tinha propriedades quando Deus o chamou (Gn 12.5). Logo, a benção que Deus lhe prometera, embora alcançou os seus bens (Gn 13.2-6; Gn 24.1), não era exclusivamente material, mas principalmente espiritual (Gn 12.2,3; Gl 3.7-9;14-16).
2.2 No Novo Testamento. A palavra “prosperidade” no grego é “euporia”, que significa primariamente “facilidade” (formado de eu, “bem”, e poros, “passagem”), por conseguinte, plenitude, riqueza, ocorre em (At 19.25) (VINE, 2002, p. 909). Vejamos em que consiste a prosperidade segundo a teologia neotestamentária:
2.2.1 A prosperidade no Novo Testamento é escatológica (futura). Jesus sempre preveniu os seus seguidores quanto aos sofrimentos que viriam pelo fato deles abraçarem o evangelho (Mt 8.18-22; 10.16-22; Jo 16.33; 17.14,15). O Mestre nunca prometeu uma vida de grandes facilidades e comodidades. Certa ocasião, Pedro perguntou o seguinte ao Senhor: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos”? (Mt 19.27). No versículo posterior, Jesus deixou claro que os seus seguidores receberiam a recompensa na eternidade (Mt 19.28). O Mestre ainda disse que já neste tempo, eles receberiam cem vezes tanto e também herdariam a vida eterna (Mt 19.29). A expressão “cem vezes tanto” certamente se refere a uma vida espiritual abundante, pois o maior tesouro que um crente em Cristo pode ter é a vida eterna (I Jo 2.25).
2.2.2 A prosperidade no Novo Testamento é mais uma questão de SER do que de TER. O Novo Testamento fala muito mais dos perigos das riquezas do que de seus benefícios. Vejamos: (1) Em Mt 6.19-24, Jesus fala da inutilidade de se esforçar demasiadamente para ajuntar tesouros nesta vida, pois estas riquezas podem facilmente ser roubadas ou estragadas; (2) O texto de Lc 12.16-21 nos mostra uma parábola acerca de um homem rico, que por muito ter, acabou se tornando uma pessoa egoísta, soberba, materialista, carnal e irracional; (3) Em Mt 10.16-22, o evangelista relata o episódio de um jovem rico, que até era religioso, mas apenas superficialmente; e (4) O texto de I Tm 6.9,10 é um dos mais contundentes do Novo Testamento quanto ao perigo das riquezas. Nele, o apóstolo Paulo denuncia o risco que corre os que são movidos pelo desejo de serem ricos. Confira também (Mt 13.22; Mc 10.23; I Tm 6.17).
 III – O DILEMA DO LEVITA ASAFE
3.1 Quem era Asafe. Seu nome no hebraico significa “coletor ou recolhedor”. Ele era um levita filho de Baraquias (I Cr 6.39; 15.17). Um músico nomeado por Davi para presidir o coral sagrado organizado pelo rei. Os filhos de Asafe posteriormente são mencionados como coristas do templo (I Cr 25.1; II Cr 20.14; 29.14; Ed 2.41; 3.10; Ne 6.44; 11.22). Asafe tornou-se célebre, em tempos posteriores, como profeta e poeta (I Cr 29.30; Ne 12.4). Os títulos de doze salmos trazem o seu nome (73 a 83 e 50).
3.2 Asafe, um levita em crise. Emconflito, o salmista Asafe disse que os seus pés quase que se desviaram ao ver a “prosperidade dos ímpios” (Sl 73.3), pois apesar de pecadores, eles “prosperam no mundo; aumentam em riquezas” (Sl 73.12). Asafe pensava estar obedecendo a Deus em vão (Sl 73.13). A prática de servir a Deus em troca de algum benefício pode ser chamada de Teologia da Barganha. Segundo o Aurélio, a palavra barganha significa: “trocar, negociar, vender com fraude”. Ou seja, é a consagrada expressão brasileira do “toma lá, dá cá”. No contexto religioso, barganhar é “usar a fé para obter vantagens pessoais”. As bênçãos devem ser consequência, e não causa da nossa devoção a Deus (Dt 11.13; 28.1-14). Na verdade, esse comportamento se constitui numa relação mercantil, e não numa relação que o Pai deseja ter com seus filhos. A Bíblia aponta algumas motivações com as quais devemos obedecer ao nosso Deus. Destacaremos pelo menos três: (1) amor (Dt 6.5; Jo 14.21); (2)gratidão (Sl 100.4; 103.2); e (3) Alegria (Sl 100.2; At 2.46).
3.3 Aresposta divina para o dilema de Asafe. O Salmo 73 mostra que apesar dos ímpios serem ricos (Sl 73.12), suas atitudes revelam queeles não eram prósperos, pois eram soberbos (Sl 73.3,6); ímpios (Sl 73.3,6,12); violentos (Sl 73.6); não trabalhavam como os demais homens (Sl 73.5); eram corruptos, maliciosos, opressores e arrogantes (Sl 73.8); eram blasfemos (Sl 73.9); andavam conforme a imaginação de seus corações (Sl 73.7); desconheciam a Deus, e duvidavam de sua onisciência (Sl 73.11). Mas, quando o salmista entrou no altar, entendeu o fim deles: estão em lugares escorregadios, à beira da destruição (Sl 73.17); estão em desolação, consumidos de terrores (Sl 73.18); e serão desprezados pelo Senhor (Sl 73.20). Asafe, apesar de não possuir riquezas materiais, estava cercado de bens. Ele contava com a presença de Deus e estava seguro por Ele (Sl 73.23); era guiado pelo Seu conselho, e tinha convicção que seria recebido em glória (Sl 73.24).
IV – A PERSPECTIVA SALOMÔNICA QUANTO AO SOFRIMENTO E A BREVIDADE DA VIDA
4.1 “Deveras todas estas coisas considerei no meu coração […] que os justos […] estão nas mãos de Deus (Ec 9.1-a). Todo o mundo está sob a vontade de Deus, e os homens só fazem o que Deus permite “e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante ele” (Ec 9.1-b). O amor e o ódio referidos aqui podem ser ações humanas, mas os justos ou retos têm a segurança da aprovação de Deus (Pv 13.21; Mt 13.43). O pensamento pode ser completado com a última frase “Tudo lhe está oculto no futuro” (ARA – Almeida Revista e Atualizada). Isto quer dizer que o dia de amanhã é coisa desconhecida, pertence unicamente a Deus (Tg 4.13,14).
4.2 “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio...” (Ec 9.2-a). Salomão nos fala a respeito dos dissabores e da brevidade da vida a despeito da condição social, moral e espiritual do homem “Tudo sucede igualmente a todos” (Ec 9.2-a). O sábio rei quer dizer que nem sempre o justo ou o ímpio são recompensados imediatamente pelo seu proceder (Ec 9.2-b). Apesar disso, é interessante observar que embora o justo e o impio; o puro e o impuro; o que sacrifica como aquele que negligencia o sacrifício estejam sujeitos inevitavelmente a morte física (Ec 9.2-b; Gn 3.19), o destino eterno destes será em lugares diferentes (Ec 3.17; Dn 12.2). E, embora a morte tenha conotação negativa para o homem debaixo do sol (Ec 9.3), não se pode dizer o mesmo do homem que tem a esperança da ressurreição e do arrebatamento (II Co 5.21; Fp 1.20-23; 3.21; I Ts 4.14).
4.3 “Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo” (Ec 9.3-a). Normalmente o ímpio vendo que o final da vida é igual para todos, despreza a Palavra de Deus e se entrega ao pecado (Sl 10.4; 14.1; 53.1). Mas, a Bíblia diz que quem continua no pecado vai prestar contas de seus atos na “casa eterna” (Ec 11.9; 12.5,7). No entanto, para aquele que está vivo existe oportunidade de arrependimento e conversão “Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança...” (Ec 9.4-a). Embora todos saibam que irão morrer (Ec 9.5-a), muitos agem como se não soubessem, do contrário não se portariam de forma desonesta, mas justa (Ec 9.8), lembrando do Criador (Ec 12.1).
CONCLUSÃO
É importante entendermos que a riqueza do ímpio não é sinal da aprovação de Deus sobre a sua conduta, tampouco a pobreza do justo a sua reprovação. Como salvos em Cristo, enquanto estivermos “debaixo do sol” estamos sujeitos as mesmas coisas que todos e por mais que Deus nos abençoe aqui na terra, a nossa riqueza perene está no porvir. 
Deus é Fiel e Justo!

CUMPRINDO AS OBRIGAÇÕES DIANTE DE DEUS


LEITURA BÍBLICA

Eclesiastes 5.1-5.

1 - Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.
2 - Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; pelo que sejam poucas as tuas palavras.
3 - Porque da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo, da multidão das palavras.
4 - Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o.
5 - Melhor é que não votes do que votes e não pagues.

BREVE EXPLICAÇÃO PARA TRANSCENDÊNCIA E A IMANÊNCIA

TRANSCENDÊNCIA
[Do lat. transcendentia] O que ultrapassa o conhecimento comum, e vai além da experiência meramente humana. A transcendência é um dos atributos naturais de Deus.

IMANÊNCIA
[Do lat. immanentia] Qualidade do que está em si mesmo, não transita a outrem. É o oposto de transcendência. Embora seja Deus transcendente, não se encontra à parte de sua criação; acha-se presente nesta através dos atributos de sua imanência: onipresença, onisciência e onipotência; e por intermédio de seus atributos morais.

A imanência corrobora com a intervenção divina na criação. Seres humanos, a natureza e tudo o que há no mundo pertencem ao nosso Deus. Entretanto, a Sua transcendência não permite que Ele mesmo se confunda com sua criação. O nosso Pai não é a natureza; não é o homem; nem, muito menos, o animal. O nosso Deus é o Criador de tudo! E Ele se relaciona com a sua criação.

INTRODUÇÃO

Palavra Chave
Obrigação: Ação de obrigar; fato de estar obrigado a fazer uma ação.

Na lição anterior, vimos que o pregador tratou sobre as coisas que acontecem “debaixo do sol” (Ec 1 — 4). Ele demonstrou que o conhecimento sem o temor de Deus não é sabedoria, mas loucura. Demonstrou ainda que a busca desenfreada pelo prazer é correr “atrás do vento” e que a aquisição de bens materiais não pode fazer de nós pessoas felizes. E, por último, ensinou que o trabalho, sem a visão objetiva de Deus transforma-se em mero ativismo.
A partir do capítulo cinco, porém, Salomão versa sobre o estilo de vida do adorador consciente dos seus direitos e obrigações diante de Deus. Esse assunto é o que, à luz dos atributos divinos revelados nas Escrituras Sagradas — santidade, transcendência e imanência —, buscaremos compreender. Nesta lição, veremos que as nossas obrigações não se limitam ao “mundo eclesiástico-religioso”, mas também ao universo que Deus criou.

I. OBRIGAÇÕES E DEVOÇÃO

1. Obrigações de natureza político-social. Há um ditado popular que diz: “Primeiro a obrigação, depois a devoção”. Aqui, há um dualismo que separa a obrigação (vida social) da devoção (vida espiritual), como se ambas fossem duas dimensões distintas. Tal máxima não é bíblica, pois o livro de Eclesiastes denota uma perspectiva completamente oposta (Ec 8.2). As Escrituras orientam-nos a priorizar o Reino de Deus sem perder de vista a dimensão material em que estamos inseridos (Mt 6.33; 22.21).
Vivemos em um mundo em que há autoridades constituídas e onde, consequentemente, direitos e deveres são estabelecidos. Somos cidadãos e possuímos direitos e deveres para com o Estado. Pagamos os impostos, podemos votar e receber votos. Enfim, não podemos eximir-nos das nossas obrigações para com a nação. A nossa consciência cívica deve ter como base a Bíblia Sagrada.
2. Obrigações de natureza religiosa. Além da nossa obrigação político-social, de natureza cível, há também a de natureza religiosa ou espiritual. Elas acontecem na dimensão do culto, da adoração.
A palavra hebraica shachar mantém o sentido de “prostrar-se com deferência diante de um superior” (Gn 22.5; Êx 20.5). É com esse entendimento que Salomão fala da casa de Deus como o local de adoração (Ec 5.1). Construtor do grande templo, ele sabia que essa casa tinha como objetivos centralizar o culto, a fim de assegurar os elementos mais sublimes de sua liturgia: a adoração verdadeira a Deus e a unidade dos adoradores num único povo.

II. OBRIGAÇÕES ANTE A SANTIDADE DE DEUS

1. Reverência. Todo culto tem uma liturgia, e não há nada de errado nisso. A palavra liturgia está associada ao culto da Igreja Primitiva. Quando em Antioquia houve uma escolha e separação de obreiros para a obra missionária (At 13.2), Lucas registra o fato utilizando a palavra grega leitourgeo para designar serviço, e dessa palavra vem o vocábulo português liturgia. Esta também faz parte da adoração a Deus.
Salomão sabia disso e advertiu-nos quanto ao cuidado que devemos ter quando entrarmos na casa de Deus (Ec 5.1). Desligue o celular, não masque chiclete, seja reverente! Seja um verdadeiro adorador!
2. Obediência. Obedecer a um conjunto de normas e regras sem atentar para os princípios que o fundamentam é puro legalismo. Não vale a pena observar o preceito sem atentar para o princípio existente por trás dele. O livro de Eclesiastes demonstra isso com clareza (Ec 5.1), pois Deus não se interessa na observância do sacrifício em si, e sim na obediência aos princípios que regulamentam a sua prática. Foi exatamente isso que o profeta Samuel ensinou a Saul (1Sm 15.22).

III. OBRIGAÇÕES FRENTE À TRANSCENDÊNCIA DE DEUS

1. Deus, o criador. Todas as religiões possuem a noção do sagrado e demonstram respeito por ele. No cristianismo, como no judaísmo, a consciência do sagrado revela-se na manifestação do Deus verdadeiro, que ao longo da história deu-se a conhecer ao homem. O Deus Criador se distingue da própria criação (Dt 4.15-20). A teologia bíblica denomina essa doutrina de “a transcendência de Deus”. Deus está além de suas criaturas, como afirma o Eclesiastes: “Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra” (Ec 5.2b). Ele pode humanizar-se, como já o fez (Jo 1.14), mas o homem não pode tornar-se divino. Quem procurou ser igual a Deus foi expulso do céu (Ez 28.1,2; Is 14.12-15).
2. Homem, a criatura. O homem foi criado por Deus como a coroa da criação. Ele não surgiu do acaso nem de uma mistura acidental de elementos naturais. E a nós Deus se revelou, manifestou seus atributos, vontades e apesar de estarmos condenados à morte eterna, Deus proporcionou em Jesus Cristo a salvação que nos era necessária para que passássemos a eternidade futura com o nosso Criador e Redentor.
  
IV. OBRIGAÇÕES DIANTE DA IMANÊNCIA DE DEUS

1. Deus está próximo. O atributo da imanência divina revela-nos um Deus que se relaciona com a sua criação. Isto significa que o Pai Celeste não é um Deus distante que, após criar o mundo, ausentou-se dele! Pelo contrário, Ele é um Deus presente, participa da sua criação e nela intervém.
O capítulo cinco de Eclesiastes narra Salomão falando do culto a Deus e como o Senhor identifica-se com o homem que lhe oferece adoração, seja aprovando-o ou reprovando-o (Ec 5.4b). Essa mesma verdade é confirmada em o Novo Testamento (2Co 6.16). A proximidade de Deus com o homem deve fazer-nos melhores crentes e pessoas.
2. O valor das orações e votos. Deus não apenas se faz presente, mas também prometeu abençoar os seus filhos, atendendo nossas orações e súplicas. Isso acontecerá quando orarmos de acordo com sua vontade (Jr 29.12,13; Jo 14.13,14).
Cientes dessa verdade, os judeus não somente oravam a Deus, como também se empenhavam com votos (Nm 30.3-16; Dt 23.21-23). Não há dúvidas de que o livro de Eclesiastes tem em mente essas passagens bíblicas, quando adverte sobre a seriedade do voto (Ec 5.4). Em o Novo Testamento, não encontramos um preceito específico concernente a essa prática, mas o seu princípio permanece válido, pois o cumprimento de um voto, ou de um propósito diante de Deus, é algo que ultrapassa gerações.
   
CONCLUSÃO

Nesta lição, abordamos as palavras de Salomão no contexto da adoração bíblica. Conscientizamo-nos de que não há adoração verdadeira que não leve em conta as obrigações diante de Deus e dos homens. Se quisermos viver uma vida espiritual plena devemos ter em mente as implicações que a acompanham. De nada adianta termos templos suntuosos, pregadores eloquentes e cantores famosos se não estamos cumprindo as obrigações que uma verdadeira adoração requer.