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BONDADE QUE CONFERE VIDA


                       Leitura Bíblica: I Jo. 3.15 – Texto Áureo: Mt. 5.20-26


INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a bondade, veremos inicialmente que essa está diretamente relacionada à benignidade. Em seguida, destacaremos as características dessa virtude do fruto do Espírito. Compararemos também a bondade com o homicídio, enquanto obra da carne, que destrói a vida. Em um no qual predomina a cultura da morte, devemos levar a vida através da bondade, tendo Cristo como o maior exemplo, ainda que não sejamos correspondidos.

1. BENIGNIDADE E BONDADE
Há quem assuma que benignidade (gr. chrestotes) e bondade (gr. Agathosune) sejam virtudes gêmeas do fruto do Espírito. Essa compreensão é justificada porque se pressupõe bondade da benignidade. As pessoas que agem de maneira bondosa assim o fazem porque são conduzidas pelo Espírito, que produz nelas a benignidade. A palavra grega para bondade se encontra apenas quatro vezes no Novo Testamento, especificamente nos escritos paulinos (Rm. 15.14; Gl. 5.22; Ef. 5.9 e II Ts. 1.11). Nos contextos nos quais esse termo se encontra, está relacionado ao serviço cristão, ao exercício da generosidade. Estamos vivendo em um contexto materialista e consumista, no qual as pessoas não querem perder aquilo que possuem. O desprendimento é uma virtude cada vez mais escassa, o individualismo está degenerando a sociedade. Não podemos esquecer que fomos chamados para o amor (gr. agape), que deve ser demonstrando tanto a Deus quanto ao próximo (Mc. 12.29-31). Jesus é o maior exemplo de serviço, Ele mesmo assumiu que veio para servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Mesmo sendo Deus, não teve por usurpação o ser igual a Deus, tomando a forma de servo (Fp. 2.9). Deu exemplo ao lavar os pés dos discípulos, quando esses debatiam a respeito de quem seria o maior (Jo. 13). A igreja cristã deve ter a generosidade como prática constante. A esse respeito Paulo elogiou as igrejas da macedônia, pois aqueles irmãos, “em muita prova de tribulação, houve abundancia do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superanbundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo seu poder e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente” (II Co. 8.2,3). Os cristãos de Jerusalém tinham tudo em comum, e não haviam necessitados entre eles, por causa do exercício da koinonia (At. 4.34,35).

2. CONTRA A CULTURA DA MORTE
A bondade é uma virtude que se opõe diretamente à cultura da morte, ao homicídio que é uma obra da carne. Desde o princípio o Senhor havia estabelecido como Lei para o povo de Israel o “Não matarás” (Ex. 20.13), que na verdade, o termo hebraico rasah seria melhor traduzido por “Não cometerás assassinato”. Ao reinterpretar essa palavra, Jesus destacou que há pessoas que atentam umas contra as vidas das outras, não apenas através de objetos que as firam fisicamente, mas também moralmente e espiritualmente, através das palavras (Mt. 5.21,22). Seguindo essa orientação do Mestre, o apóstolo João assume que aqueles que aborrecem seus irmãos estão agindo como homicidas (I Jo. 3.15). Não podemos incitar a cultura do assassinato, existe nos dias atuais uma tendência a favorecer tudo o que é destrutivo. As pessoas se alimentam de práticas mortíferas, elas fazem sucesso nos cinemas e nos jogos eletrônicos. Os cristãos costumam ser criticados porque se posicionam pela vida, sendo contrários ao aborto e a eutanásia, inclusive a pena de morte. Existe violência demais neste mundo, e quanto mais ela for incitada, um tanto pior. As pessoas estão se consumindo, a destruição começa pela ganância, o ódio predomina, ao invés do amor. Devemos ter como fundamento a generosidade de Deus em relação a nós, e nos envolvermos em uma revolução amorosa. De modo que se alguém nos insultar, devemos responder com amor, e não “na mesma moeda”, contrariando a justiça dos homens. Essa é uma atitude que exige renúncia dos seguidores de Cristo, considerando que Ele mesmo deixou o exemplo, ao perdoar seus algozes na cruz. Ele não retribui de acordo com as iniquidades, se assim fizesse todos nós seríamos condenados. Por isso Paulo é categórico ao afirmar que “Ele nos amou sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5.8; 12.19-21).

3. PELA PRESERVAÇÃO DA VIDA
Como cristãos devemos propagar a cultura da vida, pois Jesus é a Vida, nEle desfrutamos (Jo. 11.25; 14.6). E por que Ele é a vida, tendo Ele mesmo entregue Sua vida por nós, não podemos difundir a violência. Essa revolução passa pela disposição para perdoar, trata-se de uma condição que somente pode assumir aqueles que foram alcançados pela graça divina. Não devemos incitar à vingança, muito menos a práticas injustas, antes ao amor. É comum os cristãos se oporem ao aborto e a eutanásia, mas são favoráveis à pena de morte. Devemos defender a vida em todas as circunstâncias, pois não nos compete punir com a morte quem quer que seja. Devemos também ampliar nosso horizonte, e perceber que existem pessoas sendo mortas nos hospitais, por falta de assistência médica de qualidade. A violência predomina nas ruas porque os governantes não cumprem o papel que deveriam. Alguns políticos, ainda que indiretamente, estão fomentando a violência, na medida em que tratam com descaso a pobreza e a miséria. A defesa da vida passa por muitos lugares, inclusive por nós mesmos, e não apenas pelas nossas opiniões, mas também pelas ações. Os cristãos que são contra o aborto também deveriam defender a existência de órgãos públicos (ou mesmo religiosos) que recebam crianças de mães que não têm condições de criar seus filhos. Apenas criticar, ou até mesmo criminalizar, não resolve a situações do aborto. Ele vai continuar existindo clandestinamente, precisamos defender a vida sempre, mas criar alternativas viáveis para assistir as mães que engravidaram, mas não podem criar seus filhos.

CONCLUSÃO
Tratar na mesma moeda não resolve, a esse respeito é importante lembrar: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm. 12.19-21). Esse procedimento faz toda diferença na sociedade contemporânea, como cristãos não devemos nos opor ao trabalho da justiça, mas temos a opção pessoal de responder com bondade, ao invés do ódio e da vingança.

BIBLIOGRAFIA
BARCLAY, W. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000.
KELLER, W. P. Frutos do Espirito. Venda Nova: Betânia, 1981.

BENIGNIDADE UM ESCUDO PROTETOR CONTRA AS PORFIAS




Leitura Bíblica: Rm. Ef. 4.32 – Texto Áureo: Cl. 3.12-17


INTRODUÇÃO
Em continuidade ao estudo das obras da carne e do fruto do Espírito, nos dedicaremos na aula de hoje para a benignidade, que nos protege contra as porfias. Inicialmente destacaremos que essa é uma tendência pecaminosa que incita à discórdia, e à ruptura nos relacionamentos pessoais. Como alternativa à porfia, devemos cultivar a benignidade, que é propriamente, um sentimento amável em relação aos outros. Essa é uma virtude do fruto do Espírito que precisa ser cultivada, caso contrário, estragaremos nossos relacionamentos interpessoais.

1. AS SETAS DA PORFIA
Porfia, no Novo Testamento Grego, é eithia ou eritheia, que poderia muito bem ser traduzida por “ambição, egoísmo ou rivalidade”. Existem pessoas que estão entregues a esse tipo de sentimento, sobretudo por causa da inveja que incita a esse pecado. Essa palavra se deriva de erithos, cuja relação imediata é com “aquelas pessoas que fazem qualquer coisa por dinheiro”. Não podemos esquecer que o amor ao dinheiro, como bem ressaltou Paulo ao pastor Timóteo, é a raiz de todos os males (I Tm. 6.9,10). Há muitas pessoas que não conseguem se desvencilhar desse ídolo, mamom se tornou o deus delas, são presas fácil das setas da ganância. Por causa do dinheiro, muitos cristãos deixaram de amar uns aos outros. Inclusive alguns obreiros perderam o foco do ministério, viraram pastores meramente profissionais, esqueceram a missão precípua diante do rebanho. Alguns igrejas locais estão contiminadas pelas porfias, tivemos em Filipos o exemplo de Evódia e Síntique, antes destemidas na obra de Deus, mas que se indispuseram uma contra a outra (Fp. 4.2). Existem disputas totalmente desnecessárias dentro das comunidades de fé, e que estão destruindo os relacionamentos, comprometendo a unidade da igreja. A começar pelas lideranças, que disputam territórios eclesiásticos, instigados pela ganância, que corrói o ministério e a espiritualidade. Precisamos resgatar na igreja evangélica a vocação genuinamente ministerial, pessoas que se comprometam com a obra. Há líderes que se negam a assumir igrejas menores, dizem que não podem ser rebaixados, como se ministério fosse uma hierarquia. Igrejas não são empresas, ministério não é profissão, riqueza não é seu objetivo. As pessoas mais simples da igreja estão seguindo o mesmo exemplo, muitas delas se debatem por cargos, querem tirar algum proveito das posições.

2. PROTEGENDO-SE COM A BENIGNIDADE
A proteção contra as setas malignas da porfia é a benignidade, cuja palavra em grego é cherestotes, que pode muito bem ser traduzida por “amabilidade, ternura, compaixão ou brandura”. Jesus é o maior exemplo de amabilidade, pois Ele mesmo declarou que seu jugo era suave (gr. cherestotes) em Mt. 11.30. Esse termo tem a ver com a disposição para viver bem com as pessoas, sem que isso se dê por meio da força ou coerção. Existem pessoas que somente se relacionam com outras por meio da imposição. Esse tipo de relacionamento é tóxico, e pode causar muitos estragos, principalmente aos mais frágeis na fé. A base dos relacionamentos deve ser a amabilidade, nunca a coerção. Cristo espera de nós que O amemos, e que esse seja o fundamento do nosso relacionamento com Ele (Jo. 14.21). Assim também deve ser nosso relacionamento com as pessoas da igreja, ninguém deveria se aproximar do outro para tirar algum tipo de vantagem. Esse tipo de relacionamento pode ser exemplificado por meio de um casamento, no qual a esposa e o esposo estão dispostos a viverem juntos, e a se comprometerem um com o outro, não por meio da força, mas do amor que os une (Ef. 5.25). Pastores devem aprender a ser amáveis com as suas ovelhas, não devem trata-las como se fossem servas deles, nem se aproveitaram das suas necessidades e fragilidades emocionais (I Pe. 5.1). Existem pessoas que adoeceram por causa de abuso ministerial, pastores que destrataram injustamente suas ovelhas. Devemos lembrar sempre que as ovelhas são do Senhor, e que essas foram compradas com precioso sangue, e delas prestaremos contas diante de Deus (At. 28,29).

3. CULTIVANDO A AMABILIDADE
Devemos aprender a cultivar a amabilidade, e isso se dá por meio do exercício da piedade (I Tm. 4.7,8). A partir de uma espiritualidade sadia, poderemos desenvolver essa virtude do fruto do Espírito, a fim de demonstrar nossa disposição para o serviço ao próximo, fundamentado no genuíno amor cristão (Mc. 12.29-31). A generosidade é uma maneira eficaz de demonstrar amabilidade, precisamos nos dispor a ajudar aqueles que são mais pobres, e que se encontram em condição de necessidade (II Co. 8.2,3). O individualismo egoísta precisa ser vencido por meio da gentileza cristã, que não se preocupa apenas em juntar tesouros na terra, mas que investe também nas riquezas celestiais (Mt. 6.19-21). As pessoas que são amáveis não se indispõem facilmente com as outras, assim como Davi fez com Saul, dependem da beneficência de Deus (II Sm. 9.1-3). Os pastores devem dar o exemplo, considerando o que escreveu Paulo a Timóteo, afirmando que “ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso (benigno) para com todos (II Tm. 2.24). Jesus, ao ser entregue aos seus inimigos, preferiu depender de Deus, demonstrando amabilidade, e perdoando seus algozes (Lc. 23.34). Estevão, o servo do Senhor, também seguiu Seu exemplo, mesmo sendo apedrejado, perdoou seus perseguidores (At. 7.59,60). Somente seremos amáveis ou benignos se estivermos dispostos a nos colocar na condição de servos do Senhor. O próprio Jesus não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos (Mt. 20.28). É nesse mesmo sentido que Paulo orienta para que levemos as cargas uns dos outros, a fim de demonstrar quão amáveis e benignos somos para os outros (Gl. 6.2).

CONCLUSÃO
Revelemos, pois, a amabilidade, exercitando misericórdia, não tratando os outros pelo que merecem, mas com graça. Não podemos esquecer que fomos alcançados pela graça maravilhosa de Deus em Cristo. Isso deve ser motivo suficiente para que sejamos amáveis em nossos relacionamentos. Vivamos, então, com altruísmo, não para nós mesmos, mas para os outros, pois para isso fomos chamados, e assim daremos muitos frutos, para a glória de Deus.

BIBLIOGRAFIA
BARCLAY, W. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000.
KELLER, W. P. Frutos do Espirito. Venda Nova: Betânia, 1981. 

PACIÊNCIA EVITANDO AS DISSENÇÕES


Leitura Bíblica: Rm. 12.12 – Texto Áureo: Tg. 5.7-11


INTRODUÇÃO
Vivemos em um mundo impaciente, cheio de dissenções e ansiedades, no qual as pessoas não conseguem esperar. Na aula de hoje estudaremos a respeito da paciência (ou longanimidade), enquanto virtude do fruto do Espírito. Veremos também que essa é uma resposta cristã à impaciência, tão comum nos dias atuais. Ao final, destacaremos a importância de aprender a esperar no Senhor, e a saber que Ele está no comando de todas as situações, ainda que tudo pareça fora de controle.

1. DISSENÇÃO E IMPACIÊNCIA
A dissenção é uma obra da carne, que coloca as pessoas umas contra as outras, resultante da falta de paciência. A palavra grega que define esse comportamento é eris, e tem uma ligação direta com echthra – inimizade. Esse termo aparece nos textos antigos como um sentimento que dilacera a vida das pessoas. Também pode ser traduzida por contenda, e tem relação direta com as necessidades impostas ao mundo. As pessoas, nesses tempos de modernidade líquida, disputam espaço umas contra as outras. A fim de suprirem suas necessidades, algumas delas impostas pela mídia, há quem esteja consumindo sua espiritualidade. O tempo, para tais pessoais, é sempre insuficiente, de modo que não conseguem encontrar satisfação. Há aqueles que não conseguem parar, o silêncio os perturba de maneira que estão sempre em ação. A oração, para aqueles que estão viciados nesse pragmatismo, é algo que os incomoda. Paulo geralmente faz uso da palavra eris – dissenção – no contexto da vida da igreja. Por isso, em sua I Epístola aos Coríntios, discorre a respeito das facções dentro da comunidade cristã (I Co. 1.11; 3.3). As disputas dentro das igrejas são cada vez mais comuns, a política eclesiástica está destruindo a vida de vários obreiros. A busca por status e dinheiro está adoecendo a muito, principalmente aqueles que profissionalizaram o ministério. Mesmo entre os membros da igreja existem aqueles que querem posição e reconhecimento. Entre os que estão na meia-idade, obreiros e leigos, vivem comparando sua condição com a de outros. Tais dissenções geram impaciência, a demora para chegar onde desejam fazem com que fiquem frustrados. A eris entra, por conseguinte, como um veneno, a fim de destruir o outro, e disseminar a discórdia, a fim de tirar algum proveito.

2. PACIÊNCIA DIANTE DAS AGITAÇÕES
A alternativa espiritual para as dissenções, e por sua vez, a impaciência, é a longanimidade. Essa palavra, que também é traduzida como paciência é makrothumia no grego neotestamentário. Trata-se, portanto, de uma disposição para suportar, principalmente as adversidades. Ser longânimo, no sentido bíblico, é ter um “pavio longo”, isto é, não se precipitar, nem perder a paciência. O sofrimento pode nos levar ao desfalecimento, quando somos provados temos a tendência a desesperar. O autor da Epístola aos Hebreus destaca, porém, que a correção de Deus resulta em maturidade espiritual (Hb. 12.7-11). É preciso cultivar a paciência, a fim de não desistir da caminhada, pois ser paciente tem tudo a ver com perseverança (Cl. 1.9-11), e essa é gestada na tribulação, que nos ensina a ter esperança e a nos alegrar no Senhor (Rm. 5.3,4). As pessoas verdadeiramente sábias são aquelas que mostram paciência, pois elas não se precipitam quando precisam tomar decisões (Pv. 14.29). Essas são pessoas que desfrutam da paz de Deus, elas não incitam as dissenções umas contra as outras, sabem que suas vidas estão nas mãos do Senhor (Pv. 15.18). Ao invés de se apressarem, e desejarem ter o que não lhes pertencem, ou mesmo quando são vítimas de injustiça, encontram forças em Deus para continuar (Pv. 16.32). Aqueles que cultivam a paciência sequer guardam rancor, elas são capazes de reconhecer as angústias dos outros, por isso estão dispostas a perdoar (Cl. 3.12,13).

3. ESPERANDO COM PACIÊNCIA
Existem vários exemplos bíblicos negativos de pessoas que, mesmo que por algum tempo, demonstraram impaciência. Dentre elas destacamos: Abraão, que se adiantou para ter um filho, distante do propósito de Deus (Gn. 15.5); Jacó, ao querer ser um líder antes do tempo, tomando decisões precipitadas (Gn. 25.23); Saul, quando quis assumir uma posição para a qual não foi chamado (I Sm. 10.8-10); e Jonas, por causa da graça de Deus demonstrada aos ninivitas (Jn. 4.2). Ainda bem que existem exemplos bíblicos positivos, tais como os profetas do Antigo Testamento, que falaram em nome do Senhor (Tg. 5.10); Davi, que aprendeu a esperar com paciência no Senhor, ciente de que Ele estava atento às suas orações (Sl. 37.7); Jó, o homem íntegro e reto, que mesmo diante das adversidades, soube confiar no Deus da promessa (Tg. 5.11).  Com esses devemos aprender a esperar com paciência no Senhor, sabendo que Ele está no comando das situações. O próprio Deus se apresentou a Moisés como paciente (Ex. 34.6,7), que não se apressou em punir os pecadores, até mesmo aqueles que se rebelaram nos dias de Noé (I Pe. 3.20). O povo de Israel contrariou o Senhor por várias vezes, especialmente durante a peregrinação rumo a Terra Prometida, mesmo assim Ele se mostrou longânimo e beneficente (Nm. 14.18). A longanimidade do Senhor é motivo suficiente para que nos coloquemos na disposição do Espírito Santo, para que esse produza neles o Seu fruto. Se assim fizermos, não seremos consumidos pelas dissenções, antes seremos pacientes uns com os outros (I Ts. 5.14). Os ministros do evangelho precisam desenvolver essa virtude, para que sejam obreiros aprovados na Seara do Senhor (II Tm. 4.1-5).

CONCLUSÃO
A paciência está relacionada à tribulação, dificilmente alguém conseguirá essa virtude, sem passar pelo vale da sombra da morte. Na medida em que enfrentamos as adversidades, e as suportamos com longanimidade, aprenderemos a suportar intempéries ainda maiores. Na pedagogia de Deus, as provas são nos dadas no início da aula, para que possamos tirar as lições depois. Essas circunstâncias servem para formar em nós a paciência, para que sejamos aptos a continuar esperando no Senhor e a depender da Sua Soberana vontade.

BIBLIOGRAFIA
BARCLAY, W. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000.
OLIVEIRA, A. G. Os frutos do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

PAZ DE DEUS ANTÍDOTO CONTRA AS INIMIZADES



Leitura Bíblica: Jo. 14.27 – Texto Áureo: Ef. 2.11-17



INTRODUÇÃO
As divisões, inclusive dentro das igrejas, geram inimizades, e essas, por sua vez, é resultado de inquietações. Na aula de hoje, aprenderemos a respeito das inimizades enquanto obra da carne, e em seguida apresentaremos o antídoto, que é a paz que excede todo entendimento. Ao final mostraremos a necessidade do cultivo desse aspecto do fruto do Espírito, a fim de que possamos cada vez mais confiar em Deus, e ao mesmo tempo, não provocar dissenções na igreja, de modo a desfrutar da verdadeira paz em Cristo Jesus.

1. INQUIETAÇÕES E INIMIZADES
A palavra inimizade em grego é echthra, tendo essa a ver com a inimizade com Deus (Rm. 8.7), entre as pessoas (Lc. 23.12) e a hostilidade entre grupos (Ef. 2.14-16). Trata-se, portanto, de uma obra da carne (Gl. 5.20), de pessoas que não conseguem desfrutar da paz de Deus, e por isso, se inquietam com muitas coisas (Lc. 10.38-42). As pessoas estão demasiadamente preocupadas, a ansiedade pelas coisas deste mundo tornou-se uma prática comum. Por isso Jesus orientou seus discípulos não viverem inquietos, a aprenderem a confiar na provisão divina (Mt. 6.25). O desejo desenfreado pelas coisas deste mundo, que se manifesta por meio da cobiça, é uma demonstração de carnalidade (Tg. 4.2,3), que serve apenas para tirar a paz, e fomentar a segregação (Tg. 2.8,9). A igreja de Corinto estava tomada por esse sentimento de partidarismo, havia entre seus membros discórdias, principalmente em relação às lideranças eclesiásticas (I Co. 1.12,13). A inimizade é danosa para a vida da igreja, porque compromete sua unidade espiritual (Jo. 17.21). O termo echthra, no contexto da divisão da comunidade cristã, é expressa por Paulo na segregação entre judeus e gentios na igreja (Ef. 2.14,15). Os judaizantes do primeiro século não admitiam que a graça de Deus alcançasse também os gentios. Esse sentimento faccioso ainda impera em algumas igrejas evangélicas, sobretudo sobre os cristãos mais moralistas, que acham que são merecedores da salvação. Quando isso acontece, as igrejas se tornam adoecedoras, ao invés de trazerem cura para as vidas. Há igrejas que as pessoas não fazem outra coisa senão disputarem cargos e funções. O ambiente eclesiástico não deveria ser favorável à segregação, considerando que fomos alcançados pela graça maravilhosa de Cristo (Ef. 2.8,9).

2. A PAZ QUE EXCEDE TODO ENTENDIMENTO
O antídoto contra as inimizades na igreja é a paz de Deus que excede todo entendimento (Fp. 4.7). Essa é uma paz diferente daquela apregoada pelo mundo, é a paz que somente Jesus pode dar, com a qual é possível encontrar tranquilidade, mesmo diante das situações mais adversas (Jo. 14.27). Essa paz, cujo termo grego é eirene, diz respeito a um estado de quietude, tranquilidade, harmonia e confiança, produzida no crente pelo Espírito Santo. Aqueles que são súditos do Reino de Deus desfrutam dessa plena paz (Rm. 14.17). Essa é uma paz que também deve ser buscada, se possível com todas as pessoas (II Co. 13.11; Hb. 12.14). Por se tratar de um fruto do Espírito, é algo que deve ser desenvolvido (Tg. 3.18). A paz, enquanto virtude do fruto do Espírito, tem início na conversão, quando passamos a desfrutar da paz com Deus (Rm. 5.1,2). Isso tem a ver com o ministério da reconciliação, que aconteceu por meio de Cristo que nos levou a Deus (II Co. 5.18-20). Por causa dEle agora nos chegamos mais perto de Deus, que derrubou a parede da separação, desfazendo as divisões dentro da igreja (Ef. 2.13-17). Não podemos esquecer que fomos chamados também para a paz de Deus (Cl. 3.15). Por isso devemos construir pontes ao invés de muros, e se possível ter paz com todos os homens (Rm. 12.18). É recomendável construir mais poços, como fez Isaque quando perseguido pelos seus inimigos, do que fazer uma guerra (Gn. 26.29-22). As igrejas saudáveis, ao invés de incentivarem a discórdia, busquem guardar a unidade do Espírito, pelo vínculo dessa paz que nos faz um só corpo (Ef. 4.3,4). Mas isso somente será possível se as inquietações por causa da ganância forem desfeitas, de modo que cada um deixe de buscar propriamente o que é seu, antes atente também para o que é do outro (Fp. 2.4; I Co. 10.24).

3. PAZ QUE GERA CONFIANÇA
O profeta Isaias afirma que Deus conservará “em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti” (Is. 26.3). A fim de cultivar a verdadeira paz, precisamos investir nos valores espirituais, e aprender a confiar cada vez mais em Deus. Desfrutamos dessa paz na medida em que depositamos no Senhor nossa confiança, e estamos cientes que Ele suprirá nossas necessidades (Fp. 4.19). Muitos crentes alimentam sentimentos facciosos porque perderam Jesus de vista, e por valorizarem mais as coisas terrenas do que as celestiais (Hb. 12.2). Somente os que confiam no Senhor serão como os montes de Sião que não se abalam, mas permanecem para sempre (Sl. 125.1). Devemos colocar nossa confiança na Palavra de Deus, pois Ele não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa (Nm. 23.19). Ainda que não compreendamos, sabemos que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, e são chamados de acordo com seus soberanos desígnios (Rm. 8.28). Por isso, como fez o Salmista, devemos descansar à sombra do Onipotente, sabendo que Ele é nosso refúgio e fortaleza, o Deus em quem confiamos (Sl. 91.1,2). Essa paz tem a ver com a mente, por isso não devemos alimentar os pensamentos com ansiedades, coisas que nos distraiam da presença de Deus e tiram nossa tranquilidade espiritual. Paulo apresenta a seguinte orientação a esse respeito: “Não andeis cuidadosos de coisa alguma, antes em tudo sejam conhecidos os vossos pedidos diante de Deus pela oração e pela súplica com ações de graças.
A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Finalmente, irmão, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é venerável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, seja isso o que ocupe os vossos pensamentos” (Fp. 4.6-8).

CONCLUSÃO
Dentre as obras da carne, as inimizades se apresentam como resultado das inquietações da alma humana. Há muitas pessoas que querem se sobrepor umas sobre as outras, na maioria dos casos por causa da ostentação e da ganância. O antídoto contra essa atitude é investir na paz de Deus, relacionada à paz com Deus, que excede todo entendimento. Aqueles que desfrutam dessa paz, aprenderam a experimentar as riquezas de Cristo, por isso não se atribulam diante das águas turbulentas.

BIBLIOGRAFIA
OLIVEIRA, A. G. Os frutos do Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
OLIVEIRA, F. H. T. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Reflexão, 2016. 

ALEGRIA, O FRUTO DO ESPIRITO INVEJA, HÁBITO DA VELHA NATUREZA



Leitura Bíblica: Fp. 4.4 – Texto Áureo: Jo. 16.20-24D


INTRODUÇÃO
Uma das principais buscas da humanidade é a felicidade, os gurus da contemporaneidade a vendem, em seus frascos vencidos. Na lição de hoje aprenderemos que o Senhor nos garante alegria, que não deve ser confundida com aquela, que costuma depender das circunstâncias. Veremos que no contexto da modernidade é improvável que se possa ser feliz, sobretudo porque o sentimento de inveja corrói qualquer possibilidade de satisfação. Por isso, no final da lição, ressaltaremos que somente poderemos viver alegre trilharmos o caminho do contentamento.

1. CONTRA A INVEJA CARNAL
A inveja, na teologia paulina, é uma obra da carne que caracteriza o mundo pagão, distanciado de Deus (Rm. 1.29). A palavra grega é phtonos, e esta ocorre inclusive no contexto religioso, pois não poucos os que pregam a Cristo por inveja (Fp. 1.15), a fim de tirarem proveito do evangelho. Há outra palavra grega com a mesma perspectiva, trata-se de zelos que tanto tem uma conotação positiva quanto negativa. Em relação a esse último diz respeito à inveja que destrói os relacionamentos. A esse respeito Elifaz declara a Jó que “a ira do louco o destrói, e a inveja do tolo o mata” (Jó. 5.2). Nas epístolas paulinas, de maneira negativa, está relacionado aos ciúmes carnais (I Co. 3.3). Essa mesma palavra aparece em Gl. 5.20, e pode muito bem ser traduzida na contemporaneidade por ressentimento, ou em percepção mais psicanalítica, como recalque. Isso porque o que caracteriza essa inveja é o sentimento de amargura, fundamentado na irrealização, principalmente do desejo contido (Tg. 3.14-16). Esse sentimento pode ser difundido no meio eclesiástico, quando as pessoas ressentidas prejudicam os outros, a fim de se sobressaírem. Paulo mostrou esse sentimento doentio quando se tornou cúmplice ao perseguir os cristãos (Fp. 3.6). Os judaizantes agiram do mesmo modo quando quiseram justificar suas práticas legalistas (Rm. 10.1-3). Com base nesse ciúme invejoso, o Sumo Sacerdote decidiu decretar a prisão dos apóstolos (At. 5.17-18). Essa é uma obra bastante comum em igrejas carnais, que pode ser exemplificada pela de Corinto nos tempos de Paulo (I Co. 3.3). A expectativa do Apóstolo, em II Co. 12.12, era a de não encontrar mais esse tipo de pecado na igreja. Isso somente se torna possível na medida em que cultivamos o fruto do Espírito, desenvolvendo uma vida alegre no Espírito.

2. A ALEGRIA QUE VEM DO SENHOR
A alegria, que é uma virtude do fruto do Espírito, não pode ser confundida com felicidade. Deus não nos chamou para sermos felizes, mas para viver alegres. Essa alegria não depende das circunstâncias, está fundamentada no Senhor. A palavra grega para essa alegria é chara, que está associada a charis, que é a graça de Deus. A fonte dessa alegria, portanto, é o próprio Deus, pois dEle ela procede (Fp. 4.4). Paulo se referiu várias vezes a essa chara em sua Epístola aos Filipenses, que por sinal é considerada a Carta da Alegria (Fp. 4.11,12). Essa é produzida pelo Espírito Santo na vida do crente (I Ts. 1.6), por isso é um gozo inefável e glorioso (I Pe. 1.8). Essa alegria está fundamentada na salvação que recebemos gratuitamente de Deus (Lc. 2.10,11). O simples fato de estamos na presença de Deus é fonte de alegria (Sl. 16.11), fazendo com que estejamos sempre alegres (Sl. 126.3). Mesmo diante das tribulações, não desvanecemos, pois temos esperança na redenção que se aproxima (Rm. 12.12). Nos alegramos até mesmo no fato de sermos participantes das aflições de Cristo (I Pe. 4.13). Sabemos inclusive que as aflições do tempo presente não se comparam com a glória que em nós há de ser revelada (Rm. 8.18). Mas essa alegria deve ser concretizada em ações, e uma delas é o ato de dar (At. 20.35; II Co. 9.7,10). Enquanto o mundo desanima, especialmente diante das adversidades, o crente se regozija no Senhor. Por causa dessa alegria espiritual seu rosto está sempre radiante (Pv. 15.13). Independentemente das circunstâncias, aquele cuja confiança está em Deus tem sempre um cântico nos lábios (Sl. 149.1-5). É essa alegria que dar força para o fiel seguir adiante, mesmo que as situações não sejam favoráveis (Ne. 8.10).

3. CULTIVE O CONTENTAMENTO
Os cristãos precisam fugir desse modelo mundano, que alimenta a ganância, e naturaliza a inveja. Para tanto devem saber que “é grande ganho a piedade com contentamento” (I Tm. 6.6). Por isso, devemos aprender a cultivar a satisfação, saber distinguir o que é necessário do supérfluo. De modo que, conforme instrui o autor da Epístola aos Hebreus, nossos costumes devem ser sem avareza, contentando-nos com o que temos (Hb. 13.5). Essa é uma prática que se concretiza ao longo da experiência com Deus, cultivando o fruto do Espírito, aprendendo a ser dependente, sabendo que Ele provê “o pão nosso de cada dia” (Mt. 6.11). Na escola de Cristo, aprendemos, como fez Paulo, a estar contente com o que se tem, saber estar abatido pela privação, e se for o caso, a ter em abundância (Fp. 4.11-13). Por deixarem de cultivar essa virtude do Espírito, muitos cristãos estão dobrados diante de Mamom (Mt. 6.24). Ao invés de investir neste mundo tenebroso, cuja riqueza perece e causa ansiedade (Mt. 6.19-21), busquemos primeiro o Reino de Deus, e o necessário nos será dado (Mt. 6. 33). O texto, no seu devido contexto, nos diz que “estas coisas”, isto é, alimentação e vestimenta, não “todas as coisas”, como apregoa a teologia da ganância. Tenhamos cuidado para não dar primazia ao dinheiro em nossas vidas, pois a esse respeito alertou o Apóstolo que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). Uma vida cristã sadia não está pautada na inveja, na insatisfação defendida pela sociedade, mas na alegria que vem do Senhor, reconhecendo que Ele nos dá muito mais do que merecemos. 

CONCLUSÃO
A inveja é um sentimento adoecedor, que gera rivalidades e prejudica os relacionamentos (Pv. 14.30). Existem várias pessoas enfermas, inclusive no contexto eclesiástico, que não conseguem encontrar satisfação. A fim de nos opor a esse sentimento degenerador, devemos cultivar a alegria do Senhor, que é fonte de grande contentamento. A piedade deve ser o “capital” espiritual que devemos desejar, e buscar viver mais para os outros, e menos para nós mesmos. Somente assim desfrutaremos da alegria que vem do Senhor, e nos dar força para seguir adiante (Ne. 8.10).

BIBLIOGRAFIA
FILHO, J. M. Vivendo a excelência: o cultivo do fruto do Espírito. Londrina: Descoberta, 2007.
OLIVEIRA, F. T. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Reflexão, 2016.

O PERIGO DAS OBRAS DA CARNE





                         Leitura Bíblica: Lc. 6.39-49 – Texto Áureo: Mt. 26.41

INTRODUÇÃO
Uma vida direcionada pelas obras da carne está em grave perigo, considerando que aquilo que o homem plantar isso também ceifará. Por isso, a fim de alertar àqueles que se encontram nessa situação de risco, destacaremos, na aula de hoje, a importância de investir no espírito, tendo em vista que a fraqueza da carne pode favorecer a manifestação das obras más. Mostraremos ainda que aqueles que se deixam conduzir pelos desejos desenfreados acabam trazendo sobre eles penalidades drásticas. Ao final, apontaremos as consequências para aqueles que plantam na carne, ao invés de semearem no espírito.

1. A CARNE É FRACA
Nunca é demais ressaltar que não é bíblica, muito menos judaico-cristã a dicotomia espírito-corpo, comumente defendida nos púlpitos de algumas igrejas, sob a influência helenista inserida no cristianismo por meio de Agostinho, entre outros. A interpretação de Mt. 26.41, bem como de Gl. 5.17-22, deve ser feita a partir de uma cosmovisão escriturística, desconsiderando a perspectiva platônica. Quando Jesus destaca que o espírito está pronto, mas que a carne é fraca, está enfatizando as limitações da própria condição física. Essa declaração foi feita antes dEle ser levado a julgamento, e por conseguinte, ao calvário, quando se encontrava no Getsêmane (Mt. 26.41). No contexto da passagem, aprendemos que a oração é uma necessidade que nem sempre é valorizada pelos cristãos. De vez em quando precisamos nos colocar em vigilância, e para que isso seja feito, faz-se necessário que nos coloquemos em jejum e oração. Os momentos cruciais pelos quais Jesus teria que passar o levaram a orar com intensidade. Os discípulos, por não compreenderem a situação, e por não suportarem o peso do sono, dormiram. Para vencer os dias difíceis que podem sobrevir sobre nós, precisamos ser fortes, e sempre que necessário, abrir mão da comodidade, para se dedicar a horas silenciosas na presença de Deus. É dessa maneira que seremos capazes de enfrentar as tribulações da vida presente. O corpo não é necessariamente mal, mas pode ser usado para dar vasão à natureza pecaminosa. No contexto de uma sociedade hedonista, é provável que algumas pessoas prefiram a comodidade, a uma vida de sacrifício pelo próximo. Os seguidores de Jesus demonstraram insensibilidade em relação à condição do seu Mestre. Eles foram fracos diante da necessidade do Senhor de ter alguém ao Seu lado naquele momento angustiante.

2. A VIDA CONDUZIDA PELAS OBRAS DA CARNE
É preciso ter cuidado para não se deixar conduzir pela natureza pecaminosa, e se orientar pelo comodismo tão comum na contemporaneidade. Nada há de errado em ter conforto, e mesmo em desfrutar do quinhão que o Senhor proveu. Por outro lado, os bens materiais não podem ser usados apenas para o bem-estar das pessoas, a fim de alimentar os desejos egoístas. O fundamento das obras da carne é a concupiscência – makrothumia em grego – que diz respeito aos desejos desenfreados do homem caído (Rm. 7.8). As pessoas centradas nelas mesmas são incapazes de perceberem as carências dos outros. Por essa razão, destacamos que em Gl. 5.17, as obras da carne se manifestam prioritariamente no campo dos relacionamentos interpessoais. A busca por uma vida regalada, a supervalorização do eu, o desejo pelas posses, podem levar as pessoas a se distanciarem de Deus (II Tm. 3.1-3). A natureza pecaminosa precisa ser mortificada (Cl. 3.5), bem como nossa indisposição para o  sacrifício. Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Seu Filho Unigênito (Jo. 3.16), nós devemos também dar nossas vidas pelos irmãos (I Jo. 3.16). Quando predominam as obras da carne, em detrimento do fruto do Espírito, as pessoas se entregam devassamente à prostituição, impureza e lascívia, destruindo seus próprios corpos (I Co. 6.18); transformam a elas mesmas em deuses, se voltando à idolatria da qual devemos fugir (I Co. 10.14); e adentram ao mundo do ocultismo, que tem a ver com a feitiçaria, a fim de justificarem suas opções carnais (Ap. 21.8). A natureza que se opõe a Deus é invejosa, nunca encontra satisfação, está sempre em busca no que é do outro (I Co. 3.3). O resultado da ambição invejosa são as contendas, as pelejas que fomentam as discórdias, inclusive dentro das igrejas (II Co. 12.20). Não por acaso, algumas congregações estão tomadas pelas inimizades, partidarismos e facções. Há crentes que estão matando a fé uns dos outros, sem dar lugar ao perdão que vem de Deus (Cl. 3.12,13). Ao cristão não convém ser conduzido pelas obras da carne, e coisas semelhantes a essas, dentre as quais também podem ser incluídas bebedices e orgias, práticas comuns nos tempos de Paulo, bem como nos dias atuais.

3. O QUE O HOMEM PLANTAR ISSO TAMBÉM CEIFARÁ
Aqueles que semeiam na carne pagam um preço elevando, isso porque o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23). Mas é necessário atentar para a orientação bíblica de que Deus não é um estraga-prazeres, que se opõe aos nossos desejos. Na verdade, fomos criados por Deus para ter prazer, contanto que esses sejam desfrutados conforme sua orientação moderadora. A queda acabou por lançar o ser humano para a dispersão, a se portar de maneira desequilibrada. Os extremos se tornaram opções mais viáveis para os descendentes de Adão e Eva. A vontade de Deus é sempre boa, agradável e perfeita (Rm. 12.1,2) e para que não sejamos destruídos com o mundo (I Co. 11.32). A entrega dissoluta ao pecado destrói o objetivo de Deus em nossas vidas para o qual fomos criados. J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis, em suas alegorias fantásticas, demonstraram o que acontece com o ser humano quando esse pauta sua vida pelo pecado. Paulo é enfático ao declarar aos Gálatas: “pois o que o homem semear isso também ceifará” (Gl. 6.7). Há pessoas que estão destruindo seus corpos por causa dos vícios aos quais se devotaram. Alguns que querem ter cada vez mais dinheiro, e estão adoecendo e morrendo mais cedo do que deveriam (I Tm. 6.6-10). A prosperidade material se tornou o deus deste século, e o consumismo em uma espécie de religião. Os shopping centers são verdadeiros templos, nos quais as pessoas se dobram diante do deus-mamom (Mt. 6.24). A morte física iminente pode conduzir as pessoas à morte eterna, que se concretiza na condição de morte espiritual (Rm. 3.23; Hb. 9.27). Cristo é a Vida, somente nEle encontramos plena satisfação, e amando-O somos libertos do poder destruidor das obras da carne (Jo. 8.36). O convite dEle é para que abracemos seu jugo suave, e aprendamos que somente Ele pode nos trazer alivio real (Mt. 11.28).

CONCLUSÃO
Semear na carne é uma opção natural para o ser humano caído, tendo em vista que a propensão adâmica é para a desobediência. A menos que aconteça uma intervenção espiritual, estamos todos fadados a ir após nós mesmos. E quando nos entregamos aos desejos desenfreados, o resultado será a morte física, espiritual e eterna. Antes que seja tarde é preciso dar o brado de Paulo: “Miserável homem que sou” (Rm. 7.24), para receber o livramento de Deus, e reconhecer que “somos mais do que vencedores”, pelo Espírito Santo (Rm. 8.37-39).

BIBLIOGRAFIA
BARKLAY, W. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 1988.
OLIVEIRA, F. T. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Reflexão, 2016