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A IGREJA E A LEI DE DEUS


Textos: Rm. 3.31 – Mt. 5.17-20; Rm. 7.7-12

INTRODUÇÃO
No estudo desta semana, a fim de reforçar as orientações apresentadas, refletiremos a respeito da relação entre lei e graça no contexto da igreja. Inicialmente meditaremos sobre o significado da lei de Deus para os israelitas, em seguida, analisaremos a abordagem de Jesus no que tange à lei, e ao final, compararemos o papel da lei e da graça para a igreja. Concluiremos mostrando que os Dez Mandamentos se aplicam à igreja, mas que são cumpridos no amor-agape.

1. A LEI DE DEUS
A revelação da lei de Deus deixou os israelitas atônitos, de acordo com o registro bíblico, “todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe” (Ex. 20.18). Isso aconteceu depois que o Senhor desceu sobre o monte Sinai, de modo que aquele povo pode testemunhar a glória de Deus (Ex. 19.18). Diante daquela manifestação gloriosa –  shekinah – o povo se distanciou do lugar, permanecendo distante. Isso tem a ver com a demonstração da grandiosidade divina, e na limitação humana. Os israelitas interpretaram a lei como instrumento de julgamento, deixando de atentar para seu lado positivo (Ex. 20.19). Com base nessa tradição, uma ala do judaísmo preferiu um relacionamento distante de Yahweh. Ele chegaram a pedir a Moisés que intercedesse por eles, não queriam ouvir a revelação diretamente de Deus (Ex. 20.19). Foi nesse contexto que Moisés se colocou como mediador entre Deus e os homes, assumindo a condição de profeta. Esse testemunho é dado em Dt. 5.5 “naquele tempo, eu estava em pé entre o Senhor e vós, para vos notificar a palavra do Senhor, porque temestes o fogo e não subistes ao monte”. O povo teve dificuldade de compreender o espírito da lei, ao invés de vê-la como uma dádiva, para evitar que eles pecassem, e fossem destruídos, assumiram apenas o lado negativo (Ex. 20.20). Nos tempos de Jesus muitos religiosos interpretaram erroneamente a Lei, tornando-a um fardo para as pessoas. O legalismo presente em algumas igrejas evangélicas é um reflexo desse equívoco.

2. JESUS E O CUMPRIMENTO DA LEI
A própria Lei tem seus limites, ninguém é capaz de guarda-la, estamos fadados ao fracasso, pela condição pecaminosa. É justamente por esse motivo que Paulo explica que nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da Lei. O próprio Apóstolo deixa claro que o papel da Lei e apenas revelar o pecado (Rm. 3.20). Tiago reforça esse argumento ao declarar que qualquer que tropeçar em um só ponto da lei torna-se culpado de todos (Tg. 2.10). A lei pode apenas condenar, ela não tem poder para salvar, identifica a doença, mas não provê o remédio. Por isso temos a necessidade de um melhor Mediador, providenciado pelo próprio Deus. A providência divina é atestada por Paulo, afirmando que há apenas um Mediador entre Deus e os homens (I Tm. 2.5,6). Por meio de Cristo Deus providenciou o que a lei não pode fazer (Rm. 8.3), dando-nos um Mediador superior a Moisés (Hb. 3.3; 8.6; 9.15; 12.22-24). Isso significa que não estamos sem Lei para Deus, estamos agora debaixo da Lei de Cristo (I Co. 9.21). A obra redentora de Cristo cumpriu a Lei, Ele mesmo declarou que não veio para destruir a lei, mas para cumpri-la (Mt. 5.17,18). Na sua morte Jesus cumpriu a lei cerimonial (Mc. 27.50,51;Lc. 24.46), bem como as instituições festivas e sacrificiais (Hb. 5.4,5; I Co. 5.7). Em consequência disso não nos cabe mais ficar presos às cerimônias do culto judaico, como apregoam algumas igrejas judaizantes (Cl. 2.17).

3. LEI E GRAÇA
A lei é boa e santa, serve para mostrar o pecado (Gl. 3.11,24,25), mas não pode libertar o homem do pecado (Rm. 7.12). Após a regeneração o cristão se coloca na dependência do Espírito Santo, e passa a produzir Seu fruto (Gl. 5.22). A produção do fruto do Espírito resulta no processo de santificação (Rm. 8.1-7). Por meio dEle nos tornamos cumpridores de toda a lei, na medida em que demonstramos amor a Deus e ao próximo (Mc. 12.28-33), nisso se resume a lei e os profetas (Mt. 22.40). A igreja segue a Lei de Cristo, que se concretiza no amor, não mais na lei mosaica (Rm. 6.14; 13.9,10; Gl. 5.18). De modo que, como dizia Agostinho, “ame a Deus e faça o que quiser”. Essa declaração reflete a prática do cristão debaixo da graça, que é o favor imerecido de Deus, tudo que fazermos deve ser motivado pelo ágape. Foi justamente isso que Jesus disse ao declarar que a justiça dos Seus seguidores deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt. 5.20). Os religiosos do tempo de Jesus se firmavam na observância a preceitos externos, mas os seguidores de Cristo obedecem por amor (Jo. 14.21). Estamos libertos da lei mosaica, mas não estamos livres da Lei de Cristo (Rm. 3.28), mas por causa do amor que temos por Ele, e em reconhecimento da graça de Deus que nos alcançou, a obediência não nos é um fardo, pois sabemos que o jugo de Jesus é leve e suave (Mt. 11.28). Porque Ele nos amou primeiro, e provou entregando Sua vida por nós obedecemos com alegria (Jo. 3.16; Rm. 5.8; I Jo. 4.19).

CONCLUSÃO
Os dez mandamentos têm o seu valor para a igreja atual, principalmente se atentarmos para seus princípios imutáveis. Interpretá-los, à luz do evangelho de Cristo, considerando-O como Mediador superior a Moisés, possibilita aplicações que conduzem a uma vida santa. Mas todos esses mandamentos podem ser reduzidos ao agape, a expressão do amor divino dirige-nos para a obediência, com satisfação de estar no centro da vontade de Deus (Rm. 12.1,2).

NÃO COBIÇARÁS





  Textos: At. 20.33 – Ex. 20.17; I Rs. 21.1-5, 9, 10, 15, 16


INTRODUÇÃO
A cobiça está causando estragos à sociedade na qual vivemos, as pessoas estão pagando um preço elevado por causa desse pecado. Diante dessa realidade, nos voltaremos, no estudo desta semana, para os perigos individuais e coletivos da cobiça. Inicialmente mostraremos que esse pecado acabou sendo naturalizado, sendo inclusive incentivado pela propaganda. Por fim, analisaremos os reflexos de uma sociedade gananciosa, e a necessidade de resgatar o princípio bíblico do contentamento.

1. UM PECADO NATURALIZADO
A cobiça é proibida no décimo e último mandamento, a palavra do Senhor é enfática: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do eu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Ex. 20.17). O verbo cobiçar, nesse mandamento, é chamad e expressa o desejo desenfreado de possuir algo ou alguém. Esse tipo de desejo é identificado no Jardim do Eden, quando Eva cobiçou comer o fruto proibido (Gn. 3.6). Com base em Ex. 20.17, é possível identificar vários tipos de cobiças: bens materiais, tais como carros luxuosos, e mansões bem localizadas. A indústria da beleza faz também com que as pessoas desejam possuir homens e mulheres com corpos esculturais. Há uma tendência à insatisfação, ninguém fica feliz com o último veículo que adquiriu, logo após colocá-lo na garagem, lamentam não ser igual ao do vizinho. Há aqueles que não se satisfazem com seu cônjuge, estão sempre em busca da mulher do próximo, resultando em adultério (Mt. 5.28). Em relação aos bens materiais, a igreja conseguiu institucionalizar a cobiça, denominando-a de prosperidade, que na verdade é ganância. Muitos cristãos, influenciados pela teologia da ganância, pedem para satisfazer seus desejos descabidos (Tg. 4.13). As promessas alusivas à Israel, e que se concretizarão no Milênio, estão sendo tomadas individualmente por alguns cristãos, que arrogam ser proprietários das “bênçãos” de Deus.

2. QUANDO A COBIÇA SE PROPAGA
Alguns cristãos deixaram de medir as consequências da cobiça, não poucos estão endividados por seguirem a pauta da teologia da ganância. Tiago revela os estragos desse tipo de pecado, por causa dele pessoas estão contendendo umas com as outras (Tg. 4.1,2). O princípio da meritocracia tem seu lado positivo e negativo, é preciso ter cautela para não assumi-lo cegamente. Há aqueles que por acharem que merecem o que têm, defendem que podem desejar o que quiserem. Essa atitude é incitada pelos meios de comunicação, principalmente através da propaganda, para alimentar o consumo desenfreado.  Mas Jesus advertiu em relação ao pecado da cobiça, listando-o entre outros, tais como roubo, assassinato e adultério (Mt. 7.21,22). Entre aqueles que ficarão fora do reino de Deus, apresentados por Paulo em I Co. 6.9,10 estão os cobiçosos. Há exemplos bíblicos de problemas causados individualmente e coletivamente por causa da cobiça, as mais conhecidas são a de Acã  (Js. 7.21) e Acabe (I Rs. 21.1-3). No contexto do Novo Testamento, o desejo por possuir cada vez mais é uma demonstração de carnalidade, e mostra ausência do fruto do Espírito, considerando que um dos seus aspectos é o autocontrole (Gl. 5.16-22). Apelando mais uma vez a Tiago, sabemos que uma vez que a pessoa cultiva esse pecado no coração, o final será a ruína, que gera a morte (Tg. 1.14,15). Mas há aqueles, inclusive nas igrejas, que acham normal cobiçar, gostariam de estar na lista dos mais ricos da Revista Forbes. Paulo, no entanto, adverte que aqueles que querem ser ricos caem em tentação, em concupiscências loucas, que levam à perdição (I Tm. 6.9).

3. CULTIVE O CONTENTAMENTO
Os cristãos precisam fugir desse modelo mundano, que alimenta a ganância, e naturaliza a cobiça. Para tanto devem saber que “é grande ganho a piedade com contentamento” (I Tm. 6.6). Por isso, devemos aprender a cultivar a satisfação, saber distinguir o que é necessário do supérfluo. De modo que, conforme instrui o autor da Epístola aos Hebreus, nossos costumes devem ser sem avareza, contentando-nos com o que temos (Hb. 13.5). Essa é uma prática que se concretiza ao longo da experiência com Deus, ao aprendizado na dependência, sabendo que Ele nos provê “o pão nosso de cada dia” (Mt. 6.11). Na escola de Cristo, aprendemos, como fez Paulo, a estar contente com o que se tem, saber estar abatido pela privação, e se for o caso, a ter em abundância (Fp. 4.11-13). Por deixarem de cultivar essa disciplina cristã, muitos cristãos estão dobrados diante de Mamom (Mt. 6.24). Ao invés de investir neste mundo tenebroso, cuja riqueza perece, e causa ansiedade (Mt. 6.19-21), busquemos primeiro o Reino de Deus, e o necessário nos será dado (Mt. 6. 33). O texto, no seu devido contexto, nos diz que “estas coisas”, isto é, alimentação e vestimenta, não “todas as coisas”, como apregoa a teologia da ganância. Tenhamos cuidado para não dar primazia ao dinheiro em nossas vidas, pois a esse respeito alertou o Apóstolo que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10). Uma vida cristã sadia não está pautada na cobiça, na insatisfação defendida pela sociedade, mas na gratidão ao Senhor, reconhecendo que Ele sempre nos dá mais do que mereceremos.

CONCLUSÃO
A cobiça está destruindo muitas vidas, até mesmo daqueles que são considerados evangélicos. Por causa da ganância muitos não conseguem mais encontrar satisfação, nem mesmo na presença de Deus. O Senhor revelou a Abraão que Ele, e somente Ele, é nossa maior recompensa, o Grande Galardão (Gn. 15.1). Quando encontramos plena satisfação em Deus, podemos trabalhar com afinco, buscar suprir as necessidades pessoais e familiares, mas sem nos tornar escravos do consumismo.

NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO

Textos: Ex. 23.1 – Ex. 20.16; Dt. 19.15-20



INTRODUÇÃO
O nono mandamento tem a ver com a verdade, trata-se de um alerta necessário nos dias atuais, em que a mentira tenta prevalecer. No estudo desta semana abordaremos a temática bíblica do falso testemunho. Em seguida, nos voltaremos para os males da mentira, e suas trágicas consequências. Ao final, mostraremos a importância de falar a verdade, sobretudo relativizando a Palavra de Deus, mesmo que no contexto social a mentira seja assumida como verdade.

1. O FALSO TESTEMUNHO
Esse é um mandamento que tem relação direta com o contexto jurídico. A testemunha mentirosa era abominação aos olhos de Deus. A palavra hebraica para esse mandamento é shaqar, usada especificamente para o falso testemunho em situações de juízo. Havia outra palavra hebraica, kachash, essa mais ampla, que se referia a qualquer tipo de mentira. Assim, esse mandamento poderia muito bem ser traduzido como: “não mentirás em juízo”. O objetivo desse mandamento era evitar abusos na condenação, e evitar que a pessoa fosse punida inocentemente. Por isso, o próprio Deus destacou que ninguém poderia ser condenado a menos que mais de uma testemunha atestasse o pecado (Dt. 19.15). Essa recomendação se aplicava principalmente nos casos de penas capitais, nos quais ninguém poderia ser condenado com base em apenas uma testemunha (Nm. 35.30; Dt. 17.6). Na execução da pena, aquele que acusasse o transgressor, deveria ser o primeiro a apedrejá-lo (Dt. 17.7). Esse procedimento responsabilizaria a testemunha, na medida em que possibilitaria sua execução, caso a pessoa fosse morta indevidamente (Dt. 19.18,19). Ao longo da Bíblia, a verdade tem proeminência sobre a mentira, por isso o salmista afirma que aqueles que falam a verdade, e não difamam com a língua, habitarão no tabernáculo do Senhor (Sl. 15.1,-3). A mensagem dos profetas também é contundente contra o falso testemunho, por isso cada um deveria falar a verdade (Zc. 8.16). Dentre os profetas, Oséias critica os israelitas, acusando-os de mentirem irresponsavelmente (Os. 4.2).

2.  OS MALES DA MENTIRA
A mensagem de Tiago é confrontadora em relação ao perigo da mentira, considerando que esse é um dos males provocados pela língua (Tg. 3.6). Alguns cristãos não calculam os males que essa pode causar, seus estragos podem ser irreparáveis. Por isso também Paulo, em suas epístolas, admoesta as igrejas para fugirem da mentira (II Co. 12.20; Ef. 4.31). O livro de Provérbios traz sérias advertências em relação ao uso indiscriminado das palavras (Pv. 22.1). A fofoca, ao que tudo indica, é um dos males que não está apenas na televisão. Muitos cristãos estão usando a língua para difamarem os irmãos, em alguns casos sem lhes dar o direito à defesa. Mas é preciso ter cuidado também com aqueles que se aproximam com palavras lisonjeiras, pois na verdade estão querendo conduzir as pessoas à cova (Pv. 18.18). Jesus foi categórico quanto aos males da língua, por isso orienta que melhor que falar de alguém, é preferível ir até ele e discutir o assunto (Mt. 18.15). O Senhor também destacou que Satanás é mentiroso, na verdade é o pai da mentira (Jo. 8.44). Esse é o motivo pelo qual Deus odeia tanto o engano, e o abomina entre os fiéis (Pv. 6.16-19). Ananias e Safira pagaram o preço pela mentira, a hipocrisia deles, manifestada pela mentira, os levou à morte (At. 5.1-4). De igual modo muitos estão indo à ruina por causa das suas mentiras. Elas são tão maléficas que aqueles que a proferem ficarão de fora da cidade celestial (Ap. 21.8).

3. A VERDADE PREVALECE
Os cristãos devem ser reconhecidos por falarem a verdade, para tanto não podem pactuar com o falso testemunho (Mt. 5.37). Jesus ressaltou que aqueles que são dEle tem uma relação íntima com a verdade (Jo. 18.37), isso porque Ele mesmo é a Verdade (Jo. 14.6). Como seguidores da Verdade encarnada, devemos mostrar identificação com Ele, seguindo Seu exemplo (I Pe. 1.15,16). Por isso Paulo, em sua Epístola aos Efésios, conclama os cristãos a abandonarem a mentira, e a falarem a verdade entre eles (Ef. 4.25). Mas a verdade não precisa ser falada de modo grosseiro, não podemos esquecer que podemos falar a verdade em amor (Ef. 4.15). Por viverem na verdade, os cristãos devem ser modelos de confiança, e ter cuidado para não relativizar os absolutos de Deus, conforme faz essa sociedade caída. Há muitos que estão pactuando uma ética diferenciada daquela exarada nas Escrituras. O Senhor adverte àqueles que querem transformar a mentira em verdade (Is. 5.20 ). Os fariseus do tempo de Jesus mentiam com suas vidas, exigiam das pessoas o que eles mesmos não praticavam (Mt. 23.27.28). A mentira pode ser demonstrada não apenas por meio das palavras, mas também através das vidas daqueles que desobedecem à palavra de Deus. Há cristãos com uma vida dupla, eles agem diferentemente, dentro e fora da igreja. Exige-se dos cristãos coerência, se falam a verdade, devem também viver na Verdade.

CONCLUSÃO
A mentira campeia na sociedade, e não poucas vezes, por se repetir tanto, acaba sendo absolvida como verdade. Mas os cristãos têm um critério para diferenciar a verdade da mentira, a Palavra de Deus. Com base nesta, devemos nos posicionamos em conformidade com Cristo, falando sempre a verdade em amor. O testemunho do cristão é sincero em seus relacionamentos, porque Ele se encontra debaixo do senhorio de Cristo, a Verdade que liberta (Jo. 8.32).

NÃO FURTARÁS





Textos: Ef. 4.28 – Ex. 20.15; 22.1-9

INTRODUÇÃO
No estudo desta semana mais uma das dez palavras, trata-se de uma reflexão bíblico-teológica sobre o princípio da propriedade. Inicialmente, mostraremos a percepção bíblica do furto/roubo na Bíblia. Em seguida, nos voltaremos para os diferentes tipos de furtos/roubos na sociedade. Ao final, ressaltaremos a importância do trabalho, como forma legítima de sustento, além de dar glória a Deus.

1. O FURTO/ROUBO NA BÍBLIA
A palavra hebraica para “furtarás” é ganaf e significa, literalmente, “carregar algo, de forma sorrateira”. Tecnicamente furtar é se apoderar de algo que não pertence à pessoa. No contexto da sociedade judaica, esse verbo era usado para se referir ao arrombamento, assalto por meio de violência, pilhagem e sequestro, ou mesmo obtenção de recursos por meios indevidos. O verbo também tem a ver com peculato  - tomar fraudulosamente dinheiro ou bens de alguém; extorsão – receber dinheiro de alguém através de ameaça ou abuso de autoridade; e estelionato – obtenção de dinheiro ou recursos por meios ilegais. Como se pode perceber, ganaf tem um alcance bastante, de modo que abarca diferentes situações de furto e roubo na sociedade contemporânea. A partir de Lv. 19.9-13, é possível identificar também furtos na relação senhor e servo. Em termos aplicativos, existe o risco dos empregadores explorarem seus trabalhadores, retendo aquilo que lhes é de direito (Tg. 5.4). Por outro lado, os empregados não podem furtar seus empregadores. Antes devem trabalhar como ao Senhor, fazendo tudo para a glória de Deus (Cl. 3.20-23). O furto deve ser abandonado, ninguém deve agir com desonestidade, mesmo que essa prática seja considerada normal (Ef. 4.28). Os funcionários públicos que se envolveram em atos de corrupção devem seguir o exemplo de Zaqueu, e se arrependerem dos seus pecados (Lc. 19.8). 

2.   LADRÕES E LADRÕES
Acã é um exemplo bíblico de ladrão, quando o Senhor entregou Jericó nas mãos dos israelitas, Josué deu orientações para que ninguém se apropriasse do anátema (Js 6.16-19). Depois de seguir as instruções de Yahweh, o povo obteve êxito na empreitada, mas Acã resolveu desobedecer, e ficar com parte dos despojos da batalha (Js. 7.21). Talvez ele achasse que ninguém iria perceber, que o Deus de Israel não levaria isso em consideração. Mas os olhos do Senhor estão fitos nos atos pecaminosos dos homens. Ele viu o pecado de Acão, advertindo quanto às consequências para o povo (Js. 7.10-12). Existem ladrões e ladrões, todos são pecadores, e dignos do juízo divino. Contudo, há furtos/roubos que trazem maiores consequências à comunidade. Há quem pense que o desvio de determinadas quantias do erário público não causará grandes danos. A mídia alimenta essa crença, pois busca punição apenas para os ladrões que realizam pequenos furtos. Aqueles que roubam os mais pobres são acobertados, considerando que alguns têm foro privilegiado, e o controle dos meios de comunicação. Enquanto isso, milhares de pessoas estão nos corredores dos hospitais, tantas outras nas ruas sem emprego, e crianças sem uma educação pública de qualidade. Ao que tudo indica, o dinheiro é enviado para atender às demandas sociais, mas acabam sendo desviados, a fim de favorecer determinadas empresas, que elegem aqueles que deveriam representar o povo. A democracia é uma conquista cristã, objetivando o equilíbrio entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. Mas para isso precisamos investir  em seu avanço, defendendo urgentemente uma ampla reforma política. As grandes corporações não podem manobrar os partidos políticos, a fim de obterem enriquecimento ilícito, em detrimento dos recursos que deveriam ser destinados aos mais pobres. As campanhas eleitorais precisam ser mais econômicas, com controle de financiamento público e privado. Faz-se necessário por fim à impunidade, principalmente nos casos dos crimes “de colarinho branco”.

3. A DIGNIDADE DO TRABALHO
Ao invés de furtar ou roubar, a palavra de Deus direciona o ser humano ao trabalho, ressaltando sua dignidade (I Ts. 4.10-12), qualquer prosperidade decorrente de práticas ilícitas não é benção de Deus. É vergonhoso ver supostos cristãos na mídia orando, agradecendo a Deus por uma propina recebida. Os cristãos também são responsáveis pelo bem estar cultural, social e ambiental. Desde o início Deus deu a Adão a responsabilidade lavrar e guardar o jardim do Éden (Gn. 2.15), antes mesmo da Queda. Esse princípio se aplica aos cristãos dos dias atuais. A nós é dada a missão de guardar o habitat, o meio ambiente no qual nos encontramos. Não estamos isentos da atribuição de cuidar do jardim, contribuindo para o processo de redenção da natureza, que se dará plenamente por ocasião da volta de Cristo (Rm. 8.22-24). Precisamos nos opor à cobiça e ao materialismo que resulta em ansiedade, um dos males da contemporaneidade (Mt. 6.24-34). A orientação bíblica é a de demonstrar amor ao próximo, promovendo a generosidade (Mt. 22.37-40). Ninguém deve ser impulsionado à preguiça (Pv. 6.10,11), nem tão pouco fazer apologia à pobreza (Pv. 30.8,9). Não somos adeptos da teologia da prosperidade (ou da ganância), e muito menos da privação (miséria), mas da provisão necessária. Devemos trabalhar com honestidade, a fim de obter uma condição financeira suficiente para o bem estar pessoal, familiar e social (I Ts. 4.11,12), agradecendo a Deus pelo pão nosso de cada dia (Mt. 6.11), aprendendo a cultivar o contentamento (Fp. 4.12), e exercitando a generosidade (II Co. 9.6-15).  

CONCLUSÃO
Jesus foi crucificado entre dois ladrões, um a sua direita e outra à esquerda (Mt. 27.38). Não se enganem existem ladrões em todos os lados, não apenas aqueles apresentados pela mídia. Um dos ladrões reconheceu o Seu pecado, e teve tempo para se arrepender (Lc. 23.42). Por causa disso, o Senhor prometeu que esse estaria com Ele no paraíso (Lc. 23.42,43). Há esperança para aqueles que comentem o pecado do furto/roubo, como Zaqueu poderão se arrepender dos seus pecados, e encontrar salvação em Cristo (Lc. 19.10).