Textos: Mt. 3.11 – At.2.1-4;4,7.
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INTRODUÇÃO: 100 Anos de Pentecostes, neste mês, a Assembléia de Deus no Brasil, alcança essa marca histórica. No estudo desta semana, veremos a respeito da trajetória dessa igreja que, pelo poder do Espírito Santo, foi constituída a maior denominação evangélica do país. Inicialmente, destacaremos os seus primórdios, em seguida, o avanço significativo nas décadas seguintes, e por fim, seu desenvolvimento nos dias atuais.
1. OS PRIMÓRDIOS DA ASSEMBLÉIA DE DEUS: Em 1910, em plena efervescência do movimento pentecostal na cidade de Chicago, um jovem pastor batista sueco, chamado Gunnar Vingren, atraído pelo poder do Espírito Santo, se dirigiu àquela cidade a fim de atestar a veracidade dos fatos noticiados pela imprensa. Em 1909, após ter concluído o Seminário Teológico de Chicago, pastoreou a Primeira Igreja Batista de Menominee, em Michigan. Em uma das reuniões pentecostais, uma irmã profetizou para o jovem pastor que ele somente seria enviado para a obra missionária depois de ter sido batizado no Espírito Santo. Após ter recebido o poder do alto, Vingren retornou à sua Igreja e passou a ensinar a mensagem pentecostal, mas alguns irmãos da congregação não aceitaram aquela doutrina, recusando-o como pastor. Dias depois, em uma reunião de oração, o Espírito Santo falou-lhe através do irmão Adolfo Uldin que deveria ir ao Pará. Naquela ocasião Vingren encontrou Daniel Berg e juntos foram a uma biblioteca para consultar mapas e verificaram que o lugar profetizado localizava-se no Norte do Brasil. Antes de viajarem, Vingren, que dispunha de apenas 90 dólares, doou aquela quantia para um jornal pentecostal e partiu confiante em Deus. Em Nova Iorque, encontraram um irmão que se dirigia ao correio com uma carta, contendo justamente 90 dólares, e entregou o envelope ao irmão Vingren, comovidos eles agradeceram ao Senhor pela providência. Eles compreenderam que o Senhor estava com eles, e nessa fé, partiram de Nova Iorque em 5 de novembro de 1910, chegando ao Brasil no dia 19 do mesmo mês. Em Belém, foram direcionados a um pastor batista, que os recebeu e permitiu que eles fixassem residência no porão do templo. Daniel Berg começou a trabalhar para pagar as aulas de português de Gunnar Vingren, e este, ensinava a Daniel o que aprendia. Tão logo os missionários começaram a pregar a fé pentecostal, Jesus começou a batizar no Espírito Santo, a primeira irmã a recebê-lo foi Celina Albuquerque, outros crentes também passaram a defender a doutrina, incomodando a liderança da Igreja Batista de Belém. Após serem expulsos daquela igreja, fundaram, em 18 de junho de 1911, a Missão da Fé Apostólica, que viria a se chamar, em 1918, Assembléia de Deus.
2. O CRESCIMENTO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS: A expansão da Assembléia de Deus se deu do Norte para o Nordeste e em pouco tempo alcançou o sul e o sudeste do pais. Isso porque os imigrantes nordestinos haviam deixado sua terra, devido à seca, e seguiram em direção ao Norte, em busca de melhorias de vida, impulsionados pela cultura da borracha, que posteriormente entraria em crise. Muitos desses nordestinos não conseguiram o bem-estar financeiro que almejavam, mas foram tocados pela mensagem do evangelho de Cristo e pelo poder do Espírito Santo, e retornando aos seus estados, difundiram-na nos rincões por onde passavam. Em fevereiro de 1910, Absalão Piano é consagrado pastor, se tornando, assim, o primeiro pastor brasileiro das Assembléias de Deus. Mais missionários vieram para o Brasil, em 1914 Otto e Adina Nelson, procedentes da Suécia. Em 1916, chegaram a Belém do Pará, o pastor Samuel Nyström e sua esposa Lina, vindos da Suécia, via Estados Unidos. Em 16 de outubro de 1917, Gunnar Vingren casou-se com Frida Strandberg, cumprindo-se a profecia do irmão Adolfo Uldin, de que ele se casaria com uma jovem com esse nome. Frida Vingren foi um baluarte da fé pentecostal no Brasil, em virtude das doenças do marido, essa obreira incansável empreendeu todos os esforços para a edificação da igreja. Além de compor belos hinos que fazem parte da Harpa Cristã, tinha considerável formação bíblico-teológica, escrevendo artigos para os periódicos pentecostais e lições para o ensino dominical na igreja. A Assembléia de Deus, por aquele tempo, era um movimento menos institucionalizado, isso porque o pentecostalismo sempre foi marginalizado. Na Suécia, as igrejas estatais não admitiam aquele tipo de doutrina, por isso, a tendência dos missionários era adotar no Brasil o sistema de igreja livres, semelhantes àquelas existentes no país deles. A institucionalização da igreja consolidou-se em 1930, quando, em Natal (RN), aconteceu a Primeira Convenção da Assembléia de Deus, cujo objetivo central foi o recebimento dos brasileiros, mas especificamente dos nordestinos, da liderança da igreja, até então conduzida pelos missionários suecos. Dentre os pontos discutidos nessa convenção estavam: a observância dos usos e costumes, a questão da ordenação masculina e a oposição aos seminários teológicos. Esses assuntos estavam em evidência por causa da influência que a Assembléia de Deus dos Estados Unidos, que se mostrava bastante flexível em relação a esses posicionamentos. Ao longo da sua história, a Assembléia de Deus no Brasil, tem se demonstrado mais aberta em relação a alguns desses princípios. A existência da Faculdade da Assembléia de Deus – FAECAD – é uma demonstração de ruptura e de ênfase no ensino bíblico-teológico, bem como a difusão do evangelho através de um programa de TV: Movimento Pentecostal, já que outrora era proibido que os crentes ouvissem rádio e vissem televisão.
3. A ASSEMBLÉIA DE DEUS NOS DIAS ATUAIS: Nesses últimos anos a Assembléia de Deus no Brasil experimentou um avanço extraordinário. Estima-se que atualmente existam mais de 20 milhões de fiéis espalhados por todo o Brasil, representado aproximadamente 40% dos evangélicos, mais de 30 mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil cultos nos mais de cinco mil municípios brasileiros. Essa expansão possibilitou uma série de vantagens, principalmente no contexto social. A Assembléia de Deus deixou de ser um movimento evangélico marginalizado e passou a gozar de prestígio perante a sociedade, principalmente entre os políticos que querem angariar votos entre os fiéis. A própria igreja, que outrora se posicionava contra o envolvimento dos cristãos na política, passou a investir nessa área, elegendo, a cada pleito, um número representativo de evangélicos, inclusive pastores, para o executivo e o legislativo. Os primeiros crentes eram pessoas simples que não gozavam de condição financeira favorável e tinham pouca instrução estudantil. Esse quadro atualmente é diferenciado, pois existem pessoas hoje na Assembléia de Deus com considerável saber acadêmico, além de empresários bem-sucedidos, considerando que a Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno – ADHONEP é uma idealização dessa denominação. A Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB), criada inicialmente em 1930, foi registrada em 1946, pelo missionário Samuel Nyström e o Pr. Cícero Canuto. Esse órgão assembleiano surgiu com o objetivo de estabelecer um espaço de discussão e direcionar o crescimento da denominação. Em 1989 ocorreu a primeira dissidência na CGADB quando surgiu a Convenção Nacional de Ministros da Assembléia de Deus Madureira. O atual presidente da CGADB é o Pr. José Wellington Bezerra da Costa, que tem dirigido essa convenção desde 1988, após a morte do Pr. Alcebíades Pereira de Vasconcelos. Ligada à CGADB está a Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), que tem experimentado um crescimento considerável nesses últimos anos, publicando Bíblias, periódicos e obras clássicas da teologia evangélica, sendo gerenciada por Ronaldo Rodrigues. Uma das suas principais publicações é a Bíblia de Estudo Pentecostal, com notas de Donald Stamps e cuja tradução foi supervisionada por um dos expoentes da teologia pentecostal brasileira, o Pr. Antonio Gilberto.
CONCLUSÃO: A Igreja que cresce sempre enfrenta desafios, assim aconteceu com a Igreja em Jerusalém, o mesmo tem ocorrido com a Assembléia de Deus. Há muito para celebrar, podemos dizer como o salmista: “grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres” (Sl. 126.4). No entanto, não podemos desconsiderar os riscos que enfrentamos para os próximos anos, enquanto aguardamos a vinda de Jesus. Dentre eles destacamos: a confusão na relação igreja-estado, a secularização da teologia da prosperidade, o exagero na institucionalização, a formação de novos líderes, o formalismo litúrgico e a política eclesiástica, essa última tem causado fortes disputas internas por cargos eletivos. Esses desafios não tiram o brilho do Centenário, mas nos levam a refletir sobre o futuro da igreja, a ponderar a respeito de onde viemos, onde estamos e aonde iremos, sem esquecer, principalmente, que o Senhor Jesus é o Senhor da Igreja e que o Espírito Santo sopra aonde quer, por isso, precisamos estar atentos para ouvir a Sua voz. PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!