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LIÇÕES BÍBLICAS – 4º TRIMESTRE/2023

 


Neste último Trimestre de 2023, vamos explorar um tema fundamental em nossas Escolas Bíblica Dominical em todo o Brasil: “Até os Confins da Terra – Pregando o Evangelho a Todos os Povos até a Volta de Cristo”. O comentarista das Lições é o pastor WAGNER GABY.

A Missão de pregar o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo é um tema intrinsecamente ligado à essência da missão cristã. Essa missão transcende o tempo e o espaço, abrangendo todas as eras da igreja e todas as nações da Terra.

Como Introdução do Trimestre, vejamos alguns aspectos teológicos dessa missão, sua base bíblica e as implicações para nossa fé e prática cristã.


1. A Base Bíblica da Missão

A base bíblica para a missão de pregar o Evangelho a todos os povos é incontestável. Jesus Cristo, em Mateus 28:19,20, deu um mandamento claro a Seus discípulos: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado". Este é o chamado imperativo de Cristo a cada cristão, que, por sua natureza, abrange todas as nações e povos.

É fundamental compreender a importância desse mandamento. O Evangelho é a boa notícia da salvação em Cristo Jesus, a mensagem que oferece perdão de pecados, reconciliação com Deus e vida eterna. Essa mensagem transcende fronteiras geográficas, culturais e étnicas. Ela é para todos os povos, línguas e nações. Como embaixadores do Evangelho, somos chamados a compartilhar essa esperança transformadora com todos que encontrarmos, independentemente de quem são ou onde vivem.

2. A Teologia da Missão

A missão é transcultural. Ela é uma extensão da própria natureza de Deus, que é amor e deseja que todos sejam salvos (1Timóteo 2:4). A teologia da missão nos ensina que Deus escolheu a igreja como Seu instrumento para levar a mensagem da salvação a todas as nações. A missão não é uma atividade secundária da igreja, mas seu propósito central.

A missão também nos leva a refletir sobre a doutrina da reconciliação. Em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo mesmo (2Coríntios 5:19). Portanto, nossa missão é proclamar essa reconciliação, convidando as pessoas a se reconciliarem com Deus por meio de Jesus Cristo.

3. Os Desafios Teológicos da Missão

Ao embarcar nessa missão, encontramos desafios teológicos significativos. Por exemplo, a questão da pluralidade religiosa e cultural nos leva a considerar como comunicar o Evangelho de maneira relevante e eficaz em contextos diversos. Devemos lembrar que a verdade do Evangelho é universal, mas sua aplicação pode variar culturalmente.

Os desafios que enfrentamos ao cumprir a Grande Comissão de Jesus, principalmente quando se trata de missões transculturais, são muitos. Primeiro, a diversidade cultural e religiosa do mundo requer sensibilidade e compreensão para alcançar diferentes grupos de pessoas. Cada cultura tem sua própria maneira de ver o mundo e sua espiritualidade, e devemos abordá-las com respeito e amor. Além disso, a barreira do idioma pode ser um obstáculo significativo, mas a tradução das Escrituras e a aprendizagem de línguas estrangeiras são ferramentas essenciais para superá-la.

Outro desafio é a oposição e a perseguição que alguns missionários podem enfrentar em áreas hostis ao cristianismo. No entanto, devemos lembrar que Deus está conosco em todos os momentos e que Ele pode transformar até mesmo as situações mais adversas em oportunidades para a Sua glória. A perseverança e a oração são nossos aliados nessa jornada.

Outro desafio é a compreensão da justiça social na missão. A missão não é apenas espiritual, mas também social, buscando transformar vidas e comunidades. Isso requer um entendimento profundo da teologia da justiça e da compaixão.

Mas, apesar dos desafios, há inúmeras bênçãos associadas à obediência a esse chamado. Em primeiro lugar, a alegria de ver vidas transformadas pelo Evangelho é incomparável. Testemunhar almas perdidas sendo encontradas por Cristo e vendo comunidades inteiras se voltando para Ele é uma experiência indescritível. Além disso, o Senhor promete estar conosco sempre, fortalecendo-nos e guiando-nos ao longo do caminho.

4. As Implicações Práticas

As implicações práticas dessa missão são vastas. Significa sair da nossa zona de conforto, superar barreiras culturais e linguísticas, e estar disposto a sacrificar-se pelo bem do reino de Deus. Requer também uma abordagem holística, considerando tanto as necessidades espirituais quanto as físicas das pessoas. Além disso, a missão nos lembra da importância da formação teológica e do conhecimento das Escrituras. Um conhecimento sólido da Palavra de Deus é essencial para comunicar com precisão o Evangelho.

5. A Grande Comissão

A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema tarefa da igreja. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais devem ser encarados no contexto da igreja local como acessórios, entretanto a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não cumprir a grande Comissão, não fez nada. Pregar o Evangelho é urgente e essencial! A Grande Comissão (Mt.28:19,20), envolve:

-Ir. Proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura.

-Ensinar. Ensinar tanto aos novos convertidos como aos maturados na fé, tornando-os fiéis seguidores de Cristo.

-Batizar. Integrar os novos convertidos na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, desfrutando sempre da comunhão dos santos.

A Grande Comissão vai além do simples ato de falar de Jesus, o que denominamos comumente de evangelizar. Trata-se de um processo pelo qual Jesus se torna vivo e presente na vida dos fiéis, de forma que eles ajam de acordo com os padrões divinos. É tornar o Evangelho uma prática na vida das pessoas. Não é apenas falar de Jesus e esperar que a pessoa se decida por influência da pregação.

É bom ressaltar que “pregar o evangelho” não é apenas fazer um sermão, uma exposição da Palavra de Deus a um grupo de ouvintes, com eloquência, com unção do Espírito Santo. Isto também é pregar, mas não é esta a única forma que se tem para pregar o Evangelho, nem a só a isto que Jesus Se refere na “Grande Comissão”.

“Pregar o evangelho” é mostrar antecipadamente o Cristo, de forma adiantada, antes que se mostre quem é Ele nas Escrituras, que dEle testificam (João 5:39). Mas como podemos mostrar Jesus antes que O mostremos na Bíblia Sagrada? Através de nossas próprias vidas! O povo de Antioquia, ao ouvir a mensagem do Evangelho, começou a chamar os discípulos de cristãos, porque, ao compararem o modo de vida de cada crente com o que era mostrado nas Escrituras, descobriram que os crentes daquela igreja eram “parecidos com Cristo”, ou seja, eram “cristãos”. Portanto, a melhor e mais impressionante forma de pregarmos o Evangelho é vivermos de acordo com o Evangelho, é termos uma vida sincera e irrepreensível diante de Deus e dos homens.

LIÇÕES PROPOSTAS A SEREM ESTUDADAS AO LONGO DO TRIMESTRE:

Lição 01 - A Grande Comissão: Um Enfoque Etnocêntrico.

A Grande Comissão, que instrui os discípulos a fazerem discípulos de todas as nações, transcende as barreiras culturais e étnicas. Ela nos desafia a superar quaisquer obstáculos cultural e social, e a levar o Evangelho a todos os povos, reconhecendo a diversidade e a igualdade de valor de todas as pessoas aos olhos de Deus.

Portanto, a Grande Comissão não é apenas um chamado à evangelização, mas também um chamado a transcender fronteiras culturais e étnicas. Ela demanda que os discípulos levem o Evangelho a todos os povos, reconhecendo e respeitando suas diversas identidades culturais.

Lição 02 - Missões Transculturais: À sua Origem na Natureza de Deus.

As missões transculturais têm suas raízes na natureza de Deus, que é amor e deseja a salvação de todos os seres humanos. Deus é transcultural, e seu plano de redenção abrange todas as culturas, línguas e etnias. As missões refletem esse caráter divino, levando a mensagem da salvação a todos os cantos do mundo

Lição 03 - Missões Transculturais no Antigo Testamento.

No Antigo Testamento, vemos exemplos de missões transculturais por meio da vida de profetas e personagens como Jonas e Noé. Deus usou esses homens para comunicar sua vontade e chamar povos estrangeiros ao arrependimento e à fé. Embora de maneira prenunciada, vemos também a bênção de Abraão, que tinha o propósito de abençoar todas as nações por meio dele.

Lição 04 - Missões Transculturais no Novo Testamento.

O Novo Testamento é rico em narrativas e ensinamentos sobre missões transculturais, especialmente a expansão do cristianismo pelos apóstolos. Eles foram comissionados a pregar o Evangelho a todas as nações, estabelecendo um modelo para a evangelização transcultural que ainda nos inspira hoje.

Lição 05 - Uma Perspectiva Pentecostal de Missões.

A perspectiva pentecostal enfatiza a obra do Espírito Santo na capacitação e direção dos missionários e evangelistas; realça a importância do Espírito Santo no avanço das missões, conferindo poder, ousadia e habilidades linguísticas para superar barreiras culturais e levar o Evangelho a todos os cantos da terra.

Lição 06 - Orando, Contribuindo e Fazendo Missões.

Envolvimento integral na missão transcultural envolve oração fervorosa pelo avanço do Evangelho, contribuição financeira para sustentar missionários e participação direta na obra missionária, seja indo ao campo ou apoiando de outras maneiras.

Lição 07 - A Responsabilidade da Igreja com os Missionários.

A igreja deve apoiar e sustentar os missionários de forma integral, proporcionando suporte emocional, espiritual e financeiro ao longo de sua jornada missionária.

Lição 08 - Missionários Fazedores de Tendas.

Esta Lição destaca a importância da auto-sustentabilidade dos missionários, permitindo que eles se envolvam eficazmente na cultura local.

Lição 09 - A Igreja e o Sustento Missionário.

A igreja tem o papel vital de prover recursos financeiros para sustentar os missionários, garantindo que possam dedicar-se plenamente à sua missão.

Lição 10 - O Desafio da Janela 10/40.

O Desafio da Janela 10/40 refere-se a uma estratégia de evangelismo e missões que foca na região do mundo entre as latitudes 10 e 40 graus ao norte do equador. Essa região inclui muitos países com uma alta concentração de não-cristãos e acesso limitado ao Evangelho, sendo vista como um importante campo missionário. O desafio busca direcionar esforços missionários para alcançar as pessoas que vivem nesse "cinturão" geográfico, visando compartilhar a mensagem do Evangelho e promover o avanço do Cristianismo nesses lugares.

Lição 11 - Missões e a Igreja Perseguida.

As missões transculturais muitas vezes envolvem a propagação do Evangelho em áreas onde os cristãos enfrentam discriminação, hostilidade ou perseguição devido à sua fé em Cristo. Em muitos lugares como, por exemplo, países comunistas e mulçumanos, os cristãos vivem em condições adversas, enfrentando desafios como restrições legais, violência e opressão. Missões nesses contextos buscam apoiar, fortalecer e compartilhar a fé em meio às dificuldades, muitas vezes promovendo a mensagem do Evangelho de maneira discreta e adaptada à situação de risco.

Lição 12 - O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia.

A Igreja de Antioquia fornece um modelo inspirador de envio missionário, onde a comunidade eclesiástica se mobiliza e apoia ativamente os missionários.

Lição 13 - O Propósito de Missões.

O propósito principal das missões é a expansão do Reino de Deus e a proclamação do Evangelho, visando a transformação de vidas e comunidades.

Lição 14 - Missões e a Volta do Senhor Jesus.

O mandato missionário está intrinsecamente ligado à expectativa da segunda vinda de Cristo, impulsionando a urgência e dedicação na realização da missão até sua gloriosa e tão esperada volta.

CONCLUSÃO

Estas Lições ilustram que a missão transcultural é uma responsabilidade central da fé cristã, impulsionada pelo amor, direcionada pela Palavra de Deus e vital para a realização da Grande Comissão até a volta gloriosa de Jesus Cristo.

O mandamento de pregar o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo é uma tarefa divina que nos foi confiada; é um chamado que requer sacrifício, coragem e persistência, mas que também traz inúmeras bênçãos espirituais e alegria indescritível. Devemos abraçar essa missão com zelo e dedicação, sabendo que Deus está conosco a cada passo do caminho.

E é bom enfatizar que o Ide de Jesus não foi apenas para os cristãos da Igreja do primeiro século, mas a todos os cristãos sem exceção. Onde há um pecador, sem o conhecimento do Evangelho, se encontra um campo missionário; e qualquer cristão pode evangelizá-lo com seu testemunho pessoal.

Que o amor de Cristo nos inspire a levar Seu Evangelho aos confins da Terra, para que todos os povos possam conhecer a esperança que encontramos Nele. Que Deus abençoe a Igreja nessa gloriosa jornada missionária enquanto buscamos obedecer ao grande mandamento de nosso Senhor e Salvador: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc.16:15,16).

O MUNDO DE DEUS NO MUNDO DOS HOMENS

 Texto Base: MATEUS 1:21-23; GÁLATAS 4:3-7
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco) ” (Mt.1:23).

MATEUS 1:

21.E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 

22.Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: 

23.Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco). 

Gálatas 4:

3.Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo; 

4.mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, 

5.para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. 

6 - E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. 

7.Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

INTRODUÇÃO

Nesta última Lição do 3º Trimestre de 2023, estudaremos a respeito do Reino de Deus no Mundo dos homens. O Reino de Deus está entre nós (Lc.17:21), mas este Reino é espiritual. A Igreja de Cristo é a expressão visível do Reino de Deus no mundo; nesse sentido, há um contraste entre os que representam os valores do Reino e os que representam os valores do Mundo. A Igreja de Cristo pertence ao Reino de Deus, apesar de ainda viver no Reino dos homens. Jesus, em sua oração sacerdotal, disse: ¹⁵Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. ¹⁶Eles não são do mundo, como também eu não sou” (João 17:15,16).

No presente, o Reino de Deus significa Deus intervindo e predominando no mundo, para manifestar seu poder, sua glória e suas prerrogativas contra o domínio de Satanás e a condição atual deste mundo. Trata-se de algo além da salvação ou da igreja; é Deus revelando-se com poder na execução de todas as suas obras.

O Reino é antes de tudo uma demonstração do poder divino em ação. Deus inicia seu domínio espiritual na terra, nos corações do seu povo e no meio deste (João 14:23; 20:22). Ele entra no mundo com poder (Is.64:1; Mc.9:1; 1Co.4:20); não se trata de poder no sentido material ou político, e sim, espiritual. O Reino não é uma teocracia relígio-política; ele não está vinculado ao domínio social ou político sobre as nações ou reinos deste mundo (João 18:36). Deus não pretende, atualmente, redimir e reformar o mundo através de ativismo social ou político, da força, ou de ação violenta. O mundo, durante a presente era, continuará inimigo de Deus e do seu povo (João 15:19; Rm.12:1,2; Tg.4:4; 1João 2:15-17; 4:4). O governo de Deus mediante o juízo direto e à força só ocorrerá no fim da dispensação desta era (Ap.19:11-21).

Embora vivamos grandes desafios no Reino do Mundo, o Reino de Deus permanece agindo por meio da Igreja (Mt.5:16). Mas, muito em breve, a Igreja estará definitivamente no Reino de Deus em sua forma literal.

I. O REINO DE DEUS NO MUNDO

1. A encarnação de Cristo

As Escrituras testemunham que quando chegou para Deus a “plenitude do tempo” (Gl.4:4), Ele enviou Seu Filho Jesus Cristo ao mundo, e aqui Ele nasceu e viveu. No tempo determinado, Cristo se fez homem, de modo que Ele participou da nossa natureza para expiar os nossos pecados (Hb.2:14-18). A este fato dá-se o nome de “encarnação”, que significa “na carne”, e aplica-se a Cristo, porque a Bíblia diz que Ele se “encarnou” (João 1:14; Rm.1:3; 8:3). Vale salientar que este ato de Deus em mandar Seu Filho ao mundo não foi um mero capricho, havia uma tremenda necessidade para que isso acontecesse (Gn.3:15; João 3:16).

Com a encarnação de Cristo Deus mostra que o tempo que Ele havia determinado havia chegado, se completado, e agora Ele estaria inaugurando uma nova ordem, um tempo novo. Os dias de Jesus entre os homens foram os “dias de sua carne” (Hb.5:7). A encarnação de Cristo se deu no tempo exato de acordo com o que Deus havia planejado. Aliás, toda a vida de Jesus ocorreu debaixo do plano de Deus Pai, tudo o que aconteceu com Ele foi na hora certa (João 2:4; 7:6,8,30; 8:20; 12:23; 13:1; 17:1), e conforme a Sua vontade (Atos 2:22-23; 4:27,28).

2. A mensagem do Reino

A mensagem do Reino de Deus é facilmente vista nas palavras de Jesus, descrita por Marcos: "o tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho" (Mc.1:15). Aqui, o evangelista Marcos expôs o que ele e outros escritores inspirados denominaram o Evangelho (boa nova ou boa mensagem) do Reino. As palavras de Jesus representam boas novas porque oferecem liberdade, justiça e esperança. Tratava-se de uma mensagem simples e objetiva, que diz:

ü  “o tempo está cumprido” – Jesus tinha vindo cumprir tudo quanto havia sido escrito pelos profetas a Seu respeito. Como nos ensina o apóstolo Paulo, havia chegado “a plenitude dos tempos” (Gl.4:4).

ü  “o reino de Deus está próximo” – O reino não havia chegado, mas estava próximo, ou seja, ele não se imporia sobre o povo de Israel, mas, a exemplo da lei, estava sendo oferecido, era tornado acessível a todos quantos o aceitassem.

ü  “Arrependei-vos” – O reino de Deus não era uma estrutura política, social ou econômica que seria imposta aos judeus, mas seria o estabelecimento de uma comunhão entre Deus e cada um dos israelitas. Para tanto, necessário se faria a remoção dos pecados. Para que o reino de Deus se instalasse, era necessário o arrependimento.

ü  “e crede no Evangelho” – As duas coisas que deveriam ser feitas pelo povo judeu seria o arrependimento de seus pecados e a fé na mensagem trazida pelo Senhor.

Entretanto, o Reino de Deus não se instalou na nação judaica, porque ela não recebeu o Senhor, não creu nEle nem em Sua mensagem. Ante a rejeição de Israel, a pregação do Reino de Deus se estendeu aos gentios (Mt.21:43; Atos 11:18; Rm.11:11), ou seja, chegou até nós. Vive-se o momento da oportunidade para que todos aceitem a Cristo como Salvador (Mt.24:14; 28:19; Mc.16:15).

Tornar-se parte do reino de Deus exige uma transformação do coração e da mente que somente Deus pode produzir à medida que confiamos a nossa vida a Ele. Assim que os propósitos do reino de Deus começam a se desenvolver dentro de uma pessoa, ela começa a desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo, que inclui “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm.14:17). Somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Cristo podem restaurar o pecador diante de Deus (Atos 3:19; Rm.3:23-25; 2Co.7:10). Assim sendo, a Igreja precisa proclamar a mensagem do Reino em todo o mundo (Mt.24:14); este é o seu papel principal.

3. Os valores do Reino

Muitos são os valores do Reino de Deus. Quando o homem ouve e aceita a mensagem do Reino de Deus (o Evangelho), ocorre uma mudança radical em sua vida. Seu comportamento, a partir desta experiência, passa a ser controlado pelo próprio Deus através do Espírito Santo. Então ocorre:

a) Mudança na maneira de ser e de agir – mudança de vida (cf.2Co.5:17). A partir da conversão, o comportamento dos filhos do Reino passa a ser controlado pelo próprio Deus através do Espírito Santo. Se uma pessoa se diz “salva”, mas não apresenta sinais visíveis de mudança de vida, alguma coisa deve estar errada. Se disser que está “salva”, mas continuar andando “como andam também os gentios”, então nada mudou. Ora, se nada mudou, biblicamente, não houve Conversão, mudança de vida.

b) Mudança de filiação. Antes de ouvir, crer e aceitar a Palavra de Deus, o homem era “filho da desobediência”, “filho da ira”, ou, na expressão mais pesada, dita pelo próprio Jesus, era “filho do diabo” (João 8:44). Agora, como salvo, o homem se torna “filho da luz”, conforme afirmou Paulo aos tessalonicenses: “Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia”(1Tess.5:5); ou, segundo declarou João: “Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2). Assim a mensagem do Reino de Deus(o Evangelho) opera no coração daquele que crê: uma mudança de filiação - o homem passa de “filho do diabo” para a condição de “filho de Deus”.

c) Mudança de atitude. Disse Pedro: “Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância” (1Pd.1:14). Se o homem diz que está salvo, mas continua conformado e não procura mudar seus hábitos, ou costumes, alguma coisa deve estar errada.

Também, as bem-aventuranças proferidas por Jesus no Sermão do Monte expõem o padrão ideal para o cidadão do Reino de Deus (Mt.5:3-12). As qualidades descritas e aprovadas são totalmente opostas às que o mundo valoriza. Esse sermão nos mostra que a real vida em Cristo requer a substituição de nosso padrão de justiça. Ser um cidadão do Reino independe do que temos ou fazemos, mas do que somos. É um estado interior. O Sermão do Monte é a base para todos os que desejam viver realmente o cristianismo bíblico. Ali, como bem descreve o Pr. Douglas Baptista, Cristo revela a ética e a moral do Reino, onde destacam-se: o necessário controle da ira (Mt.5:21,22); a fuga da imoralidade sexual (Mt.5:27,28); a indissolubilidade do casamento (Mt.5:31,32); a honestidade no falar (Mt.5:33-37); o não revidar as ofensas (Mt.5:38-44); a esmola, a oração e o jejum a partir de um coração sincero (Mt.6:1,5,16); o não julgar os outros (Mt.7:1,2); o alerta sobre os dois caminhos (Mt.7:13,14); a advertência contra os falsos profetas (Mt.7:15-23); e a exortação para a prática desses valores (Mt.7:24-35). Todos os súditos do Reino, porém, anseiam e procuram viver de acordo com esses princípios do reino, pois eles nos chamam para uma vida de perfeição em Cristo (Mt.5:48) e nos convida a priorizar o Reino de Deus e sua justiça (Mt.6:33).

II. AS BÊNÇÃOS DE UMA VIDA NO REINO

1. Remissão dos pecados

Uma das bênçãos do Reino de Deus é a remissão dos pecados. Na plenitude do tempo, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl.4:4) para remir a humanidade da escravidão do pecado (Gl.4:5a). Antes, o ser humano estava perdido e escravizado pelo pecado, mas na cruz do calvário, Jesus clamou em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! Dito isto, expirou” (Lc.23:46). Esse brado foi uma voz de triunfo de quem estava consumando a obra da redenção ao custo incomensurável de sua morte. Jesus estava consumando sua obra, triunfando sobre o diabo e suas hostes e comprando-nos para Deus. A morte expiatória de Cristo libertou o homem da maldição da lei e da potestade das trevas (Gl.3:13; Cl.1:13). Na cruz Deus estava em Cristo reconciliando o ser humano consigo mesmo (2Co.5:19), já que ele foi criado para viver em comunhão com Deus, em pleno relacionamento de dependência com o Criador (At.17:28).

Jesus não morreu como um mártir, Ele se entregou como sacrifício remidor, como sacrifício pelos pecados da humanidade; voluntariamente Ele deu Sua vida (João 10:11,15,17,18). O pecado, além de ser horrendo, faz separação entre o homem e Deus (Is.59:2); além disso, o pecado deteriora o ser humano, degenera o seu caráter, deforma nele a imagem divina. Mas o sacrifício de Jesus Cristo, trouxe de volta a integridade humana e restabelece plenamente o caráter de todos aqueles que aceitam o Seu sacrifício e o recebem como único e suficiente Senhor e Salvador (2Co.5:17-19; 2Pd.3:9). Agora perdoados, fomos elevados à condição de filhos por adoção e herdeiros de Cristo (Gl.5:4,5b).

2. Adotados e Herdeiros de Cristo

Outra bênção do Reino de Deus é a Adoção de filho (Rm.8:15) e coerdeiros de Cristo. Paulo escrevendo aos crentes de Roma disse: “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Rm.8:15).

Quando um indivíduo nasce de novo, recebe o espírito de adoção, ou seja, torna-se parte da família de Deus como um filho. Um instinto espiritual o leva a olhar para Deus e chamá-lo de Aba, Pai. Aba é uma forma carinhosa da palavra pai, como “papai” ou “paizinho”. Apesar de hesitarmos em usar uma linguagem tão intima para nos dirigir a Deus, não deixa de ser verdade que Ele é, ao mesmo tempo, infinitamente exaltado e intimamente próximo. Todo cristão é filho de Deus, no sentido de que nasceu na família na qual Deus é o Pai. Noutro tempo, éramos estranhos e inimigos, mas agora somos filhos reconciliados em Cristo (Cl.1:21).

O processo de adoção pelo qual todos nós passamos ao aceitarmos a salvação que há em Cristo é prova do grande amor que Deus tem por nós, seus filhos (1João 3:1). Agora, o assombro da culpa do pecado, das angústias da perdição eterna e a insignificância de ser escravo do pecado não perturbam mais (Ef.6:23), pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm.8:1). Como resultado de nossa adoção como filhos, somos “também herdeiros de Deus por Cristo” (Gl.4:7-ARC). Nessa herança estão inclusas as promessas à Abraão (Gl.3:29) e a vida eterna (Tt.3:7; Ef.3:6).

Na lei romana, os filhos adotivos desfrutavam dos mesmos direitos dos filhos legítimos. Um filho adotivo recebia o nome da nova família e tornava-se herdeiro natural dessa família. Somos filhos de Deus. Recebemos um novo nome, uma nova herança. Os filhos de Deus passam a ter garantias e direitos (Rm.8:17) de filhos legítimos enxertados (Rm.11:17) na oliveira verdadeira, que é Cristo. Eles passam a ter um novo nome (Ap.2:17); passam a fazer parte de uma nova família (Ef.2:19); estão livres e emancipados da lei que gera morte (Gl.3:25).

Todos os filhos de Deus são herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm.8:17). Tudo que o Pai possui é nosso. Ainda não estamos desfrutando de todos os benefícios, mas certamente o faremos no futuro. Quando Cristo voltar para reinar sobre o mundo, teremos parte com ele em todas as riquezas do Pai. Temos uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível que está reservada nos céus para nós (1Pd.1:4).

Enquanto não tomamos posse definitiva dessa herança imarcescível e gloriosa, cruzamos aqui vales escuros, desertos esbraseados e caminhos juncados de espinhos. O sofrimento com Cristo sempre há de preceder a glória com Cristo. É confortador saber que todos quantos participam do sofrimento de Cristo por fim ouvirão de seus lábios as palavras de boas-vindas: “Bem está servo bom e fiel. Entra em meu descanso” (Mt.25:23)

Portanto, embora desfrutemos, aqui na Terra, dos benefícios da adoção espiritual, a alegria completa dessa realidade se dará somente quando da manifestação plena e literal de Jesus Cristo, na ocasião da sua gloriosa vinda.

III. OS MALES DE UMA VIDA NO MUNDO

1. A escravidão do pecado

O pecado não somente separa, ele escraviza. Além de nos afastar de Deus, ele também nos mantém cativos. Como o pecado é uma corrupção interna da natureza humana, ele nos mantém escravizados. Não são alguns atos ou hábitos que nos escravizam, mas sim a infecção maligna de onde eles procedem.

A condição do homem sem Cristo é desesperadora, ele está morto espiritualmente (Ef.2:1), e um cadáver não vê, não houve, não sente, não tem fome nem sede. Além de morto, está separado da vida de Deus (Ef.4:18), separado de Deus por causa do pecado (Is.59:2), sem entendimento de Deus (Ef.4:18; Cl.1:21), filhos da ira (Ef.2:3) e sem percepção da Sua presença (Atos 28:26).

Muitas vezes, no Novo Testamento, somos descritos como “escravos”. Podemos nos ofender com isso, mas é a pura verdade. Jesus provocou a indignação de certos fariseus quando disse a eles: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Eles retrucaram: “Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres?”. Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo: Todo o que comete pecado é escravo do pecado”.

Por várias vezes, em suas epístolas, Paulo descreve a servidão humilhante imposta a nós pelo pecado:

-”...outrora, escravos do pecado...” (Rm.6:17). 

-“entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos...” (Ef.2:3).

-“Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros” (Tt.3:3). 

Há um verdadeiro contraste entre a condição atual dos crentes e sua condição anterior, quando estavam fora do Reino de Deus. Antes, nós éramos escravos do pecado; agora, somos salvos pela graça de Deus (Ef.2:5). Antes, nós éramos objeto da ira de Deus; agora, somos beneficiários de sua misericórdia (Ef.2:4). Antes, estávamo-nos presos pelas garras da morte espiritual; agora, ressuscitamos para uma nova vida (Ef.2:5,6). Antes, caminhávamos pela estrada dos desobedientes; agora, usufruímos da companhia de Deus (Ef.2:5,6).

O sacrifício de Cristo no Calvário operou a nossa redenção, ou seja, pagou o preço dos nossos pecados e, por isso, estamos libertos do poder do pecado. A libertação do pecado, portanto, significa que passamos a ter paz com Deus, e esta paz representa a nossa separação do pecado, a nossa separação do mundo (Tg.4:4; 1João 2:15). O pecado não mais tem domínio sobre nós, pois fomos libertos por Jesus Cristo (Rm.6:22).

Fomos libertos do pecado para uma nova vida em Cristo. Ele nos arrancou do cativeiro do pecado. Estávamos debaixo de um jugo opressor. Vivíamos na masmorra da culpa, atormentados pelo medo. Livres desse maldito cativeiro, fomos feitos servos da justiça. Pela conversão, saímos de um reino para outro, de um senhor para outro, de um estilo de vida para outro. Vivíamos no reino das trevas, agora estamos no reino da luz. Éramos escravos do diabo, agora somos servos de Cristo. Vivíamos entregues às paixões e iniquidades, agora nos dedicamos à prática da justiça. Disse Paulo:

“¹⁷Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;¹⁸e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça “ (Rm.6:17,18).

2. Filhos da ira e condenação eterna

O apóstolo Paulo enfatiza que os homens escravizados pelos desejos e pensamentos da carne são por natureza filhos da ira - “... todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef.2:3). 

O ser humano não convertido, por natureza, é filho da ira e, pelas obras, é filho da desobediência. A pessoa incrédula, que rejeita a salvação de Deus, dada gratuitamente através de Jesus Cristo, está condenada; está condenada porque se recusa a crer “no nome do Unigênito Filho de Deus” (João 3:18 -ARC). À parte de Cristo, o homem está morto por causa do pecado, escravizado pelo mundo, pela carne e pelo diabo, além de condenado sob a ira de Deus.

A ira de Deus é sua reação pessoal frente a qualquer pecado, qualquer rebelião contra Ele. É Sua santa repulsa a tudo aquilo que conspira contra Sua santidade. A ira de Deus não é apenas para esta vida, mas também para era vindoura. Aqueles que vivem debaixo da ira de Deus são entregues a si mesmos pela escolha deliberada que fizeram de rejeitar o conhecimento de Deus e de se entregar a toda sorte de idolatria e devassidão; além disso, terão de suportar por toda a eternidade a manifestação plena do furor do Deus Todo-Poderoso.

CONCLUSÃO

O Reino de Deus num mundo dominado pelo Império do mal é um contraste irreconciliável. “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1João 5:19). O “Reino de Deus” não é um lugar, nem mesmo é o Céu. Se fosse o céu, não faria sentido a afirmação de Paulo de que nós já saímos do império das trevas e fomos transportados para esse Reino (Cl.1:13). Se o Reino é o céu, também não faria sentido a declaração de Jesus em Lc.17:20,21: “Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós”. Assim sendo, buscar o Reino de Deus não é viver esperando o céu, mas é fazer a vontade de Deus aqui. Até mesmo porque, como disse Jesus, “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt.7:21)

O “Reino de Deus” é o pleno senhorio de Deus na vida de cada ser humano que aceita submeter-se a Ele. Não é algo que tenha aparência exterior, pois a submissão é uma decisão interior de cada ser humano. Por isso, o “Reino de Deus” não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17).

SENDO IGREJA DO DEUS VIVO

“Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef.5:32).

1Timóteo 3:

14.Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, 

15.mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. 

16.E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade:  Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.

Efésios 5:

25.Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 

26.para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 

27.para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. 

32. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Igreja do Deus vivo. A Igreja refere-se a todos os crentes nascidos de novo, independentemente de suas diferenças geográficas e culturais. Hoje, igreja comporta vários significados - refere-se frequentemente ao prédio onde os crentes se reúnem (por exemplo: estamos indo à igreja); pode indicar a nossa comunhão local ou denominação (minha igreja ensina sobre o batismo no Espírito Santo) ou um grupo religioso regional ou nacional (a igreja em Fortaleza). Mas seja como for, o significado bíblico de “igreja” refere-se primariamente não às instituições e culturas, mas sim às pessoas reconciliadas com Deus mediante a obra salvífica de Cristo e que agora pertencem a Ele.

Embora seja um organismo vivo, o Corpo de Cristo (1Co.12:27a), a Universal Assembleia e Igreja dos Primogênitos, que estão inscritos nos céus (cf. Hb.12:23a), a Igreja se apresenta sobre a face da Terra como uma reunião de igrejas locais, grupos sociais que têm tarefas a cumprir até a volta do Senhor Jesus para arrebatar os salvos e os levar para estar para sempre com Ele (João 14:3; 1Ts.4:16,17).

Embora seja o Templo do Espírito Santo, a Igreja local não está livre de influências nocivas que procuram enfraquecer sua identidade de representante de Cristo no mundo. E os efeitos do mundanismo são percebidos quando a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2Tm.3:1-5). Por isso, nesta Lição, é importante reafirmar a natureza da Igreja e destacar seu relacionamento com Cristo. Neste relacionamento que, como Igreja, nos afastamos do mundo, vivemos o propósito de Cristo na terra e nos livramos das influências hostis aos valores eternos da mensagem de Cristo. 

I. A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

1. A casa do Deus vivo

Uma verdade importante acerca da Igreja colocada em relevo é que ela é a morada do Deus vivo. Disse Paulo a Timóteo: “escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo” (1Tm.3:14,15).

A Igreja (não o templo físico) é a Casa de Deus, a morada do Altíssimo, o santuário do Espírito Santo. Deus habita na Igreja. Nós, povo de Deus, somos sua habitação (1Co.3:16; 6:19; 2Co.6:16). Aquele, que nem o céu dos céus pode contê-lo, habita em nós, frágeis vasos de barro.

No Antigo Testamento, Deus mandou fazer um santuário para habitar no meio do povo (Êx.25:8). Depois, o Templo foi edificado, e Deus habitou no Templo. Na plenitude dos tempos, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1:14). Agora, Deus habita na Igreja. A Palavra grega “oikos”, traduzida por “casa”, mostra que a igreja é uma família, a família de Deus (Ef.2:19); “corpo de Cristo” (1Co.12:27); “templo de Deus” (1Co.3:16). Se a Igreja não é um grupo de irmãos, então não é uma verdadeira igreja.

2. A coluna e firmeza [fundamento] da verdade

“¹⁵ mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15). 

Outra verdade importante acerca da Igreja do Deus vivo é que ela é “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15b). A Igreja é fundamento da verdade na medida em que se baseia em Cristo, pois Ele é o fundamento da Igreja (1Co.3:11). O próprio Cristo é a Verdade (João 14:6).

O Pr. Hernandes Dias Lopes, citando William Barclay, explica que a palavra “coluna” tinha um significado muito importante na cidade de Éfeso, onde Timóteo era pastor. A maior glória de Éfeso era o templo de Diana (Atos 19:28). Esse templo era uma das sete maravilhas do mundo antigo; uma de suas características eram suas colunas. Havia nesse templo 127 colunas jônicas de mais de 18 metros de altura, cada uma das quais havia sido presente de um rei. Todas eram feitas de mármore, e algumas continham pedras preciosas incrustradas ou estavam cobertas de ouro.

Segundo pr. Hernandes Dias Lopes, a Igreja é comparada com uma coluna e um fundamento. Como a coluna sustenta o teto e como o fundamento sustenta toda a estrutura da casa, assim, a Igreja sustenta a gloriosa verdade do Evangelho no mundo. A Igreja sustenta a verdade por ouvi-la e obedecer-lhe (Mt.13:9), por usá-la corretamente (2Tm.2:15), por guardá-la no coração (Sl.119:11), por defendê-la (Fp.1:16), por proclamá-la (Mt.28:18-20).

John Stott, analisando essas duas metáforas - fundamento e coluna -, assevera que a Igreja tem dupla responsabilidade em relação à verdade. Primeiro, como fundamento, sua função é sustentar a verdade com firmeza, de tal forma que ela não caia por terra sob o peso de falsos ensinos. Segundo, como coluna, tem a função de mantê-la nas alturas, de modo que não fique escondida no mundo. Sustentar com firmeza a verdade é a defesa e a confirmação do evangelho; mantê-la bem alto é a proclamação do evangelho. A igreja é chamada para esses dois ministérios. Há uma estreita conexão entre a igreja e a verdade. A igreja depende da verdade para sua existência, e a verdade depende da igreja para sua defesa e proclamação. Se a verdade do Evangelho for corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt.5:13,14).

3. O mistério da piedade

A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (João 14:6). Nessa concepção, o apóstolo Paulo diz: “grande é o mistério da piedade” (1Tm.3:16a). Quando Paulo afirma “grande é o mistério da piedade”, ele não quer dizer que a verdade é misteriosa demais, mas que ela, antes desconhecida quanto à pessoa e à obra do Senhor Jesus, é extraordinária e maravilhosa. Veja a sequência do texto: “Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória”.

-“Deus foi manifestado em carne” - refere-se ao Senhor Jesus e particularmente à sua encarnação. A verdadeira “piedade” manifestou-se na carne pela primeira vez quando o Salvador nasceu como um bebê na manjedoura de Belém.

-“Contemplado por anjos” – Os anjos participaram efetivamente da vida e do ministério de Jesus, em seu nascimento, em sua tentação, em seu ministério, em sua agonia, em sua ressurreição e em sua ascensão. Do dia de Pentecostes em diante, Ele foi pregado entre os gentios. A proclamação não atingiu somente o povo judeu, mas as mais longínquas partes da terra.

-“Crido no mundo” – Porque Jesus foi pregado entre os gentios, pessoas de todas as tribos, raças, povos e línguas começaram a adorá-lo como seu Senhor e Salvador, como havia sido previsto (Sl.72:8-11,17; Gn.12:3; Am.9:11,12; Mq.4:12). Pessoas de todas as nações são transformadas à sua imagem e preparadas para seu serviço. Observe que não está escrito “crido pelo mundo”; embora a pregação tenha ocorrido em todo o mundo, sua aceitação tem sido apenas parcial.

-“Recebido em glória”. Isto se refere à ascensão de Jesus ao Céu depois de concluída a obra da redenção. “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef.4:10). O mesmo Jesus que ouviu os gritos ensandecidos da multidão: “crucifica-o, crucifica-o”, agora vê os céus abrindo seus portais para recebê-lo.

A Igreja, portanto, é a fiel portadora dessa verdade. Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos, entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de sermos Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar.

II. CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

1. Santificação e pureza

Disse Paulo: “...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito “ (Ef.5:25-27).

Santificar quer dizer separar. Quanto à sua posição, a Igreja já e santificada. Na prática ela é separada dia após dia; ela está passando por um processo de preparação moral e espiritual, semelhante ao ano de preparação pelo qual Ester passou antes de ser apresentada ao rei Assuero (Et.2:12-16). O apóstolo Paulo compara a relação de Cristo com a Igreja, com a do marido com a esposa (2Co.11:2). Assim, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap.21:2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2Ts.2:13).

O processo de santificação acontece “por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef.5:26); ou seja, a Igreja está sendo lavada no presente, não com água literal, mas com o agente de limpeza que é a Palavra de Deus. Em termos simples, isso significa que a vida do crente é purificada à medida que ele ouve as palavras de Cristo e obedece. Jesus falou aos seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (João 15:3). E Ele ligou a santificação à Palavra em sua oração sacerdotal: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Assim como o sangue de Cristo nos purifica de uma vez por todas da culpa e da penalidade do pecado, da mesma forma a Palavra de Deus nos purifica continuamente da corrupção e da poluição do pecado. Com afirma o pr. Douglas Baptista, a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1Pd.1:15; Hb.12:14). Esse processo é contínuo até a glorificação final no dia de Cristo (Rm.6:22; 8:30; Fp.3:21).

2. Gloriosa e irrepreensível

A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Paulo explica por que Cristo se entregou pela Igreja, a fim de torná-la santa – “para a apresentar a si mesmo gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. A “apresentação” retrata um casamento futuro; é como o período de noivado, que, para os judeus, estabelecia vínculos tão fortes como os do casamento.

Conforme afirma William Macdonald, no passado, o amor de Cristo se manifestou na nossa redenção; no presente, é visto na nossa santificação; no futuro, será exibido na nossa glorificação (Ap.19:7). Ele mesmo vai apresentar a si mesmo a Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.

Sem “mácula” e sem “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. Então a Igreja atingirá o clímax da beleza e da perfeição espiritual. Naquele Dia não haverá sinal algum de velhice na Igreja de Cristo - nenhuma ruga, nenhum defeito. Ele não admitirá nada que não lembre a flor de uma juventude eterna e a novidade de uma afeição que nunca se cansa nem se corrompe. A Igreja então será santa e sem culpa. Veja que a Igreja não torna a si mesma santa e irrepreensível; ao contrário, ela já foi feita assim através do sangue de Cristo.

III. AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

“Zelo e ensino pela verdade são duas das principais armas da Igreja do Deus vivo”.

1. O zelo pela verdade

Enfatizamos que a verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc.21:33; João 17:17), e a igreja é a “fiel depositária” dessa verdade (1Tm.3:15). Portanto, como cristãos em Cristo, entendemos que a Bíblia é a autoridade suprema em nossas vidas, e é através dela que conhecemos a verdade eterna de Deus.

Quando olhamos para passagens como Lucas 21:33 e João 17:17, vemos a clara afirmação de Jesus sobre a natureza duradoura e inalterável de Suas palavras. O Senhor também nos diz em João 14:6 que Ele próprio é o caminho, a verdade e a vida. Portanto, não há margem para dúvida: o Evangelho de Cristo é a única verdade que nos conduz à salvação e à comunhão com o Pai.

Também encontramos orientação na Primeira Epístola a Timóteo, capítulo 3, versículo 15, onde somos ensinados que a igreja é a "coluna e firmeza da verdade". Isso significa que a igreja tem um papel vital como guardiã e defensora da verdade bíblica. É nosso dever, como membros da igreja, preservar e proclamar o Evangelho, cumprindo assim a grande comissão que Jesus nos confiou (Mt.28:19,20).

Entretanto, devemos lembrar que ser "fiel depositária" da verdade não significa que a igreja local é infalível. Somos humanos e passíveis de erro, mas confiamos na direção do Espírito Santo para nos guiar na compreensão e interpretação correta das Escrituras. Também precisamos manter um coração humilde e aberto à correção, sempre voltando à Bíblia como nossa base final de fé e prática.

Quando vivemos de acordo com a verdade bíblica, experimentamos a alegria da salvação, a transformação de nossas vidas e a capacitação do Espírito Santo para vivermos de maneira que honremos a Deus. Portanto, todos os crentes em Cristo devem mergulhar na Palavra, aprofundarem seu relacionamento com Cristo e a contribuírem para a edificação do corpo de Cristo, a igreja, como fiéis depositários da verdade divina. Assim, a Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com fidelidade (2Tm.4:2).

2. O ensino da verdade

Deus constituiu líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef.4:11,12). E eles devem estar com habilidade e aptidão para ensinar (1Tm.3:2). Para isso, o líder precisa ter compromisso com a Palavra (Atos 20:20-27), ter a capacidade de compreender a Palavra, defender a ortodoxia, refutar as heresias (Tt.1:9), e esforçar-se na Palavra e no ensino (1Tm.5:17). Enfim, a verdade bíblica deve ocupar a primazia na igreja local (1Tm.4:13; 2Tm.2:15) onde o líder exerce a sua liderança.

O verdadeiro líder é um estudioso dedicado, que se esmera tanto no estudo como no ensino; e ensina tanto pela palavra como pelo exemplo, tanto com palavras como por obras. Faço minha as palavras do Pr. Douglas Baptista: “Não ensinar as Escrituras, relativizar suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale fazer a igreja refém do mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador (João 8:32)”.

CONCLUSÃO

Apesar dos ataques contumazes contra a Igreja de Cristo perpetrada pelo arqui-inimigo de Cristo, principalmente nestes últimos tempos difíceis da era cristã, a nossa fé não pode esmaecer; devemos, mais do que nunca, sermos Igreja do Deus vivo, e guardiã da Verdade que liberta (João 8:36). Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos, entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de ser Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar. Fazemos parte do Corpo de Cristo; portanto, não permitamos que a mensagem da cruz seja ressignificada; devemos, sim, honrá-la, pregá-la com destemor, buscarmos a santificação, a integridade e a irrepreensibilidade até a volta do Senhor.