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E DEU DONS AOS HOMENS

 

Texto Base: Romanos 12:3-8; 1Coríntios 12:4-7.


“Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens” (Ef.4:8).

Romanos 12:

3.Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

4.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,

5.assim nós que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.

6.De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;

7.se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar; haja dedicação ao ensino;

8.ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.

1Coríntios 12:

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

INTRODUÇÃO

Mais um trimestre letivo se inicia; nele, trataremos dos Dons concedidos pelo Espírito Santo aos seus servos, como instrumento de trabalho no Reino de Deus. A Bíblia nos apresenta a expressão "dom" como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus servos possam atuar de forma adequada nas esferas da Igreja Local. Além dos Dons Espirituais, trataremos também dos Dons Ministeriais e de Serviço. Ministério e Serviço devem andar juntos, e Deus proporciona à Igreja líderes que certamente somarão grandes valores ao povo de Deus na administração e no ensino. Que Deus, ao longo deste trimestre, possa abençoar a nossa vida e a nossa compreensão dos dons descritos na Bíblia Sagrada e na prática congregacional deles.

I. OS DONS NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento

Na Bíblia, a palavra "dom" tem vários significados. No Antigo Testamento, escrito em hebraico, há várias palavras que traduzem o sentido de "dom". Dentre elas, destacamos os termos “mattan” com o sentido de alguma coisa oferecida gratuitamente, ou "um presente" - como em Provérbios 19:6; 21.14; ou como dote, dádiva (Gn.34:12). Há o termo “maseth”, que também significa "presente", "dádiva" (Et.2:18; Jr.40:5); a mais usada, no entanto, é “minchach”, que ocorre duzentas e nove vezes, com o significado de "oferta", "presente" (Sl.45.12; 72:10). Em todas as ocorrências, o sentido é sempre o de algo que é dado ou oferecido gratuitamente.

No Antigo Testamento, os dons não estavam acessíveis a todo o povo de Deus; eles eram concedidos a pessoas específicas, chamadas por Deus para cumprir determinadas missões, como, por exemplo, reis, sacerdotes, profetas e outros (fonte: Elinaldo Renovato. Dons Espirituais & Ministeriais.CPAD.2014).

2. No Novo Testamento

No Novo Testamento, escrito em grego, a palavra "dom" assume de igual modo significados diversos. O termo "dom” indica a oferta de um "presente", "boa coisa" (Mt.7:11); o "pão nosso" é uma dádiva de Deus (Lc.11:13); "dons", concedidos por Deus aos homens (Ef.4:8), com base no Salmo 68:19. A palavra cháris indica "dom gratuito", ou "graça” (2Co.8:4). O termo charisma é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de "dons do Espírito", concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta cbarismata, utilizado em 1Coríntios 12:4,9,28,30,31, que tem o sentido de "dons da graça". Há o termo grego ta pneumática, usado por Paulo, em 1Coríntios 12:1; 14:1, que se refere a "dons espirituais".

Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que creem, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado.

Na Antiga Aliança, Deus concedeu a Israel líderes extraordinários para guiá-los como povo eleito. Alguns tinham dons especiais, como Moisés, Arão, Miriã, Josué; outros eram profetas ou mensageiros, que tinham dons especiais, concedidos por Deus para a operação de sinais e maravilhas. Mas aqueles dons não estavam à disposição de toda a comunidade. Moisés fazia sinais ante Faraó, e o povo apenas tomava conhecimento e era beneficiário dos milagres de Deus. Eliseu fazia sinais, multiplicando o azeite da viúva; ou tornando doces as águas estéreis (2Rs.3:20-22), e o povo era apenas espectador, ou nem tomava conhecimento de tais maravilhas.

Entretanto, na Nova Aliança (Novo Testamento), como parte do plano de Deus, em Cristo Jesus, Ele resolveu dar "dons aos homens" (Ef.4:8), após sua vitória sobre a morte e sobre todos os poderes do mal. Indo além dos "dons naturais", Jesus resolveu capacitar seus servos, integrantes de sua Igreja, dando-lhes dons (carismas), que são postos à disposição de todos os salvos, no seio da comunidade cristã (fonte: Elinaldo Renovato. Dons Espirituais & Ministeriais.CPAD.2014).

3. Uma dádiva para a Igreja

Os dons são "ferramentas", por assim dizer, à disposição da Igreja, para que esta exerça sua missão profética de proclamadora do evangelho de Cristo, de modo eficaz, contra "...os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef.6:12), usando a "armadura do salvo", na guerra espiritual sem tréguas a que todo salvo é submetido.

Nunca foi tão necessária a manifestação dos dons do Espírito Santo, como nos dias atuais, visto que estamos vivendo numa sociedade corrompida pelo pecado e enganada por falsos milagres e ensinamentos que contradizem o verdadeiro evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Mas é bom enfatizar que os dons não são presentes; eles não são dados como se dá uma joia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado! Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los.

II. OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

1. Dons relacionados ao Serviço cristão.

Os Dons de Serviço têm por finalidade a atuação na integração do Corpo de Cristo, na formação da sua unidade - “Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros” (Rm.12:4,5).

O contexto da relação de Rm.12:8-11 é o início da parte prática da epístola aos Romanos, onde, após ter dissertado sobre o sentido da justificação pela fé, Paulo começa a mostrar aos crentes de Roma como deveriam viver aqueles que haviam sido justificados pela fé. Assim, após mostrar que o relacionamento daquele que foi justificado pela fé, com Deus é marcado pela existência de um culto racional, caracterizado pela santidade. O apóstolo Paulo também mostrou aos crentes romanos que a vida cristã também é caracterizada pelo serviço a Deus, ou seja, a adoração a Deus não consiste apenas num relacionamento íntimo de espírito e verdade para com Deus, mas, também, em obras, em ações concretas, que, além de nos manter em comunhão com o Senhor, também permite a construção da unidade entre os membros do corpo de Cristo. Em o nosso relacionamento com Deus, não há apenas o aspecto de tributarmos ao Senhor o culto que só a Ele é devido, como também o de conhecermos qual é a Sua vontade.

Existe um outro aspecto importante, qual seja, o de que, enquanto seres humanos, vivemos em sociedade, em grupos, de modo que não podemos nos esquecer que o nosso relacionamento com Deus também tem de levar em consideração os outros. O apóstolo não se esquece disto e, ao nos falar do nosso relacionamento com Deus, também nos fala da repercussão que deve ter este relacionamento no nosso trato com as demais pessoas.

Paulo lista os Dons de Serviço em Romanos, cap.12, da seguinte forma: Ministério (ofício diaconal), exortação (encorajamento), repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo.

2. Conhecendo os Dons Espirituais

“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co.12:1).

Os Dons Espirituais são manifestações espirituais ou poderes, concedidos pelo Espírito Santo com o propósito maior de glorificar a Cristo. O Novo Testamento faz uso da expressão pneumática (gr. derivada de pneuma, "espírito"), indicando que a expressão "dons espirituais" refere-se às manifestações sobrenaturais concedidas como dons da parte do Espírito Santo, e que operam através dos crentes, para o seu bem comum (1Co.12:1,7; 14:1).

Os salvos em Cristo Jesus não podem ser ignorantes acerca dos dons espirituais (1Co.12:1-3). Por falta de ensino correto em muitas Igrejas Locais, acerca do batismo no Espírito Santo e mais ainda sobre os dons espirituais, tem contribuído para a ignorância acerca dos dons, e tem dado lugar a comportamentos estranhos, de origem carnal e emocional, como expressões falsas de espiritualidade. É o caso do "cair no espírito", quando certos pastores ou pregadores, sem base bíblica, dão palavras de ordem a pessoas incautas e carentes de ensino, e elas caem desmaiadas. E isso é visto como "elevado sinal de espiritualidade". Quanto mais pessoas o pregador "derrubar", é visto como muito espiritual. Se não derrubar crentes não é espiritual! Isto é uma aberração, uma ignorância a respeito do uso correto dos dons espirituais.

Parece que existia na Igreja de Corinto comportamentos parecidos com esses. Por isso que o apostolo Paulo exortou com veemência a Igreja de Corinto: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co.12:1). Naquela Igreja, muitas manifestações espirituais na Igreja lembravam a experiência mística das religiões de mistérios. Os coríntios precisavam ser ensinados de forma correta sobre a existência dos dons e de sua utilização dentro do culto e fora dele. Por isso, à luz da Palavra de Deus, devemos ensinar a respeito dos dons espirituais para que a Igreja seja edificada.

Tomando-se a relação mais minudente das Escrituras Sagradas, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:

a) Dons de poder - Fé, Dons de Curar e Operação de Maravilhas. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da Igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.

b) Dons de ciência - Palavra da Sabedoria, Palavra da Ciência e Dom de Discernir os Espíritos. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.

c)  Dons de elocução ou de fala - Variedade de Línguas, Interpretação de Línguas e Profecia. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Observemos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial, desvencilhando-se, pela manifestação do poder divino na sua vida, de todo o embaraço que tão de perto o rodeia (Hb.12:1) e, assim, não venha a se envolver com as coisas desta vida, agradando, assim, ao Senhor (2Tm.2:4).

3. Acerca dos Dons Ministeriais

Ministérios são serviços ou funções exercidas na Igreja Local, como parte do Corpo de Cristo, que é a sua Igreja. No âmbito cristão, ministérios são serviços que devem ser exercidos por pessoas que tenham a mentalidade de servas de Cristo. Quem não pode ser servo não pode ser ministro na Igreja de Cristo. Ele disse que não veio para ser servido, mas para ser servo (Mt.20:28).

A Epístola de Paulo aos Efésios classifica os Dons Ministeriais assim: Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Doutores (Ef.4:11). Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, esses dons foram concedidos a Igreja com os seguintes propósitos: em primeiro lugar, capacitar o povo de Deus para o serviço cristão; em segundo lugar, promover o crescimento da Igreja Local; em terceiro lugar, desenvolver a vida espiritual dos discípulos de Jesus (4:12-16).

Jesus é o maior exemplo de obreiro em toda a Bíblia Sagrada e em todos os tempos. Ele deve ser o nosso modelo, o padrão a ser seguido.

·         Jesus como apóstolo: Hb.3:1; João 12:3)

·         Jesus como profeta: Lc.24:19; At.3:22.

·         Jesus como evangelista: Lc.4:18,19; Lc.20:1; Is.61:1.

·         Jesus como pastor: João 10:10; Hb.13:20; 1Pd.5:4.

·         Jesus como mestre: João 13:13; Mt.26:55.

III. CORINTO: UMA IGREJA PROBLEMÁTICA NA ADMINISTRAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS (1Co.12:1-11)

1. Os Dons são importantes

Os dons não são somente importantes, são imprescindíveis. Sem eles, a Igreja permaneceria inerte, nanica e sem nenhuma vitalidade; não cresceria qualitativamente e nem quantitativamente. Uma corrente da teoria cessacionista, deduz, erradamente, que os Dons espirituais cessaram após a era apostólica, pois o Evangelho, de acordo com a geografia daqueles dias, já havia chegado aos confins da terra (At.1:8; 13:47). Afirma que os Dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo.

No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os Dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras Sagradas. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento.

A atualidade dos Dons espirituais é confirmada pelas Escrituras e experiência cristã. Se os Dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à Igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons, conforme a verdade bíblica.

2. Diversidade dos Dons

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co.12:4).

A vida no Reino de Deus está ligada ao agir do Espírito em nossas vidas. O Espírito Santo nos concede dons para termos um relacionamento frutífero e edificante uns para com os outros e com Deus.

É comumente afirmado entre os evangélicos pentecostais que os dons espirituais são nove, afirmação esta que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, mais comumente em 1Co.12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira, e que parece misturar Dons Espirituais com Dons Ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado).

Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove.

Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na Igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da Igreja local com o Senhor e a Sua obra.

3. Autossuficiência e humildade

Os Dons Espirituais são concedidos aos crentes pela graça de Deus, e não por méritos pessoais (Rm.12:6; 1Pd 4:10). Uma pessoa não recebe os Dons Espirituais por ser melhor do que outra ou mais dedicada ao serviço cristão ou aparentemente mais santa. Essa promessa é estendida a todo aquele que crê e invoca o nome do Senhor. Portanto, não use o dom que Deus lhe deu com orgulho, visando a exaltação pessoal, pois isso é pecado contra o Senhor e contra a Igreja.

Humildade é uma condição necessária no exercício dos dons. Humildade é o Sobretudo do verdadeiro cristão - “... revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1Pd.5:5). Os cristãos no princípio da Igreja foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg.4:6). Neste mesmo sentido ensinou o Apóstolo Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp.2:3). Pelo que se pode observar, entre os crentes do início da Igreja não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo Jesus, nestes tempos que antecedem à sua Vinda, precisa mais do que nunca do exercício e da experiência concreta dos Dons Espirituais e Ministeriais. Espiritualidade sem organização ministerial pode levar a práticas fanáticas de falsos exemplos de espiritualidade. O exercício dos ministérios, sem a demonstração do poder de Deus, atuando pelos Dons Espirituais, seguramente leva à frieza institucional, transformando igrejas em meras instituições religiosas.


VOLTADOS OS OLHOS PARA BENDITA ESPERANÇA

 

Texto Base: Atos 1:6-11


“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt.2:13).

 

Atos 1:

6.Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?

7.E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.

8.Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

9.E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.

10.E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,

11.os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

INTRODUÇÃO

Nesta última Aula do primeiro trimestre de 2021 trataremos da Bendita Esperança da Igreja: a gloriosa volta de Jesus Cristo. A volta gloriosa de Cristo é mais do que uma bendita esperança, é uma esperança cheia de alegria (Rm.5:2; 12:12), uma esperança unificadora (Ef.4:4), uma viva esperança (1Pd.1:3), uma firme esperança (Hb.6:19), uma esperança purificadora (1João 3:3). A dinâmica da nova vida é a expectativa da volta gloriosa de Jesus Cristo. Quando se espera uma visita real, tudo se limpa, se decora e se arranja para que o olho real o veja. O cristão é uma pessoa que está sempre pronta para receber o Rei dos reis.

O cristão olha para trás e glorifica a Deus porque a graça o libertou da impiedade e das paixões mundanas; ele olha para o presente e exalta a Deus porque tem uma correta relação consigo, com o próximo e com o próprio Deus; ele olha para o futuro e se santifica porque vive na expectativa da Volta do grande Deus e Salvador Cristo Jesus.

A graça de Deus nos libertou de nossas mazelas do passado, restaurou nossa vida no presente e nos mantém na ponta dos pés com uma gloriosa expectativa em relação ao futuro, quando o nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo voltar em glória e poder. É impossível que aqueles que mantêm essa gloriosa esperança da volta de Jesus se recusem a entregar-se completamente a Deus.

I. BREVE O SENHOR VIRÁ

Jamais um crente verdadeiro pode fazer coro àqueles que afirmam que Jesus vai demorar ou que a vinda de Jesus só ocorrerá nesta ou naquela data. Quem assim age é, nitidamente, um falso mestre, um escarnecedor, que anda segundo a sua própria concupiscência (cf. 2Pd.3:3,4). O apóstolo Paulo, embora admitisse que crentes iriam morrer antes do retorno de Cristo, não permitiu que este sentimento pudesse dar ensejo a uma diminuição na esperança deles, e rememorou o que já havia ensinado, ou seja, que, embora não fosse possível determinar a data da volta do Senhor, e até por causa disto, os crentes deveriam aguardar Jesus, pois Ele viria como o ladrão de noite, ou seja, sem prévio aviso e surpreendendo todos quantos não estivessem devidamente preparados.

Os crentes, devidamente ensinados, sabem que Jesus vai voltar e que há sinais para a sua vinda. Assim, além de saber que Jesus voltará, o crente acompanha os sinais deixados pelo próprio Senhor para mostrar a iminência da sua volta e, por isso, bem discerne a realidade dos tempos. É verdade que não sabemos a data do evento, mas temos plena consciência de que breve o Senhor voltará.

1. A Volta de Cristo

A Volta de Jesus é a mais sublime promessa que a Bíblia registra para o povo da Nova Aliança. É a maior esperança. É a força motriz de nossa fé. É a principal razão de sermos crentes em Jesus Cristo. A qualquer instante, num dia e numa hora em que ninguém sabe, apenas Deus, a trombeta soará, e a Igreja será levada para estar para sempre com Jesus. A volta de Jesus se dará em duas etapas:

Em primeiro lugar:

Ele virá para buscar aqueles cujos nomes estiverem escritos no livro da vida. É nesse momento que se dará a formação da Universal Assembleia dos Santos – que será a reunião entre aqueles que foram mortos em Cristo - em todas as épocas -, e aqueles que estiverem vivos, cujos corpos serão transformados num abrir e fechar de olhos, conforme 1Ts.4:16,17. Ele os levará consigo para as Bodas do Cordeiro, conforme está escrito em Ap.19:7-9; 1Co.3:8-14. As Bodas do Cordeiro é a celebração no Céu da união espiritual entre Cristo e a Igreja; é quando se dará a glorificação dos santos e a entrega do galardão de cada um segundo a sua obra (Is.62:11; Mt.5:12; 10:42; 22:1-22; 24:27-31; 25:1-13; Lc.12:36; João 4:36; 1Co.3:8,14; Col.3:24; 2João 1:8; Ap.2:11; 19:7-9; 20:6; 22:12).

Em segundo lugar:

Jesus retornará a Terra - em glória -, conforme está escrito em:

-Lucas 21:25-27 - “e haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, porquanto os poderes do céu serão abalados. E, então, verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória”.

-Mateus 16:27 - “porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e, então, dará a cada um segundo as suas obras”.

-Apocalipse 1:7 – “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!” (Ap.1:7).

Em sua primeira vinda – na sua encarnação, de acordo com Isaías 53:2,3 -, Jesus não tinha parecer nem formosura, era Homem de dores, experimentado nos trabalhos. Mas, quando João foi arrebatado em espírito no dia do Senhor e recebeu as revelações que relatou em Apocalipse, viu Jesus glorificado. Atente para o relato do apóstolo:

12. e virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;

13. e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro.

14. e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo;

15. e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas.

16. e ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.

Na sua parousia, ou seja, na sua forma visível em glória, Jesus virá acompanhado de seus anjos e seus santos, a sua Igreja, para:

a) guerrear contra o Anticristo e o falso profeta, e derrotá-los. Nesse momento o mundo estará passando pelo Armagedom. Será um momento de angústia para Israel. De forma espetacular Jesus livrará Israel da destruição. É quando eles reconhecerão Jesus como o Messias tão esperado, o aceitarão e pranteá-lo-ão sobre Ele, conforme está escrito em Zacarias 12:10. O Anticristo e o falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo e enxofre – o inferno propriamente dito; isto está escrito em Apocalipse 19:20: “e a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”.

b) julgar as nações, conforme está escrito em Mt.25:31-46. Esse julgamento acontecerá na terra sobre aqueles que sobreviveram o Armagedom. Serão julgados com base no tratamento dado a mensagem do Reino, aos seus mensageiros e ao modo como trataram a Israel. Esse julgamento terá como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com Cristo o Reino milenial e quem não passará o Milênio, ficando a aguardar o julgamento final e definitivo.

Observação:

Não confundir o julgamento das nações (Mt.25:31-46) com o julgamento do “Grande Trono Branco” (Ap.20:11-15). Há quem considere e ensine que a passagem bíblica de Mt.25:31-46 (Julgamento das Nações) e a de Ap.20:15 (julgamento final ou do Trono Branco) se referem a um só acontecimento; ou seja, para esses ensinadores, haverá um único julgamento, que eles denominam de juízo universal. Isto, porém, não se sustenta diante de uma análise, mesmo superficial, da Palavra de Deus. Veja a seguir as diferenças entre esses dois julgamentos, que impossibilitam torná-los um só acontecimento:

Ø Em Mateus, não há nenhuma ressurreição antes do julgamento, mas apenas uma reunião dos eleitos (Mt.24:31). Em Apocalipse, há uma ressurreição de todos os incrédulos.

Ø Em Mateus, o julgamento é de nações viventes. Em Apocalipse, o julgamento é dos mortos.

Ø Em Mateus, as nações são julgadas. Em Apocalipse, não trata de entidades nacionais, pois o Céu e a Terra fugiram e, já que as nações estão confinadas à Terra, o mesmo acontecimento não poderia ser descrito.

Ø Em Mateus, o julgamento é na Terra. Em Apocalipse, o céu e a Terra fugiram dAquele que está assentado no Grande Trono Branco (Ap.20:11).

Ø Em Mateus, não há livros a ser consultados. Em Apocalipse, os livros são abertos, o livro da vida é trazido, e os que não se encontram nele são lançados no Lago de Fogo.

Ø Em Mateus, o julgamento ocorre no retorno de Cristo à Terra. Em Apocalipse, o julgamento ocorre após o fim dos mil anos da presença de Cristo na Terra (Ap.20:5).

Ø Em Mateus, aparecem duas classes de pessoas - os justos e os incrédulos. Em Apocalipse, apenas os incrédulos aparecem.

Ø Em Mateus, alguns foram para o Reino e outros para o castigo. Em Apocalipse, nenhum dos que são julgados vai para a bênção, mas todos vão para o castigo eterno.

Ø Em Mateus, o Juiz está sentado no “trono da sua glória” (Mt.25:31). Em apocalipse, o Juiz está sentado no “Grande Trono Branco”.

Ø Em Mateus, a base do julgamento é o tratamento dos irmãos. Enquanto em Apocalipse, o julgamento se baseia nas suas obras.

Ø Em Mateus, a Vinda de Cristo precede o julgamento. Em apocalipse, nenhuma vinda é mencionada.

Ø Em Mateus, a sentença é pronunciada e a separação é feita antes de ser conhecida a causa do julgamento. Em Apocalipse, não há nenhum julgamento até que ocorra cuidadoso exame dos livros.

Ø Em Mateus, não há um milênio precedente, pois há o registro dos que passaram fome, sede, nudez, doença, aprisionamento e foram estrangeiros. Em Apocalipse, uma era milenar precede o acontecimento (Ap.20:5).

Estas considerações parecem suficientes para apoiar a afirmação de que não se trata de um único e mesmo julgamento, mas de duas partes separadas do plano de julgamento de Deus.

c) prender Satanás por mil anos, conforme está escrito em Ap.20:2 – “ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e satanás, e amarrou-o por mil anos”.

d) instaurar o Milênio, os mil anos de governo do Messias na Terra (Ap.20:4). A sede do governo será em Jerusalém.

2. Uma Promessa de Jesus

O próprio Jesus disse que voltaria. Antes de morrer, ressuscitar e ascender aos céus, o próprio Cristo prometeu aos seus discípulos que voltaria para levá-los para junto dEle.

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também (João 14:1-3).

“Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (João 14:18-20).

3. O dia se aproxima

Os sinais da Volta de Jesus mostram que o Dia está próximo. A restauração geográfica e política da nação de Israel em 1948 é o sinal mais vibrante. O crente deve estar em comunhão com o Senhor, em santidade, a fim de que tenha condições de discernir espiritualmente o momento em que estamos vivendo e se preparar convenientemente para não ser apanhado de surpresa pela volta do Senhor. O juízo divino não demora e somente aqueles que estiverem atentos, aguardando o Senhor, serão poupados do “Dia do Senhor”, da ira divina que se abaterá sobre a Terra.

O apóstolo Paulo disse que Jesus virá como ladrão de noite (1Ts.5:2) – “porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite”. O ladrão vem quando não é esperado. O próprio Jesus afirmou: “mas considerai isto: Se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa” (Mt.24:43). Só o ladrão sabe quando ele vai agir, nós não sabemos. O ladrão não manda aviso prévio, não marca o dia e nem a hora. Quem não quiser ser surpreendido, tem que vigiar. Paulo, contudo, disse: “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão” (1Tes.5:4). Eu e você sabemos que Jesus virá, e virá “como ladrão”. Resta-nos, portanto, esperar, e vigiar, para não sermos surpreendidos. O ladrão age rapidamente. Ladrão que se preza não demora no local do crime; planeja o que vai fazer e o faz no menor tempo possível.

Sabemos que Jesus virá, e Sua vinda será, portanto, repentina - “Num momento, num abrir e fechar de olhos...”(1Co.15:52); ou como um relâmpago - “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a Vinda do Filho do Homem”(Mt.24:27).

O Arrebatamento será tão rápido que não haverá tempo para ninguém se preparar. Ninguém sabe o dia nem a hora, mas o Senhor Jesus deixou sinais claros e evidentes que mostram que esse dia está próximo. Resta-nos, portanto, estarmos preparados e vigilantes! – “Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir (Mt.25:13).

II. A NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA

Vigilância é o ato ou efeito de vigiar; é o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução para não correr risco, principalmente na vida espiritual. Se somos “filhos da luz e filhos do dia”, temos de ter um comportamento diferente dos demais, que são “filhos das trevas e filhos da noite”. Esta conduta diferenciada é resumida por Paulo como sendo caracterizada pela vigilância e pela sobriedade – “Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios” (1Ts.5:6).

1. Exortação à vigilância

“Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir (Mt.25:13).

A exortação à vigilância é um dos pontos centrais do sermão profético de Jesus, porque não se sabe o dia e a hora da Sua vinda (Mt.24:36; Mc.13:32). Se os cristãos da primeira hora deviam estar vigilantes quanto ao grande evento da vinda de Jesus, o que não diremos nós, que somos a Igreja da última hora? Por isso, devemos estar ainda mais firmes e atentos, continuamente.

Não precisamos interpretar a exortação à vigilância como uma exortação a esquadrinhar os céus em busca de sinais imediatos do aparecimento do Senhor. Antes, devemos ver nela uma admoestação para estarmos despertos, alerta, preparados, ativos na realização da obra do Senhor, para não sermos surpreendidos por repentina calamidade.

Estamos vivendo os dias que antecedem o retorno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e, por esse motivo, devemos estar em constante vigilância para que não sejamos persuadidos a vivermos o evangelho de forma negligente.

Poucos dias antes da sua crucificação, durante a preleção do sermão profético, Jesus alertou seus discípulos acerca do avanço da degradação moral e que a corrupção seriam alguns dos sinais que precederiam a sua Vinda. Isso está se cumprindo em nossos dias; então, a Igreja deve estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus. Enfrentamos cotidianamente uma batalha renhida entre o espírito e a carne; por isso, é imprescindível a busca pelo fortalecimento da vida espiritual e comunhão com o Senhor para que as fraquezas da nossa natureza carnal não sobreponham a vontade de servir ao Senhor com alegria e santidade nestes últimos dias da Igreja na Terra.

Manter-se vigilante, não se deixando dominar pelos desejos da carne, nem se envolvendo nos negócios do mundo, foi neste sentido o seguinte ensino de Jesus: “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriagues, e dos cuidados da vida e venha sobre vós de improviso aquele dia” (Lc.21:34).

a)  Devemos vigiar para não cometer o erro dos israelitas - “Então, disse o Senhor a Moisés: sobe a mim, ao monte, e fica lá... E levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e subiu Moisés o Monte de Deus. E disse aos anciãos: esperai-nos aqui, até que tornemos a vós...” (Êx.24:12,18).

Moisés subiu ao Monte, mas prometeu que voltaria. Ele disse ao povo que o esperassem (Ex.24:18) - “Esperai-nos aqui, até que tornemos a vós”. “Moisés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites”. Ele não disse o dia nem a hora de seu retorno. O povo, porém, não creu na promessa e na palavra de Moisés.

O povo esperou, porém, Moisés demorou a voltar. Então o povo envolveu-se com a idolatria e com os prazeres da carne. Não é isto que estamos vendo no mundo cristão pós-moderno?

“Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, ajuntou-se o povo a Arão e disseram-lhe: levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu” (Êx.32:1).

No tempo de Deus, Moisés voltou, conforme havia prometido. Ninguém estava esperando por sua volta, nem mesmo o principal líder religioso do povo, Arão. O povo estava inteiramente envolvido com a idolatria e com os prazeres da carne - “E, vendo Moisés que o povo estava despido, porque Arão o havia despido para vergonha entre os seus inimigos” (Êx.32:25).

A Bíblia diz que Jesus voltará (João 14:1-3; Atos 1:11). É preciso esperar pacientemente até que Ele volte. Ele disse como devemos proceder:

“É como se um homem, partindo para fora da terra, deixasse a sua casa, e concedesse autoridade aos seus servos, e a cada um a sua obra, e mandasse ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que vindo de improviso, não vos ache dormindo” (Mc.13:34-36).

A palavra de ordem a todos é: “Vigiai”. O gravíssimo erro, tanto dos líderes como do povo de Israel, não deve se repetir em relação à Igreja e a Volta do Senhor Jesus. A advertência aos descuidados é: “Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera e à hora em que ele não sabe, e separa-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes”.

Portanto, é preciso esperar até que Ele volte, para não incorrermos no erro dos Israelitas. Estarás tu vigiando, quando Jesus voltar?

b) Vigiar para não incorrer no erro das virgens loucas - “As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo” (Mt.25:3).

As virgens loucas, tal como as virgens prudentes, estavam esperando o Noivo, e criam que ele viria. Porém, algumas não estavam preparadas para recebê-lo.  Não basta estar esperando e crendo que Ele virá, é preciso estar preparado para Sua Vinda. As Virgens Loucas, porém, não estavam. Assim, nós que também estamos esperando a Vinda de Jesus, precisamos vigiar a fim de não cometermos o erro das Virgens Loucas. Portanto:

  • Não basta apenas esperar, é preciso esperar vigiando para conservar-se em santificação, conforme exige a Palavra de Deus: “Segui a paz com todos e a Santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).
  • Não basta apenas esperar, é preciso esperar vigiando para não permitir que se sujem nossas vestes espirituais, conforme exige a Palavra de Deus - “Em todo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec.9:8).

Portanto, devemos vigiar para não incorrer no erro das Virgens Loucas; elas estavam esperando o Noivo, e criam que ele viria, e ele veio; porém, elas ficaram de fora porque não estavam preparadas para recebê-lo. Esta é uma advertência solene a todos os crentes em todos os lugares e em todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef.6:18).

Não basta saber que Jesus Vem e dizer que está esperando pela Sua Vinda; é necessário, também, estar preparado. Estarás tu preparado e vigiando, quando Jesus vier?

2. Os alarmes falsos

Muitos líderes e grupos religiosos arriscaram-se em marcar a data da volta de Cristo. Mas, todos esses líderes e grupos religiosos falharam. Marcar data da volta de Cristo é um tremendo erro.

Em toda a história da Igreja houve uma quantidade incrível de especulações relativas à data da volta do Senhor Jesus. Há muito tempo que falsos cristãos tentam usurpar atributos incomunicáveis de Deus. Só Deus é Onisciente. Só Ele conhece o futuro. Nem mesmo aos discípulos, concernente ao futuro de Israel, Jesus foi solícito com relação à revelação da independência do Reino de Israel – “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (Atos 1:6,7).

O que Jesus ensinou sobre a data de sua segunda vinda? Ele foi bem enfático sobre isso. Em pelo menos cinco passagens (sete, se forem incluídas passagens paralelas), Jesus advertiu os discípulos a não marcar a data de sua volta (Mt.25:13). Sua volta é certa, mas o momento exato não. Jesus entendia a vontade humana de conhecer o futuro, mas não permitiu que Seus seguidores caíssem nas tentações dos videntes:

  • Mateus 24:36: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”. Marcos 13:32 é uma passagem paralela idêntica.
  • Mateus 24:42: “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor”.
  • Mateus 24:44: “Por isso, estai vós apercebidos também, porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis”.
  • Mateus 25:13: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. Marcos 13.33-37 é uma passagem paralela.
  • Atos 1:7: E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”.

Estas passagens são proibições absolutas de marcar a data da volta de Cristo. A data da volta de Cristo é uma questão de revelação de Deus. Ele decidiu não revelar isso nem para Cristo durante Sua humanidade em Sua primeira vinda (Mt.24:36). Se o Pai não o revelou ao Filho na Sua humanidade, por que alguém pode crer que o Pai lhe revelaria isso? Jesus deixa bem claro: “Não!”.

O ensinamento de Cristo é reforçado também em outras partes das Escrituras. Em 1Tessalonicenses 5:1-2, Paulo reafirma as palavras de Jesus com relação à incerteza da hora da Sua volta: “Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o dia do Senhor vem como ladrão de noite”.

Portanto, a data da vinda de Cristo não foi revelada; é um segredo que pertence somente a Deus. O Senhor disse a Israel: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus; porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt.29:29).

III. VIVENDO COM FIDELIDADE

“Viver com fidelidade é adotar um estilo de vida cristão na esperança da vida de Cristo. Assim como Deus é santo e exige santidade do seu povo, da mesma maneira um Deus fiel exige fidelidade do seu povo”.

1. Definição de Fidelidade

O que é fidelidade? É a característica de quem tem bom caráter, é fiel e demonstra respeito por alguém e pelo compromisso assumido com outrem; é sinônimo de lealdade. Se Deus procura os fiéis da terra para que estejam com Ele, a fidelidade, entre outras virtudes, é algo que atrai a atenção de Deus. A vida de Paulo é um exemplo de como podemos vencer as crises e permanecer fiéis ao Senhor. A Epístola aos Filipenses nos dá uma visão clara sobre a fidelidade de Paulo a Deus, a despeito das circunstâncias adversas.

A Epístola aos Filipenses foi escrita na prisão, em Roma, e a nota dominante em toda a Carta é a alegria triunfante. A alegria apresentada envolve uma ardente expectativa da iminente volta de Cristo. O fato de essa expectativa ser dominante no pensamento de Paulo é observado em suas cinco referências à volta de Cristo, e em cada referência há uma nota de alegria (Fp.1:6,10; 2:16; 3:20; 4:5).

A alegria do cristão não é ausência de problemas nem está colocada em coisas; ela procede de Deus, é sustentada por Deus e consumada por Ele. O Reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo; o fruto do Espírito é alegria. A ordem de Deus para nós é: "Alegrai-vos" (Fp.4:4). O mundo não pode dar nem tirar essa alegria, pois ela vem do Céu, vem de Deus. Não permitamos, portanto, que as crises, as doenças, enfraqueçam a nossa fé e roubem a nossa alegria. Sejamos, pois, fiéis a Deus, pois a fidelidade é fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

2. A Fidelidade de Deus

Uma das principais características divinas é a sua imutabilidade. Deus não muda e nEle não há sombra de variação (Tg.1:17). A Bíblia ressalta, ainda, que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb.13:8).

A fidelidade de Deus é a base para a nossa fidelidade. Deus pode pedir e exigir fidelidade de nós porque Ele mesmo é fiel. Deus seria injusto se exigisse fidelidade de nós e Ele próprio não fosse fiel.

Jesus, fielmente, voltará (Ap.19:11-16). Escarnecedores duvidam da Segunda Vinda (2Pd.3:3,4) - “Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, viram escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as cousas permanecem como desde o princípio da criação”.

Jesus não está demorando, mas sendo paciente! Deus é fiel (Dt.7:9): “Saberás, pois, que o Senhor Teu Deus é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e cumprem os Seus mandamentos...”.

3. A Fidelidade como virtude cristã

A fidelidade é, enquanto fruto do Espírito, a característica de manutenção dos compromissos assumidos diante do Senhor e de imutabilidade de suas posições frente aos desafios e obstáculos que se lançam diante do crente. Quando observamos a galeria dos “heróis da fé” no capítulo 11 dos Hebreus, vemos que a fé existente naqueles homens fez com que tivessem eles atitudes firmes, imutáveis, que não se alteraram mesmo diante das tribulações e das dificuldades apresentadas, que, aliás, chegaram mesmo a levar, algumas vezes, os fiéis à morte. Entretanto, a fidelidade não se abala mesmo diante da morte, tanto que o próprio Senhor, em sua carta à Igreja de Smirna, reconheceu esta circunstância, prometendo, porém, aos que forem fiéis até a morte, a coroa da vida (Ap.2:10).

Fidelidade, também, significa lealdade. O crente tem de ser leal, ou seja, deve cumprir com os compromissos assumidos diante de Deus e dos outros homens. A lealdade é tão importante na vida do cristão que Jesus proibiu terminantemente que o crente faça juramentos (Mt.5:34-36), pois, a um verdadeiro filho de Deus, basta a palavra que for dita. O falar do crente deve ser sim, sim, não, não. Tudo o que vem além disto, que é contrário à fidelidade, tem procedência maligna (Mt.5:37).

No Antigo Testamento, Noé é um dos maiores exemplos de fidelidade. Em Gênesis 6:9, é dito que Noé era varão justo em toda a sua geração. Sabe o que significa isso? Que Noé era íntegro, tinha bom caráter; era um modelo de retidão e fidelidade a Deus para sua geração. Aqui está um dos principais pilares da fidelidade a Deus: ter uma vida reta, íntegra. Ninguém pode ser fiel a Deus sem integridade, sem retidão. A fidelidade a Deus é sustentada pela integridade. Você quer atrair a atenção de Deus, a fim de ser abençoado por Ele? Então, acate a recomendação em Provérbios 3:3,4: “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração, e acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens”.

No Novo Testamento, Paulo é o grande modelo de fidelidade. Durante 16 anos, após sua conversão, ele pregou no vale do Jordão, na Síria e na Cilícia. Foi especialmente perseguido pelos judeus, que o consideravam um grande traidor. Fez quatro grandes viagens missionárias, sendo que na última foi a Roma como prisioneiro, para ser julgado, e nunca mais retornou para a Judéia.

Preso em Roma, no corredor da morte, na antessala do martírio, com o pé na sepultura, com o pescoço na guilhotina de Roma, ele escreve aos filipenses e diz: “E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho” (Fp.1:12). O que aconteceu a Paulo que contribuiu tanto para maior proveito do evangelho? Ele foi preso em Damasco, rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica e Beréia, foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto, enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia, enfrentou um naufrágio em sua viagem para Roma, foi picado por uma víbora em Malta e chegou algemado na capital do império. Entretanto, ele olhou todas essas circunstâncias adversas com os olhos da submissão à vontade de Deus, dizendo que elas haviam contribuído para o progresso do evangelho. Nada, absolutamente nada, demoveu Paulo de sua fidelidade a Deus.

4. Tempos e estações

“...Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder”(Atos 1:6,7).

Os discípulos estavam refletindo sobre a vinda do Espírito Santo. Lembraram-se das palavras do profeta Joel acerca do derramamento do Espírito associado ao reino glorioso do Messias (Jl.2:28). Concluíram que o Senhor instituiria seu reino em breve, pois ele havia dito que o Espírito Santo seria enviado “depois destes dias” (Atos 1:5). Como sua pergunta revela, ainda esperavam que Cristo instituísse seu Reino terreno literal de imediato.

Jesus não os corrigiu por essa expectativa de seu Reino literal na Terra, pois sua esperança era e continua sendo justificada. Ele apenas lhes disse que não lhes competia conhecer o tempo da vinda de seu Reino. A data havia sido estabelecida pela exclusiva autoridade do Pai, mas ele tinha escolhido não a revelar. Era uma informação que dizia respeito somente a Deus Pai.

A expressão “tempos ou estações” é usado na Bíblia para se referir a vários acontecimentos preditos por Deus ainda não cumpridos com respeito à nação de Israel. Uma vez que eram de origem judaica, os discípulos devem ter entendido que, nesse caso, a expressão se referia aos dias críticos antes e durante o estabelecimento do reinado milenar de Cristo na Terra.

O pr. Ezequias interpretando a referida expressão afirma que ela tem duas respostas:

  • “tempos”, no grego, é “chronos”, e significa longo período. Haveria um espaço de tempo para pregação do Evangelho entre a descida do Espírito Santo e a vinda de Cristo.
  • “estações”, aqui, significa “kairós”, que quer dizer “ocasião” e se refere aos eventos críticos que devem acompanhar o estabelecimento do Reino de Cristo.

Portanto, “tempos” e “estações” são prerrogativas de Deus.

CONCLUSÃO

Continuemos com a nossa Bendita Esperança viva e inabalável, pois, certamente, a nossa glorificação é certa, o nosso corpo será glorificado para nunca mais se corromper e reinaremos para sempre com o Senhor. Ele prometeu, e vai cumprir a sua promessa, pois Ele é fiel e justo. Essa Esperança nunca nos decepcionará, nem nos envergonhará por termos confiado nela, porque ela é mantida viva e demonstrada como verdadeira pelo amor de Deus que o Espírito Santo derramou em nosso coração. O que precisamos fazer é estamos vigilantes quanto à vinda do Senhor e prevenidos contra os dardos inflamados do inimigo, que pertinaz procura arrefecer a nossa fé com seus ardis.