SISTEMA DE RÁDIO

  Sempre insista, nunca desista. A vitória é nosso em nome de Jesus!  

A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS


Texto Áureo: Hb.3.3 – Texto Bíblico: Hb. 3.1-19


INTRODUÇÃO
Os crentes hebreus tinham Moisés na mais alta estima, por considerarem ter sido ele um fiel servo de Deus, e mediador de uma sublime aliança. Em resposta a esse postulado, o autor da Epístola aos Hebreus destaca que Cristo é superior a Moisés, pois aquele foi o edificador da Casa, enquanto que este foi apenas um servo. Na lição de hoje, a partir de elementos comparativos, destacaremos o papel desses dois personagens, ressaltando Cristo, como servo de uma aliança superior.

1. O APOSTOLADO DE CRISTO
O autor da Epístola aos Hebreus se dirige aos “irmãos santos”, considerando que esses foram santificados por Cristo (Hb. 3.1). Essa referência mostra que eles se encontravam em uma condição privilegiada, tendo se tornado participantes (gr. metachoi) de uma vocação celestial (Hb. 6.4; 12.8). Jesus é o enviado de Deus, a fim de realizar uma obra sublime, superior àquela desenvolvida por Moisés. Isso porque Deus nos falou, nesses últimos dias, através do Seu Filho (Hb. 1.2). Por esse motivo, somos advertidos a confessar que Cristo é o Senhor, apóstolo e sacerdote de Deus. Jesus é alguém que se identifica conosco, que conhece nossas limitações, Ele sabe o que é padecer (Is. 53). É o enviado de Deus não apenas para proclamar a verdade, mas também para manifestá-la (Hb. 1.2,3). Ele veio para estabelecer uma casa, na qual constituiu filhos, irmãos e irmãs, na edificação de uma família (Hb. 3.6). Por causa dessa realidade, somos advertidos a manter nossa confissão (gr. homologia), colocando nossa confiança nEle, a fim de que possamos desfrutar da segurança eterna. Não apenas em condições favoráveis, mas também em situações difíceis, semelhantes àquelas que passavam os crentes hebreus. Os cristãos devem professar o senhorio de Cristo em suas vidas, e saber que isso não lhes garantirá qualquer benefício, na verdade, em alguns contextos, identificar-se como cristão pode trazer muito problemas. Mas é o que devemos fazer, para não sermos envergonhados na eternidade (Mt. 10.32-29).

2. MOISÉS E JESUS, MISSÕES COMPARADAS
É inegável o papel que Moisés exerceu na fé judaica, sendo respeitado por ter comunicado a palavra de Deus ao povo. O pressuposto era o de que os anjos haviam declarado a Lei, e Moisés a entregou lealmente ao povo (Hb. 3.2,5). Mas Jesus obteve maior glória que Moisés, pois este foi um servo temporário, enquanto Cristo é o Filho eternamente. Moisés não passou de uma testemunha que testificou das coisas que iriam acontecer posteriormente, enquanto que Cristo é a própria revelação (Hb. 1.1,3). Moisés foi um mordomo na casa, mas Cristo era o próprio dono. Por isso Moisés tinha apenas parte na casa, Cristo, por sua vez, foi o Construtor (Hb. 3.6). Moisés foi um servo fiel e amoroso a Deus, mas Cristo era e é Deus eternamente. Sendo assim, desconsiderar Cristo e retornar para Moisés representava, no contexto da Epístola aos Hebreus, bem como na aos Gálatas (Gl. 1.7-9), voltar do Maior para o menor, abandonar o eterno em favor do temporário. Por analogia, seria como sair do Ensino Médio e retornar para o Ensino Fundamental. Portanto, os crentes hebreus deveriam lembrar que deixar Cristo seria abandonar a casa de Deus, e perder a segurança que Ele mesmo proveu. Não é difícil encontrar nestes dias, em alguns arraiais evangélicos, líderes que querem substituir a graça de Cristo pelo legalismo judaico. Existem até aqueles que querem transformar a igreja em verdadeiras comunidades judaicas, restaurando rudimentos antigos, que não fazem sentido, nem têm respaldo bíblico, à luz do evangelho de Jesus.

3. UMA ADVERTÊNCIA Á PERSEVERANÇA
O autor da Epístola aos Hebreus adverte os crentes para que atentem para o passado de Israel, que endureceu seu coração diante da palavra de Deus (Hb. 3.7). Os cristãos, naqueles tempos difíceis, bem como nos dias atuais, devem manter a confiança em Deus até o fim (Hb. 3.14). O perigo da apostasia ronda os arraiais cristãos, e não poucos, por causa da perseguição, abandonam a fé. Com base no Sl. 95, o autor mostra o juízo que sobreveio a uma geração porque não creu na Palavra de Deus. Em Ex. 17 e Nm 20, os israelitas esqueceram e se rebelaram contra o Senhor, trazendo sobre eles mesmos as penalidades da transgressão. Essa mensagem é bastante contundente ainda hoje, considerando que muitos não estão levando a sério a Palavra de Deus. Há pessoas que aderem com facilidade a determinados modelos evangélicos, sobretudo aqueles que prometem prosperidade material, mas se distanciam do convívio cristão, tão logo passam pela primeira provação. No cristianismo não é importante apenas começar bem, é preciso também terminar bem. De nada adiante começar pelo Espírito, mas finda na carne. A fé cristã deve estar alicerçada na Palavra de Deus, e não em nossos sentimentos enganadores, muito menos em milagres, que ao invés de fortalecerem a confiança, podem nos tornar dependentes deles. Os israelitas viram muitos sinais durante a peregrinação pelo deserto, mas esses não foram suficientes para mantê-los firmes na Palavra.

CONCLUSÃO
A palavra de Deus deve ser ouvida constantemente, não podemos incorrer no risco de nos afastar dessa grandiosa salvação. Se por um lado, podemos desfrutar positivamente do livramento que nos foi dado pelo Senhor, por outro, negativamente, poderemos trazer condenação sobre nós, caso venhamos a desistir da caminhada. Portanto, quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas, e “se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provação” (Hb. 3.15).

BIBLIOGRAFIA
BROWN, R. The message of Hebrews. Downers Grove: IVP, 1982.
LAUBACH, F. Hebreus. Curitiba: Esperança, 2000.

UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA


Texto Áureo: Hb. 2.3 – Texto Bíblico: Hb. 2.1-18


INTRODUÇÃO
Os cristãos hebreus arriscavam-se, caso deixassem de atentar para a grandiosa salvação, providenciada por Deus. Por isso, conforme estudaremos na lição de hoje, fazia-se necessário persistir, mesmo diante do sofrimento, tendo Jesus como Expoente. Isso porque, através do Seu sacrifício, nos proveu a libertação, dando-nos, também, pelo Seu Espírito, a capacidade para vencer as provações.

1. UMA TÃO GRANDE SALVAÇÃO
A salvação que nos foi favorecida em Cristo é superior a atuação dos anjos, por isso não pode ser ignorada, ou mesmo esquecida. Essa “tão grande salvação” não foi trazida por intermédio dos anjos, como se acreditava ter ocorrido no judaísmo (Dt. 33.2; Gl. 3.19). A salvação tem relação direta com sua mensagem, não se trata, portanto, apenas de uma experiência subjetiva, distanciado do conteúdo bíblico. E essa mensagem foi declarada inicial pelo Senhor, e se encontra registrada nos Evangelhos, mas que também foi confirmada por aqueles que a ouviram, e pode ser conferida no texto neotestamentário. O testemunho desses é confirmado pelo próprio Deus, que se revelou nesses últimos dias através do Seu Filho (Hb. 1.1,2). Jesus é o Logos que se fez carne, e por esse motivo, nenhuma revelação pode ser comparada a Ele, pois nEle habita a plenitude da divindade, sendo Ele a Palavra Definitiva de Deus à humanidade (Jo. 1.1,14; Cl. 2.9). Por esse motivo, aqueles que se apartam dessa “grandiosa salvação” correm grave risco, pois se colocam debaixo da justa retribuição divina. Nesses tempos de lassidão evangélica, que não leva a sério a mensagem salvífica de Deus em Cristo, é preciso lembrar que há um juízo para aqueles que desconsideram o evangelho.

2. ALCANÇADA PELO SOFRIMENTO DE CRISTO
Conforme ressaltamos anteriormente, os anjos eram estimados naquela comunidade, por isso são abordados pelo autor, principalmente para ressaltar a supremacia de Cristo sobre eles. A fim de mostrar essa distinção e superioridade, o autor recorre a várias passagens do Antigo Testamento, que apontam para a autoridade de Cristo. Com base no Sl. 8, enfatiza não apenas que Jesus assumiu nossa humanidade, mas que também é o Homem Ideal, o projeto inicial de Deus (Hb. 2.9). E digno de destaque, para concretizar a salvação da humanidade, precisou adentrar pelo caminho do sofrimento (Hb. 2.10). Devemos atentar para essa condição, sobretudo nos dias atuais, nos quais os cristãos querem a glória, antes de carregarem a cruz. Aqueles que são discípulos de Jesus devem saber que existe uma cruz a ser carregada, e essa é uma demonstração de que nos identificamos com Ele (Mt. 16.24). O slogan evangélico “pare de sofrer” nada tem a ver com a mensagem genuinamente cristã. O próprio Cristo disse: “no mundo tereis aflições” (Jo. 16.33), e Paulo declarou que: “todos aqueles que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (II Tm. 3.12). O cristianismo sem sofrimento, que não admite uma cruz, é um cristianismo sem Cristo.

3. NOSSO LIBERTADOR
Uma das principais necessidades do homem é a de um Libertador, ainda que esse o busque onde não pode ser encontrado. Uma das maiores ilusões da filosofia moderna é a política, pois promete aquilo que não pode oferecer à humanidade. O grande mal que assola a sociedade é o pecado, com seu poder destrutivo, além de corromper os relacionamentos humanos, ainda distancia o pecador dAquele que o criou (Rm. 3.23). O salário desse é terrível, e o conduz à angústia extrema, por não saber como lidar com a morte (Rm. 6.23). Esta certamente era temida por alguns daqueles crentes hebreus, que estavam sendo perseguidos, e não sabiam o que lhes aconteceria, depois que a morte os alcançasse. Muitos cristãos, influenciados pela cultura moderna, também vivem assustados diante da morte, desconsiderando que essa é uma inimiga vencida no calvário (I Co. 15.54,55). Reconhecemos, no entanto, que essa vitória será consumada em sua plenitude no futuro, por ocasião da vinda de Jesus para ressuscitar e arrebatar os Seus (I Ts. 4.13-17). Enquanto esse dia não chega, devemos permanecer firmes nas promessas divinas, não podemos vacilar diante das perseguições. E temos motivos para perseverar, pois temos um Sacerdote que se idêntica com nossos sofrimentos, “sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb. 2.18). A palavra peirazo, no grego do Novo Testamento, tanto pode significar “tentação” quanto “provação”. Nessa passagem, é mais apropriado considerar que Jesus foi provado, que sabe o que é ser testado, por isso se identifica com nossas dores.

CONCLUSÃO
Jesus é superior aos anjos, a mensagem por Ele anunciado, e confirmada pelos discípulos, é digna de crédito. Ela nos liberta dos medos, especialmente da morte, pois Ele é a ressurreição e a vida (Jo. 11.24,25). A grandiosa salvação que nos foi favorecida, através do sacrifício vicário de Cristo, é a garantia de que seremos alcançados por Sua misericórdia, sendo Ele nosso Sacerdote. E mais, nos dará forças para prosseguir, e sermos mais do que vencedores (Rm. 8.37).

BIBLIOGRAFIA
BROWN, R. The message of Hebrews. Downers Grove: IVP, 1982.
KISTEMAKER, S. HebreusSão Paulo: Cultura Crista, 2003.

A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO


TEXTO ÁUREO
Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho(Hb 1.1).

VERDADE PRÁTICA
Por meio de Cristo, Deus revelou-se de uma forma especial e definitiva ao seu povo.

LEITURA DIÁRIA
Segunda — 2Tm 3.16
Hebreus, uma carta inspirada como as demais do Novo Testamento
Terça — 1Tm 3.16
Cristo, manifestado em carne
Quarta — Hb 1.1
A revelação profética na Antiga Aliança
Quinta — Hb 1.2,3
Cristo, a revelação final de Deus
Sexta — Hb 1.4,5
Cristo, superior aos anjos em natureza e essência
Sábado — Hb 1.6-8
Cristo, superior aos anjos em majestade e deidade

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Hebreus 1.1-14.
1 — Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,
2 — a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3 — O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas;
4 — feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
5 — Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?
6 — E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
7 — E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo.
8 — Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino.
9 — Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.
10 — E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos;
11 — eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão,
12 — e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.
13 — E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?
14 — Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

HINOS SUGERIDOS
306, 439 e 561 da Harpa Cristã.

OBJETIVO GERAL
Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.

  • I. Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus;
  • II. Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas;
  • III. Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado(a) professor(a), iniciaremos mais um trimestre pela graça de Deus. A carta de Hebreus é o objeto do nosso estudo nestes próximos três meses. Antes de iniciar o estudo da primeira lição em classe, apresente o comentarista deste trimestre: pastor José Gonçalves, escritor, conferencista, comentarista de Lições Bíblicas Adultos da CPAD, membro da Comissão de Apologética da CGADB e líder da Assembleia de Deus em Água Branca — PI.

INTRODUÇÃO
Nesta lição introdutória do nosso estudo da Carta aos Hebreus, queremos iniciar dizendo que assim como todos os escritos da Bíblia, esta carta é um documento especial. Em nenhum outro documento do Novo Testamento encontramos um apelo exortativo tão forte. Isso possuía uma razão de ser — os crentes hebreus davam sinais de enfraquecimento espiritual e até mesmo o risco de abandonarem a fé! Era, portanto, urgente admoestá-los a perseverarem. Jesus, a quem o autor mostra ser maior do que os profetas, maior do que todas as hostes angélicas, maior do que Arão, Moisés, Josué e até mesmo os céus, é nosso grande ajudador nessa jornada.

PONTO CENTRAL
A carta de Hebreus é uma mensagem de instrução e exortação que serve à Igreja de Cristo ao longo dos séculos.

I. AUTORIA, DESTINATÁRIO E PROPÓSITO
1. Autoria. A Carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor. Esse fato fez com que surgissem inúmeras controvérsias em torno de sua autoria. É certo que os cristãos primitivos sabiam quem realmente a escreveu; todavia, já por volta do segundo século da nossa era não havia mais consenso quanto a isso. Clemente de Alexandria, no final do segundo século, atribuiu ao apóstolo Paulo a sua autoria, contudo, ao afirmar que Paulo a escreveu em hebraico e que Lucas a teria traduzido para o grego, passou a ser duramente questionado. As razões são basicamente duas: O texto de Hebreus, um dos mais rebuscados do Novo Testamento grego, não parece ser uma tradução. Por outro lado, o estilo usado na carta não parece ser de forma alguma de Paulo. Outros nomes surgiram como possíveis autores de Hebreus: Barnabé, Apolo, Lucas, Clemente Romano, etc. O certo é que somente Deus sabe quem é o seu autor. Por outro lado, o fato de ter sua autoria desconhecida em nada diminui a sua autoridade.
2. Destinatários. Não há dúvida de que a Carta aos Hebreus foi escrita para cristãos judeus. Deve ser observado que essa carta foi endereçada a uma comunidade específica de cristãos e não a um grupo indeterminado. O autor conhece o público a quem endereça o seu texto e espera até mesmo encontrar-se com eles (Hb 13.19,23). Onde viviam esses crentes é um ponto debatido pelos teólogos. Baseados na expressão “os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24), muitos eruditos argumentam que esses crentes se encontravam fora de Roma, capital do Império Romano. A data da carta é motivo de disputa, mas as evidências internas permitem-nos situá-la antes da destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C.
3. Propósito. O escritor I. Howard Marshal observa que Hebreus combina instrução com exortação. De fato, essa carta possui uma grande carga exortativa. Ela exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em um tempo marcado pela apostasia. Muitos pareciam estar desanimados com a oposição que a nova fé vinha sofrendo e em razão disso estavam voltando às antigas práticas judaicas. A carta, portanto, exorta esses crentes a suportarem as pressões e perseguições, lembrando-os que não haviam ainda derramado sangue pela sua fé (Hb 12.4). Essas palavras continuam ecoando nesses dias quando muitos crentes demonstram apatia e falta de fervor espiritual diante de um mundo hostil.

SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A autoria de Hebreus é desconhecida; seus destinatários eram cristãos judeus; seu propósito, exortar os cristãos a terem ânimo e fé.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor(a), para introduzir o primeiro tópico desta lição, se possível, reproduza o quadro-resumo que se encontra abaixo. O objetivo é pontuar as questões de autoria, destinatário e propósito da carta em estudo.

CONHEÇA MAIS
Hebreus: Inigualável e não convencional
“Com relação à sua forma inigualável e não convencional, Orígenes observou: ‘Começa como um tratado, prossegue como um sermão e termina como uma carta’. Ao invés de iniciar com uma saudação, o primeiro parágrafo de Hebreus é semelhante às palavras de abertura de um tratado teológico formal (1.1-4). Então, o livro prossegue mais como um sermão do que como uma carta convencional do Novo Testamento, alternando-se entre um argumento cuidadosamente construído (baseado em uma exposição do Antigo Testamento) e uma séria exortação”. Para conhecer mais leia Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, pp.1529-39.

II. CRISTO — A PALAVRA SUPERIOR A DOS PROFETAS
1. A revelação profética e a Antiga Aliança. Ao falar da supremacia de Jesus, o autor de Hebreus primeiramente o faz em relação aos profetas. Deus falou no passado pelos profetas e no presente pelo Filho (Hb 1.1). A revelação profética no antigo Israel fez com que esse povo se distinguisse dos demais. O autor mostra um Deus que se revela, que se comunica com os seus. Ele fala de uma forma direta a seu povo, não é um Deus mudo! Os advérbios gregos polymerôs (“muitas vezes”) e polytropos (“muitas maneiras”), que modificam o verbo falar, mostram a intensidade dessa comunicação. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação. Ele fala, e fala sempre o que é necessário.
2. A revelação profética e a Nova Aliança. Aos cristãos da Nova Aliança, Deus falou por intermédio do seu Filho (Hb 1.1). O uso das expressões “havendo falado” ou “depois de ter falado” (Hb 1.1,2) por parte do autor mostra que essa ação de Deus foi um fato consumado. Isso tem levado alguns intérpretes a dizer que a partir daquele momento, Deus não falaria mais diretamente com ninguém. Mas isso é ir além daquilo que o autor tencionava dizer. O uso dessa expressão é mais bem entendida como significando que Deus falou de forma completa nos dias do autor, todavia, sem a conotação temporal de que não falaria mais no futuro. O Espírito profético, que é o Espírito de Cristo (1Pe 1.11; Rm 8.9,10), continua dando à Igreja hoje a percepção do plano e vontade de Deus para o seu povo (Jo 14.26; 15.26; 16.13). E isso sempre em consonância com as Escrituras.
3. Cristo: a revelação final. O objetivo do autor aqui, evidentemente, é mostrar que Cristo é o clímax da revelação profética. Ele é a revelação final! O ministério profético na Antiga Aliança era de importância ímpar. O Senhor disse que falaria por intermédio de seus profetas: “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). O silêncio profético, portanto, era a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel. Os profetas eram importantes, mas a relevância deles estava muito longe daquela possuída por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Os profetas eram apenas servos, mas o Filho era o herdeiro de Deus e o agente da Criação (Hb 1.2). Ele é o redentor do mundo! Nenhum profeta morreu de forma vicária pelo povo de Deus.

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Da Antiga à Nova Aliança, Cristo é a revelação plena de Deus Pai, por isso, Ele é superior aos profetas.

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
REVELAÇÃO — [Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).
REVELAÇÃO BÍBLICA — Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA — Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2” (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 1999, pp.255,56).

III. CRISTO — SUPERIOR AOS ANJOS
1. Cristo: superior em natureza e essência. Devemos ter sempre em mente que o autor de Hebreus tenciona mostrar a superioridade de Cristo em relação às demais ordens da criação. O seu foco aqui são os anjos. A cultura judaica via os anjos como seres de uma ordem superior e mediadores da revelação divina (At 7.53; Gl 3.19; Hb 2.2). Mesmo cercados de força e poder, os anjos eram inferiores ao Filho (Hb 1.4). Jesus é o reflexo da glória de Deus e possuidor da mesma essência divina (Hb 1.3). O autor usa dois vocábulos gregos que deixam isso bem definido: apaugasma e character, que significam respectivamente “radiância” e “reflexo”, traduzidos aqui como resplendor e “caráter”, com o sentido de expressão exata do seu ser. Embora sendo pessoas diferentes, tanto o Filho como o Pai possuem a mesma essência. Cristo é o Deus revelado!
2. Cristo: superior em majestade e deidade. O autor passa então a mostrar a supremacia de Cristo em relação aos anjos por meio de vários fatos documentados nas Escrituras. Os anjos são criaturas, o Filho é Criador. O filho é gerado, não criado. C. S. Lewis observa que o que Deus gera é Deus; assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus; da mesma forma que o que o homem faz não é homem. Daí a razão de os homens não serem filhos de Deus no mesmo sentido que Cristo. Eles podem assemelhar-se a Deus em certos aspectos, mas não pertencem à mesma espécie. O mesmo se pode dizer dos anjos. Eles não possuem a mesma essência divina que o Filho. É por essa razão que o autor destaca que o Filho é chamado de “Deus” (v.8) e que por isso merece adoração (v.6). A Ele toda honra e glória!

SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Jesus Cristo é superior aos anjos em relação à natureza, essência, majestade e deidade.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
ANJOS. A palavra ‘anjo’ (hb. Malak; gr. angelos) significa ‘mensageiro’. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13.14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5; Cl 1.16).
(1) A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.
(2) A Bíblia fala numa vasta hostes de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9,10; Ap 5.11), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1; Jd 9; Ap 12.7) e Gabriel (Dn 9.21; Lc 1.19,26). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: ‘anjo principal’, Jd 9; 1Ts 4.16); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3), anjos com autoridade e domínio (Ef 3.10; Cl 1.16) e as miríades de espíritos ministradores angelicais (Hb 1.13,14; Ap 5.11)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.386).

CONCLUSÃO
O autor de hebreus não quis se identificar, mas isso em nada compromete a autoridade desse documento. Desde os primórdios, a igreja valeu-se dos ensinos dessa carta para fortalecer a fé dos crentes. Clemente de Alexandria fez amplo uso das exortações encontradas nessa carta e, ao assim fazer, reconhecia o profundo valor espiritual de Hebreus. Nesses últimos dias, onde os joelhos de muitos cristãos parecem vacilantes, faz-se necessário atentarmos diligentemente para o conselho encontrado em Hebreus, “se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (3.7).

PARA REFLETIR
A respeito de a Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo, responda:

Quem é o autor da carta aos Hebreus?
A carta aos Hebreus não revela o nome do seu autor.
Para quem a carta foi escrita e por quê?
Ela foi escrita para os cristãos judeus. O propósito da carta foi para exortar aos cristãos a terem ânimo e fé em tempos de apostasia.
Segundo as Escrituras, o Espírito de Deus deixou de falar nos dias atuais?
Não. Deus, em nenhum momento da história, deixou o seu povo sem orientação.
Qual a pior forma de castigo que poderia vir ao antigo Israel?
O silêncio profético.
Por que o escritor da Carta aos Hebreus diz que os anjos são inferiores ao Filho?
Porque os anjos são criaturas, o Filho é Criador.

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A Carta aos Hebreus e a excelência de Cristo
O tema deste 1º trimestre é sobre uma importante epístola, Hebreus, por isso, leve em conta algumas sugestões abaixo:
• Estude com afinco a Carta aos Hebreus, lendo quantas vezes puder, e for necessário, os 13 capítulos da carta;
• Faça uma análise histórico-cultural da carta. Para essa atividade, leia a introdução da Bíblia de Estudo Pentecostal (editada pela CPAD) da Carta aos Hebreus e a introdução do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento (editado pela CPAD). Por meio desse exercício é possível complementar mais informações importantes como: o propósito do autor, o contexto histórico dos destinatários da epístola.
• Faça uma análise teológica da carta. Aqui o assunto “Lei e Evangelho” tem grande relevância. Nesse aspecto, as obras mencionadas acima, bem como outras editadas pela CPAD, muito o ajudarão.
Ao iniciar seus estudos, tenha sempre em mente os objetivos gerais da lição, por exemplo, os da primeira lição: (I) Objetivo Geral: Apresentar as características da Carta aos Hebreus e a superioridade de Cristo; (II) Objetivos específicos: [1] Pontuar a autoria, o destinatário e o propósito da Carta de Hebreus; [2] Expor a superioridade de Cristo em relação aos profetas; [3] Mostrar a superioridade de Cristo em relação aos anjos.
Note como os objetivos específicos obedecem rigorosamente cada Tópico e subtópico da lição. E que o objetivo geral é o resultado do desdobramento de todos esses tópicos e subtópicos: ou seja, as características da carta e superioridade de Cristo. É importante ter toda essa estrutura da lição bem construída e compreendida na mente, pois esse entendimento é essencial para elaborar uma aula objetiva e com conteúdo.

Sugestão Pedagógica
Ao introduzir o conteúdo da primeira lição, é importantíssimo reproduzir e explicar resumidamente o esboço da Epístola aos Hebreus. Faça isso conforme as suas possibilidades. Você garantirá maior eficiência no processo de ensino-aprendizagem. Bom trimestre!

Material didático, visete: http://livroserevistasdaebd.blogspot.com.br/