SISTEMA DE RÁDIO

  Sempre insista, nunca desista. A vitória é nosso em nome de Jesus!  

UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO


Texto Áureo: Tg. 4.7 – Leitura Bíblica: Tg. 4.1-10

INTRODUÇÃO
A Epístola de Tiago foi escrita por volta do ano 45 d. C., sendo um dos primeiros textos apostólicos. Essa carta foi destinada aos primeiros cristãos dispersos, de origem judaica no contexto do império romano (Tg. 1.1). Esses crentes faziam parte do “movimento de Jesus”, e ainda se reuniam nas sinagogas, seu principal objetivo era integrar fé e obras, enquanto sabedoria prática, que provém do alto (Tg. 3.14,15).

1. ANÁLISE TEXTUAL
No texto em foco, a ênfase é posta na causa das guerras – pólemos -  e pelejas – machai, que também pode ser traduzido por disputas. Tiago diz que elas provém dos vossos deleites – hedonon, ou prazeres ou paixões, que guerreiam – strateomai – que entram em confronto – em vossos membros? (v. 1). Ao invés de pedir a Deus, e buscar o que edifica, muitos preferem cobiçar – epithumeite – desejar ardentemente, e isso leva a um tipo de frustação, por não ser capaz de alcançar – epithuchein. Ao invés de orar com sabedoria, e pedir as coisas que são do alto, as pessoas pedem mal, para gastar – depanesete – esse verbo expressa o desejo de consumir (v. 3). O grande problema é que as pessoas se deixam controlar pela filosofia deste mundo – kosmu – aqui se referindo aos padrões anti-Deus, que regem a esfera humana. O que tem neste kosmos é adultério – moichalides – não apenas no sentido sexual, mas também de se deixar contaminar com os valores desta era. Aqueles que se tornam amigos do mundo, acabam por se tornarem inimigos de Deus (v. 4). A Escritura é bastante clara, ao afirmar que o Espírito que habita no crente tem ciúmes - phthonos – tanto pode ter um sentido negativo, como ciúme e inveja, quanto positivo, que é o caso nessa passagem, com o sentido de zelo (v. 5). Há um paradoxo no texto, pois Deus dá graça – charin – aos humildes – tapeinos – no contexto de Tiago, aquelas pessoas que são marginalizadas, mas aos soberbos – huperefanois – arrogantes e orgulhosos, com base no que possuem (v. 6). A opção apresentada pelo apóstolo é sujeitar-se – hupotagete – colocar-se sob o controle – de Deus, e resistir – antistete – também se opor – ao Diabo, então esse fugirá de vós (v. 7). É preciso se chegar mais a Deus, e ele se chegar a vós, diz Tiago. E mais, limpai as mãos, e purificai o coração – kardia, sobretudo aqueles de ânino dobre – dipsuchoi – que ficam entre dois pensamentos, não se definem a quem agradar, se a Deus ou ao mundo (v. 8). Para tanto, devem sentir as vossas misérias – telaporeisate – lamentar e chorar – converter o riso em pranto; e o gozo, em tristeza. E mais: humilhar-se – tapenoithete perante o Senhor, somente ele pode exaltar – hupsosei – no futuro, de maneira oportuna.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
O pecado da dissenção, naquela comunidade eclesiástica, era resultante da falta de sabedoria do alto (Tg. 3.13-18), que tinha relação com a mundanidade, ou seja, aos valores daquela época que estavam adentrando à igreja. Muitas disputas que acontecem no seio da igreja são provenientes dos desejos (gr. hedone – paixões), que fazem com que as pessoas entrem em conflito umas com as outras (v.1). É muita cobiça envolvida, sobretudo nos tempos atuais, marcado pelo consumismo, as pessoas estão deixando de valorizar o que é espiritual, e se tornando extremamente mundanas, se apegando ao que é da terra, em detrimento do que é do céu. Essa condição se reflete na própria oração, pois as pessoas expressam em suas palavras aquilo que desejam. Uma demonstração prática disso é a famigerada teologia da ganância, que incita os crentes a buscarem enriquecimento terreno, trazendo sobre elas mesmas sofrimento e frustração (v. 2). Por causa disso, as orações são equivocadas, pessoas que pedem apenas para satisfazerem seus deleites, não que o prazer seja pecado em si, mas esse não pode controlar as pessoas (v. 3). Quando isso acontece, nos tornamos adúlteros e adúlteras, no sentido espiritual, pois desejamos o mundo, como se esse fosse a razão da existência (v. 4). Ninguém que ama este mundo pode dizer que é amigo de Deus, pois são incompatíveis (I Jo. 2.15,16; 5.19). O mundo, nesse contexto, não se refere ao mundo físico, muito menos às pessoas, mas ao sistema anti-Deus, que se opõe aos valores do Reino de Deus (Mt. 6.24). O Espírito que habita em nós é um real, e tem sentimentos e vontades, por isso sente zelo por aqueles que se entregam aos prazeres do mundo (v. 5). A graça de Deus é para aqueles que se humilham, ou seja, que se submetem à vontade de Deus (I Pe. 5.5), se opõem à arrogância e ao orgulho, e se fiam na providência divina, dependem daquilo que Deus dá, o pão nosso de cada dia (v. 6). É preciso resistir ao diabo, e uma das melhores maneiras de fazê-lo é se aproximando de Deus (I Co. 10.13), pois somente assim Satanás fugirá de nós, como aconteceu com Cristo, ao ser tentado (Lc. 4.13). Se quisermos nos aproximar de Deus, devemos purificar nossas vidas, chorar nossa condição de pecado, reconhecer a misericórdia divina (v. 8,9), como orientaram os profetas do Antigo Testamento (Is. 15.2; Jr. 6.26). E para concluir, de maneira resumida, Tiago reforça que devemos ser humildes – viver um estio de vida simples – se quisermos ser exaltados por Deus (Mt. 23.12), ter cuidado para não se deixar levar por um modelo de religiosidade que apenas valoriza o que se tem, diferente daquele ensinado por Jesus, sobretudo no sermão do monte (Mt. 5-7).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
O mundo é movido pela ganância, essa é a causa das guerras e conflitos, não apenas entre os não-cristãos, mas também entre os cristãos. O mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19), e esse é inimigo de Deus, por se opor à sua vontade (Rm. 8.6-8; 12.1,2). Uma das formas de Satanás, que é o deus deste século, manipular as pessoas (II Co. 4.4), é através do desejo desenfreado, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba dos olhos (I Jo. 2.16-17). O pecado dos nossos primeiros pais no Jardim do Éden se deu através do olhar, e o desejo de ser igual a Deus, se apropriando daquilo que Ele havia proibido (Gn. 3.6). O desejo de enriquecer, inspirado na inveja do outro, está levando muitas pessoas à ruina, afinal o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10-12). Mamom é o deus que governa o mundo dos negócios, e sacrifica muitas vidas, a fim de ser adorado, por isso Jesus advertiu quando a essa divindade, e foi categórico ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores (Mt. 6.24). A alternativa cristã contra a idolatria do dinheiro é um estilo de vida simples, pautado no contentamento, pois é assim que Deus deseja que vivamos (Lc. 3.14; Fp. 4.12; Hb. 13.5). Contentamento não significa comodismo, ninguém está proibido de buscar viver melhor, e até mesmo de prudentemente reservar um pouco para os dias difíceis, mas não se pode confiar nas riquezas. Jesus nos ensinou a viver sem o frenesi das preocupações, sobretudo em relação ao que teremos para viver no futuro (Mt. 6.24-33).  O problema é que as pessoas estão sendo seduzidas pelo consumismo, comprando coisas que não precisam, apenas para agradar as outras pessoas. Essas pessoas, ainda que não percebam, estão no ritmo de vida do mundo, e por essa razão, estão adulterando espiritualmente, pois amam mais o presente século do que a Deus. A cobiça e o hedonismo não é um estilo de vida compatível com o cristão, ainda que tenhamos sido criados para o prazer, não podemos deixar que os deleites da vida nos controlem (I Co. 6.12).

CONCLUSÃO
As advertências de Tiago são necessárias, caso queiramos resistir ao diabo. A melhor maneira de fazê-lo, conforme instrução do próprio apóstolo, é sujeitar-se e se achegar cada vez mais a Deus. A vitória sobre os poderes do mundo depende de Deus, mas nós também somos participantes, na medida em que buscamos viver no Espírito (Gl. 5.22), não satisfazendo os desejos desenfreados da carne (Gl. 5.16). É preciso se arrepender dos pecados, sentir as misérias, lamentar e chorar, a fim de receber a graça de Deus, pois o Senhor abate os orgulhosos, mas eleva os humildes (Tg. 4.6,10).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

POSSESSÃO DEMONÍACA E A AUTORIDADE DO NOME DE JESUS


Texto Áureo: Lc. 10.17 – Leitura Bíblica: Mc. 5.2-13

INTRODUÇÃO
Os demônios atuam na esfera humana, ainda que alguns tentem negar essa verdade. A ciência moderna, com o objetivo de reduzir tudo ao material, atribui a possessão demoníaca aos transtornos mentais. Essa, no entanto, é uma realidade no contexto bíblico, reforçada pela experiência. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da realidade da possessão demoníaca, e o mais importante, a autoridade de Jesus sobre as potestades espirituais.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Logo após Jesus sair do barco, pois estava ensinado às pessoas, saiu-lhe ao encontro um homem com um espirito imundo – pneumati akatharti – isto é, um espírito impuro. E esse, fazia com que aquele homem morasse nos sepulcros, e tinha uma força extraordinária, de modo que ninguém podia preder – o verbo grego é deô, indicando que nada podia atá-lo, ou mais precisamente, amarrá-lo (v.2). E isso é reforçado no versículo seguinte, pois muitas vezes foi preso com grilhões – pedais – correntes e cadeias – halusesin – prisões, mesmo assim, sua força era tão grande que fazia as correntes e cadeias não passarem de migalhas – synthretipetai – destruindo em pedações (v. 3). E mais, esse espírito imundo o impulsionava a andar de dia e de noite clamando pelos montes, fazendo com que o homem ferisse a ele mesmo com pedras. Paradoxalmente, quando esse homem vê Jesus, corre para o adorar – prosekynesen – se prostrando aos seus pés. E reconhece que Jesus é o Filho do Deus Altíssimo – huie tou Theos ho hupsistos. O demônio pede a Jesus que não o atormente – basanizo, que dá ideia de perturbar. Jesus, com autoridade divina, pergunta qual o nome daquele demônio, e esse responde: Legião – legion, e o próprio explica – porque somos muitos (v. 9). O demônio roga a Jesus para que não o enviasse para fora daquela província – chora – região, país ou área de atuação. Naquela ocasião, pastava no monte uma grande manada de porcos, e os demônios rogaram a Jesus para que os mandasse para entrar nos porcos. Jesus permitiu, os espíritos imundos entraram nos porcos, e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar, e ali se afogou (v. 13).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Esse episódio ocorreu próximo a Gerasa, uma cidade pequena próxima ao mar, na narrativa de Mateus, é especificado que era na região de Gadara (Mt. 8.28). Havia ali . um demônio – espírito imundo – que se apoderava de um homem e que o tentava destruir. Essa realidade é coerente o que Jesus ensinou, o diabo veio para roubar, matar e destruir (Jo. 10.10). Aquele homem cortava a si mesmo, utilizando-se de pedras, tendo tendências autodestrutivas. Há quem defenda que toda tendência suicida é demoníaca, mas isso nem sempre é verdade. Existem pessoas que têm problemas mentais e que demandam tratamento especializado. Mesmo assim, não se pode negar que as potestades do mal se aproveitam da vulnerabilidade humana para inculcar tendências autodestrutivas (Mc. 5.5). Esse demônio se apropria da voz daquele homem, isso mostra que os espíritos imundos podem se utilizar das funções biológicas, inclusive dando-lhe maior capacidade, considerando que ninguém podia prender aquela pessoa. A partir desse texto, aprendemos também que os demônios agem de maneira orquestrada, em alguns casos, como um exército, já que se chamava Legião, que em Roma era composta por 6.000 soldados, não sabemos ao certo se esse era o total de demônio existentes naquele homem, mas certamente eram muitos (Mc. 5.9). Os porcos, no contexto da cultura judaica, eram considerados animais impuros, por isso, os demônios pediram para serem lançados neles (Mc. 5.13). Jesus permitiu que tais espíritos fossem para os porcos, e esses morreram ao caírem no despenhadeiro. É digno de destaque que as pessoas daquela região, ao invés de ficarem satisfeitas com a libertação do homem, preferiram lamentar o prejuízo, deixando de ver a importância da restauração da sua condição normal.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os demônios existem, e continuam atuando nos dias atuais, mas o poder deles está limitado, Jesus tem autoridade para expulsá-los, como fez nos tempos antigos. A presença do Senhor, em ambientes dominados pelas forças do maligno, pode fazer com que esses sejam modificados. O fato de Jesus ter perguntado o nome dos demônios não é fundamento para entrevistá-los, como fazem algumas igrejas neopentecostais em programas televisivos. Além disso, não podemos deixar de considerar que o diabo é o pai da mentira, portanto, não é digno de crédito. É preciso também ter cuidado, para não supervalorizar a atuação demoníaca, e não fazer propaganda demasiada da sua atuação. Existem pregadores que falam tanto a respeito do demônio em suas preleções que esquecem de enfatizar a cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, que deve ser nossa mensagem central. Existem, nesses tempos difíceis, muitas pessoas que estão debaixo do controle das hostes infernais, precisamos continuar pregando a boa nova do Reino de Deus, e expulsando os demônios na autoridade de Jesus. Mas devemos saber, conforme nos é revelado nas Escrituras, que expulsar demônios não tem por objetivo espetacularizar o evangelho. Muito pelo contrário, o mais importante é o Reino de Deus, e o ato de expulsar os demônios é apenas um sinal, que antecipa o “já”, do “ainda não”, quando os poderes das trevas serão definitivamente destronados. Assim, com a autoridade do nome de Jesus, devermos expulsar os demônios, mas não podemos deixar de anunciar que o reino de Deus está no meio de nós.

CONCLUSÃO
Os demônios continuam atuando no planeta terra, e instrumentalizando pessoas para causar a destruição delas mesmas, bem como de outros. Na autoridade do nome de Jesus, podemos expulsá-los, a fim de que essas pessoas sejam libertas, e possam viver para a glória de Deus. É importante que estejamos cientes do poderio de Jesus sobre os poderes das trevas, e que ao expulsamos os demônios, estamos antecipando a realização do reino de Deus, que terá sua plenitude no futuro.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

A NATUREZA DOS DEMÔNIOS – AGENTES DA MALDADE NO MUNDO ESPIRITUAL


Texto Áureo: Ap. 22.9 – Leitura Bíblica: Ap. 12.7-10

INTRODUÇÃO
A batalha espiritual continua, desta feita nos voltaremos para a natureza dos demônios, ressaltando o agenciamento desses seres no mundo na maldade. Para tanto, partiremos do texto de Ap. 12.7-10, a fim de mostrar a atuação demoníaca no contexto escatológico. Ao final, enfocaremos o poder dos demônios, evitando supervaloriza-lo, a fim de mostrar que Jesus é o Grande Vencedor, e Aquele a quem devemos proclamar, como o Valente de Deus.

1. ANÁLISE TEXTUAL
O livro do Apocalipse foi escrito por João na Ilha de Patmos, quando ali esteve como prisioneiro, por causa do Evangelho do Senhor Jesus. Esse texto trata a respeito dos eventos que acontecerão por ocasião da Grande Tribulação, que antecede a volta de Cristo em glória, para estabelecer o reino no Milênio. João diz que houve uma batalha – polemos – e que Moisés e os seus anjos, e batalhavam – polemesai – o dragão e os seus anjos. Esse verbo polemesai, em consonância com o substantivo polemos, dão ideia não apenas de uma luta, mas também da manifestação de hostilidade (v. 7, 8). Há uma disputa e uma desconsideração dos poderes das trevas pelos mensageiros de Deus. Mas o grande dragão, a antiga serprente, chamado o diabo em grego e Satanás em hebraico, foi precipitado – eblethe – foi derrotado, tendo sido lançado na terra, esse mesmo que engana – plana – dando ideia de alguém que conduz as pessoas a se desviarem, e que as leva pelo caminho do engano (v.9). Satanás é finalmente derrotado, pois o próprio João escuta uma grande voz do céu, dizendo que a salvação era chegada, e a força e o reino do nosso Deus, e o poder – dunamis, um poder para realizar milagres  - do Seu Cristo. Isso porque o acusador – kategor – de nossos irmãos foi derrotado. A principal característica de Satanás é a de acusar- kategoron – e isso ele faz dia e noite (v. 10).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Ao estudarmos o assunto da batalha espiritual, precisamos ter cuidado para não dar ideia que existem poderes iguais, como se fossem forças antagônicas em condições semelhantes, disputando território e poder. Qualquer perspectiva dessa natureza se assemelha a um dualismo grego, que não encontra respaldo nas Escrituras. As hostes satânicas não podem deter o poder de Deus, muito menos do Seu reino. No texto em foco, João viu sinais nos céus, uma mulher que dá à luz e um dragão que pretende destruir sua descendência. Há várias interpretações desse texto, a mais apropriada é a de que Jesus é o filho da mulher – Israel – que é perseguido pelo dragão, justamente no período da Grande Tribulação. Deus envia Miguel e suas hostes celestiais, a fim de pelejar contra Satanás. Miguel é um arcanjo e guardião do povo de Deus (Dn. 10.13; 12.1; Jd. 9). A vitória de Miguel e das suas hostes sobre o dragão é resultante do poder triunfante de Jesus na cruz do calvário (Cl. 2.15). A batalha de Satanás contra os anjos de Deus remete aos tempos antigos, e talvez, anterior a criação dos homens. Satanás é o príncipe dos demônios (Mt. 12.24; 25.41). Ele era um querubim ungido, perfeito em sabedoria e formosura, mas que se rebelou (Ez. 28.12-15; Is. 14.12-15), sendo destituído da sua condição, alguns anjos que o apoiaram nessa rebelião já estão presos (II Pe. 2.4; Jd. 6).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Estamos diante de uma luta contra os poderes das trevas, e essa teve início na esfera humana no jardim do Eden (Gn. 3.1-15). Depois de ter sido expulso do céu, Satanás busca desviar o ser humano do objetivo para o qual foi criado: viver para a glória de Deus. Mas seus dias estão contados, e eles sabe muito bem disso, ademais, mesmo sendo um Acusador, não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo (Rm. 5.1; 8.33), por causa da justificação. Jesus se fez pecado por nós, Seu sacrifício na cruz do calvário foi suficiente para que tenhamos a garantia da vida eterna. Por causa de Jesus, esses espíritos imundos (Lc. 4.33; 8.29; Ap. 18.2) e os espíritos malignos (Lc. 8.2) estão limitados, até o dia em que finalmente serão vencidos, por Aquele que é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. A vitória de Jesus contra Satanás está na esfera da implantação do reino de Deus, ao mesmo tempo que existe um “já”, há um “ainda não” que terá sua plenitude quando o reino de Deus for finalmente estabelecido. Por isso, devemos ter cuidado, e não devemos ignorar as astúcias do Inimigo, sendo capaz de colocar espinhos na carne (II Co. 12.7), e até mesmo impedir o avanço da obra de Deus, sobretudo da obra missionária (I Ts. 2.18). Não devemos desconsiderar seus ardís, muito menos sua astúcia (II Co. 2.11), sabendo que chegará o dia em que ele será esmagado (Rm. 16.20).

CONCLUSÃO
Satanás é o adversários daqueles que creem em Deus, devemos estar cientes de que uma batalha existe, e que essa é real no mundo espiritual. Mas devemos saber também que Jesus, o mais Valente que o inimigo, está do nosso lado, Ele é o Capitão da nossa salvação, e por causa dele, temos a certeza de que o Reino de Deus virá, e certamente teremos um governo de plena paz, e de justiça para todas as pessoas. Essa é nossa expectativa, e deve continuar sendo, a grande esperança da igreja.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

A NATUREZA DOS ANJOS – A BELEZA DO MUNDO ESPIRITUAL


Texto Áureo: Sl. 103.20 – Leitura Bíblica: Lc. 1.26-35

INTRODUÇÃO
A definição funcional dos anjos se encontra em Hb. 1.14, de acordo com o autor dessa Epístola, são espíritos ministradores a serviço daqueles que hão de herdar a salvação. Em geral, assumimos que existem poucas passagens bíblicas que nos permitam descrever com propriedade que são os anjos e sua atuação na obra de Deus. Por isso, na aula de hoje, estudaremos um caso específico, o do anúncio do nascimento de Jesus, em seguida, faremos uma incursão bíblica a respeito dos anjos.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Lucas narra que no sexto mês, foi enviado um anjo – angelos – um mensageiro a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré. Gabriel, o nome desse mensageiro, deveria se dirigir à Maria, uma virgem – parthenon, uma donzela – que havia sido desposada – emineustemenen, ou melhor, prometida em casamento a José, sendo este da casa de Davi. Ao entrar, o anjo o anjo saldou-a, dizendo: o Senhor é contigo; bendito és tu entre as mulheres. Maria ficou perturbada – dietarachthe, agitada – a respeito do que seria a saudação do anjo. Por isso, disse: não temas, porque achaste graça – charin – foste agraciada. Isso porque no ventre dela iria conceber e dar a luz um filho, no qual poria o nome de Jesus – Iesoun – que quer dizer Jeová Salva. E mais, esse será grande e chamado Filho do Altíssimo – huios hupsistos; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará – basieluo – estabelecerá o Seu reino, o qual jamais terá fim. Maria ficou surpresa com a mensagem, e questiona: como se fará isso, visto que não conheço – ginoskõ – não tive relação sexual – com homem algum. A maneiro como isso se daria é explicada pelo anjo: descerá sobre ti o Espírito Santo – pneuma hagion – e a virtude – dunamis – poder do Altíssimo para realizar milagres – te cobrirá com a Sua sombra; bem como o próprio Santo – Hagion – que há de ti nascer – será chamado Filho de Deus – huios theós.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Esse episódio, segundo o relato de Lucas, aconteceu no sexto mês da gravidez de Isabel (v. 24), e especifica o lugar do ocorrido, detalhando que se deu na cidade da Galileia, isso sugere que seus leitores não eram da Palestina, portanto não estariam familiarizados com tal localização (v. 4.31). De acordo com o texto, maria foi virgem antes da concepção e durante a gravidez (Mt. 1.25), pois nela estava Aquele que foi gerado pelo Espírito Santo, tendo sido ela agraciada (Lc. 1.30), isso é digno de destaque porque mostra que foi recebedora e não doadora da graça, como propõe o credo romano. O Deus doador da graça é o Altíssimo (Gn. 14.18). A causa do espanto de Maria é que ela era ainda virgem – não tinha tido relação sexual. O anjo explica que isso seria resultante de um milagre do Espírito Santo. Isso fez com que ela reconhecesse que não passava de uma serva do Senhor, por isso não cabe qualquer posicionamento elevado, maior do que aquele revelado no texto bíblico, em relação ao papel de Maria na história da salvação. Reconhecemos que ela foi agraciada por Deus, e que foi uma mulher a serviço da salvação providenciada pelo Senhor, mas precisamos ter cuidados para não atribuir a ela uma condição que o texto bíblico não fundamenta. Mais importante, nesse texto lucano, é identificar o personagem principal da narrativa, e esse é Jesus – o Salvador.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os anjos – malak em hebraico e angelos em grego – são criaturas espirituais, que podem ou não se tornarem visíveis aos seres humanos – e que se encontram em grandes multidões nos céus (Hb. 12.22; Ap. 5.11), sendo criaturas divinas e dependentes do Senhor. Eles atuam em diversas esferas, tanto no céu quanto na terra, principalmente no louvor a Deus (Sl. 148.2; Ap. 7.11,12). Durante o ministério de Jesus, os anjos atuaram, quando Gabriel anunciou a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc. 1.18, 19), e seis meses depois, o nascimento de Jesus a Maria (Lc. 1.26-31). Os anjos também assistiram a Jesus durante seu ministério terreno, especialmente na tentação do deserto na agonia do Getsêmani e em sua ressurreição e ascensão ao céu (Mc. 1.13; Oc. 22.43; Mt. 28.2-6; At. 1.10). Existem hostes angelicais, e pelo que inferimos de algumas passagens bíblicas, uma hierarquia angelical (Ef. 1.20,21), dentre essa os serafins, querubins e arcanjos (Is. 6.2; I Sm. 4.4). Em Jd. 9, encontramos o nome de um arcanjo que é Miguel, e a esse respeito, é preciso ter cuidado para não apresentar nomenclaturas, e categorias angelicais que não encontram respaldo no texto bíblico. Além disso, há igrejas que adoram anjos, como faziam os gnósticos do Sec. I da Era Cristã, a fim de coibir a angelolatria Paulo escreveu a Epístola aos Colossenses (Cl. 2.18), o próprio anjo que apareceu a João em Patmos, renunciou qualquer tipo de adoração (Ap. 22.8).

CONCLUSÃO
Algumas igrejas evangélicas, pela falta de ensinamento bíblico, estão se deixando conduzir por idolatrias a anjos. Esse tipo de adoração não encontra respaldo no texto bíblico, não podemos esquecer a funcionalidade deles, e de deixar de dar glória Aquele que é o Único: Jesus Cristo. Igrejas cristocêntricas, fundamentadas na Palavra de Deus, não se deixam levar por modismos travestidos de espiritualidade, que na verdade não passam de vaidade da carne (Cl. 2.21-23).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

BATALHA ESPIRITUAL – A REALIDADE NÃO PODE SER SUBESTIMADA


Texto Áureo: Mc. 26.41 – Leitura Bíblica: I Pe. 5.5-9

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito do conceito bíblico de Batalha Espiritual. Esse é um tema que encontra respaldo escriturístico, mas que precisa ser avaliado à luz dos princípios hermenêuticos, a fim de evitar excessos bastante comuns ao tratar sobre o assunto. Na aula de hoje analisaremos o texto de I Pe. 5.5-9, ressaltando a realidade da luta diante da qual nos encontramos, que não poderá ser subestimada, sob o risco de perdemos nossa alma.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Na passagem em foco, o autor admoesta aos anciãos da igreja, em relação aos dias difíceis que se aproximam, encorajando-os a serem humildes e vigilantes. Uma mensagem inicial é direcionada aos jovens – neoteroi – para que esses sejam sujeitos aos anciãos – presbyteroi. Nesse caso, os jovens necessariamente não têm a ver com idade, mas com a relação com os mais velhos, sobretudo àqueles que estão em liderança. E como se isso não fosse suficiente, é preciso que sejamos sujeitos – hupotagete – uns aos outros, considerando que na igreja, a liderança é primordialmente funcional, não tem a pretensão de ser hierárquica. Pedro orienta ao revestimento em humildade – tapeinophrosune – que dá ideia também de ascetismo, pois Deus resiste aos soberbos  - huperephanos – aqueles que são prepotentes, que querem se colocar acima dos outros, mas dá graça aos humildade – tapeinos – aqueles que estão em posição menos elevada.  O imperativo é para que devamos nos humilhar – tapeinothete, debaixo da potente mão de Deus, esperando que Ele, no tempo oportuno – kairo, e de acordo com Sua soberana vontade, exalte os humildes. O melhor é levar até Ele todas nossas ansiedades – merimnan, ciente de que Ele é Aquele que tem cuidados de nós. E mais, sejamos sóbrios – nepsate – uma virtude necessária, que deve permanecer atrelada a um outro imperativo: ser vigilante – gregoresate, tendo em vista que temos um adversário – antidikos, que também pode ser traduzido como acusador. Esse é o diabo – diabolos - que anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar – katapiein. Esse verbo também tem o sentido de devorar, o que implica em maior violência. Para vencê-lo, devemos, portanto, resistir firmes – steroi, sabendo que as mesmas aflições – pathematon – também sofrem outros irmãos no mundo.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A I Epístola de Pedro foi escrita por volta do ano 64 d. C., possivelmente da cidade de Roma, com o objetivo de oferecer encorajamento aos cristãos que sofriam perseguição.  A orientação de Pedro é para que as pessoas mais jovens da congregação, que geralmente são mais resistentes à liderança, sejam sujeitas aos anciãos e para isso cita Pv. 3.34, a fim de lembra-los que Deus se opõe aos orgulhosos, mas direciona seu favor àqueles que são humildes (5.5). Na verdade, todos devem ser humildes, aprendendo a depender de Deus, mesmo nos momentos da adversidade. Devemos depender da potente mão de Deus que trouxe Israel do Egito (Ex. 3.19; 32.11; Dt. 4.34; 5.15; Dn. 9.15). Assim como aconteceu com Israel, o cativeiro não durará para sempre, portanto, sabemos que o período de sofrimento vai passar. Ainda que estejamos passando por momentos difíceis nos dias atuais, temos a convicção que no tempo oportuno de Deus, Seu povo será exaltado na eternidade (5.6). Por isso, devemos lançar sobre Ele toda nossa ansiedade, não temos motivos para viver preocupados, se confiamos na providência do Senhor (5.7). Antes, devemos nos manter sóbrios e vigilantes, alertas aos ataques do Adversário, pois o diabo – representado como um leão – fica à espreita buscando a quem devorar. A admoestação é de que o diabo deve ser resistido (5.8), esse não deve ser temido pelos cristãos, pois o Senhor tem dado poder espiritual para permanecer firme na fé (Ef. 6.12-18). Devemos, portanto, confiar nas promessas do Senhor, pois Deus tem a palavra final, quando exaltará aqueles que atualmente são perseguidos (Tg. 4.7). Além disso, é preciso saber que o sofrimento não é exclusividade de alguns, crentes no mundo inteiro padecem por causa do nome do Senhor. E mais que isso, o próprio Senhor sofre com aqueles que são perseguidos por causa do Seu evangelho (5.9).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os cristãos estão envolvidos em uma batalha espiritual, e essa não pode ser subestimada. É preciso, no entanto, evitar qualquer tipo de extremos, se por um lado alguns crentes descreem no poder das hostes celestiais do Adversário, por outro lado, outros exageram na supervalorização desse poder. Há evangélicos que veem o diabo em toda esquina, certos pregadores falam mais a respeito do Satanás do que de Jesus. Em alguns cultos, ao invés de se pregar a Palavra de Deus, fala-se apenas no poder do diabo, e quando há prática de exorcismo, entrevista-se o Inimigo sem atentar para a verdade bíblica de que é o pai da mentira (Jo. 8.44). Precisamos ter cautela com esse tipo de ensinamento, resultante de uma teologia deformada, que apregoa doutrinas como mapeamento espiritual, maldição hereditária e de crentes endemoninhados. Tais crenças vieram da Teologia da Prosperidade, da Confissão Positiva e do Domínio, e se espalharam pelos arraiais neopentecostais, ou melhor, pseudopentecostais. A doutrina do mapeamento espiritual não tem base bíblica, e geralmente está fundamentada em versículos descontextualizados ou em interpretações equivocadas da Bíblia. Em relação à maldição hereditária, costuma-se citar Ex. 20.5, mas esse texto se refere às gerações, principalmente às pessoas de uma família, que vivem debaixo de um jugo de pecado, mas não se aplica aos crentes, pois Cristo se fez maldição por nós (Gl. 3.13). Sobre crentes endemoninhados, devemos saber que o maligno não pode tocar naqueles que tiveram um encontro com Cristo (I Jo. 5.18), e mais, aquele que está em nós é maior do que aquele que está no mundo (I Jo. 4.4).

CONCLUSÃO
Esse é o momento de alertar aos evangélicos que se deixam controlar por uma crença equivocada em uma falsa doutrina da batalha espiritual. Na mesma medida em que reconhecemos que essa batalha é real, precisamos também considerar que Cristo é maior, e que não devemos nos deixar manipular por lideranças que se aproveitam dessas doutrinas falsas para causar insegurança espiritual nas pessoas. Consoante ao exposto, devemos saber que o diabo precisa ser resistido, mas que devemos depender da direção divina (Jd. 1.9).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

AS VERDADES E PRINCÍPIOS DIVINOS PARA UMA VIDA ABUNDANTE

TEXTO ÁUREO
Porquanto, qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado(Lc 14.11).
VERDADE PRÁTICA
Jesus apresenta, a partir de seu próprio exemplo, o caminho da humildade e do amor altruísta como indispensável aos que querem servi-lo.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Fp 2.3
Considerar os outros superior a nós mesmo
Terça — Rm 12.3
Não ter conceito elevado de si mesmo
Quarta — Pv 22.4
O prêmio da humildade são riqueza, honra e vida
Quinta — Ef 4.1,2
Andar em humildade é uma posição digna da nossa vocação
Sexta — 1Pe 5.6
Humilhar-se debaixo da potente mão de Deus
Sábado — Pv 18.12
A humildade vem sempre antes da hora
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 14.7-14.
7 — E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes:
8 — Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar, para que não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu,
9 — e, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar.
10 — Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, assenta-te mais para cima. Então, terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.
11 — Porquanto, qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
12 — E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado.
13 — Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos
14 — e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado serás na ressurreição dos justos.
HINOS SUGERIDOS
35, 355 e 541 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Expressar o valor da humildade e do amor desinteressado.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
  • I. Interpretar a parábola dos primeiros lugares e dos convidados;
  • II. Sublinhar as grandes lições da parábola e a inversão da lógica humana;
  • III. Distinguir a recompensa da humildade e do altruísmo.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Findamos mais um trimestre e com ele encerramos o ano de 2018. Além do que ainda temos a aprender com esta última lição, recebemos, ao longo deste trimestre, valiosos esclarecimentos para a nossa caminhada cristã. A revista não poderia terminar melhor, pois estamos diante de mais uma lição essencialmente prática. Para além das importantes questões concernentes à vida espiritual, a presente lição é uma aula de etiqueta e de como comportar-se em sociedade e em ambientes específicos onde o exercício do bom senso e da discrição só faz bem. Aproveitemos uma vez mais essa oportunidade de aprendizado para melhorarmos nosso comportamento e forma de relacionar-se. Uma excelente aula e término de trimestre.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Jesus contou a parábola dos primeiros assentos, ou lugares de honra, e dos convidados, ao participar de uma refeição na casa de um fariseu. Ele instruiu a todos acerca da humildade e do perfil das pessoas que devem ser convidadas para ocasiões especiais. O verdadeiro objetivo do fariseu, e de seus companheiros, era encontrar algo em Cristo que pudesse condená-lo. Na ocasião, Jesus observou o perfil dos convidados e notou que eles buscavam escolher os primeiros lugares. Foi a partir dessa observação, e também do perfil dos convidados, que o Mestre contou essa curta, mas instrutiva, parábola.

PONTO CENTRAL
Humilhar-se e praticar o amor sem esperar nada em troca são posturas cristãs.
I. INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS PRIMEIROS LUGARES E DOS CONVIDADOS
1. O dia, a ocasião e o local. O dia, a ocasião e o local onde essa parábola foi contada são três pontos importantes para se entender sua importância. No início do capítulo somos informados que, num sábado, Jesus fora comer na casa de um dos chefes dos fariseus e deparou-se com um homem hidrópico (Lc 14.1,2). Após provocar os fariseus que ali estavam, Jesus curou o enfermo e ele se foi (Lc 14.3,4). O Mestre então revelou que os religiosos que se encontravam ali faziam determinados trabalhos que eles julgavam importantes em dia de sábado (Lc 14.5), e que curar o homem, sem importância para eles, certamente era lícito, por isso, “nada lhe podiam replicar sobre isso” (Lc 14.6). Uma vez que se tratava de uma refeição, era comum, em ocasiões como essa, haver uma distribuição especial de lugares para os convidados que, normalmente, se assentavam ao redor de uma mesa quadrangular, cuja posição central era ocupada pelo anfitrião, e, bem próximo a ele, isto é, à esquerda e à direita, posicionavam-se os convidados mais distintos. Era costume um convidado ser honrado pelo dono da festa. Desejar esta homenagem não era algo errôneo, porém, na ansiedade de buscar tal honraria, muitos se excediam, demonstrando ausência de humildade e desejo por reconhecimento humano.

2. A parábola. É com este contexto em mente que devemos estudar a parábola dos primeiros assentos e dos convidados. Havia dois objetivos por parte do Senhor. Primeiro, Ele procurava ensinar aos convidados e, ao mesmo tempo, os seus discípulos e a todos os que o aceitam, acerca de não se buscar lugares de honra, pois no Reino de Deus servir é mais importante do que ocupar uma posição. Segundo, ao curar o hidrópico, Jesus instruía ao anfitrião, e a todos nós, que não devemos ser seletivos quanto aos convidados para uma ocasião especial, pois assim como Deus aceita a todos, devemos ser prestativos e servir a todos, pois se atendermos pessoas abastadas, elas vão querer nos retribuir, e isso será a nossa recompensa (v.12).

3. Os grandes ensinamentos da parábola. Os ensinamentos de Jesus para os convidados não são uma série de bons conselhos sobre etiqueta social, mas lições com significado prático-espiritual. Por isso, esta última lição visa conscientizar-nos de nossa postura enquanto discípulos de Cristo, destacando a importância de, na prática, demonstrarmos o quanto vivemos sob uma forma diferente da do mundo (Rm 12.2; Mt 20.17-28).

SÍNTESE DO TÓPICO (I)
A interpretação da parábola dos primeiros lugares e dos convidados ensina-nos grandes verdades prático-espirituais.
SUBSÍDIO EXEGÉTICO
“A parábola é, na verdade, uma repreensão de muitos à mesa de jantar. Na maioria das culturas, há lugares de muita e de poucas honras numa refeição (Bratcher, 1982, p.244). Pessoas de posição social mais alta têm lugares mais próximos do anfitrião. Para ensiná-los a ordem das coisas de Deus, Jesus começa exortando-os a que, se são convidados a um casamento, tomem os lugares mais baixos. Uma pessoa de mais destaque que eles pode ter sido convidada. Se um convidado chegar antes dessa pessoa e tomar o assento mais próximo do anfitrião, ele corre o risco de ser humilhado. O anfitrião pedirá àquele que está num lugar de honra a sair. O convidado presunçoso talvez descubra que a maioria dos lugares está ocupado, o que o forçará a ocupar um lugar menos desejável. Sua autopromoção o levou à vergonha e humilhação.
Jesus não recomenda a prática da falsa humildade, mas o convidado que, de começo, toma o lugar mais humilde não se arrisca a passar vexame. De fato, quando o anfitrião o vir sentado em lugar humilde, ele o convidará a se sentar mais para cima. Isto lhe dá honra aos olhos de todos os convidados no casamento.

Jesus se dirigiu aos convidados. Agora Ele se volta para o anfitrião. O que Ele lhe diz também se aplica aos líderes religiosos. Os fariseus excluíam os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos da plena participação da vida religiosa. Para contornar esta prática, Jesus indica que a hospitalidade deve ser estendida a todos e adverte contra incluir somente os amigos, os parentes, os ricos e os famosos.
A tentação é entreter só o nosso grupo. Quando um anfitrião convida outros para jantar em sua casa, ele deve incluir aqueles que não lhe podem devolver o favor. Se ele sente que os convidados vão retribuir-lhe o convite, o que ele deu? Nada! É apenas comércio, sem ter generosidade. Sua hospitalidade é motivada por desejo de recompensa. Mas a verdadeira hospitalidade e generosidade ocorrem quando não há possibilidade de retribuição. Aqueles que querem agradar a Deus devem alcançar os pobres e os que sofrem de incapacidade física ou mental. Jesus não proíbe que convidemos os que podem nos retribuir o convite, mas proíbe que esqueçamos os que não estão em posição de retribuir. A generosidade e a bondade não devem ser usadas para ganhar poder sobre os outros e a colocá-los em dívida para conosco. A verdadeira hospitalidade, instigada por amor genuíno, não tem restrições” (ARRINGTON, F. L. in ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. RJ; CPAD, 2003, pp.415,416).

II. AS GRANDES LIÇÕES DA PARÁBOLA E A INVERSÃO DA LÓGICA HUMANA
1. A primeira grande lição da parábola. Esta parábola ensina, acima de tudo, a humildade como marca de um verdadeiro seguidor de Cristo (Lc 9.23,24). Jesus instrui que é prudente a qualquer convidado ocupar sempre o lugar de menor destaque à mesa, e que esse comportamento deve ser sincero, pois cabe ao anfitrião a prerrogativa de julgar quem deve ser reconhecido (vv.8,9). A lição está na ideia de que ocupar de forma espontânea uma posição humanamente inferior ensejava a oportunidade de se experimentar algo realmente honroso, ou seja, ao portar-se de maneira humilde o convidado poderia ser honrado com naturalidade, uma vez que, se fosse chamado a ocupar um lugar à frente, se destacaria em relação à posição em que se encontrava (v.10). Ao contrário, se caso se colocasse num local de destaque, sem ter sido convidado para isso, experimentaria o caminho da vergonha, sendo removido para dar lugar a alguém que o anfitrião julgasse merecedor e digno daquela honra (vv.8,9).

2. A segunda grande lição da parábola. Além da sensatez que faz a opção pela humildade, Cristo ensina nesta parábola que se formos dar um jantar devemos convidar e acolher os menos favorecidos (v.13). A ênfase da segunda grande lição ensinada por Cristo mostra que as ações devem ser praticadas sem esperar reciprocidade alguma (v.12). Tais práticas devem nortear os pensamentos dos verdadeiros seguidores do Mestre, pois Ele mesmo assim vivia e praticava boas ações com espírito humilde e amor desinteressado (Mt 20.28; Jo 10.17,18; 15.13). Este ensinamento de Cristo, naturalmente, não se refere apenas ao ato de convidar alguém para jantar, mas diz respeito a todas as atividades que são realizadas em favor de algum próximo que não tem como nos retribuir (Mt 25.34-40).

3. A lógica do Reino é diferente da humana. As duas grandes lições da parábola dos primeiros assentos e dos convidados desafiam a lógica humana, pois nesta prevalecem os adágios e as estratégias oportunistas, mas na lógica do Reino tudo é diferente (Mt 20.25-28 cf. v.11). De igual forma, devemos ajudar os que não têm condições, pois estes geralmente são esquecidos, pois não tendo nada a oferecer, acabam abandonados. O Senhor, porém, ensina que quando formos realizar algo assim, devemos convidar “os pobres, aleijados, mancos e cegos” (v.13), pois estes não têm como nos “recompensar” (v.14). Isso, porém, não significa que ficaremos sem recompensa.

SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Humildade e amor desinteressado são as grandes lições ensinadas nesta parábola que também desafia a lógica humana.
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
“Na época de Jesus, o costume judaico em um jantar era dispor os assentos em forma de U com uma mesa baixa diante deles. Os convidados se apoiariam no cotovelo esquerdo, e estariam sentados de acordo com a sua posição social, sendo o lugar de honra o assento no centro do U. Quanto mais distante do lugar de honra, menor o status. Se alguém se colocasse no primeiro lugar e então chegasse outro convidado mais digno, lhe pediriam que passasse para um lugar inferior. Mas a esta altura o único lugar vago seria o derradeiro, no final da mesa” (Comentário do Novo Testamento. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2009, pp.417,418).

III. A RECOMPENSA DA HUMILDADE E DO ALTRUÍSMO
1. Humildade e altruísmo. Nesta parábola Cristo nos ensina o cultivo da humildade e do desprendimento — também conhecido como amor desinteressado ou altruísmo —, como características indispensáveis ao verdadeiro cristão. Mais do que uma lição de educação humana, Cristo fala sobre o privilégio que possuímos de servir e não de sermos servidos (Mc 10.45), exultando o serviço ao próximo não por vanglória, mas por dedicação pessoal e altruísmo (Pv 18.12; Rm 12.9,10; Fp 2.3-11).

2. Amor, a palavra-chave do altruísmo. Atualmente a palavra amor está desgastada, pois muitos “amam” apenas de lábios, mas não de verdade (1Jo 3.18). O texto bíblico, porém, é bastante enfático: “O amor não seja fingido” (Rm 12.9a). O amor é a palavra-chave do altruísmo, pois este só pode ser praticado em amor e, por sua vez, o amor só pode ser revelado na prática (Tg 2.15-17; 1Jo 3.17).

3. A recompensa. Retribuir uns aos outros não é altruísmo, mas ajudar aos que estão necessitados certamente o é, pois isso trará grande recompensa (vv.12b,14; Mt 10.40-42). Ninguém que ajude e estenda a mão aos necessitados ficará sem retribuição da parte do Senhor (Mt 25.34-40).

SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A humildade e o altruísmo não devem ser praticados por causa de reconhecimento, mas sua prática com motivações corretas trará recompensa da parte de Deus.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Partir o pão com os necessitados e os inválidos nunca passará sem ser percebido pelo Pai divino. Embora eles não possam nos oferecer recompensa, Deus pode e recompensa. O que os pobres e os que sofrem de incapacidade física ou mental não podem fazer por nós, Ele fará ‘na ressurreição dos justos’. Quer dizer, no dia em que os justos ressuscitarem, Deus dará uma recompensa esplêndida àqueles que foram generosos com os necessitados e os fracos. Tais indivíduos mostram por seu serviço amoroso que aprenderam a viver a vida do Reino na terra, e eles serão recompensados com justiça no tempo do fim” (ARRINGTON, F. L. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2003, p.416).

CONCLUSÃO
Jesus aconselhou as pessoas a não se apressarem a ocupar os melhores lugares em um banquete. Entretanto, hoje muitos estão ansiosos por elevar a sua posição social. A quem você procura impressionar? Em vez de buscar prestígio, procure um lugar onde você possa servir. Se Deus quiser que você o sirva em uma escala maior, Ele mesmo o convidará a ocupar uma posição elevada.
PARA REFLETIR
A respeito de “A humildade e o Amor desinteressado” responda:
Cite os três pontos importantes para se entender essa parábola.
O dia, a ocasião e o local onde essa parábola foi contada são três pontos importantes para se entender sua importância.
Quais eram os dois objetivos do Senhor ao contar essa parábola?
Primeiro, Ele procurava ensinar aos convidados e, ao mesmo tempo, os seus discípulos e a todos os que o aceitam, acerca de não se buscar lugares de honra, pois no Reino de Deus servir é mais importante do que ocupar uma posição. Segundo, ao curar o hidrópico, Jesus instruía ao anfitrião, e a todos nós, que não devemos ser seletivos quanto aos convidados para uma ocasião especial, pois assim como Deus aceita a todos, devemos ser prestativos e servir a todos, pois se atendermos pessoas abastadas, elas vão querer nos retribuir, e isso será a nossa recompensa.
Segundo a parábola, a quem devemos convidar quando formos realizar algum evento?
Cristo ensina nesta parábola que se formos dar um jantar devemos convidar e acolher os menos favorecidos.
Quais são as características indispensáveis ao verdadeiro cristão e que são ensinadas nesta parábola?
Nesta parábola Cristo nos ensina o cultivo da humildade e do desprendimento também conhecido como amor desinteressado ou altruísmo, como características indispensáveis ao verdadeiro cristão.
Diante do que aprendemos hoje, você acredita que tem sido humilde e altruísta?
Resposta pessoal.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A humildade e o amor desinteressado
Neste trimestre aprendemos que as parábolas de Jesus são lições para a vida. Além de nos mostrar princípios do Céu, as parábolas nos ensinam princípios de sabedoria para a vida. É mais ou menos a função que os provérbios do livro de Provérbios cumpriram para os jovens judeus da época de Salomão.
Concluímos este trimestre com o tema da humildade e do amor desinteressado. Não poderia haver assuntos melhores que estes para concluirmos o nosso ciclo de estudos. As parábolas que estudamos ao longo destes três meses podem ser reconhecidas na humildade e amor. Estas são palavras-chave dos ensinos das parábolas de Jesus. Por isso a nossa última lição está estruturada em (1) Interpretação da Parábola dos Primeiros Lugares e dos Convidados; (2) As Grandes Lições da Parábola e a Inversão da Lógica Humana; (3) A Recompensa da Humildade e do Altruísmo.

O Foco da parábola
Pelo menos dois ensinamentos de Jesus a parábola apresenta: (1) não desejar os primeiros lugares, pois no Reino de Deus servir é mais importante do que ser servido; (2) fazer o bem sem esperá-lo de volta. Note que esses dois ensinamentos são completamente contra os valores que dominam a nossa cultura contemporânea. Veja que os ensinamentos de Jesus têm implicações muito concretas em nossa vida. Implicações na família, no ministério da igreja local, na escola em que estudamos, na empresa em que trabalhamos. Um dos maiores pecados que pode ser cometido por nós, após compreendermos os ensinos da parábola, é ignorar solenemente seus princípios para a vida. Seria, neste caso, melhor não conhecê-los.

A realidade contemporânea da parábola
Quem nunca conheceu pessoas que são capazes de tudo para conseguir um holofote? Em tempos de exposição em redes sociais isso potencializou. Outras, buscam os melhores lugares nos púlpitos, nas solenidades e em quaisquer outras atividades que estejam presentes. Há uma fome pelos primeiros lugares!
Quem não conhece pessoas que só se relacionam com outras por causa das “vantagens” que lhe podem oferecer? Não é uma relação pelo valor das pessoas, mas pelo o que elas podem oferecer. Isso ocorre, infelizmente, em nossas organizações religiosas.
As atitudes destacadas acima foram condenadas por Jesus. Quem o segue não se porta como amante dos primeiros lugares nem fazem o bem por alheios interesses. O Pai conhece a verdadeira motivação do coração de seus filhos!