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DONS DE ELOCUÇÃO


 Texto Base: 1Coríntios 12:7,10-12; 14:26-32

 

"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!"  (1Pd.4:11).

1Corintios 12:

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

12.Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

1Corintios 14:

26.Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27.E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28.Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30.Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31.Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32.E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos a respeito dos Dons de Elocução, ou manifestação verbal: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Estes Dons são os mais destacados na Igreja. Eles se manifestam sobrenaturalmente através de mensagens orais, segundo a orientação do Espírito Santo. Os propósitos destes Dons são os de edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co.14:3). Por ser os mais utilizados na Igreja, temos visto muito abuso e falta de sabedoria no uso destes Dons, em especial o de profecia. Desta feita, devemos estudar estes Dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos enganados pelas falsas manifestações.

I. DOM DE PROFECIA (1Co.12:10)

Paulo exortou os crentes de Corinto para que eles procurassem com zelo os dons espirituais e em especial o Dom de Profecia, pois aquele que profetiza edifica toda a Igreja.

1. O que é o Dom de Profecia?

De acordo com Stanley Horton, O Dom de Profecia refere-se a mensagens espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa destinatária da mensagem (1Co.14:3).

O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas (que edifica a própria pessoa), edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.

O Dom de Profecia é muito importante, mas não tem a mesma autoridade canônica das Escrituras (2Pd.1:20), que são infalíveis e não passíveis de correção. A profecia atual deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co.14:29-33). Pode acontecer que a pessoa que é detentora do Dom de Profecia receba a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de Deus, venha a falar além do que deve. Portanto, quem profetiza deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar "fora de si" ou "descontrolado", pois "o espírito do profeta está sujeito ao profeta" (1Co.14:32). 

2. A relevância do Dom de profecia

Foi o apóstolo Paulo quem afirmou que o Dom de Profecia é de grande relevância para a Igreja. Ele disse: “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Co.14:1).

O Dom de Profecia na Igreja é originado pelo Espírito Santo, não para predizer o futuro, mas para fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos crentes. A profecia é necessária para impedir a corrupção espiritual e moral do povo de Deus. Apresenta-se, assim, como uma verdadeira manifestação de alívio e de descanso ao crente que, revigorado pela profecia, tem alento para prosseguir na sua caminhada rumo ao Céu.

Obviamente, nem toda profecia vem de Deus, ou Paulo não teria escrito 1Co.14:29 dizendo: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem”. O apóstolo João alerta: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1João 4:1). Aos crentes de Corinto o apóstolo Paulo exortou que eles deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1Co.14:29), pois elas possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo.

Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" (Mt.7:15). Vigiemos, pois falsos profetas e falsas profecias estão no mundo atualmente. A falsa profecia leva ao engano e faz com que a pessoa seja manipulada ou dominada por falsos profetas que têm objetivos malignos e planos escusos. Mormente nos dias atuais, onde há interesses escusos, a profecia deve ser julgada e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co.14:29-33).

3. Propósitos da Profecia

A Profecia neotestamentária tem um tríplice propósito: edificar, exortar e consolar a Igreja.

a) Quanto a Edificação. Na edificação os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm.12:2-8). Neste processo, os crentes são edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera.  Por isso, todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à Igreja nem abalar a fé daqueles que ainda não possuem uma firme edificação.

A profecia contribui para a edificação do crente, porém, ainda existe muita confusão a respeito do uso deste Dom e sua função. Há líderes que permitem que as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Profecia jamais deve substituir os ditames das Escrituras Sagradas na orientação da Igreja de Jesus Cristo, pois ela é a Profecia por excelência, o Manual do líder cristão. Outros erros grosseiros que muitos líderes cometem é não tomarem decisões sem antes consultar um "profeta" ou uma "profetisa". Aí pode incorrer num grande erro e falsa profecia, pois no afã de agradar o líder, a pessoa que se diz profeta poderá falar o que o líder quer ouvir e não o que o Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a que não ouçamos a tais falsários (Jr.23:9-22).

b) Quanto a Exortação. A exortação tem por sinônimo o encorajamento divino para os servos de Deus. Significa ajudar, assistir, incentivar, estimular, animar, consolar, unir pessoas separadas, admoestar. Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito Santo inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.

c) Quanto a Consolação. A consolação é o terceiro propósito da profecia do Novo Testamento. Tendo em vista o fato de que estamos em um mundo decaído, que insiste em nos tirar a esperança e a alegria, esta função é indispensável para o fortalecimento da fé do povo de Deus.

Na vida terrena, temos, sempre, aflições, como nos disse o Senhor Jesus, mas é necessário que tenhamos sempre bom ânimo. Este ânimo é dado pelo Senhor e, portanto, é fundamental que as pessoas a quem o Senhor tem concedido este Dom o exercitem, de modo a impedir que os crentes sejam tomados pelo desânimo, em especial nos instantes de aumento da iniquidade como os vividos pela Igreja neste período imediatamente anterior à vinda do Senhor.

O bom ânimo é fundamental para que se faça algo na obra do Senhor. Quem nos mostra é o próprio Deus, que deu palavras de ânimo a Josué antes que se iniciasse, efetivamente, a sua gestão diante do povo de Israel (Js.1:6); como o conselho que Davi, homem segundo o coração de Deus, ministrou a seu filho Salomão, pouco antes de morrer e após ter mandado aclamá-lo como novo rei sobre Israel (1Cr.22:13; 28:20); como as palavras de Jesus em algumas ocasiões (Mt.9:2,22; Mc.6:50; Lc.8:48); Paulo, também, usou deste Dom no retorno às Igrejas Locais que fundara ao término da sua primeira viagem missionária (At.14:22) –“ confirmando o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus”.

II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co.12:10)

“...e a outro, a variedade de línguas...”

1. O que é o Dom de Variedades de Línguas?

É o Dom dado pelo Espírito Santo para que os crentes sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. Este Dom é evidência da Onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Este Dom é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo no Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1Co.14:22). Quem possui este Dom deve orar pedindo que o Senhor também conceda o Dom de Interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo.

Na Igreja de Corinto, parece que havia uma desordem no culto quanto aos Dons de Línguas. Paulo exortou aqueles crentes dizendo que eles estavam “como que falando ao ar” (1Co.14:9), ou seja, não havia proveito algum, já que ninguém era edificado. Portanto, segundo Paulo, aquele que fala em outras línguas fala a Deus e não aos homens. Ele não é um Dom público, mas íntimo, particular e pessoal. Portanto, o Dom de Variedades de Línguas é um Dom para sua intimidade com Deus. Embora seja um Dom para intimidade com Deus, ele é tão importante para a Igreja quanto os demais apresentados em 1Corintios 12.

2. Qual é a finalidade do Dom de Variedade de Línguas?

Todos os outros dons alistados na Bíblia são Dons para a edificação da Igreja. Este é o único Dom que é dado para auto-edificação (1Co.14:4) – “O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo...”. É por esta razão somente que esse Dom é inferior aos demais. À medida que o possuidor deste Dom fala em línguas vai sendo edificado, pois o Espírito Santo toca-o e o renova diretamente (1Co.14:2) – “Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios”.

O que o apóstolo quer dizer é que a Língua estranha é algo que acontece no âmbito espiritual e não no racional. A própria pessoa que fala em outra língua não entende o que está falando. A mente dela não é edificada, pois não sabe o significado das suas palavras. Se essa pessoa não entende o que fala, muito menos as outras pessoas entenderão; ela está falando em mistério. Por isto, o apóstolo esclarece: “Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (1Co.14:13).

3. Atualidade do Dom de Variedade de Línguas

Como os demais Dons, o de Línguas é muito importante para a Igreja. Sendo assim, ele não é uma manifestação exclusiva somente para o período apostólico; ele é plenamente manifesto atualmente, e deve ser buscado como recomenda o apóstolo Paulo (1Co.14:1), pois ele é, tão útil à vida pessoal do crente quanto o foi no princípio da Igreja.

Paulo era grato a Deus por falar em Línguas, e mais do que todos os irmãos de Coríntio. Porém, ele disse que, na Igreja, preferiria falar cinco palavras com seu entendimento, a fim de que pudesse pela sua voz ensinar aos outros, do que dez mil palavras em línguas (1Co.14:18,19). Apesar dessa afirmação, Paulo não desejou com isso excluir as Línguas, pois é parte legítima da adoração dos cristãos (1Co.14:26) – “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”

III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co.12:10)

“... e a outro, a interpretação das línguas”.

 1. Definição do Dom de Interpretação de Línguas

É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que é falado pelo crente em linguagem celestial. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Este Dom opera juntamente com o Dom de línguas, formando ambos uma profecia (1Co.14:5,13,27,28).

Há pregadores que emocionam seus auditórios ordenando que falem todos em línguas, ao mesmo tempo, como sinal da presença de Deus na reunião. Paulo, porém, recomenda que, em cultos públicos, quem fala em línguas: (a) ore para que possa interpretá-las (1Co.14:13); (b) que ore também com o entendimento quando orar em línguas (1Co.14:15); (c) fale, no culto, dois, no máximo três, e que haja intérprete (1Co.14:27), e (d) na ausência de interpretação, que se cale o falante (1Co.14:28). Portanto, é preciso reavaliar as atitudes de certos pregadores e líderes que contradizem o que a Bíblia diz no tocante ao falar em línguas no culto.

Na igreja de Corinto, se não houvesse intérprete, o irmão devia permanecer calado na Igreja. Podia ficar em seu lugar e falar silenciosamente em outra língua consigo mesmo e com Deus, mas não tinha permissão de se expressar em público – “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co.14:28). Essa exortação cabe muito bem no quadro exortativo das igrejas hodiernas.

2. Há diferença entre Dom de Interpretação e o de Profecia?

Sim, claro! Segundo o pr. Elinaldo Renovato, “o Dom de Interpretação de Línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a Igreja seja edificada; do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já a Profecia é autossuficiente em sua ação para quem a ouve, não necessitando de um intérprete”. Sobre isso esclareceu Estêvam Ângelo de Souza, objetivamente: “não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”.

CONCLUSÃO

Como vimos, os Dons de Elocução, como os demais Dons, são muito importantes, e até mesmo imprescindíveis, na Igreja. Sem eles, talvez, a Igreja não tivesse chegado até aqui. Todavia, os Dons não têm autoridade canônica, não servem para alterar ou contradizer o que está escrito na Bíblia Sagrada (2Pd.1:21; 1Tm.4:9; João 17:17; Sl.119:142,160; Ap.22:18,19; Pv.30:5,6).

O Espírito Santo orienta a Igreja por meio dos dons espirituais (At.13:1-3; 16:6-10), mas o ministério eclesiástico não deve ficar refém de pessoas detentoras de dons espirituais, principalmente às pessoas que são agraciadas com o Dom de Profecia (Ap.2:20-22; At.11:28-30; 15:14-30). No meio Pentecostal é uma prática errada consultar “profetas”, pedindo respostas quanto a casamentos, viagens, negócios, etc. Os Dons espirituais não são para esta finalidade, são para edificação, exortação e consolação (1Co.14:3). Por isto, os Dons em apreço devem ser usados na Igreja Local (1Co.14:3,13,26,28).

DONS DE PODER


1 Coríntios 12:4,9-11 
"A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1Co.2:4,5).

1 Coríntios 12:

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

9.e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos Dons de Poder - Dom da Fé, Dons de Curar e Dom de Operação de Maravilhas. Aqui, a palavra Poder significa autoridade. Portanto, quando a Bíblia nos diz que o Senhor nos deu Poder, significa que ele nos conferiu autoridade. Assim sendo, os Dons de Poder são aqueles que mostram a Soberania de Deus, a sua Onipotência, a sua Autoridade sobre as forças da natureza, sobre o ser humano, sobre os demônios. Esses Dons são concedidos pelo Espírito Santo à Igreja a fim de auxiliá-la na propagação do evangelho, para que o nome do Senhor seja glorificado. Através dos Dons de Poder a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da Igreja são confirmadas. Jamais devem ser utilizados para a exaltação pessoal. Uma pergunta: sinceramente, você já viu, de forma explicita, alguém da Igreja com este Dom? Não? Se Jesus não mudou e os dons espirituais são para a Igreja de hoje, por que atualmente não vemos as manifestações dos dons de poder em nosso ambiente com maior frequência? Entre os primeiros cristãos sobejavam os Dons de poder. Hoje, mais do que nunca, a manifestação desses dons é imprescindível e essencial. Urge buscá-los com fervor!

I. O DOM DA FÉ (1Co.12:9)

“Dom da Fé é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar coisas que transcendem à vida natural".

1. O que significa Fé?

“Fé” é uma das menores palavras da Bíblia Sagrada em língua portuguesa, mas seu tamanho é inversamente proporcional ao seu profundo significado. O pecador é salvo pela fé (Ef.2:8,9), o justo vive pela fé (Rm.1:17). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Tudo o que é feito sem fé é pecado (Rm.14:23). Em Hebreus 11 encontramos a galeria da fé, em que homens e mulheres creram em Deus, viveram e morreram pela fé. Fé é a confiança de que a Palavra de Deus é verdadeira, não importam as circunstâncias.

2. A Fé como Dom

A palavra “Fé” traduz conceitos fundamentais, essenciais na revelação de Deus ao homem através da sua Palavra, e não é de admirar, portanto, que a palavra tenha servido para expressar diferentes conceitos. Como Dom, os teólogos definem a Fé como a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para este realizar coisas que transcendem à esfera natural da vida, objetivando sempre a edificação da Igreja. De acordo com o teólogo Stanley Horton, esse dom "é uma fé milagrosa para uma situação ou oportunidade especial". É essencial que saibamos distinguir os diversos significados que a palavra “fé” traduz. Vejamos alguns:

a) A Fé natural. A Fé Natural é a chamada fé esperança, fé intelectual. Esta fé nasce com o homem, faz parte da natureza humana. Esta é a fé que dá ao homem motivação para lutar, para progredir, para superar dificuldades. Quando o homem perde a fé natural, ele cai no desânimo, perde a vontade de viver, de lutar. Aconteceu com a maioria dos chamados “moradores de rua”. É ela que faz com que o homem seja um ser religioso, faz com que ele creia sempre em algo, ou alguém superior a ele. Ouvindo falar de um Deus Criador, com facilidade, ele crê na sua existência – “Tu crês que há um só Deus? Fazes bem...”(Tg.2:19); ou seja, nisto não há nada de excepcional, e Tiago acrescenta: “... também os demônios o creem e estremecem”. Isto significa que ter uma fé apenas teórica não representa muita coisa.

A Fé natural não leva o homem a Deus e nem trás Deus ao homem. A Fé Natural não pode se transformar em Fé espiritual, ela só atua na esfera material. Ela não pode ajudar o homem a compreender e a adquirir os bens espirituais. Ela não pode ser definida como “firme fundamento das coisas que se esperam” (Hb.11:1), porque está sujeita a falhas.

Dentre os exemplos de Fé natural podemos citar a do agricultor, ou lavrador. Se o agricultor não tiver Fé natural, ele não semeia, conforme afirmou Salomão: “Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará”(Ec.12:4). Isto significa que o agricultor não pode ficar na dependência do tempo - se vai chover ou vai fazer sol. O tempo passa, e ele tem que acreditar, ter fé, lançar a semente, crer que haverá uma colheita abundante, e esperar. Mas, nada pode lhe garantir que haverá colheita.

A Fé natural não se apoia num firme fundamento, logo, pode falhar. Uma praga, a falta ou excesso de chuva pode prejudicar, e até destruir toda colheita. Isto diferencia muita da Fé espiritual, que é “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem”(Hb.11:1). A Fé espiritual só pode ser recebida como dom de Deus, através de sua Palavra. Isto acontece no momento da Conversão, ou do Novo Nascimento. Somente o homem nascido de novo possui a Fé espiritual.

b) A Fé salvífica. É a crença de que Jesus é o único e suficiente Senhor e Salvador de nossas vidas. Quando alguém dá crédito à pregação do Evangelho, considera-se um pecador, se arrepende dos pecados, crê que Jesus pode perdoá-lo e se submete à vontade de Deus, crendo que Jesus pode dar-lhe a vida eterna e levá-lo ao céu, age com a “Fé salvadora” ou “Fé salvífica”. Esta Fé não nasce no homem, mas é dom de Deus (Ef.2:8), e se origina do ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17). Através da Palavra de Deus(Rm.10:17), o Espírito Santo convence o homem do pecado, da morte e do juízo (João 16:8-11) e, deste modo, o homem crê e, mediante esta Fé, é justificado (Rm.5:1), ou seja, posto numa posição de justo diante de Deus, o que lhe permite ter paz, isto é, comunhão com Deus, sendo vivificado em Cristo. Esta Fé é a que concede salvação ao homem. Embora seja um dom de Deus, a Fé salvífica precisa ser exercida pelo crente para confirmar a sua salvação.

c) A Fé Ativa. É a confiança absoluta em alguém ou em algo. É precisamente este o significado em que se deve entender fé enquanto “Fé ativa”. Esta Fé é exercida diariamente pelo salvo, após ter aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador. Trata-se da atitude de confiança em Deus, de crédito à sua Palavra, às suas promessas. Somente podemos dizer que temos fé se dermos crédito à Palavra de Deus, e dar crédito à Palavra de Deus é fazer o que Ele manda ali. Esta Fé é o combustível que nos leva a caminhar em direção a Jerusalém celestial. É o elemento que nos faz superar todos os obstáculos e a enxergar as circunstâncias sob o prisma espiritual. Foi esta Fé que fez com que os antigos vencessem todas as dificuldades, como nos mostra o escritor aos Hebreus no “capítulo da fé” (o capítulo 11 da epístola aos Hebreus). É esta Fé que nos faz vencer o mundo (1João 5:4).

d) A Fé morta (Tg.2:14-17). Quais são as características de uma fé morta? O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Tiago – transformando provas em triunfo”, classifica as características de uma fé morta da seguinte maneira:

ü  É uma fé que não desemboca em vida santa. A fé morta está divorciada da prática da piedade. Há um hiato, um abismo entre o que a pessoa professa e o que a pessoa vive. Ela crê na verdade, mas não é transformada por essa verdade. A verdade chegou à sua mente, mas não desceu ao seu coração. É um erro pensar que apenas recitar ou defender um credo ortodoxo faz de uma pessoa um cristão. Assentimento intelectual, apenas, não é fé salvadora. A fé que não produz vida, que não gera transformação, é uma fé espúria (cf. Mt.7:21). Certo pastor, ao ser confrontado em razão de seu adultério, respondeu: "E daí se eu estou cometendo adultério? Eu prego melhores sermões do que antes". Esse homem estava dizendo que enquanto ele acreditasse e pregasse doutrinas ortodoxas, não importava a vida que ele levava. Isto é fé morta, e Tiago ataca esse tipo de fé. As igrejas estão cheias de pessoas que dizem que creem, mas não vivem o que creem. Isso é fé morta.

ü  É uma fé meramente intelectual. A pessoa consente com certas verdades, mas não é transformada por elas. Em Tiago 2:14, Tiago pergunta: "Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?". Quando Tiago usa a palavra semelhante, ele está falando de um certo tipo de fé, ou seja, a fé apenas verbal em oposição à fé verdadeira. Ainda neste texto, ele pergunta: "Que proveito há, meus irmãos, se alguém disser que tem fé e não tiver obras?". A fé aqui descrita existe apenas na base da pretensão. A pessoa diz que tem fé, mas na verdade não tem. As pessoas com uma fé morta substituem obras por palavras; elas conhecem as doutrinas, mas elas não praticam a doutrina; elas têm discurso, mas não têm vida. A fé está apenas na mente, mas não na ponta dos dedos.

ü  É uma fé que não produz frutos dignos de arrependimento. Essa fé é ineficiente, inoperante e não produz nenhum resultado. Ela tem sentimento, mas não ação. Tiago ilustra a fé morta (Tg.2:15,16): um crente vem para a igreja usando roupas emprestadas e sem comida; uma pessoa com uma fé morta vê essa situação e não faz nada para resolver o problema do irmão necessitado; tudo o que ele faz é falar algumas palavras piedosas (Tg.2:16). Deixar de ajudar o necessitado é fechar o coração ao amor de Deus (1João 3:17,18). Na parábola do Bom Samaritano, o sacerdote e o levita podiam pregar sobre sua fé, mas não demonstraram a sua fé (cf. Lc.10:31,32). Essa fé intelectual, inútil, incompleta e morta não salva ninguém. Ortodoxia sem piedade produz morte. Não podemos ser cristãos e, ao mesmo tempo, ignorar as necessidades dos outros. Não podemos ser indiferentes às necessidades do próximo e ainda professar que somos cristãos.

3. Exemplo bíblico do dom da Fé

Este Dom só se manifesta quando surge uma necessidade. Foi o que aconteceu com Paulo no navio que o levava a Roma. Ele usou de autoridade para impedir que algum mal se fizesse aos presos e, assim, sendo um simples prisioneiro, dirigir e comandar a própria salvação de todos os que ali estavam (Atos 27:30-36).

Também, o Dom da Fé é visto na operação da cura do coxo na porta do Templo, registrada em Atos 3. Pedro teve a fé milagrosa para ordenar ao coxo que levantasse e andasse em nome de Jesus.

O profeta Elias tinha o Dom da Fé segundo o relato de 2Reis 1:10-12 (o fogo do céu consome 100 homens).

O episódio ocorrido no Mar Vermelho, logo após a saída do povo de Israel do Egito, é uma demonstração clara de Fé. Diante daquela situação sem saída, Moisés ergueu-se como um gigante da fé ao encorajar o povo a não temer o inimigo que se aproximava vorazmente (Êx.14:13,14) - “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis”.

II. DONS DE CURAR (1Co.12:9)

“E a outro, no mesmo Espírito, dons de curar” (1Co.12:9).

1. O que são os Dons de curar?

É o poder que Deus dá a alguns de seus servos para a cura de enfermos - tanto dos crentes quanto dos incrédulos (cf. Mt.4:23-25; 10:1; Atos 3:6-8; 4:30) -, de forma extraordinária, sobrenatural. Nos primórdios da Igreja, esta experiência era constante no ministério dos discípulos. O Espírito Santo concedeu-lhes os Dons de Poder, que confirmaram e fortaleceram a vida cristã.

Não devemos confundir os Dons de curar com o sinal de cura de enfermos, que se trata de uma operação divina feita para a confirmação da pregação do Evangelho. Os Dons de curar são repartidos pelo Espírito Santo especificamente a alguns, enquanto que, na operação de cura, Deus Se manifesta para confirmar a Sua Palavra.

Observe a expressão bíblica: “dons de curar”. Por está no plural, não deixa dúvidas de que se trata de “dons especiais para casos específicos”; indica diferentes atitudes de curar enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus.

Os Dons de Curar não são concedidos a todos os membros do Corpo de Cristo (1Co.12:11,30). Todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Jesus disse: “curai os enfermos” (Mt.10:8). Havendo fé, os enfermos são curados. Muitas vezes a cura das enfermidades na Igreja é impedida por causa do pecado escondido, não confessado; é o que diz Tiago 5:16: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sarei”. Portanto, os crentes devem confessar seus pecados a Deus e a Igreja (quando esta for ofendida e escandalizada). O pecado na Igreja embaraça as orações dos crentes e impede a manifestação do poder sanador divino na congregação.

2. A redenção e as curas

Após a Queda, o ser humano passou a sofrer terríveis enfermidades, doenças degenerativas, e facilmente morre - consequências do pecado, e da maldição da Terra por causa do pecado do homem (Gn.3:17). Assim sendo, somos altamente vulneráveis a tal ponto de um vírus, que é invisível, dominar facilmente o corpo do ser humano, levando-o à morte, caso não haja um imunizante poderoso para impedir sua ação destruidora; é o que estamos vendo hoje nessa pandemia do Covid-19. Estamos vendo inúmeros crentes, redimidos com o sangue de Cristo, fiéis servos de Deus, ativos na Obra do Senhor, serem mortos impiedosamente pelo vírus Corona. Por que isso está ocorrendo? Porque ainda não conseguimos a incorruptibilidade do nosso corpo. Estamos sujeitos a qualquer enfermidade, estamos sujeitos a morte física. Apesar de sermos redimidos pelo Senhor através da obra expiatória efetuada por Jesus na cruz do Calvário, ainda aguardamos a redenção do nosso próprio corpo (Rm.8:23).

Portanto, enquanto estivermos aqui estaremos sujeitos às doenças e à morte. Um dia, os salvos se revestirão de incorruptibilidade (1Co.15:54); por enquanto, embora Jesus tenha poder para nos curar, segundo a sua vontade (1João 5:14; Mt.6:9,10), estamos sujeitos às enfermidades. Os pregadores da saúde perfeita sempre “exigem” a cura e dizem que o Senhor cura sempre, pois a saúde é um direito do crente (cic). Se isto é verdade, então por que Eliseu morreu em decorrência de uma enfermidade (2Rs.13:14)? Por que Timóteo e Trófimo não foram curados (1Tm.5:23; 2Tm.4:20)? Se a saúde é um direito do crente, por que ele fica doente? No Salmos 41:3, está escrito: “O Senhor o sustentará no leito de enfermidade; tu renovas a sua cama na doença”. O fato de a saúde fazer parte do plano de Deus para a salvação não significa que a doença venha a ser erradicada da vida de todo aquele que aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida. Assim como o fato de ser salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado e que acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença. Enquanto não recebermos o novo corpo imortal e incorruptível estaremos sujeitos a toda sorte de doenças. 

3. A necessidade desses Dons

Os Dons de Curar são de grande valor na pregação do Evangelho, por isso a necessidade da atuação desses Dons. É promessa de Jesus à Sua Igreja a delegação de poder para curar enfermidades, como parte da missão de pregar o evangelho (Mc.16:15-18). As pessoas em geral são descrentes do poder de Deus, mas quando veem uma cura de impacto, como a cura de câncer, de diabetes, de paralisia, do Covid-19, ou de qualquer doença degenerativa, as pessoas são compelidas a ter sua fé despertada para o poder de Deus em suas vidas. Milagres de cura, sem transformação de vidas, pelo poder do evangelho de Cristo, tornam-se apenas elementos de “shows” para glorificação do pregador. Mas, quando as curas contribuem para glorificação a Deus, têm grande valor para a divulgação do evangelho.

O pr. Elinaldo Renovato, citando Stanley Horton, diz ‘que ninguém pode dizer: Eu tenho o dom de curar', como se este dom pudesse ser possuído e ministrado ao bel-prazer da pessoa. Infelizmente, o que se vê, em muitos programas de TV, de determinadas segmentos que se dizem cristãos, é o endeusamento do pastor, do bispo ou apóstolo, que ministra curas de maneira cotidiana. Não ousamos dizer que pessoas não são curadas, em tais movimentos religiosos, mas a exaltação do ministrante de curas ofusca a glória que só pertence a Deus” (Dons Espirituais & Ministeriais (servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário) – Elinaldo Renovato. CPAD.2014).

III. O DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS (1Co.12:10)

e a outro, a operação de maravilhas” (1Co.12:10). 

1. O Dom de Operação de Maravilhas

Operação de Maravilhas são operações de milagres extraordinários e espantosos pelo poder de Deus. São fatos que fogem à explicação das leis naturais. São ocorrências difíceis de explicar, que aparentemente contradizem a ordem natural das coisas. A Operação de Maravilhas modifica as leis estabelecidas por Deus, quando isto for da Sua vontade e atender aos seus sublimes propósitos. Enfim, através deste Dom, Deus opera: algo sobrenatural (2Rs.4:1-7); algo que vai contra todas as leis da natureza (2Rs.4:32-37); algo que vai contra as leis da química e da física (2Rs.6:1-7); algo que está acima da compreensão e raciocínio humano (capaz até mesmo de mudar toda a ordem universal - Josué 10:12-13).

2. Exemplos bíblicos

Muitos são os exemplos bíblicos de Operação de Maravilhas. Vejamos alguns: o cajado de Moisés transformada (Ex.4:1-5); o azeite da viúva (1Rs.17:13-16); a transformação da água em vinho (João 2:7-11); a multiplicação dos pães (Mt.14:19-21).

A ressurreição de uma pessoa morta é um exemplo poderoso de maravilha. No ministério de Jesus, por exemplo: a ressurreição de Lázaro (João 11.39-44); a ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc.7:11-17); a ressurreição da filha de Jairo (Mc.5:21-43).

O expelir demônios também é um exemplo de Operação de Maravilha. A Bíblia ressalta que, pelas mãos de Paulo, maravilhas extraordinárias eram realizadas (Atos 19:11). Filipe, também, era usado com o Dom de Operar Maravilhas (Atos 8:6,7,13) – “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito”.

3. Distorções no uso dos Dons de curar e de Operação de Maravilhas

Nunca houve tantas distorções no uso dos Dons de poder, principalmente no campo de curas, como atualmente. Muitos exageros têm sido manifestados nas Igrejas Locais, e até mesmo nos meios de comunicação televisionados, no afã de deixar o pregador famoso com suas palhaçadas. Infelizmente, muitos pregadores neopentecostais inescrupulosos manipulam esses dons para obterem lucros financeiros e enriquecimento pessoal. Isto envergonha o nome de Jesus e mancha a idoneidade da Igreja na sociedade. Quem procede desta forma, está suscetível ao juízo de Deus, que virá no tempo próprio.

Não se pode deixar de valorizar a cura divina nesta caminhada da Igreja, porém, deve ter como meta a glorificação a Deus (Mt.28:19,20), jamais a promoção humana. Portanto, o cristão não tem autorização divina para "determinar", "decretar" ou "exigir" a cura dos enfermos. Nossa responsabilidade é orar pedindo a cura, impondo as mãos sobre os enfermos para que eles sejam curados (Mc.16:18). Como discípulos de Cristo, devemos rogar ao Pai, buscando-o de todo o nosso coração para curar os doentes, pois a Palavra de Deus recomenda que oremos pelos enfermos (Tg.5:14). Se for da vontade de Deus, e se for para Sua glória, Ele vai curar o enfermo. Certa feita, Jesus viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:1-3).

Aqueles que pregam a cura divina não podem esquecer que o maior milagre continua sendo a salvação das pessoas. Por isso, a mensagem mais urgente e necessária é: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15). Portanto,  conscientizemo-nos da seguinte realidade: quem opera a cura e as maravilhas é o Senhor, não o homem. Por isso, não podemos agendar dias nem marcar horários para cessão de curas. Além disso, é bom saber que quando oramos nem todos são curados. A cura é um ato eminentemente divino e Deus cura a quem e quando lhe apraz. Há momentos que a resposta de Deus, em relação à cura, é negativa, e, quando isso acontece, devemos aprender a lidar com a soberania divina. Mesmo homens de fé, como Moisés e Paulo, deixaram de ter suas orações atendidas (Dt.3:26; 2Co.12:8,9). Deus ouviu a oração deles, mas, no caso específico de Paulo, por motivos que estão além da compreensão humana, disse-lhe que sua graça seria suficiente. Paulo fora usado por Deus para que muitas pessoas fossem curadas, no entanto, ao dirigir-se a Timóteo, quanto a uma enfermidade estomacal, recomenda-lhe a ingestão de um pouco de vinho (1Tm.5:23). Fazemos uma ressalva de que essa é uma recomendação particular de Paulo a Timóteo, que não pode ser transformada em doutrina.

CONCLUSÃO

Os Dons de poder são essenciais para a Igreja do Senhor, pois eles contribuem sobremaneira para a conversão de pecadores aos pés de Jesus. Todavia, é bom estarmos cônscios de que as curas e maravilhas, que Deus venha a operar através do seu povo santo, não devem nortear a vida do crente. Curas e maravilhas são feitas pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que creem seguem os milagres. Pense nisso!

DONS DE REVELAÇÃO

Texto Base: 1Coríntios 12:8,10; Atos 6:8-10; Daniel 2:19-22

"Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação" (1Co.14:26).

 

1 Coríntios 12:

8.Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

Atos 6:

8.E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

9.E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.

10.E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.

Daniel 2:19-22

19.Então, foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu.

20.Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força;

21.ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes.

22.Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com ele mora a luz.

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo relacionou três grupos de Dons espirituais, a saber: três Dons de Revelação (Palavra de sabedoria, Palavra de ciência - ou conhecimento e do Discernimento de espíritos); três Dons de Poder (Fé, Cura e Operação de milagres); três Dons de Elocução (Profecia, Variedade de línguas e Interpretação de línguas). É certo que em nenhuma deles o objetivo de Paulo foi o de quantificar os Dons, ou seja, definir quantos são, mas o de qualificá-los, ou seja, discorrer sobre o objetivo e o uso correto de cada um. Nesta Aula trataremos do grupo dos Dons de Revelação. Estes Dons são dados pelo Espírito Santo ao povo de Deus para que sejam revelados mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada lhe fica oculto. São evidências da onisciência de Deus no meio do Seu povo. Por intermédio dos Dons de Revelação, a Igreja de Cristo manifesta sabedoria, ciência e discernimento sobrenaturais. Nestes últimos dias da Igreja, eles são de grande necessidade aos santos, habilitando-os a entenderem muito mais e a combaterem os espíritos do erro e suas artimanhas por toda parte.

I. PALAVRA DA SABEDORIA

“Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria”(1Co.12:8a).

A Sabedoria a que se refere este texto não é a humana, adquirida nos livros ou nas universidades, mas sim uma capacidade sobrenatural, divina, para tomar decisões sábias em circunstâncias extremante difíceis.

1. Conceito

-Palavra. Segundo o dicionário Online de Português, Palavra é a “unidade linguística com significado próprio e existência independente, que pode ser escrita ou falada”.

-Palavra da Sabedoria. É uma capacidade vinda diretamente de Deus, mediante a ação direta do Espírito Santo em nossas vidas tornando-nos capazes de resolver problemas tidos como insolúveis.  

Essa “Sabedoria” não é o resultado da capacidade cognitiva humana; é uma capacidade divina de julgar as questões práticas do nosso dia a dia de maneira que o nome do Senhor seja exaltado. De acordo com Estêvam Ângelo de Souza, "a Palavra de Sabedoria é um fragmento da sabedoria divina, que é dada por meios sobrenaturais".

Tiago exorta todo crente a buscar em Deus a Sabedoria – “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (Tg.1:5). Aqui, Tiago está falando a respeito da "habilidade de tomar decisões em circunstâncias difíceis"; não diz respeito ao conhecimento adquirido pelo homem. Muitos homens são dotados de grande capacidade intelectual, mas infelizmente desconhecem a Deus.

Jesus agradeceu ao Pai por esta revelação aos seus ‘pequeninos’: “Graças de dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas; assim, ó Pai, porque assim te aprouve”.

2. A Bíblia e a Palavra de Sabedoria

Conquanto na Antiga Aliança os dons espirituais não fossem plena e claramente evidenciados como na Nova Aliança, alguns episódios do Antigo Testamento vislumbram o quanto Deus concedia a alguns do seu povo Sabedoria do alto para executar tarefas ou tomar decisões. Veja alguns exemplos notórios deste Dom no Antigo Testamento:

a) na construção do Tabernáculo. Para construir o Tabernáculo conforme Deus tinha projetado era necessária bastante habilidade e sabedoria dos encarregados da obra. Deus escolheu e capacitou Bezalel e Aoliabe como artífices para construírem o Tabernáculo e todos os pertences deste. O primeiro era da Tribo de Judá; o segundo, da Tribo de Dã (Êx.31:2,6). Ambos foram capacitados pelo Espírito de Deus a fim de trabalharem em toda sorte de obra em ouro, prata, bronze e madeira.

 “Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência em todo artifício, para inventar invenções, e trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em lavramento de pedras para engastar, e em artifício de madeira, para trabalhar em todo lavor. E eis que eu tenho posto com ele a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, e tenho dado sabedoria ao coração de todo aquele que é sábio de coração, para que façam tudo o que te tenho ordenado” (Êx.31:2-6).

Além disso, esses dois homens também supervisionaram os outros trabalhadores envolvidos na construção (Êx.31:6b). Deus capacita as pessoas para cumprirem suas ordens. O próprio Senhor escolheu os trabalhadores, capacitou-os com habilidades e inteligência e os encarregou de executar uma obra para sua glória (Ex.31:6). A obra é de Deus, e o Senhor a realiza por meio de homens seletos e depois recompensa-os por sua participação.

b) na interpretação de sonhos:

-José, filho de Jacó. José teve momentos especiais em sua vida, em que demonstrou ter a sabedoria concedida por Deus, em situações extremamente significativas. Na prisão, interpretou os sonhos dos servos de Faraó, os quais se cumpriram plenamente. Chamado ao palácio real, diante de todos os sábios, adivinhos e conselheiros do rei, interpretou os sonhos proféticos que Deus concedera ao monarca egípcio, e ainda deu instruções e consultoria gratuita sobre planejamento, economia, contabilidade e finanças a Faraó. Se não fosse a Sabedoria do Espírito de Deus, jamais o jovem hebreu teria tamanha capacidade para interpretar os misteriosos sonhos das vacas gordas e das vacas magras. Por isso, e por vontade divina, foi elevado à posição de Governador do Egito (cf. Gn.41:14-41).

-Daniel. Interpretou o sonho de Beltessazar - “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn.5:11,12).

c) Salomão - numa tomada de decisão difícil. Este rei de Israel usou a sabedoria divina ao julgar o caso daquelas mulheres que lutavam pela posse de um recém-nascido (1Rs.3:16-28). Todos os que ouviram a sentença do rei temeram ao Senhor, pois sabiam que sobre o monarca atuara uma Sabedoria sobrenatural vinda diretamente de Deus (1Rs 3:28).

No Novo Testamento

No Novo Testamento há diversas referências quanto à aplicabilidade dessa sabedoria divina. Estevão é um exemplo claro em que a Palavra da Sabedoria era manifestada. A exposição das Escrituras realizada por ele contagiou sobremaneira os ouvintes e muita inveja aos sábios da sinagoga. Veja o que diz o texto sagrado: “E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At.6:9,10).

Essa mesma sabedoria tem sido identificada na vida de irmãos humildes ao longo da história da Igreja. Há casos em que pessoas de pouca instrução formal, usadas por Deus, transmitem mensagens de profundo significado e conteúdo espiritual, que provocam admiração nos que o ouvem.

O apóstolo Paulo exortou os cristãos da Igreja de Colossos da seguinte forma: "Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um" (Cl.4:5,6).

A falta dessa Sabedoria de Deus pode causar graves prejuízos à pregação do evangelho. Sem a Sabedoria advinda do Espírito Santo, o espaço será ocupado pela arrogância. Pregador arrogante traz escândalo e prejuízos à Obra de Cristo. Não precisa nem citar exemplos; há muitos hoje em plena atividade.

É interessante que anotemos que o Dom da Palavra da Sabedoria não faz do seu portador uma pessoa mais sábia do que as outras. Segundo Stanley M. Horton, "o Espírito não torna a pessoa sábia por meio deste Dom, nem significa que a pessoa mais tarde não possa cometer erros (cf. o exemplo do rei Salomão que, no fim da vida, não só errou, mas pecou terrivelmente) ”.

3. Uma liderança sábia

A Palavra da Sabedoria é um Dom necessário ao pastoreio - na administração e liderança.  O pr. Elinaldo Renovato, citando Eurico Bergstém, disse que “esse Dom proporciona, pela operação do Espírito Santo, uma compreensão da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando a aplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões no serviço do Senhor, e a expô-la a outros, de modo a ser bem entendida”.

Moisés tinha esse Dom. Diversas são as passagens do Livro do Pentateuco que mostram isso na vida desse maravilhoso líder, quando conduzia o povo de Israel, pelo deserto, rumo à Terra Prometida. Leia Deuteronômio 34:9-12 e tire suas conclusões.

Quando os líderes do povo de Deus são aquinhoados pelo Espírito Santo com esse Dom, dispõem de uma diversidade de serviços ou ministérios que dinamizam a Obra de Cristo e se desenvolve com facilidade, e a edificação da Igreja é feita com sabedoria. Os problemas, que são inevitáveis, ao surgirem serão solucionados com sapiência e eficácia (At.6:1-7); altruísmo (veja Atos 15:11-21 – primeiro Concílio - dirimir dúvidas e questões doutrinárias originadas pelo grande influxo de convertidos gentios na igreja - trabalhando pela unidade da Igreja).

Liderança é uma tremenda responsabilidade. Liderança espiritual é uma responsabilidade maior ainda. O líder deve ser o exemplo, seus liderados devem correr juntamente com ele na área espiritual. Ele é exortado a fazê-lo com diligência, sabedoria, não por constrangimento, e sim de maneira espontânea (1Pd.5:1-4), estando certo de que um dia prestará contas da sua liderança (Hb.13:17). Isso faz com que os líderes sejam pessoas que devem andar com Deus para não virem a errar em sua liderança e sejam causa de desgraças na vida de outros, como aconteceu com a liderança do sacerdote Eli.

Se a Igreja Local não tiver uma sábia liderança, então ela terá dificuldades de cumprir a sua missão. Nestes últimos dias da Igreja aqui na Terra, Deus está à procura de líderes fiéis e frutígeros; Ele está clamando como fez na época de Ezequiel: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ez.22:30).

II. PALAVRA DA CIÊNCIA

“[...] e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência” (1Co.12:8).

1. O que é?

A Palavra da Ciência ou do conhecimento não se referi ao conhecimento científico que se adquire nas cátedras das universidades; refere-se, sim, à capacidade sobrenatural concedida diretamente pelo Espírito Santo, que nos habilita a conhecer fatos e circunstâncias que se acham ocultos.

Segundo o Pr. Elinaldo Renovato, “Palavra da Ciência” é a manifestação da ciência ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo. Pode ser dado por sonho, por visão, por revelação especial, operando na esfera humana, no seio da Igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por Deus. Podemos dizer que a Palavra da Sabedoria é a aplicação da “Ciência” de Deus, na vida prática pessoal ou da Igreja. Através desse Dom, o crente penetra nas profundezas do conhecimento de Deus (cf. Ef.1:17-19).

Segundo William Macdonald, Palavra da Ciência é o poder de comunicar informações reveladas por Deus, exemplificando em algumas expressões empregadas pelo apóstolo Paulo: “Eis que vos digo um mistério” (1Co.15:51) e “ainda vos declaramos, por palavra do Senhor” (1Ts.4:15).

No sentido principal de transmitir verdades novas, a Palavra da Ciência cessou, pois a fé cristã foi entregue de uma vez por todas aos santos (Jd.3); o corpo doutrinário cristão está completo. Em sentido secundário, porém, a Palavra de Ciência ainda está em vigor. Existe ainda uma misteriosa comunicação de conhecimento divino àqueles que vivem em comunhão íntima com o SENHOR (cf.Sl.25:14). A transmissão desse conhecimento a outros é a Palavra da Ciência.

2. Sua função

Este Dom é dado como provimento divino para servir em necessidade espiritual, para ocasiões especiais, como e quando bem parece ao Espírito de Deus. Como diz o pr. Elinaldo Renovato, “a manifestação deste Dom tem a finalidade de preservar a vida da Igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno”.

É válido ressaltar que este Dom não tem o propósito de tomar o lugar devido ao estudo regular da Palavra de Deus. Segundo Estêvam Ângelo de Souza, “Não é bíblico admitir que um dom sobrenatural tenha o propósito de substituir o estudo sistemático da Palavra de Deus. Seria um erro muito sério presumir tal coisa (Mt.22:29). Por outro lado, temos a lamentar que muitos cristãos se mostram ávidos por ‘revelações’ e extremamente ‘interessados’ por obras escatológicas e negligenciam o estudo da doutrina bíblica, como considerando-a uma terceira ou quarta prioridade. Muitos erros e dolorosas desilusões seriam evitados mediante o conhecimento básico da Bíblia” (SOUZA, E. Â. Os nove dons do Espírito Santo. RJ: CPAD, 1985, pp.37,38,44,45).

Outrossim, não há nada neste Dom que o nivele a um mero exercício de adivinhação, como, lamentavelmente, se tem disseminado em muitos lugares. Não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A adivinhação não passa de uma imitação fajuta e irrazoável deste Dom, no mais das vezes sendo pura operação maligna (vide At.16:16); tal prática é abominável aos olhos do Senhor (Lv.20:27; Ez.12:24).

3. Exemplos bíblicos da Palavra da Ciência

Muitos são os exemplos bíblicos que poderiam ser citados. Vejamos alguns:

a) Profeta Eliseu – desmascarando Geazi, quando este cobiçou os bens de Naamã (2Rs.5:25,26):

 “Então, ele entrou e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: De onde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte. Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isso ocasião para tomares prata e para tomares vestes, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas?”.

b) Profeta Eliseu – quando revelou os planos de guerra do rei da Síria (2Rs.6:8-12). Quando o rei da Síria pensou em atacar o exército de Israel surpreendendo-o em determinado lugar, o profeta alertou o rei de Israel sobre os planos do rei da Síria, inimigo de Israel.

“E o rei da Síria fazia guerra a Israel; e consultou com os seus servos dizendo: Em tal e em tal lugar estará o meu acampamento. Mas o homem de Deus enviou ao rei de Israel, dizendo: Guarda-te de passares por tal lugar; porque os siros desceram ali. Pelo que o rei de Israel enviou àquele lugar, de que o homem de Deus lhe falara e de que o tinha avisado, e se guardou ali, não uma nem duas vezes.Então, se turbou com este incidente o coração do rei da Síria, e chamou os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel? E disse um dos seus servos: Não, ó rei, meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir.

c) Profeta Eliseu – tem o conhecimento sobre a cura do rei da Síria, Bem-Hadade, e da sua sucessão ao trono (2Rs.8:7-12):

"Depois veio Eliseu a Damasco, estando Ben-Hadade, rei da Síria, doente; e lho anunciaram, dizendo: O homem de Deus é chegado aqui. Então o rei disse a Hazael: Toma um presente na tua mão, e vai a encontrar-te com o homem de Deus; e pergunta por ele ao Senhor, dizendo: Hei de sarar desta doença? Foi, pois, Hazael a encontrar-se com ele, e tomou um presente na sua mão, a saber: de tudo o que de bom havia em Damasco, quarenta camelos carregados; e veio, e se pôs diante dele e disse: Teu filho Ben-Hadade, rei da Síria, me enviou a ti, a dizer: Sararei eu desta doença? E Eliseu lhe disse: Vai, e dize-lhe: Certamente viverás. Porém, o Senhor me tem mostrado que certamente morrerá. E afirmou a sua vista, e fitou os olhos nele até se envergonhar; e o homem de Deus chorou. Então disse Hazael: Por que chora o meu senhor? E ele disse: Porque sei o mal que hás de fazer aos filhos de Israel; porás fogo às suas fortalezas, e os seus jovens matarás à espada, e os seus meninos despedaçarás, e as suas mulheres grávidas fenderás. E disse Hazael: Pois, que é teu servo, que não é mais do que um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseu: O Senhor me tem mostrado que tu hás de ser rei da Síria".

d) O profeta Daniel – Deus mostrou ao Seu servo, quando lhe revelou a interpretação do sonho de Babucodonosor, o que iria acontecer aos grandes impérios mundiais, a partir do império babilônico (Dn.2:2,3,17-19).

Trata-se de um caso bem emblemático do que significa receber o conhecimento, ou a revelação de Deus. O rei tivera um sonho muito estranho, que o perturbara sobremaneira, e ninguém soube interpretar o sonho, por uma razão muito óbvia: o rei não se lembrava do sonho! Mas Daniel, usando a Palavra da Ciência, de maneira didática, com precisão histórica, interpretou o sonho, mostrando ao rei o desenrolar dos acontecimentos de sua época e de eventos futuros.

A revelação dada a Daniel acerca dos impérios mundiais demonstra quão grande é a sabedoria de Deus, como recurso divino para ocasiões especiais, em que de nada adianta a sabedoria humana, ou os conhecimentos adquiridos pela experiência de quem quer que seja. Quis Deus utilizar-se de um rei estrangeiro ao seu povo para revelar segredos sobre acontecimentos que teriam lugar na história, na ocasião, e para o futuro. A visão de Nabucodonosor é uma referência à Escatologia, com base nas interpretações dadas pelo Altíssimo a Daniel seu servo, que estava vivendo naquele país, com uma missão de mais alto significado.

e) Apóstolo Pedro – quando desmascarou a mentira de Ananias e Safira (At.5:1-10). Naquele momento, o Espírito Santo revelou a Pedro, através da Palavra da ciência, o que Ananias e Safira haviam feito em segredo.

III. DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS

 E a outro [...] o dom de discernir os espíritos”(1Co.12:10).

O Dom de Discernimento dos espíritos é uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais.

1. O Dom de Discernir os espíritos

O Dom de Discernimento dos espíritos é a capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir se uma pessoa está falando pelo poder do Espírito Santo ou de Satanás. A pessoa que recebe esse Dom tem a capacidade especial de discernir, por exemplo, se alguém é um impostor ou oportunista. Pedro desmascarou Simão e revelou que o mágico se encontrava amargurado e preso por laço de iniquidade (Atos 8:20-23):

“Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniquidade”.

Stanley Horton afirma que este dom "envolve uma percepção capaz de distinguir espíritos, cuja preocupação é proteger-nos dos ataques de Satanás e dos espíritos malignos" (cf. 1João 4:1).

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

É importante observar que o Dom do Discernimento é uma identificação súbita e momentânea, numa determinada situação, da operação espiritual, não se confundindo com o discernimento corriqueiro que todo cristão deve ter, por estar em comunhão com o Senhor e ter em si o Espírito Santo que o orienta a cada dia.

2. As fontes das manifestações espirituais

Segundo o pr. Elinaldo Renovato, as fontes de manifestações espirituais basicamente são três: Deus, o homem e o Diabo. Em determinadas ocasiões, uma manifestação espiritual pode apresentar-se no meio da congregação, ou diante de um servo de Deus, com aparência de verdadeira, mas na verdade é uma manifestação diabólica, ou artimanha de origem humana. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como discernir isso? Pelo entendimento teológico e pela lógica humana nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações espirituais; mas com o Dom de discernir os espíritos, o servo de Deus ou a igreja não será enganada. Certamente, o dom de discernir os espíritos tem o papel muito importante de preservar a saúde espiritual da congregação.

3. Discernindo as manifestações espirituais

O apóstolo João escreveu que os espíritos devem ser comprovados (cf.1João 4:1). E o Senhor Jesus advertiu os seus discípulos sobre os falsos profetas. Através do Dom de Discernimento pode-se saber a diferença entre uma manifestação espiritual legitima e uma falsa manifestação. Para caracterizar a legitimidade de uma manifestação espiritual é necessário passar por duas provas: a prova doutrinária e a prova prática.

-A prova doutrinária pode basear-se no ensino do apóstolo João, exarado em 1João 4:1-6:

“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo. Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro”.

-A prova prática tem base no ensino de Jesus, quando advertiu acerca dos falsos profetas, que podem ser conhecidos pelos “seus frutos”, ou seja, pelo seu caráter, demonstrado em seu testemunho, na vida prática (cf. Mt.7:15-20). Podemos observar esse Dom sendo manifestado em várias ocasiões no ministério de Pedro e Paulo.

-Pedro desmascarou Simão, o mágico, e revelou que o mágico se encontrava amargurado e preso por laço de iniquidade – “Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade e ora a Deus, para que, porventura, te seja perdoado o pensamento do teu coração; pois vejo que estás em fel de amargura e em laço de iniquidade” (Atos 8:20-23).

-Paulo, na ilha de Pafos, por ocasião de sua primeira viagem missionária, confrontou-se com uma ação diabólica declarada com o objetivo de impedir a pregação do evangelho ali, e a conversão de uma autoridade pública. Mas o apóstolo, cheio do Espírito Santo, percebeu as artimanhas do Adversário, e, na autoridade de Deus, declarou que o opositor do evangelho ficaria cego por algum tempo, o que de pronto aconteceu. Por causa disso o procônsul creu (cf. Atos 13:12).

-Paulo, na cidade de Filipos, por ocasião de sua segunda viagem missionária, discerniu que uma jovem estava possessa de espírito adivinhador (Atos 16:16-24). O texto mostra a forma como Paulo agiu, quando estava “indo [...] para um lugar de oração”. A jovem saiu ao encontro dos missionários – Paulo e Silas - e, por muitos dias, seguia-os, dizendo: “estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”. Sua proclamação era verdadeira, mas Paulo se recusou a aceitar o testemunho de demônios. Para um crente incauto, aquela mulher estava, de certa forma, ajudando a pregação de Paulo. Entretanto, devemos ter em mente que qualquer revelação que tenha por fonte o Diabo é uma revelação que, ainda que contenha uma parte de verdade, deve ser repreendida em nome do Senhor Jesus. Angustiado com a situação infeliz da jovem, o apóstolo ordenou no nome de Jesus Cristo que o demônio se retirasse dela. Na mesma hora, ela foi liberta daquela escravidão terrível e se tornou uma pessoa equilibrada e racional.

Nestes dias de tanto engano e de tanta atuação do “espírito do anticristo”, mais do que nunca, torna-se preciso e essencial que tenhamos o devido discernimento de tudo o que acontece à nossa volta e de tudo o que se quer introduzir no nosso meio. Devemos ter a mesma estrutura da Igreja de Éfeso que pôs à prova os que se diziam apóstolos, mas não o eram (Ap.2:2).

Quantos problemas seriam evitados na Igreja se funcionasse, correta e biblicamente, o Dom do Discernimento dos espíritos. A desonestidade do espírito humano, que leva comunidades inteiras a escândalos e desgraças, poderia ser evitada por alguém que tratasse desse espírito, revelando por discernimento o problema antes de se agravar.

Busquemos, pois, o Dom do discernimento dos espíritos, pois, conquanto seja o Espírito quem distribui os dons conforme o Seu querer (1Co.12:11), Ele necessita de pessoas bem-dispostas para que efetue a Sua obra (Lc.1:17). Se todos nos pusermos à disposição do Senhor, certamente escolherá alguns para que todos nós sejamos ricamente abençoados e evitemos ser tragados pelo engano destes dias difíceis em que vivemos.

CONCLUSÃO

Nestes últimos dias da Igreja, o povo de Deus necessita, mais do que nunca, da revelação profunda das coisas divinas, para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso, no que diz respeito às manifestações espirituais. Que o Senhor conceda ao seu povo os Dons de Revelação, principalmente aos líderes, para que eles presidam a Igreja local com segurança espiritual e doutrinária.