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O PRIMEIRO PROJETO DE GLOBALISMO

Texto Base: Gênesis 11:1-9

"Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra e dali os espalhou o Senhor sobre a face de toda a terra" (Gn.11.9).
Gênesis 11:
1-E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala.
2-E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali.
3-E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal.
4-E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5-Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6-e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam afazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7-Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
8-Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
9-Por isso, se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do primeiro projeto de federação materialista e humanista em oposição a Deus, que o pr. Claudionor de Andrade denominou de globalismo, implementado pelos descendentes de Noé. A ordem de Deus a Noé e seus filhos foi: “...frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn.9:1). Depois é novamente repetida: “Sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela” (Gn.9:7). Porém, os descendentes de Noé não atentaram para esta ordenança divina; acharam uma planície agradável e insistiram ali ficar, sob um único governante; preferiram manter-se juntos, não espalhados (Gn.11:4). Espalhar-se para cuidar da terra para Deus era a última coisa que eles queriam.
Com esta rebeldia, deu-se origem o que se conhece hoje como globalismo: uma doutrina contrária ao propósito divino quanto à povoação e ao governo da Terra. Aparentemente, permanecer juntos era bom, mas Deus tinha mandado que se espalhassem (Gn.9:1). Este comportamento dos líderes da civilização pós-diluviana representa, até o Apocalipse, a ideia de federação humana materialista e humanista em oposição a Deus. As Escrituras revelam que um projeto global de poder que tire Deus do centro é, por natureza, maligno.
Atenção: Não confundir globalismo com globalização – um é oposto do outro. “O globalismo é um conceito político, já a globalização é um conceito econômico. Globalização econômica significa livre comércio e livre mercado; trata-se de um arranjo que surge naturalmente quando não há políticos e burocratas impondo obstáculos às transações humanas. O globalismo é uma política internacionalista, implantada por burocratas, que vê o mundo inteiro como uma esfera propícia para sua influência política. O objetivo do globalismo é determinar, dirigir e controlar todas as relações entre os cidadãos de vários continentes por meio de intervenções e decretos autoritários” (Thorsten Polleit).
“Em pleno século XXI assistimos a esse mesmo projeto global de poder. Suas cores foram modificadas, mas a essência continua a mesma: uma cultura secular que, no ‘espirito do Anticristo’, projeta um estilo de vida sem Deus, uma espiritualidade fabricada e uma religião produzida. Entretanto, como na civilização de Babel, Deus continua a intervir poderosamente no mundo, mostrando ao homem que seus intentos têm limites. Ele continua a governar o mundo” (LBM.CPAD).

I. A SEGUNDA CIVILIZAÇÃO HUMANA

Noé foi salvo pela graça de Deus, por um ato da soberania divina (Gn.6:8). Ele e sua esposa, seus três filhos e suas noras, ao saírem da Arca, entraram em um mundo purificado pelo juízo de Deus; figurativamente era uma nova criação e a civilização humana teria um novo começo; ele e sua família empreendem um novo mundo civilizatório e um novo governo.
Noé viria a ser o segundo pai da raça humana. O mundo antediluviano foi iniciado com duas pessoas, agora inicia-se com oito. As oito pessoas que foram salvas do Dilúvio dariam agora início a uma nova civilização. Era um novo período de tempo, denominado de governo humano por causa das leis humanas e governos que foram instituídos, para regular a vida dos homens após a longa Era de liberdade de consciência. Era necessário bastante ousadia, muito trabalho e determinação para reconstruir tudo de novo.
Noé recebeu instruções especificas do Criador, a fim de que ele e seus filhos cumpram fielmente a Sua vontade: edificar uma sociedade fundamentada no amor a Deus e ao próximo. Deus novamente delega ao homem a direção do planeta e a administração da justiça.
Mas, logo no início da nova civilização, Noé passou por problemas na família que teriam consequências indeléveis e trágicas ao novo mundo reconstruído.

1. A apostasia de Cam e de Canaã

Apostasia (deriva-se da expressão grega “apostasis”, que significa "estar longe de") tem o sentido de um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé ou doutrinação.
No Antigo Testamento, a apostasia era considerada adultério espiritual. Israel era chamado de “esposa de Jeová”. Sempre que Israel seguia a outros deuses, ou se curvava diante de ídolos, era acusado de apostasia. Esta foi, inclusive, a causa principal do cativeiro babilônico.
No Novo Testamento, apostasia significa abandonar a fé cristã de forma consciente e deliberada. Então, para que haja apostasia é necessário que a pessoa tenha experimentado o novo nascimento, ou seja, que tenha certeza de sua salvação e aí, de forma consciente e resoluta, abandona a fé e passa a negar toda verdade por ela experimentada.
Após o Dilúvio, Noé planta uma vinha (Gn.9:20) - “E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha”. Esta é a primeira vez que a produção de vinho é aludida na Bíblia. Juntamente com a vinha, o patriarca constrói uma adega; e, com a ciência que trouxera da primeira civilização, põe-se a vinificar suas uvas. Desenvolvendo a enologia, produz a primeira safra de vinho da nova civilização. Mas essa sua nova atividade trar-lhe-ia constrangimento e desintegração espiritual ao lar (Gn.9:20-29). Infelizmente, Noé excedeu-se, ficou bêbado e dormiu, nu, dentro da sua tenda. É possível que isso tenha acontecido por causa da inexperiência do patriarca. A Bíblia não comenta a sua responsabilidade sobre o fato.
Cam, o filho mais novo, viu seu pai nu e não cuidou para que ele fosse devidamente coberto, mas, irreverentemente, desdenhou a seus irmãos a condição de Noé. Foi uma atitude desrespeitosa e aviltante aos padrões da época, não muito diferente dos habitantes de sua geração antediluviana. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, “tinha início, ali, uma apostasia que, se não fosse a interferência divina, comprometeria a ordem de povoar a Terra”. Mais tarde, esse tipo de atitude foi arrolado como falta grave pela Lei de Moisés (Lv.18:7).
Quando Noé acordou e soube do acontecido, amaldiçoou a Canaã, filho de Cam. Isso sugere que quem primeiro viu Noé nu foi o jovem Canaã. A maldição foi cumprida nos povos de Canaã condenados nos dias de Josué, quando Israel tomou posse da terra prometida.
É bom ressaltar que qualquer que tenha sido a falta de Noé, ele estava dentro de sua própria tenda, em privacidade (Gn.9:21). Todavia, Cam entrou, violando o princípio da privacidade. Como bem diz o pr. Claudionor de Andrade, quem ama não é indecente, mas discreto, lhano, gentil.
Se assim devemos portar-nos em relação aos estranhos, o que não faremos concernente aos nossos pais? O filho mais novo de Noé, porém, não se importava com tais questões. Imbuído ainda do espírito da geração que perecera no Dilúvio, estava sempre disposto a caçoar e irreverenciar a todos, inclusive o próprio pai. Levando-se em conta que Noé representava a Deus naquele momento, a irreverência de Cam avultava-se como gravíssima blasfêmia. Ele poderia ter sido punido com a morte.
A Palavra de Deus coloca a irreverência no mesmo patamar dos pecados grandes e temíveis. Paulo afirma que a Lei foi promulgada inclusive para castigar os irreverentes (1Tm.1:9). O mesmo apóstolo deixa claro que, nos últimos dias, a falta de respeito surgirá como um dos mais fortes sinais da chegada da apostasia final. Porventura, não é o que estamos vivenciando hoje?
O pecado de Cam trouxe reflexos devastadores para os seus descendentes, principalmente aos descendentes do seu filho Canaã, que historicamente se tornaram um povo marcado por moralidades sórdidas, como os habitantes de Sodoma e Gomorra, que, também, eram descendentes de Canaã (Gn.10:19).
Os descendentes de Canaã não demonstravam nenhum temor ao Deus de Noé; o principal deus deles era o ídolo Baal. A adoração dos cananeus a esse ídolo desceu às mais baixas profundezas da degradação moral e espiritual. Sendo assim, a sua destruição tornou-se inevitável.
“Assim como a cultura cainita induzira os filhos de Sete ao pecado, o modo de vida de Cam e de seu filho, Canaã, pôs-se a influenciar a descendência de Sem e de Jafé ao pecado e à iniquidade (1Co.15:33)”.

2. O enfraquecimento da doutrina de Noé

Noé, o pregoeiro da justiça (2Pd.2:5), colocou de lado o seu padrão moral que tanto cativou o coração de Deus, exagerando no consumo de vinho e embriagando-se (Gn.9:21) – “E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda”. É a primeira vez que a bebida alcoólica é falada na Bíblia e é coisa ruim, e continua sendo ruim na Bíblia toda. Noé, o grande herói da fé, caiu no pecado de embriaguez em seu próprio lar; ficou nu dentro de sua tenda. Este ato foi um mau exemplo para sua família; trouxe desgraças para um dos seus netos, Canaã, filho de Cam. Isto nos alerta que os longos anos de fidelidade não garantem que o homem seja imune a novas tentações.
Segundo George Herbert Livingston, Noé pode ter sido inocente, não conhecendo o efeito que a fermentação causa no suco de uva nem o efeito que o vinho fermentado exerce no cérebro humano. Isto, porém, não impediu que a vergonha entrasse no círculo familiar. Perdendo os sentidos, Noé tirou a roupa e se deitou nu. A nudez era detestada pelos primitivos povos semíticos, sobretudo pelos hebreus que a associavam com a libertinagem sexual (cf. Lv.18:5-19; 20:17-21).
Embora todas as pessoas ímpias tivessem morrido, a possibilidade do mal ainda existia nos corações de Noé e sua família. Isto nos mostra uma grande lição: até mesmo as pessoas fiéis estão sujeitas ao pecado e sua má influência afeta suas famílias. É bom lembrar que Satanás sempre está pronto para aproveitar a oportunidade de causar a Queda de um homem justo. É bom lembrar que a bebida alcoólica tira a inibição da pessoa deixando-a fazer muita coisa que normalmente não fazia; ela só dá vergonha e desgraça à pessoa e à família; evite-a, portanto.

3. O respeitoso gesto de Sem e Jafé

Cam viu a nudez de seu pai, e propagou-a a seus dois irmãos, uma demonstração de desrespeito à dignidade de Noé. Eles, porém, se recusaram a olhar. Cobriram a nudez do pai, sem que a vissem (Gn.9:23).
 “Então, tomaram Sem e Jafé uma capa, puseram-na sobre ambos os seus ombros e, indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai; e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai”.
Sem e Jafé entraram na tenda, discretamente, de costas, e cobriram Noé. Eles agiram amorosa e nobremente. Eles agiram assim porque sabiam que ver a nudez de seu pai era um ato de profunda irreverência e desrespeito.
O procedimento de Sem e Jafé, ao usarem a capa para não ver a nudez de seu pai, parece meio radical numa sociedade sexualmente permissiva, principalmente num mundo relativista e liberal em que vivemos. Os programas de televisão (em todos os canais, abertos e fechados), bem como a internet, redes sociais, nos têm insensibilizado à nudez ou grosseria sensual. Acho que os habitantes de Sodoma e Gomorra teriam vergonha de conviver com os habitantes do século XXI.
-Noé Abençoou o seu filho Sem pelo o respeitoso gesto (Gn.9:26) – “E disse: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn.9:26). Deus abençoou Sem (e a sua descendência) como o povo que ia ser honrado com o serviço do Deus vivo: Tabernáculo, Templo, revelação divina (Velho Testamento e a maior parte do Novo), o Messias, o ato redentivo de Deus, as primeiras igrejas; tudo isto veio através de Sem.
-Noé abençoou, também, Jafé: “Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn.9:27). Jafé foi abençoado com possessão territorial. Ele e a sua descendência receberam a bênção de poder segurar e habitar nas maiores e melhores partes do mundo. São os descendentes de Jafé que têm dominado e controlado o mundo daqueles dias até hoje. Este povo tenta fazer paz com Sem (“habite nas tendas de Sem”) e participa nas bênçãos de Sem (foi enxertado em lugar de Sem – Rm.11:17-19).
Além de Canaã receber a sua sentença imprecatória, esta foi reforçada em cada bênção pronunciada a seus irmãos. Os cananitas seriam escravos tanto dos semitas (o povo hebreu) quanto dos jafetitas (povos indo-europeus).

4. O descaso para com o mandamento divino

Deus deu a Noé determinadas leis para que tanto ele quanto sua família e todos os seus descendentes fossem governados por elas. O homem passou a ser responsável pelo seu próprio governo.
Uma dessas leis foi: “frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra e multiplicai-vos nela” (Gn.9:1,7). Todavia, os filhos de Noé ignoraram a ordem divina, rebelando-se contra Deus. Ao invés de se espalharem, aglomeraram-se desobedientemente num só lugar.
Os descendentes de Cam rebelaram-se contra Deus e inauguraram outro período de decadência e apostasia aos mandamentos divinos. Deus teve que intervir. Conquanto Deus tenha delegado ao homem o governo do mundo, Ele continua a comandar todas as coisas. Ele está no controle de tudo.

II. O GLOBALISMO DE BABEL

A organização da civilização pós-diluviana em uma só língua e em uma só cultura, detiveram o protótipo de uma sociedade ímpia e globalista. Para demonstrar isto, essa civilização construiu uma torre, a torre do orgulho, da rebeldia.

1. Uma só língua e um só povo

Os descendentes de Noé se multiplicaram e todos falavam uma mesma língua (Gn.11:1). Havia uma certa unidade de pensamento e de entendimento, que se manifestava de modo natural, porque era um só povo. Diz o texto sagrado: “Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar”.
Unidos pela comunicação, através de uma só língua, imaginaram fortalecer o poder humano, construindo uma cidade grande (Babel) e um monumento que indicasse o orgulho deles, algo para ser visto por todo o mundo.
Este monumento revelava a deterioração da condição moral e espiritual dos descendentes de Noé, tendo como figura de destaque Ninrode, neto de Cam. Alguns estudiosos julgam que Ninrode prefigura o homem "iníquo", que será o último e pior inimigo do povo de Deus (2Tes.2:3-10).
Isto foi uma demonstração cabal da rebeldia dessa nova civilização, no início de sua formação. Orgulhosos e rebeldes, facilmente esqueceram da aliança que Deus havia feito com Noé, logo após saírem da Arca.
Isto muito desagradou a Deus, e Ele teve que agir. Em Gênesis 11:6, Deus disse: “O povo é um e tem a mesma língua”. Esta declaração divina não significa que a unidade seja uma coisa má; entretanto, em relação àquele povo, ela tinha um fim negativo, pois visava confrontar a autoridade divina e estabelecer a autossuficiência humana.
A utilização regular de apenas uma língua facilitava a rápida disseminação do conhecimento, todavia, muito contribuía para proliferação da apostasia, de adorações a deuses falsos, obra da imaginação humana.
Portanto, o monolinguismo do povo pós-diluviano foi um dos fatores que contribuíram para que a depravação da geração pós-diluviana pululasse, pois já que não havia impedimento quanto a língua, os homens cheios de soberba, e com um espirito de rebelião, se uniram para fazer um monumento que seria símbolo da sua altivez. Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “o problema não era a unidade, mas a unificação que se estava formando. Certamente, o Anticristo se aproveitará de uma situação semelhante, a fim de implantar o seu reino logo após o arrebatamento da Igreja” (Ap.13:6-8).

2. A construção de Babel

Sob uma liderança forte, e dispostos a não cumprirem as leis estabelecidas por Deus, numa demonstração de rebelião, resolveram construir uma cidade forte e organizada sob a égide de uma liderança forte, despótica e de caráter globalista.
E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume, por cal. Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra" (Gn.11:3,4).
Parece que Cam não gostou da maldição divina que incidiu sobre Canaã, e ficou cada vez mais rancoroso, ressentido e rebelde. Parece que ele passou este ódio e rebelião para o seu filho Cuxe e seu neto Ninrode. O rancor dele foi aumentando até que quando seu neto nasceu ele recebeu o nome de Ninrode, que significa "vamos rebelar, ou rebelde". Em vez de se submeter à vontade de Deus e servi-lo obedientemente e com plena submissão, rebelou-se contra Deus e disse: "Vamos dominar, governar e reinar sobre os outros".
O texto de Gn.10:8 dá uma noção do caráter de Ninrode: "este começou a ser poderoso na terra". Em Gn.10:9 está escrito que ele era "poderoso caçador diante da face do Senhor". A palavra “diante” neste versículo significa "contra" o Senhor. Tudo isto nos mostra que Ninrode era um guerreiro, rebelde, tirano e um líder de rebeldes na face do Senhor, e que se rebelou contra os mandamentos e a vontade de Deus.
Ninrode funda seu império em evidente agressão. Seu império incluía toda a Mesopotâmia, tanto a Babilônia ao sul (Gn.10:10) quanto a Assíria ao norte (Gn.10:10-12). Como principais centros de seu império, ele funda a grande cidade da Babilônia, mais notavelmente Babel (Gn.10:10); e, subsequentemente, tendo mudado para a Assíria, fundou Nínive ainda maior (Gn.10:11). Todas essas cidades adoravam deuses falsos, frutos da imaginação humana.
Da religião que Ninrode criou, como resultado de sua rebelião contra Deus, saiu toda religião falsa. Ela é chamada em Apocalipse 17:5 de "a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra". Ninrode e a sua esposa se tornaram os deuses desta religião blasfema.
A esposa de Ninrode (Semíramis) foi chamada a rainha dos céus e da Babilônia (Jr.44:17-19). Quando Ninrode morreu, Semíramis proclamou que ficou grávida milagrosamente (a verdade é que ela era adúltera) e o filho que nasceu era Ninrode reencarnado. Então, Semíramis e o seu filho (Tamuz) se tornaram a mãe e o filho que este povo idólatra adorou como seu deus. Este filho (Tamuz) se tornou o deus do sol, Baal, e Semíramis, a deusa Asterote.
À época de Jeremias o povo apóstata de Israel adorava Tamuz: “E disse-me: Tornarás a ver ainda maiores abominações do que as que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da Casa do SENHOR, que está da banda do norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz. Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei” (Ez.8:13,14,18).
Ninrode se tornou o deus do povo que adorava as hostes dos céus (planetas, estrelas, lua e o sol principalmente). À época de Jeremias o povo apóstata de Israel, também, adorava o sol: “E levou-me para o átrio interior da Casa do SENHOR, e eis que estavam à entrada do templo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do SENHOR e com o rosto para o oriente; e eles adoravam o sol, virados para o oriente” (Ez.8:16).
O povo liderado por Ninrode, de forma deliberada e consciente, deixou os mandamentos de Deus e adorou a criação de Deus em vez do Criador. Eles edificaram uma torre dedicada à adoração das hostes dos céus que eram seus deuses (Gn.11:4).
Vinde, edifiquemos para nós ...uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nomepara que não sejamos espalhados por toda a terra".
Isto era uma clara rebelião, um afrontamento contra o Deus que os salvou do Dilúvio. O Senhor abomina a altivez, o orgulho (Pv.6:17). Esse sentimento nefasto jamais poderá encontrar guarida no coração do servo de Deus.

III. A INTERVENÇÃO DE DEUS EM BABEL

A torre de Babel foi uma grande conquista humana, uma maravilha do mundo pós-diluviano; no entanto, foi um monumento para engradecer as pessoas, não a Deus. Podemos construir monumentos para nós mesmos (roupas caras, celulares de última geração, grandes mansões, carros luxuosos, empregos importantes) a fim de chamar atenção para as nossas realizações. Estas coisas podem não estar erradas em si mesmas, mas quando as utilizamos para promover nossa identidade e valor, elas tomam o lugar de Deus em nossa vida.
Deus teve que intervir em Babel porque a torre do orgulho que fora construída não O agradou. A civilização de Babel:
Ø  Desobedeceu ao mandamento de que deviam espalhar-se e encher a terra (Gn.9:1; 11:4). Um dos motivos que os impulsionavam e pelo qual levaram a cabo a construção era que desejavam permanecer juntos, no mesmo território. Sabiam que os edifícios permanentes e uma coletividade firmemente estabelecida produziriam um modelo comum de vida que os ajudaria a permanecer juntos.
Ø  Foi motivada pela intenção de exaltação pessoal ("façamo-nos um nome", disseram) e de culto ao poder, que posteriormen­te caracterizou a Babilônia. Uma torre elevada e visível para todas as nações seria um símbolo de sua grandeza e de seu poder para dominar os habitantes da terra.
Ø  Excluía Deus de seus planos. Ao glorificar seu próprio nome, esqueciam-se do nome de Deus, nome por excelência, o Senhor.
Deus não estava ofendido com a construção ou com o tamanho da torre, mas com a arrogância que dominava, novamente, o coração do ser humano. Deus, portanto, desbaratou seus planos não só para frustrar-lhes o orgulho e independência, mas também para espalhá-los, a fim de que povoas­sem todo a terra, as mais distantes ilhas e continentes disponíveis para serem habitadas.
Somos livres para prosperar em muitas áreas, mas não para pensar em tomar o lugar de Deus. Quais “torres” temos construído em nossa vida?

1. A confusão das línguas

O capítulo 10 de Gênesis (cujo conteúdo situa-se cronologicamente depois do capítulo 11) registra que a humanidade foi dispersa conforme a língua de cada povo (Gn.10:5,20,31). Agora o texto nos informa o motivo dessa dispersão: em vez de se espalharem pela terra, conforme Deus ordenara, edificaram uma cidade e uma torre na terra de Sinear (Babilônia), dizendo: “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo topo chegue até os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn.11:4).
O projeto representava uma demonstração de orgulho (tornar célebre o nome deles) e rebeldia (evitar serem espalhados sobre a terra). Para nós, a torre também ilustra os incessantes esforços do homem caído para alcançar o céu com os próprios méritos, em vez de receber gratuitamente o presente da salvação.
Como punição, o Senhor confundiu a linguagem dos edificadores (Gn.11:5-7), e assim surgiram as diferentes línguas que o mundo possui atualmente.
“Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam; e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro”.
No Pentecostes (At.2:1-11), ocorreu o inverso da torre de Babel, pois todos os expectadores do fenômeno ouviram as maravilhas das obras de Deus em sua própria língua. Babel, portanto, significa “confusão”, resultado inevitável de qualquer empreendimento que deixe Deus de lado ou não esteja de acordo com a sua vontade.

2. O efetivo povoamento da Terra

Para demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande projeto foi abandonado e a sociedade unida, mas sem temor de Deus, foi despedaçada em segmentos confusos.
Deus frustrou o propósito daquela geração, multiplicando idiomas em seu meio, de tal maneira que não podiam comunicar-se entre si. A diversidade de línguas resultou em balbucios ou fala ininteligível. Isso deu origem à diversidade de raças e idiomas no mundo.
E assim, Deus forçou os descendentes de Noé a se espalharem por todo a Terra, ocupando ilhas e territórios. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, “caso isso não tivesse acontecido, aquela geração teria o mesmo destino dos pré-diluvianos”.
Com a dispersão da comunidade única pós-diluviana após o juízo de Babel (Gn.11:9), naturalmente que os povos ali nascidos passaram a construir diferentes culturas, até porque a língua é um fator fundamental na formação de uma cultura, e Deus confundiu as línguas, impondo, pois, uma diversidade cultural para o mundo. Cada povo, uma língua, uma cultura e costumes bem característicos.

3. A eleição de Sem

Após Deus espalhar a comunidade de Babel por toda a terra, Ele começa a Se concentrar em um homem e, depois, em uma nação. Deus elegeu um homem, Abrão, com quem fez um pacto, deixando de lado as demais pessoas, mas não totalmente, pois mostra que, através da vida dele, iria abençoar todas as famílias da terra (Gn.12:3).
O governo humano, teve uma duração e 427 anos, com início logo após o dilúvio e estendendo-se até o chamado de Abraão, que se deu logo após a dispersão de Babel. Abrão era descendente de Sem, filho de Noé, o qual pelo o respeitoso gesto que teve para com o seu pai, cobrindo-o quando ele ficou nu, foi abençoado por ele – “E disse: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn.9:26).
Como eu disse anteriormente, Deus abençoou Sem e a sua descendência como o povo que ia ser honrado com o serviço do Deus vivo: o Tabernáculo, o Templo, as Escrituras Sagradas e, sobretudo, o Messias, o ato redentivo e a Igreja (o povo de Deus da Nova Aliança).

CONCLUSÃO

As intenções de homens rebeldes na construção da “cidade e da torre de Babel” estão presentes hoje quando o egoísmo, a autossuficiência e o orgulho impedem a submissão a Deus e a dependência dEle. Resultam em civilizações poderosas, mas cruéis e inimigas do reino de Deus. O seu juízo final é descrito em Apocalipses 18:1-3. Não é por acaso que o anjo anunciará: “Caiu! Caiu a grande Babilônia” (Ap.18:2).
A resposta do cristão a tudo isso tem que ser como a de Cristo, que cumpriu a vontade do Pai até as últimas consequências (1Co.15:24-28). Fazer a vontade do Pai é cumprir a grande ordenança de Cristo: “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mt.28:18-20).
Não há uma missão tão poderosa contra o globalismo do que a Evangelização. Os salvos por Cristo não podem negligenciar essa ordem imperativa de Cristo (Mc.16:15). Porventura, permanecendo entre as paredes do templo, deixando de evangelizar, não estaremos agindo como aqueles da cidade de Babel? Pense nisso!

O INÍCIO DA CIVILIZAÇÃO HUMANA

Texto Base: Gênesis 4:1-16

"E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque" (Gn.4:17).
Gênesis 4:
1-E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão.
2-E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3-E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4-E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
5-Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.
6-E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7-Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.
8-E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou.
9-E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
10-E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
11-E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
12-Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e errante serás na terra.
13-Então, disse Caim ao SENHOR: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
14-Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.
15-O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto, qualquer que matar a Caim sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse.
16-E saiu Caim de diante da face do SENHOR e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden.

INTRODUÇÃO

Trataremos nesta Aula da origem da civilização humana. Teremos como base: Gênesis capítulo 4; é neste texto sagrado que é mencionado a primeira cidade construída pelo ser humano (Gn.4:17). Não se sabe, porém, se esta, realmente, foi a primeira cidade, pois quando Caim saiu errante “diante da face do Senhor” (Gn.4:16) ele “habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden” (Gn.4:16); talvez já existisse famílias morando ali, tendo em vista que Adão e Eva tiveram “filhos e filhas” (cf. Gn.5:4).
Um fato é irrefutável: a raça humana é advinda de um mesmo tronco, Adão e Eva (vide Aula 05). Deste casal, Deus planejou a raça humana; a ordem divina para "frutificar" e "multiplicar" demandava o ensejo de constituir uma civilização humana, e que fosse espalhado por toda a Terra. Atualmente, segundo os dados do Banco Mundial em 2017, somos aproximadamente sete bilhões e setecentos milhões de pessoas no mundo, e, segundo novo relatório da ONU, divulgado em 17 de junho de 2019, a população mundial deve crescer em 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, passando dos atuais 7,7 bilhões de indivíduos para 9,7 bilhões em 2050.
A ordenança para crescer e multiplicar vem sendo cumprida, porém, a maioria dessas pessoas, infelizmente, caminha para a perdição eterna, porque não querem se reconciliar com Deus por meio de Jesus Cristo, que é o único Caminho para vida eterna com Deus (João 14:6). O apóstolo Pedro foi enfático: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12).

I. A ORIGEM DA CIVILIZAÇÃO HUMANA

1. Definição de Civilização

Segundo historiadores, “civilização é o estado de cultura social, caracterizado por um relativo progresso no domínio das ciências, da religião, da política, das artes, dos meios de expressão, das técnicas econômicas e científicas, e de um grau de refinamento dos costumes”.
As civilizações foram se formando ao longo de diferentes épocas e são estudadas através da análise e interpretações dos historiadores que se utilizam de vestígios deixados pelo homem, entre eles, restos arqueológicos, monumentos, tradições e documentos escritos que são fundamentais para o conhecimento da história de uma civilização.
O desenvolvimento de uma civilização ocorre lentamente, logo é um processo. Vários fatores podem influenciar no desenvolvimento de uma civilização como, por exemplo, recursos naturais de uma região, clima, proximidade com outra civilização, liderança exercida por um determinado período, etc.
Durante a história, tivemos o desenvolvimento de diversas civilizações com características diferentes:
- A civilização antediluviana. Nessa civilização havia fartura de pão, saúde perfeita, beleza perfeita, longevidade, tecnologia suficiente para atender o desenvolvimento dessa civilização; por isso, a população antediluviana dava-se ao luxo de viver irresponsável e impiamente. A longevidade era um marco desse glorioso período, contavam a vida em séculos, não em décadas.
Além disso, a geração antediluviana era bastante próspera, não se angustiava com os problemas que, hoje, nos afligem. Ninguém se preocupava com a escassez. Havia água e comida em abundância. Eram vegetarianos (Gn.1:29) – “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento”.
Como possuíam tudo em abundância, e sem o temor de Deus, a natureza carnal os levou a orgias e truculências; sua lógica era o pecado. Com uma vida quase milenar, os pré-diluvianos viviam pendularmente entre a infinidade e a impunidade. Como um homem de quase mil anos haveria de temer a morte? E se Deus já os entregara aos próprios erros, não lhes castigando de imediato a iniquidade, por que temer o juízo final se a história mal havia começado? Por essa razão, os contemporâneos de Noé viviam para pecar e pecavam para viver. Não era incomum deparar-se com um adúltero de seiscentos anos, com um assassino de oitocentos ou um corrupto de quase mil anos.
Diante de um quadro de impunidade, de degradação moral, o Senhor resolve dar um basta a tudo isso: o dilúvio veio sobre eles, destruindo-os. Jesus Cristo fez uma descrição desse período, quando ele falava aos seus discípulos acerca de sua segunda vinda: “Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt.24:38,39).
-A civilização egípcia. Caracterizou-se pela concentração de poder e riquezas materiais nas mãos do rei faraó. Desenvolveram vários conhecimentos com objetivo religioso (preservar o corpo e as riquezas para uma vida após a morte).
-A civilização grega. Desenvolveu-se com intuito de aprimorar as capacidades intelectuais, físicas e políticas. Neste contexto, desenvolveram a democracia, as artes, o teatro e muito mais.
-A civilização romana. Dedicou-se ao domínio militar em amplas regiões como forma de obter poder econômico e bélico. Dominou e organizou províncias; desenvolveu um complexo sistema de leis. Também criaram técnicas de batalha e armamentos sofisticados para a época.

2. O Casamento como base da civilização

A civilização humana teve início a partir do primeiro casamento entre Adão e Eva. Quando Adão recebeu do Senhor Deus a sua esposa, aprendeu que um homem e uma mulher deviam viver juntos pelo casamento (Gn.2:24) – “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Sem o casamento, cujo real modelo encontramos na Bíblia Sagrada, a civilização humana, os povos e a sociedade organizada, seriam impossíveis.
Infelizmente, com o pecado de Adão e Eva, o homem logo dispôs alterar o modelo instituído por Deus, trilhando por caminhos diferentes do que Deus tinha, originalmente, estabelecido: o casamento heterossexual, monogâmico e monossomático.
A Bíblia relata que foi na civilização cainita que se iniciou a poligamia e os pecados de prostituição. Lameque, o primeiro praticante da poligamia, foi quem deu a cartada inicial da quebra do princípio da monogamia (ler Gn.4:19), abandonando-se o modelo divino de família. Os pecados sexuais, agora, eram cometidos como se nada fosse proibido; não havia limites à prostituição; a irmã de Tubal-Caim, Naamá, é tida como a primeira prostituta da história.
Conforme o texto sagrado, até mesmo os descendentes de Sete corromperam-se em meio àquela imoralidade abominável. Relata o autor sagrado: “viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn.6:2). Esses “filhos de Deus”, sem dúvida, eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (cf. Dt.14:1; Sl.73:15; Os.1:10); eles deram início aos casamentos mistos com as “filhas dos homens”, isto é, mulheres da linhagem ímpia de Caim.

3. A subsistência da civilização

Indubitavelmente, o meio à subsistência de uma civilização é o trabalho; logo, não há como o ser humano viver sem ele (Sl.128:2; 2Ts.3:10).
Antes da Queda, Deus criou um lindo Jardim para que Adão trabalhasse, cuidasse dele e fosse sua morada (Gn.2:8). As duas primeiras atividades laborais de Adão, o primeiro homem, foram "lavrar" e "guardar" a terra (Gn.2:15). A mulher, Eva, foi criada como sua ajudante e companheira (Gn.2:18). Assim, Adão e Eva deveriam, literalmente, cultivar o Jardim, fazê-lo crescer e florescer; eles também foram colocados lá para guardá-lo e para protegê-lo de qualquer coisa que pudesse danificá-lo ou prejudicá-lo. O trabalho que Deus deu a Adão e Eva é o paradigma para todo trabalho humano.
“E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado”.
“E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar”.
“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente”.
O papel dos seres humanos é trabalhar, tornando a terra aquilo que pode sustentar a vida; e o papel de Deus é provê-la de chuva (Gn.8:22). Esses dois papéis da humanidade e de Deus são os fatores mais fundamentais da existência, cuja ausência significaria o estado do mundo antes da restauração da criação: sem forma e vazio. Deus fez uma promessa que, enquanto a Terra durar, nunca faltará alimento na terra (Gn.8:22) – “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão”.
Infelizmente, por causa da Queda, tudo foi distorcido na vida do ser humano; três fatores declinantes aconteceram com o trabalho de Adão e Eva, e também aconteceriam com a sua posteridade, chegando até nós:
ü O trabalho tornou-se infrutuoso e com fadiga. Mesmo que Adão trabalhasse penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo estava amaldiçoado sob seus pés –“Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo” (Gn.3:17,18).
ü O trabalho tornou-se penoso, desgastante - “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn.3:19).
No mundo caído, o trabalho é penoso, desgastante. Até mesmo um trabalho que amamos tem pelo menos algum aspecto que é cansativo, tedioso e mesmo doloroso. Inúmeras sãos as pessoas que se encontram mentalmente esgotadas e cansadas por causa de suas atividades profissionais. Os consultórios médicos estão lotados de pessoas com estafa e estresse. Muitos suicídios acontecem por causa do trabalho estafante, penoso. Há textos na Bíblia que nos lembram dessa realidade: "Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os afligir" (Ec.3:10). Jó também declarou: "Porque a aflição não vem do pó, e não é da terra que brota o enfado. Mas o homem nasce para o enfado [trabalho – ARC], como as faíscas das brasas voam para cima" (Jó 5:6,7).
ü O trabalho tornou-se um ato compulsório de sobrevivência. O que era um ato livre de adoração, agora é um ato compulsório de sobrevivência. Disse Deus: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn.3:19).
Deus tinha plantado um pomar, e tudo o que Adão precisava estava lá para pegar e comer. Mas agora há uma urgência, uma compulsão, uma ordem para trabalhar. Como Paulo disse: “Quem não quiser trabalhar não deve comer” (2Ts.3:10). 
Não é que o trabalho tenha, agora, se tornado ruim; não é que o trabalho seja punição pelo pecado; é que, num mundo caído, o trabalho penoso e infrutuoso é também implacável. Gostemos ou não, devemos trabalhar; nós não podemos escapar dele, exceto na morte.

II. CIVILIZAÇÃO E CONFLITO

Depois do pecado de Adão e Eva, consequências terríveis caíram sobre toda a raça humana em cumprimento à sentença divina (Gn.3:17-19). A erva daninha da natureza carnal cresceu assustadoramente; o pecado alcançou enormes proporções. O poder do inferno foi colhido por muitos anos, o mal se avolumou, e toda geração antediluviana se corrompeu, associando-se à violência, à maldade e à perversão de costumes.

1. Caim e Abel

Caim e Abel, os dois primeiros filhos de Adão após a Queda, segundo a Bíblia, dedicaram-se, respectivamente, a agricultura e a pecuária (Ex.4:2). Foi na convergência de ambas as atividades, que Caim, o agricultor, movido por uma inveja maligna, matou seu irmão Abel, o pecuarista temente a Deus.
Inveja é a antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e queremos; é um pecado grave; faz parte do rol das obras da carne exarado em Gálatas 5:19-21. Uma pessoa invejosa perturba-se com o sucesso dos outros; não se alegra com o que tem, mas se entristece pelo que o outro tem. Um invejoso nunca tem paz porque sua mesquinhez é como um câncer que lhe destrói os ossos. Disse bem o sábio: “...a inveja é a podridão dos ossos” (Pv.14.30).
Caim foi tomado por tão grande inveja que foi impulsionado a perseguir e matar o seu próprio irmão (Gn.4:8). Tiago afirma: “pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tg.3:16).
Caim foi levado passo a passo, pela sua própria maldade, a cometer tamanho desatino.
ü Seu caráter omitia a consciência do pecado ou a necessidade de expiação (Gn.4:3). “E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR”. Scofield, na Bíblia com anotações, escreve: “Caim é um tipo do homem comum da terra. Sua religião era destituída de qualquer sentimento adequado de pecado ou necessidade de expiação. Este tipo de religioso encontra-se em 2Pedro capítulo 2”.
ü Sua ira e seu semblante descaído prevaleceram à vontade de Deus (Gn.4:5-7). O Senhor, pessoalmente, falou a Caim, dando-lhe oportunidade de mudança e avisando solenemente do que poderia acontecer caso ele não mudasse de atitude (Gn.4:6,7). Ele não deu ouvidos à Palavra de Deus; endureceu o coração; estava zangado com seu irmão e com Deus (cf. Hb.3:7-13).
“É muito evidente que o problema de Caim não estava em sua oferta, mas em seu coração. Em outras palavras, Deus rejeitou o ofertante, e não a sua oferta”.
ü Seu ato foi cruel e traiçoeiro. Não sabemos detalhes desse ato de Caim, mas a descrição revela a crueldade de sua intenção (1João 3:11,12). Ele desobedeceu ao princípio da vida, do amor ao próximo e do temor ao Senhor, e ainda foi rebelde diante da inquirição de Deus, depois de seu crime e de sua mentira: “acaso, sou eu tutor de meu irmão?” (Gn.4:9).
O crime cometido por Caim, portanto, demonstra até que ponto pode chegar a natureza humana quando se deixa dominar pelo ciúme, inveja e ódio. Desde esse homicídio, a violência contra o próximo cresceu assustadoramente, a ponto de Deus ter de aplicar Juízo sobre aquela civilização (cf. Gn.4:11-13).
“A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então, disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra”.
Em nossos dias, a violência é vista em todos os lugares do mundo com a prática estarrecedora dos mais diversos tipos de crimes e desrespeito à vida. Deus, brevemente, requererá do ser humano uma rigorosa prestação de contas dos seus atos (Hb.4:13).
“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”.

2. A cidade de Lameque

Os descendentes de Caim desenvolveram a primeira civilização. A primeira cidade construída, citada na Bíblia, chamava-se Enoque; numa terra chamada Node (Gn.4:16) nasceu Enoque (não confundir com o Enoque que foi arrebatado, relatado em Gênesis 5:22-24). Em homenagem ao filho, Caim deu seu nome à primeira cidade por ele edificada (Gn.4:17).
“E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque”.
A cidade de Caim, Enoque, em alguma parte do oriente do Éden, foi provavelmente apenas uma vila de rudes cabanas, tendo um muro por defesa, para servir como espécie de reduto para sua descendência proscrita. Certamente, havia ali músicas, festas, danças, artes e instrumentos cortantes de bronze e de ferro (cf.Gn.4:21,22). Mas, também, Enoque foi uma cidade marcada pela violência e pela banalidade quanto à vida humana. Nessa cidade havia um personagem bastante notório pela crueldade que ele praticava; seu nome era Lameque, que no hebraico significa vigoroso.
Na descendência de Caim, Lameque, constitui a quinta geração que deu origem a uma geração corrupta de homens preocupados com o "ter" (a família de Jabal), com o entretenimento (a família de Jubal), com as armas de guerra (a família de Tubal-Caim) e com a prostituição (Naamá, irmã de Tubal-Caim).
Lameque cometeu o segundo homicídio mencionado na Bíblia, que seria duplo (um varão por tê-lo ferido e um mancebo por tê-lo pisado – Gn.4:23).
Na história da humanidade, segundo a Bíblia, Lameque foi o primeiro homem a praticar a bigamia, manchando a instituição divina do casamento; ele teve duas esposas: o nome da primeira era Ada, que teria sido mãe de Jabal e de Jubal; o nome da segunda esposa chamava-se Zilá, que foi mãe de Tubal-Caim e de Naamá. Segundo a Bíblia:
ü  Jabal ficou conhecido como o pai dos construtores de tendas e criadores de gado (Gn 4:20).
ü  Jubal, irmão de Jabal, destacou-se como o inventor de instrumentos musicais; por isso, ficou conhecido como “o pai dos músicos” (Gn.4:21).
ü  Tubal-Caim teria sido o primeiro homem a fazer uso do cobre e do ferro nas construções da humanidade (Gn.4:22).
ü  Naamá, que significa “agradável", "desejável", era irmã de Tubal-Caim, e é citada, de modo especial, em Gn.4:22, pois não se mencionava nomes de mulheres nas genealogias antigas. Segundo estudiosos, esta citação não vem como um elogio, mas como uma denúncia do início da prostituição no meio da humanidade.
Os pecados de Lameque e seus descendentes se alastraram de tal maneira que viriam a depravar, inclusive, a linhagem piedosa de Sete, provocando o juízo divino sobre aquela impiedosa civilização.
Lameque é um exemplo a não ser seguido, pelas seguintes razões:
a) Ele se vangloriava de ser um homem violento. Lameque tem prazer em alardear sua violência. Leia novamente suas palavras: “... escutai o que passo a dizer-vos: matei...” (Gn.4:23). Concordo com as palavras do historiador, escritor, filósofo e político italiano Benedetto Croce: “A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora”.
b) Ele banalizava a vida humana - “... Matei [...] um rapaz porque me pisou”. Para Lameque as pessoas não valiam nada. A violência é a demonstração mais vil de que a vida humana não tem valor. Matar um jovem por causa de uma pisada no pé é não ter nenhum respeito com a vida humana.
c)  Ele não gostava de sentir dor, mas feria as pessoas. Lameque não gostava de ser pisado, mas pisava as pessoas. Ele tipifica aquelas pessoas que não gostam de ser machucadas, mas têm prazer em machucar os outros.
d) Ele era avesso ao perdão. Perdão era uma palavra desconhecida no vocabulário de Lameque. Infelizmente, muitos à semelhança de Lameque preferem retribuir a ofensa na mesma intensidade ou em grau superior do que liberar perdão.
Alguém pode alegar que não tem nada a ver com Lameque, afinal nunca matou ninguém. Mas a Bíblia diz que se você odiar a seu irmão é considerado assassino - “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (João 3:15).
Portanto, tornamo-nos semelhantes a Lameque quando não perdoamos, antes odiamos ao nosso irmão. Jesus foi mais enfático e contundente quando disse: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus...” (Mt.5:44,45).
Mas, em todos os modos de Deus tratar com a humanidade, Ele nunca deixou de ter um povo fiel e piedoso, que procurou se resguardar da iniquidade e que temeu a Deus. Nos dias de Lameque, a promessa redentiva de Deus (Gn.3:15) não foi interrompida, a despeito da iniquidade galopante daquela época.
Dentre toda aquela civilização corrupta, havia uma família que não se rendeu ao pecado: a família de Noé. Este era justo e temente a Deus, que não se corrompeu como os demais (Gn.6:9; Hb.11:7). Noé e sua família foram salvos, e isso nos mostra que Deus tem um compromisso com aqueles que pela fé lhe obedecem.

3. A tecnologia desenvolvida pelos descendentes de Caim

Ao lado de uma situação ultrajante, onde imperava a violência, a maldade e a perversão dos costumes, a civilização cainita (os descentes de Caim) prosperava no mundo das artes, da música, da arquitetura e das manufaturas (Gn.4:20-22).
“E Ada teve a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também teve a Tubalcaim, mestre de toda obra de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá”.
Essa prosperidade toda andava lado a lado com a rebelião e o descaso ao Criador e aos seus ditames, uma influência maligna passada de geração a geração, e que está em pleno vigor nos dias atuais.
A civilização cainita era bastante desenvolvida, e por esse motivo dominou o mundo de sua época, influenciando até mesmo os “filhos de Deus”, ou seja, os descendentes de Sete. Estes, seduzidos pela civilização de Caim, vieram a afastar-se de Deus (Gn.6:1-3). Como bem diz o Pr. Claudionor de Andrade, “a partir daí a iniquidade alastrou-se de tal forma na terra, que o Senhor Deus decretou o juízo de toda aquela civilização”.
Porventura, não é o que estamos vendo hoje com relação a milhares de pessoas que se dizem cristãos? Eles estão sendo influenciados pelo progresso dos ímpios e se engodando nas suas teias malignas, fazendo com que se esqueçam de Deus.
O hedonismo e o materialismo têm se alastrado trazendo consequências calamitosas ao povo de Deus da Nova Aliança. Jesus alertou que “como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt.24:37-39). Fiquemos, pois, em alerta, pois este sinal é bastante claro e está em evidência atualmente. Jesus está às portas! Você já percebeu isso?

III. O DEUS QUE INTERVÉM NA CIVILIZAÇÃO

“Deus não se limitou a criar o Universo, nem nos abandonou após nos haver formado. Ele continua a observar atenta, justa e amorosamente todas as coisas (Gn.11:5; Sl.50:21; Pv.15:3). E, sempre que necessário, intervém. Se o Senhor não agisse assim, a civilização humana, como a conhecemos, não mais existiria” (LBM.CPAD).
“Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv.15:3).

1. A intervenção de Deus para o cumprimento da promessa redentiva

A dor pela perda de Abel foi muito grande, e a promessa do descendente que feriria a cabeça da serpente parecia ter desaparecido. A morte prematura de Abel dissiparia toda esperança e expectativa caso o bem mais uma vez não vencesse o mal. Mas, Deus, que é fiel, deu a Adão e Eva outro filho por nome Sete, no lugar de Abel; seu nome significa “compensação”. Ele preencheu uma lacuna deixada pelas mãos assassinas de Caim.
Deus fez nascer esse filho varão que substituiu o outro covardemente eliminado. Disse Eva: “...Deus me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou” (Gn.4:25). Deus é fiel; Ele move céus e terra para que suas promessas sejam cumpridas. Nada, absolutamente nada, o impedirá de trazer novamente o homem, coroa da Sua criação, ao status quo da criação. Um Dia, o ser humano estará para sempre em comunhão plena com o Seu Criador (João 14:3), porque Deus interveio na história para que isto acontecesse. Aleluia!

2. A intervenção na história da civilização

Em toda a história da civilização humana, Deus interveio, pois Ele é o Senhor e Dominador sobre todas as coisas.
Deus interveio na civilização pré-diluviana, quando esta contaminou a Terra com violência e desrespeito com o seu Criador. O Dilúvio foi um meio que Deus utilizou para purificação dessa civilização (Gn.6:7).
“E disse o SENHOR: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.
Após o Dilúvio, Deus interveio novamente estabelecendo leis e normas para a instituição do governo humano. Deus deu a Noé determinadas leis para que tanto ele quanto sua família e todos os seus descendentes fossem governados por elas. O homem passou a ser responsável pelo seu próprio governo.
As oito pessoas que foram salvas do Dilúvio dariam agora início a uma nova civilização. Era um novo período de tempo, denominado de governo humano por causa das leis humanas e governos que foram instituídos, para regular a vida dos homens após a longa era de liberdade de consciência.
Embora o governo seja humano, a soberania é divina. O principal alvo do governo civil-moral é o bem acima de tudo, e os governos civis e familiares são necessários para assegurar ou alcançar esse fim.
No princípio da era do governo humano várias leis foram dadas, com o homem agora sendo responsável por reinar ou administrar para o bem de todos. As leis são necessárias para a preservação da sociedade humana na Terra (Rm.13:1-7; 1Pd.2:13-15). Sem a existência, execução de leis e punição, nenhum governo pode durar muito tempo. Veja as primeiras leis dadas a Noé, no início do Governo Humano:
ü  Frutificai, multiplicai e enchei a terra (Gn.9:1,7).
ü  Reine sobre os animais (Gn.9:2).
ü  É permitido comer carne de animais, e não somente grãos e ervas vegetal (Gn.9:3).
ü  Não coma sangue de animais (Gn.9:4).
ü  Não cometa assassinato (Gn.9:6). O homem é de grande valor e a vida é sagrada, pois "Deus fez o homem conforme a sua imagem".
ü  Mantenha minha aliança eternamente (Gn.9:9-17).
Infelizmente, após a instituição destas leis, o homem tratou de desobedecê-las, em clara rebeldia contra o Deus Todo-Poderoso. Deus teve que intervir, mostrando que o governo é humano, porém, Deus é o Senhor, o controle é dEle. Deus interveio na rebelião de Babel (Gn.11:4-8).
“4.E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
5.Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;
6.e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.
7.Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.
8.Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
Conquanto Deus tenha delegado ao homem o governo do mundo, Ele continua a comandar todas as coisas. Quando necessário, intervém extraordinariamente: Interveio em Sodoma e Gomorra, destruindo ambas as cidades; interveio no Egito, arrancando de lá a Israel; se lermos a história universal com as lentes da soberania divina, constataremos que Deus interveio em Roma, levando-a ao desaparecimento; na Europa, criando nações e abatendo impérios.
São intervenções divinas na comunidade humana. De fato, o governo é nosso, mas o controle é de Deus. Ainda que o ignoremos, continuará Ele a reinar absoluto sobre todas as coisas (Sl.99:1) – “O SENHOR reina; tremam as nações. Ele está entronizado entre os querubins; comova-se a terra”.

3. Jesus Cristo, a única esperança para a civilização humana

O mundo sem Deus vai de mal a pior, contudo, resta ainda uma esperança. Segundo cremos, Deus sempre esteve e continua no controle da história. Ele nunca perdeu e nunca perderá esse controle.
A presente civilização humana perdeu o domínio da racionalidade e caminha às expensas da ignorância. Ela está presa ao relativismo, ao materialismo e às doenças psicossomáticas, espirituais e morais. A crise é tão profunda que as pessoas desconfiam das instituições e das autoridades públicas, privadas e religiosas. Tateiam de um lado a outro à procura de um porto tranquilo para aportar, mas encontram apenas o individualismo, a ganância, a violência, o descaso e a opressão. Em quem confiar? 
Apesar das advertências divinas, os homens continuam buscando soluções nas ciências, no desenvolvimento tecnológico, nas culturas, no misticismo religioso, nas ideologias e, especialmente, nas religiões. Embora não se negue que haja certo valor intrínseco em algumas dessas soluções, se comparadas ao que Cristo realiza espiritual, psíquica e moralmente no homem, elas não passam de muletas.
A verdade é que a única esperança para esta geração está na Pessoa bendita de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus único e Salvador, Todo-Poderoso (1Tm.1:1). Ele é o "Deus de esperança" que nos enche "de todo gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo" (Rm.15:13; 2Ts.2:16).
O evangelho que pregamos, em atenção à comissão estabelecida pelo Senhor (Mt.28:18-20), é a anunciação da esperança, em Cristo, para uma geração em desespero (Cl.1:5,23, 27). Por mais que seja caótica a situação, Deus diz: “E há esperança para o teu futuro, diz o Senhor...” (Jr.31:17). Portanto, “ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança” (Lm.3:29).

CONCLUSÃO

A Graça salvadora de Deus é inesgotável, é abundante; por isto, ela envolve todo o mundo; ela oferece a toda a humanidade a oportunidade de escapar da justa e inevitável condenação; mas, tal qual a civilização antediluviana, a maioria da população mundial de hoje resiste à graça salvadora de Deus. Isso terá limite. A justiça de Deus é certa e muito rigorosa sobre o mundo corrupto e destituído de Deus. Para a civilização antediluviana Deus disse: “O fim de toda carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; eis que os desfarei com a terra” (Gn.6:13). A Palavra de Deus adverte: “E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem”(Mt.24:37). Pense nisso!