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A IGREJA DIANTE DO ESPÍRITO DA BABILÔNIA


  Subsídio à Lição 01 - 3º Trimestre/2023

Texto Base: Apocalipse 17:1-6

“E, na sua testa, estava escrito o nome: Mistério, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostituições e Abominações da Terra” (Ap.17:5).

Apocalipse 17:

1. E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas,

2. com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição.

3. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia e tinha sete cabeças e dez chifres.

4. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, e pedras preciosas, e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição.

5. E, na sua testa, estava escrito o nome: Mistério, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostituições e Abominações da Terra.

6. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.

INTRODUÇÃO

O Cristianismo bíblico, no cenário atual, está passando por uma forte oposição por parte de instituições governamentais, econômicas, políticas e culturais, instituições essas dominadas por forças malignas.

Em todos os países não se pode mais pregar livremente o Evangelho de Cristo. Falar contra o aborto, a homossexualidade, a indissolubilidade da família, o casamento de pessoas do mesmo sexo, pregar contra o satanismo, expulsar demônios etc., o pregador sofreará fortes represálias e será julgado e preso por defender os princípios doutrinários exarados nas Escrituras Sagradas. Em vários países como, por exemplo, o Canadá as Bíblias estão sendo queimadas ou rasgadas publicamente.

Recentemente, em Fortaleza, um pastor estava pregando sobre a Salvação em um culto na Igreja onde ele é o pastor-líder, e num determinado momento ele disse que Jesus tem o poder de salvar qualquer pecador, por maior que seja o pecado que ele cometera; ele disse que Jesus tem o poder de salvar a prostituta, o gay etc. Pelo fato de ter mencionado a palavra “gay”, no dia seguinte ele foi intimado pelo Ministério Público para dar explicações sobre a sua mensagem, pois tinha desagrada a comunidade LGBTQI.

Certamente, a oposição de Satanás nunca foi tão forte e inibidora como nestes últimos dias da Igreja na Terra. Sem dúvida, isto é um grande aviso a todos os verdadeiros cristãos que Cristo estar prestes a voltar para Arrebatar a Sua Igreja e estabelecer o seu reino milenial. A Igreja precisa estar alerta acerca dos aspectos gerais do “espírito da Babilônia” presente no cenário global em que vivemos, e, com sabedoria e prudência, resisti-lo, utilizando-se das armaduras que o Espírito Santo dispõe a todos nós (Ef.6:11), “para que possamos resistir no dia mau e, depois de termos vencido tudo, permanecermos inabaláveis” (Ef.6:13).

I. BABILÔNIA E SEUS SIGNIFICADOS

Segundo comentário na Bíblia de Estudo Pentecostal, a Babilônia mencionada em Apocalipse 17:5 é símbolo para todo o sistema mundial que tem sido dominado por Satanás ao longo da história, aplicando seus planos perversos aos aspectos político, religioso, econômico e comercial. A João foi revelada que essa Babilônia será completamente destruída durante os últimos três anos e meio do período da Grande Tribulação pelos juízos de Deus sobre a terra. Segundo entendimento do comentarista Stanley M. Horton, embora a Babilônia venha identificada das mais diversas formas (conforme veremos nesta lição), ela representa, na verdade, o presente sistema mundial - o mundo que a Bíblia diz estar no maligno (1João 5:19).

1. A Grande Prostituta (Ap.17:1,2)

1. E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas,

2. com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição.

Um dos anjos que tinham as sete taças veio até o apóstolo Joao e mostrou a ele contra o que elas estavam dirigidas. O anjo mostrou a João a condenação que virá sobre a “grande prostituta”, a qual trata-se da Babilônia religiosa, e abrange todas as religiões falsas, inclusive o cristianismo apóstata (Ap.17:5). Na Bíblia, os termos prostituição e adultério, quando empregados figuradamente, normalmente denotam apostasia religiosa e infidelidade a Deus (cf. Is.1:21; Jr.3:9; Ez.16:14-18; Tg.4:4), e significam um povo que professa servir a Deus enquanto, na realidade, adora e serve a outros deuses.

Para os primeiros cristãos, esta “grande prostituta” representava o antigo império romano com os seus inúmeros deuses e sua imoralidade que era bastante notória. A Roma antiga era a capital do vasto e poderoso império romano, um império que se estendia desde a Inglaterra até a Arábia. Na época de João, Roma era a maior cidade do mundo, com uma população de aproximadamente um milhão de pessoas, segundo os historiadores. Mas, com todo o seu poder, ela era extremamente imoral. Os cristãos entravam em conflito com a sociedade ímpia e os perniciosos valores romanos e, portanto, eram impiedosamente perseguidos. Com o histórico do paganismo e da perseguição romana, não é de admirar que Roma fosse vista como uma representação clara do mal. Ela tornou-se um símbolo do paganismo e da oposição à Igreja do Senhor Jesus na Terra.

Mas a “prostituta” mencionada representa muito mais do que simplesmente o império romano; ela simboliza qualquer sistema econômico, político, cultural ou militar que seja hostil a Deus, e é um sistema mundial futuro que irá abranger todas as nações e que será imoral e completamente contrário a Deus. Nessa ocasião, irá ocorrer a grande apostasia – muitos se afastarão de Deus e seguirão as bestas - o Anticristo e o Falso Profeta.

A “prostituta” mencionada, que “está assentada sobre muitas águas”, é descrita em 17:15 como “povos, multidões, nações e línguas”. A “grande prostitua”, portanto, representa todas as forças do final que se unirão em oposição a Deus. O “espírito da Babilônia” já opera fortemente no mundo e domina completamente o sistema econômico, político, religioso e cultural.

A “grande prostituta”, em lugar de ser descrita como qualquer cidade em particular, de qualquer período, existe onde há engano satânico e resistência a Deus. Isto era verdade em muitos reinos antigos como Babilônia, Egito, Tiro, Nínive e Roma. Ela representa o poder de sedução de qualquer sistema governamental, político, religioso, econômico e cultural, que usa meios pervertidos para conseguir o seu próprio intento contrário ao padrão moral de Deus. Não importa qual postura, lícita ou ilícita, ética ou amoral, a ser utilizada para conseguir a sua própria prosperidade e as suas próprias vantagens iniquas. Enfim, “a Babilônia” é identificada como uma das facetas da imoralidade e dos falsos sistemas mencionados anteriormente (Ap.14:8; 17:5).

2. A Mulher e a besta Escarlata (Ap.17:3,4)

3. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia e tinha sete cabeças e dez chifres.

4. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, e pedras preciosas, e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição.

João foi levado “em espírito a um deserto” (17:3) onde ele iria ver a “grande prostituta” (Ap.17:1), “uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate”. Muito provavelmente, essa “besta de cor escarlate” é Satanás, pois ele é descrito em Ap.12:3 como um “grande dragão vermelho”. Mas esta besta também é identificada com a “besta que saiu do mar” (Ap.13:1). Todas elas têm a mesma origem – e todas são descritas como tendo “sete cabeças e dez chifres” (como se observa em Ap.12:3 e 13:1). Estas cabeças e estes chifres também são descritos por João em Ap.17:9-18, e eles simbolizam os poderes do mundo e a sua força política (Ap.17.3c,10,12). A “mulher” representa o sistema maligno do mundo; a “besta”, que é o Anticristo controlado por Satanás, representa o poder que sustenta este sistema mundial; ela é o inimigo supremo da Igreja e do povo de Deus.  A “besta do mar” também é descrita como tendo em cada cabeça nomes que blasfemavam contra Deus. Os “nomes de blasfêmia” são provavelmente os nomes que a besta assume ao chamar a si mesma de Deus.

A “mulher”, a grande prostituta, João a viu vestida “de púrpura e de escarlata” (Ap.17:4), o que significava realeza e luxo. As tinturas púrpura e escarlate eram extremamente caras no primeiro século; nenhuma pessoa comum tinha condição financeira de usar púrpura ou escarlate. A “prostituta” também estava adornada “com ouro, pedras preciosas e pérolas” (Ap.17:4), o que significa riquezas materiais e consumismo exacerbado.

A “mulher” estava segurando “um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição” (Ap.17:4). De certa forma, este era o seu ser interior – ela era extremamente imoral. Ela era uma prostituta – belamente vestida, mas obscena e impura. A sua aparência não podia esconder o que havia no seu cálice. O pastor Douglas Babtista afirma que “o cálice em sua mão diz respeito às abominações e as imundícias da sua prostituição (Ap.17:4c), o que representa toda a forma obscena e impura de contaminação do padrão moral e espiritual da sociedade.

A “besta” na qual a mulher está montada é que saiu do mar (Ap.13:1), que será o Anticristo que, pelo poder de Satanás, faz oposição aos seguidores de Jesus Cristo (2Ts.2.4,9,10). Ele profere blasfêmias em consciente repulsa ao senhorio de Cristo (Ap.13.6; 17.3b).

3. Mistério: a Grande Babilônia (Ap.17:5)

“E, na sua testa, estava escrito o nome: Mistério, a Grande Babilônia, a Mãe das Prostituições e Abominações da Terra”.

Na sequência da revelação, o nome da prostituta é desvendado: “Mistério, a Grande Babilônia” (Ap.17:5a). O termo “mistério” indica que o nome “babilônia” não é meramente geográfico, mas simbólico, e mostra que a verdadeira origem e natureza do mal está sendo revelada.

Segundo o pastor Douglas, a Babilônia é a mentora de toda a rebelião contra Deus e a consequente depravação da sociedade. Ela sempre trabalhou, e se intensificará cada vez mais na Grande Tribulação, para desconstruir a fé bíblica e impor sua religião apóstata com uma cultura de oposição à fé cristã e a todos os seguidores de Cristo. Não se trata apenas de uma cultura sem Deus, mas de uma cultura contra Deus.

O título “a Grande Babilônia” descreve todo um sistema mundial que será a culminação de todo o mal, afastando as pessoas de Deus.

A “mulher” referida em 17:4 é um retrato da cidade antiga da Babilônia, que tinha levado o povo de Deus ao cativeiro; ela também é um retrato da Roma antiga, com o seu luxo e a sua decadência. Mas ela é muito mais do que simplesmente uma cidade ou um império em particular na história; ela é, na verdade, a “mãe” de tudo isto, ela é a origem de todo o mal, a origem de toda rebelião contra Deus ao longo da história, da qual muitas nações participaram; ela é “a mãe das prostituições e abominações da terra”.

Apesar de todos os seus adornos, a Babilônia nada mais é do que uma “prostituta” que tem sempre se rebelado contra Deus, com a manifestação de sua imoralidade, perversidade, injustiça e inversão dos valores absolutos de Deus exarados nas Escrituras Sagradas. Segundo William Hendriksen, a Babilônia simboliza a concentração do luxo, do vício, e do encanto deste mundo; é o mundo visto como a personificação da “concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e da soberba da vida” (1João 2:16).

II. O ESPÍRITO DA BABILÔNIA

O “espírito da Babilônia” tem revelado e estimulado uma cultura que é completamente contra Deus, mas também tem atuado de forma abrangente nos sistemas político, cultural e econômico.

1. No sistema religioso

A “grande prostituta”, a Babilônia, é conhecida pela sua sedução (Ap.17:2,4,5), principalmente no campo espiritual. Neste aspecto, o “espírito da Babilônia” tem seduzido e inebriado inúmeras pessoas pela “prostituição espiritual. As pessoas seduzidas são contaminadas pelo orgulho e pelo ego, tornando-as amantes de si mesmas, amantes do dinheiro e dos deleites da vida (2Tm.3:2-4).

A Bíblia usa repetidas vezes expressões que indicam uma prostituição espiritual ao referir-se à corrupção do amor ao Senhor. Esaú é um exemplo negativo disto nas Escrituras; ele tinha direito à herança de Abraão e Isaque por nascimento, mas desprezou-a e ficou conhecido como alguém que se prostituiu - “E ninguém seja fornicador ou profano, como Esaú, que, por um manjar, vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que, com lágrimas, o buscou” (Hb.12:16,17 – ARC).

A Palavra de Deus emprega este mesmo exemplo de prostituição com relação a Israel, que deixou de amar e seguir ao Senhor: “A mim me veio a palavra do Senhor, dizendo: Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia” (Jr.2:1,2).

Deus compara o Seu povo a uma noiva e enfatiza que Ele se lembrava do amor do seu povo, antes que se corrompesse. E Ele continua empregando exemplos de prostituição na mensagem dada ao profeta: “A tua malícia te castigará, e as tuas infidelidades te repreenderão; sabe, pois, e vê que mau e quão amargo é deixares o Senhor, teu Deus, e não teres temor de mim, diz o Senhor, o Senhor dos Exércitos. Ainda que há muito quebrava eu o teu jugo e rompia as tuas ataduras, dizias tu: Não quero servir-te. Pois, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa, te deitavas e te prostituías” (Jr.2:19,20). Novamente vemos os termos “infidelidade” e “prostituição” sendo usados. Quando permitimos que o nosso amor se corrompa e nos afastamos do Senhor, estamos praticando “adultério espiritual”.

A “grande prostituta”, dominada por Satanás, tem dado de beber do vinho da sua devassidão a todos os habitantes da terra, e o seu campo prioritário de sedução é o religioso. Ela tem atraído multidões ao longo de sua história. Ela não impõe limites. As heresias, o liberalismo, o ecumenismo doutrinário, o relativismo moral, o humanismo, a liberdade sem responsabilidade e o sincretismo são expressões dessa “grande prostituta” que seduz as pessoas a viverem na impiedade e na devassidão. Mas, nas palavras do pr. Douglas Baptista, “o argumento de ‘liberdade’ estimula a devassidão por meio do afrouxamento da moral (2Pd.2.19); o ecumenismo doutrinário provoca a erosão da fé bíblica (Gl.1.6,8); o relativismo rejeita a doutrina dos apóstolos e a autoridade bíblica (2Tm.4.3); o humanismo reinterpreta e ressignifica os mandamentos divinos (2Pd.3.16); o sincretismo mistura o sagrado e o profano (2Co.6.16,17). Assim, tudo passa a ser permitido e a verdade é desconstruída (2Tm.3.7). Quando a Igreja verdadeira se impõe contra esses comportamentos é brutalmente perseguida (Mt.24.9)”.

2. No sistema político e cultural

Outros campos de atuação do “espírito da Babilônia”, é o sistema político e o sistema cultural. Todos os sistemas políticos e governamentais têm sido inteiramente fomentados e dominados pela “grande prostituta”. Não é à toa que João diz que o “Mundo inteiro jaz no maligno” (1João 5:19).

Certa feita, Jesus explicando a parábola do joio do campo disse: “O que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo” (Mt.13:37-39). A influência maligna nestes sistemas governamentais do mundo tem trazido forte oposição aos absolutos de Deus exarados nas Escrituras Sagradas.

No sistema cultural, o “espírito da Babilônia” tem também exercido forte influência e levado inúmeras pessoas a se desviarem dos valores morais de Deus exarados nas Escrituras Sagradas. Os valores morais absolutos estão ficando cada vez mais enfraquecidas e relativizados. Cada vez mais, pautas progressistas de inversão de valores são impostas em afronta à cultura judaico-cristã, tais como: apologia ao aborto, ideologia de gênero, legalização das drogas, casamentos de pessoa do mesmo sexo e da prostituição. Mas Deus exorta de forma contundente: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is.5:20).

Nestes tempos de inversão de valores, quem discordar do relativismo moral e defender os valores morais descritos na Bíblia Sagrada é logo reprimido e estigmatizado como “fundamentalista”, e levado ao “paredão” de julgamento. Os vigilantes da cultura diabólica do erro que impera no mundo de hoje estão prontos para impor censura contra quem defende os valores judaico-cristãos exarados na Bíblia Sagrada.

Apesar dessa cultura decadente que impera no mundo de hoje, é válido dizer que os valores morais absolutos emanados de Deus são imutáveis e universais. Estes Valores morais estão consubstanciados na Lei Moral de Deus; e a Lei Moral não foi estabelecida no Sinai, ela já existia muito antes que Israel existisse, também muito antes que o primeiro livro da Bíblia Sagrada fosse escrito. Ela foi incluída na Lei de Moisés e continua em vigor em todo o mundo. Ela reflete o caráter de Deus e revela sua vontade – assim, o que no princípio era imoral, era pecado, continua sendo imoral e pecado. O caráter de Deus é imutável, conforme ele mesmo declarou: “Porque eu, o Senhor, não mudo...”(Ml.1:17), e mais: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente”(Hb.13:8). Portanto, Deus sendo eterno, sua natureza moral, bem como sua vontade, não pode mudar.

Nas últimas décadas, várias mudanças foram inseridas nas sociedades de todo o mundo, devido ao avanço tecnológico de meios de comunicação de última geração: internet, satélites, computadores, telefones celulares, smartphone, dentre outros, bem como a proliferação das mídias e redes sociais em suas diversas facetas. Assistimos às transformações na forma de agir e pensar, no estilo de vida, nos desejos, na conduta e nas atitudes sociais, religiosas, políticas e econômicas. É a realidade do universo on-line, onde tudo se movimenta com muita facilidade e rapidez para as diversas direções.

O “espírito” da grande prostituta, tem agido através da grande mídia, das artes, da literatura, das escolas e universidades para promover o doutrinamento contrário à fé cristã.

A sociedade de hoje, submissa e coagida pelo “politicamente correto”, tem assimilado e defendido a cultura pervertida e danosa que impera no mundo de hoje. Em nome do politicamente correto, inúmeras pessoas, religiosas ou não, evitam expressões políticas ou ações que, na linguagem dos defensores da cultura pervertida, venham ofender, excluir e/ou marginalizar grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por gênero, comportamento homossexual ou cor. Neste orbe do politicamente correto, inúmeros cristãos são perseguidos e julgados impiedosamente (Lc.21:16,17); é uma demonstração clara de que o mundo jaz no maligno (João 15:19).

3. No sistema econômico

Outro campo forte de atuação do “espírito da Babilônia” é o sistema econômico. A João foi revelado o enriquecimento dos mercadores por meio da exploração, da luxúria e da licenciosidade do “espírito da Babilônia” (Ap.18:3). Mas o próprio João viu a sua total destruição, e o motivo de sua queda é a corrupção total que praticou com as nações e seus mercadores. Ela embriagou todas as nações com sua luxúria desenfreada.

João afirma que “os reis da terra se prostituíram com ela”, o que significa que eles cometeram pecados vergonhosos – desistindo do que é mais importante em troca do que é mais gratificante. Este adultério provavelmente se refere às alianças pecaminosas e ao abandono total da moralidade absoluta de Deus. Além disso, “os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias” (Ap.18:3); eles foram seduzidos pelas grandes riquezas que podiam ser obtidas no seu relacionamento com ela, isto é, com a Babilônia.

O texto de Isaias 47:8 descreve a grande luxúria da Babilônia e o julgamento de Deus sobre ela. A sua luxúria levou ao orgulho e à autossuficiência. Parte deste adultério estava em receber a marca da besta, porque esses mercadores não podiam comprar ou vender nada sem ela (Ap.13:17).

Sem dúvida, atualmente, o “espírito da Babilônia” tem atuado fortemente nesta sociedade de cultura degradante e separada de Deus. Hoje, vemos o comércio e o governo subornarem os cidadãos por avareza, dinheiro e poder (Mq.2.1-3; Ap.18.12,13). As pessoas são motivadas a levar vantagem financeira, de forma ilícita e imoral em prejuízo do próximo (ler Pv.16.29; Mq.3.11). Vemos a sociedade sendo extorquida em troca da satisfação dos prazeres pecaminosos e consumismo desenfreado (ler Is.55.2; Lc.12.15). Nesse sentido, como bem afirma o Pr. Douglas Batista, o materialismo, os deleites e a autossuficiência têm conduzido o ser humano a confiar no dinheiro (1Tm.6.9,10, 17) e os que controlam a economia têm impostos embargos, tributos e multas em desfavor do cidadão impotente (ler Tg.2.6,7; Ap.13.16,17). Sem dúvida, é o “espírito da Babilônia” que impera neste mundo decaído.

III. A POSIÇÃO DA IGREJA DIANTE DO ESPÍRITO DA BABILÔNIA

1. Não negociar a ortodoxia bíblica

Ortodoxia bíblica é o conjunto de doutrinas provindas da Bíblia Sagrada, e tidas como verdadeiras de conformidade com os credos, concílios e convenções da Igreja. Está escrito: “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”(2Tm.3:16). Ela foi escrita com certas características que a levaram a ser considerada o “Livro de Deus”:

-Ela é pura -"Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam" (Pv.30:5).

-Ela é a verdade – “As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre”(Sl.119:160).

-Ela é eterna - "Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu" (Sl.119:89).

-Ela é imutável - "A palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada"(1Pd.1:25).

-Ela é profética - "porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21);

-Ela é perfeita e fiel - "A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples” (Sl.19:07).

-Ela é Lâmpada – “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e Luz para o meu caminho” (Sl.119:105).

A Igreja de Cristo tem a Bíblia Sagrada como a suprema e inquestionável árbitra em matéria de fé e prática. Muitos, motivados pelo “espírito da Babilônia”, têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, mas todos têm fracassado em seu intento de calá-la ou desacreditá-la, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.

Portanto, o crente verdadeiro não pode desinteressar-se da ortodoxia bíblica, e precisa estar habilitado para enfrentar o “espírito da Babilônia” e suas ideologias contrárias aos valores absolutos da fé cristã, exarados nas Escrituras agradas. Disse o apóstolo Pedro:

“...não se preocupem e não tenham medo de ameaças. Em vez disso, consagrem a Cristo como o Senhor de sua vida. E, se alguém lhes perguntar a respeito de sua esperança, estejam sempre preparados para explicá-la. Façam-no, porém, de modo amável e respeitoso. Mantenham sempre a consciência limpa. Então, se as pessoas falarem mal de vocês, ficarão envergonhadas ao ver como vocês vivem corretamente em Cristo” (1Pd.3:14-16 - NVT).

2. Formar o caráter de Cristo

Outro fator que pode ser negociado é a formação do caráter de Cristo no crente. A natureza do caráter do cristão é a mesma de Cristo - aquela que o Apóstolo Paulo denomina de “Fruto do Espírito”, exarado em Gl.5:22. O homem salvo por Jesus é uma nova criatura e, por isso, seu caráter é completamente transformado pelo Espírito Santo, restaurando a imagem e semelhança de Deus que foram deformados com o pecado.

O caráter do cristão é quem ele é, de fato, não apenas quando está diante do seu líder espiritual, ou mesmo com um grupo de amigos, no trabalho ou na escola, mas quando está sozinho, e ninguém está observando-o; é a expressão mais exata da sua pessoa, sem máscaras, sem fingimentos ou aparências: é o seu verdadeiro ser interior.

Muitos cristãos querem que as pessoas pensem coisas boas a seu respeito e demonstram ser santos, por fora, mas a alma está cheia de engano, mentira e pecado. Foi o que Jesus afirmou sobre os líderes religiosos de sua época: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia” (Mt.23.37).

Como afirmou certa feita um pregador: “Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é“ (John Wooden).

Um caráter moldado pela Bíblia é a maior necessidade de um cristão nestes dias perturbados pelo “espírito da Babilônia”. As pessoas podem até achar que você não tem grandes habilidades administrativas, técnicas, ou pedagógicas, mas elas precisam ver que você é um homem ou uma mulher temente a Deus. Jesus ensinou que é pelo fruto que se conhece uma árvore (Mt.12:33).

O homem sem Deus, influenciado pelo “espírito da Babilônia”, é dotado de uma natureza pecaminosa; outra coisa não faz senão desobedecer ao Senhor e satisfazer os desejos da carne, praticando atitudes e ações que revelam um sentimento de autossuficiência e de egoísmo (são “amantes de si mesmos”, cfr. 2Tm.3:2); que levam a um caráter altamente reprovável, despido de autodirecionamento (não segue a sua vontade, mas o curso deste mundo – Rm.7:15; Ef.2:2); de auto cooperatividade (não leva em conta o próximo, mas única e exclusivamente a si próprio, aos seus deleites – Lc.8:14, 1Tm.5:16; Tg.4:1); e de auto-transcendência (são cegos e não reconhecem a Deus como o Senhor de todas as coisas – Mt.15:14; João 9:41; Rm.2:17-29).

Concordo com as palavras do pr. Douglas Batista: “a igreja que prima pelo estudo e aplicação da Palavra de Deus produz crentes espiritualmente maduros, capazes de resistir o “espírito da Babilônia” presente no cenário global (Rm.8:35,38,39)”.

3. Aguardar a volta de Cristo

A volta de Cristo é a mais sublime esperança da Igreja. Viver com Cristo no Céu, eternamente, supera toda e qualquer perseguição, tribulação, tentação, provação, que venhamos a sofrer aqui; supera toda e qualquer riqueza material que a pessoa possa ter aqui. Pensar na volta de Cristo nos traz alegria e uma paz plena e profunda na alma, mesmo que estejamos passando por adversidades extremas.

Se Satanás oferecer todas as riquezas da terra em troca da desistência de nossa fé e fidelidade a Cristo, o crente deve rejeitar de imediato, pois não há comparabilidade, haja vista que tudo aqui é passageiro, efêmero como a neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg.4:14). A esperança de viver com Cristo no Céu é incomparável; logo, jamais poderá ser negociado.

Observamos claramente os acontecimentos tenebrosos que pregam com muita evidência que Cristo muito em breve virá. A apostasia crescente, a inversão de valores, as perseguições físicas e camufladas em países que há pouco tempo se consideravam cristãos, as guerras e rumores de guerras, fomes, viroses mortais, pestes, terremotos etc.; tudo isto, dantes vaticinados por Cristo e pelos apóstolos Mt.24:5-12,24; 1Tm.4:1; 2Tm.4:3), desperta-nos para a iminente volta de Jesus. Por isso, não podemos viver despercebidos diante de todos estes acontecimentos que estão ocorrendo no mundo; precisamos, como nunca, estar com a consciência e a percepção aguçada, distante das paixões mundanas e vivendo uma vida de santidade, de inteireza de coração, e em constante oração e vigilância, mantendo-nos fieis na ortodoxia bíblica, aperfeiçoando cada vez mais o caráter de Cristo e cultivando a esperança pela vinda do Senhor. Vem, Senhor! A tua Igreja, desejosa, te espera!

CONCLUSÃO

A humanidade hodierna é influenciada fortemente pelo “espírito da Babilônia”, que tem dominado todos os sistemas – religioso, político, cultural e econômico – preparando o cenário para a implementação da doutrina do anticristo, que promoverá a idolatria e a sensualidade. As práticas idolátricas do paganismo serão restabelecidas. Nesta recuperação de práticas pagãs, certamente, ressurgirá a prostituição cultual e todas as práticas sexuais que acompanhavam os rituais dos antigos deuses da fertilidade, o que será considerado natural, já que, naqueles dias, a doutrina do anticristo defenderá a libertinagem sexual e a promiscuidade, vez que a moral das Escrituras Sagradas será considerada ultrapassada e negadora da própria humanidade. Porventura, já não estamos vendo isto hoje em todo o mundo? Enquanto Jesus não voltar, a Igreja deve oferecer resistência a este “espírito” do mal (2Ts.2:6,7), dedicar-se continuamente ao estudo sistemático da Palavra de Deus (Mt.28:20), formar o caráter dos seguidores de Jesus Cristo (Gl.4:19) e santificar-se para a vinda do Senhor, pois sem santidade ninguém verá o Senhor (Hb.12:14). PENSE NISSO!

A AMIZADE DE JESUS COM UMA FAMÍLIA DE BETÂNIA


 INTRODUÇÃO

- Encerrando o estudo sobre os relacionamentos familiares, abordaremos a necessidade da participação de Jesus em nossa vida familiar.

- A família dos irmãos Marta, Maria e Lázaro é um exemplo neste aspecto.

I – A FAMÍLIA DE BETÂNIA

- Estamos encerrando o estudo deste trimestre em que analisamos como devem ser os nossos relacionamentos em família à luz da Palavra de Deus, buscando, assim, neste primeiro ambiente de nossa vida social, servir ao Senhor e seguir a nossa caminhada rumo ao céu.

- Nesta última lição, verificaremos a necessidade de termos Jesus como participante de nossa vida familiar. O Senhor Jesus está vivo (Ap.1:18) e, portanto, tem de ser um integrante atuante em nossas famílias, sendo a cabeça de todo o varão (I Co.11:3).

- A casuística bíblica desta lição é a chamada “família de Betânia”. Betânia é uma vila até hoje existente, situada no outro lado do monte das Oliveiras, cerca de 15 estádios, ou seja, cerca de 2.700 m de distância de Jerusalém, na estrada para Jericó.

- Tratava-se, praticamente, de passagem obrigatória para quem ia às peregrinações em Jerusalém, principalmente para os que moravam na Galileia, como era o caso do Senhor Jesus, que não passavam por Samaria, mas atravessavam o rio Jordão indo para a Pereia e, depois, iam a Jericó e ali tomavam a estrada para Jerusalém, que passava em Betânia.

- A palavra “Betânia” significa “casa dos figos” ou “casa das tâmaras verdes”, indicando que era um lugar onde, particularmente, havia esta espécie de frutas em abundância no caminho para Jerusalém. Alguns entendem, também, que seu significado seja “casa da aflição” ou “casa da obediência”.

- O fato é que Jesus passava por ali quando, como varão judeu que era, em observância à lei, comparecia a Jerusalém nas três grandes festas (Páscoa, Pentecostes e Festa dos Tabernáculos) (Ex.23:17; 34:24; Dt.16:16).

- Nesta aldeia, moravam três irmãos: Maria, Marta e Lázaro. Tratava-se de uma família diferente, porque, pelo que parece, os pais haviam morrido e os filhos ainda eram solteiros. Era uma família de irmãos sem pais.

- Exsurge, aqui, logo de início, a discussão sobre as “configurações familiares”, pois, em nossos dias, há os defensores da diversidade de famílias, da multiplicidade de conformações familiares, e chegam a dar o exemplo da “família de Betânia” como uma “prova bíblica” de que são possíveis várias formas de famílias.

- Este tipo de pensamento, entretanto, advém de uma mentalidade contrária à Palavra de Deus, podemos dizer de uma mentalidade rebelde e que pretende contraditar tudo quanto ensina Deus nas Escrituras Sagradas, dentro daquela ideia lançada por Satanás ao primeiro casal de que se pode viver independentemente de Deus (Cf. Gn.3:5).

- A família foi instituída por Deus e o modelo divino de família é a união de um homem e de uma mulher pelo casamento, que passam a ter uma vida em comum independente, na presença de Deus e que geram filhos (Gn.2:24; Sl.128).

- Não há outro modo possível de se criar legitimamente e de acordo com a vontade de Deus uma família. Toda e qualquer outro modo que se invente será contrário à Palavra de Deus e não se terá uma verdadeira família.

- Desta maneira, se tivermos uniões entre homem e mulher que não sejam pelo casamento, uniões entre pessoas do mesmo sexo, uniões entre vários homens e várias mulheres, como temos visto na atualidade, não são famílias, mas, sim, manifestações de rebeldia contra o Senhor, o que não é novidade, pois isto era a característica dos dias de Noé (Gn.6:1,2; Mt.24:37-39), e nossos dias, di-lo o Senhor Jesus, são como os dias de Noé e, portanto, a presença destas conformações pseudofamiliares e o incentivo e estímulo que recebem na sociedade e até pelo Estado são mais uma prova de que Jesus está na iminência de arrebatar a Sua Igreja.

- No entanto, a partir desta conformação única estabelecida por Deus, podem surgir outras espécies de famílias em razão das circunstâncias da vida. Foi o que ocorreu com a “família de Betânia”. Por motivos desconhecidos e não revelados, o fato é que os pais destes três irmãos haviam morrido e os três irmãos, solteiros que eram, passaram a conviver sem os pais, mas mantendo a unidade familiar.

- Por isso mesmo, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ao abordar este tema, assim afirmou: “…CREMOS, professamos e ensinamos que a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho (s) — quando houver (…) Reconhecemos preservada a família quando, na ausência do pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos [Et.2:7,15; I Tm.5:16]. Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser condenada por Deus nas Escrituras [Lv.18:22; Rm.1:24-27; I Co.6:10], bem como qualquer configuração social que se denomina família, cuja existência é fundamentada em prática, união ou qualquer conduta que atenta contra a monogamia e a heterossexualidade, consoante o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus [Mt.19:4-6]” (DFAD XXIV, pp.203-4).

- Assim, toda formação familiar derivada da união entre um homem e uma mulher pelo casamento, mas que, pela morte ou abandono de um dos fundadores, ou até de ambos, é, sim, uma formação familiar legítima, visto que não tem origem em pecado nem procura justificá-lo.

- A falta dos pais na família de Marta, Maria e Lázaro certamente trazia muitas dificuldades e problemas para aquela família, notadamente naquele tempo em que a sociedade era “patriarcal”, ou seja, a figura do “pai de família” era fundamental para que houvesse a vida familiar e a própria convivência da família com o restante da sociedade.

- É precisamente nesta família diferente, carente, quiçá vista com desconfiança por toda a sociedade, mesmo naquela pequena vila como era Betânia, que Jesus teria um papel singular, sendo, de longe, a família que mais se aproximou de Jesus e com Ele manteve um relacionamento intenso, reconhecido por todos (Cf. Jo.11:36).

- A primeira menção que se faz desta família e seu relacionamento com Jesus é no evangelho segundo Lucas, onde se diz que, quando Jesus passava por Betânia, foi recebido por Marta em sua casa (Lc.10:38).

- Jesus resolvera entrar em Betânia, num gesto comum, pois, como já se disse, Betânia era uma passagem obrigatória para os peregrinos, e, certamente, os moradores do local aproveitavam para hospedar alguns, até pela pequena distância entre a vila e Jerusalém, que ficava lotada nos dias de festa.

- Notemos, porém, que Marta teve interesse em receber Jesus em sua casa. Deve tê-l’O convidado para tanto, muito provavelmente já sabendo da Sua fama, pois, segundo os cronologistas bíblicos, já se estava no término do segundo ano do ministério de Jesus.

- Jesus não Se dirigiu à casa de Marta, foi Marta que, sabendo que Jesus entrara em Betânia, foi ao Seu encontro para convidar-Lhe para ir à Sua casa. Foi um ato de fé, pois àquela altura já havia forte oposição a Cristo e muitos não queriam comprometer-se perante as autoridades por causa d’Ele (Cf. Jo.7:1,13).

- Entretanto, Marta creu que Jesus era o Cristo e queria recebê-l’O em casa. Jesus prontamente atendeu ao convite, não Se importando que se estava diante de uma família diferente, formada apenas por irmãos e que, naturalmente, não tinha a simpatia do local, até porque fugia aos padrões culturais da época.

- A iniciativa de Marta traz-nos uma importante lição. Precisamos convidar Jesus para entrar na nossa vida e na vida da nossa família. É preciso recebê-l’O. Jesus nunca invade um lar, nunca será um intruso. Lembremos de Suas palavras ao anjo da igreja em Laodiceia: “eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei e ele, coMigo” (Ap.3:20).

- Como se costuma dizer, “Jesus é educado”, expressão que nos permite entender que Jesus respeita o livre-arbítrio de cada ser humano, até porque foi Ele quem criou o homem com livre-arbítrio e não é um Deus contraditório, que feriria ou anularia aquilo que Ele mesmo fez.

- Quando queremos que Jesus entre em nossa vida e na vida de nossa família, Ele prontamente atende a este pedido, aceitando-o, pois é Sua a vontade de salvar o homem e com Ele conviver para sempre. A família foi criada por Deus precisamente para que se tivesse um ambiente de comunhão com o Senhor e, portanto, não há como Deus, que não muda (Ml.3:6), deixar de atender ao desejo de alguém de recebê-l’O em sua casa, em sua família.

- Temos convidado Jesus para entrar em nossa vida familiar, em nossa casa, em nossa família? Temos esta disposição? Ou preferimos manter Jesus fora de nossas casas, distante, afastado, uma vez que não queremos a Sua presença?

- Pode alguém não querer a presença de Jesus? A esmagadora maioria da humanidade não quer a presença do Senhor, porque isto exige o abandono do pecado, a obediência à Palavra de Deus e as pessoas querem viver ao seu modo, terem uma vida independente de Deus.

- Os próprios irmãos de Jesus, no tempo em que ainda não criam n’Ele, viviam afastados do Senhor, censurando-O e reprovando-O, precisamente porque não queriam viver uma vida diante de Deus., tinham obras más, viviam conforme o mundo, como testificou o próprio Jesus (Jo.7:1-7).

- A amizade com Jesus começa sempre com a disposição de recebê-l’O e, por conseguinte, de obedecer-Lhe e fazer-Lhe a vontade.

- Quando Jesus entrou na casa de Marta, Maria e Lázaro logo Se tornou o centro das atenções. Jesus, pelo que parece, ficou no cômodo principal da casa, passando a ministrar para Marta, e logo Maria também se assentou para ouvir o Mestre (Lc.10:39).

- Quando se recebe Jesus na família, Ele passa a ser o centro das atenções. Tudo deve ser feito em função e em razão d’Ele. A família tem de agradar a Jesus, tem de se submeter a Ele.

- As irmãs haviam se assentado para ouvir a Jesus, reconhecendo-O, pois, como Mestre. É indispensável que reconheçamos a Jesus como Mestre e Senhor (Jo.13:13) e, deste modo, quando o fazemos, estamos dispostos a aprender e a obedecer o que Jesus diz.

- Nossa família tem de ouvir a Jesus, tem de seguir-Lhe, tem de aprender com Ele, praticar aquilo que Ele manda e ensina. Não é possível construir-se uma amizade com Jesus sem aprendizado e obediência.

- Temos aprendido com Jesus em casa? Temos nos assentado para ouvir a Sua voz? Temos pedido a orientação e direção de Jesus na nossa vida familiar?

- Para aprender com Jesus, torna-se imperioso que a família conheça, estude e medite nas Escrituras Sagradas, as fiéis testemunhas de Cristo (Jo.5:39). A Bíblia é lida e refletida em nossos lares na atualidade? Temos ensino doutrinário em nossas casas? Os pais ensinam a sã doutrina para seus filhos?

- Para ouvir a voz de Jesus, é preciso dedicarmos tempo para estarmos a sós com Jesus, a Seus pés. Há oração em nossos lares? Os familiares oram? Os familiares jejuam, para reforçar a oração? Há o culto doméstico, este instante de adoração a Deus pela família?

- Uma amizade com Jesus depende de tais atitudes e somente assim Jesus será um participante de nossa vida familiar, pois, ao nos ensinar e nos falar, seguiremos as Suas orientações e teremos sucesso em nossa jornada para o céu.

- A mesma Marta, porém, que havia tomado a iniciativa de receber Jesus em sua casa, de passar a ouvir o ensino do Senhor, num determinando momento se dispersou e deixou de ficar aos pés de Jesus, indo realizar os serviços domésticos, inclusive tomar providências para bem hospedar o ilustre convidado, preparando-lhe refeição e condições para repousar.

- O texto sagrado diz que Maria estava distraída com muitos serviços. A iniciativa dela de aproveitar a estada de Jesus para aprender as coisas espirituais cedeu lugar para a vida cotidiana, para o trato das coisas desta vida e precisamos tomar cuidado com isto, pois se trata de um dos elementos que pode fazer desaparecer a nossa vida espiritual, como ensina Cristo na parábola do semeador (Mt.13:22).

- Notadamente os provedores nas famílias podem se inclinar a esta tentação. Com a necessidade de sustentar a casa, notadamente nos dias difíceis em que vivemos, muitos, tomados pelas necessidades econômico-financeiras ou envolvidos pela mentalidade consumista e materialista vigente, acabam por sacrificar o tempo a sós com Jesus e se “distraem com muitos serviços”.

- Marta deixou Jesus falando e foi cuidar dos serviços domésticos. Jesus não ficou falando sozinho, porque Maria continuou a ouvir-lhe, mas, em muitas casas de cristãos que se dizem ser, hoje em dia, Jesus está calado, pois ninguém mais quer saber de com Ele falar. Encontra-Se o Senhor esquecido dentro de casa (se é que ainda está dentro da casa), como estava no barco no mar da Galileia (Cf. Mt.8:24; Mc.4:38; Lc.8:23,24).

- Marta deixou de aprender e escolher fazer o que Jesus depois disse não ser a melhor parte, mas algo que poderia ser facilmente tirado de Marta. Quando nos envolvemos com as coisas desta vida, corremos o risco de nos apegarmos a elas e, além de elas serem passageiras e passíveis de perda (Cf. Mt.6:19), com este apego fulminarmos a nossa vida espiritual, caminhando para a perdição eterna.

- Vejamos que pode muito bem ser que a maior parte, senão a totalidade daqueles serviços desempenhados por Marta estavam, direta ou indiretamente, relacionados com o Senhor Jesus, como a preparação de uma refeição para ele, dar-lhe condições para que se banhasse e repousasse, ou seja, aspectos materiais relacionados a Jesus, mas isto não era o mais importante.

- Muitas famílias, na atualidade, também estão envolvidas com um “ativismo eclesiástico”, ou seja, estão se desgastando com diversas tarefas materiais na obra do Senhor, mas não estão a aprender com Jesus, nem a “escolher a melhor parte”.

- Desgastam-se em múltiplas tarefas nas igrejas locais e, por causa delas até, não têm uma vida devocional, não oram, não meditam nas Escrituras, não cultuam a Deus. O resultado é que, mais cedo ou mais tarde, ocorrem verdadeiras tragédias espirituais dentro destas famílias, gerando, inclusive, escândalos nas igrejas locais, já que, por seu ativismo, alcançam elas proeminência na membresia, o que fazem com que sejam mais instrumentos do maligno do que de Deus.

- Não podemos mudar as prioridades estabelecidas pelo Senhor. Ele afirmou que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, que todas as coisas materiais nos serão acrescentadas (Mt.6:33). Devemos ver as coisas materiais tão somente como acréscimos, como necessidades, sim, mas necessidades que, a exemplo de nossa vida terrena, são igualmente passageiras.

- Devemos, sim, cuidar para que haja o sustento do nosso lar. Todos os integrantes da família devem se pautar pelos princípios bíblicos do trabalho, da dedicação ao trabalho, da honestidade, buscando também os pais dar aos filhos as condições para que, uma vez crescidos, possam também viver honestamente na sociedade.

- No entanto, jamais isto deve comprometer a busca do reino de Deus e de sua justiça. Não podemos de ter nosso instante de adoração em nossas famílias, não devemos deixar de ter Jesus no centro e de seguir-Lhe a orientação, de mantermos com Ele o diálogo mediante o aprendizado nas Escrituras e a prática da oração e do jejum, como também do culto doméstico.

- A melhor parte é escolher ficar aos pés de Jesus e torná-l’O a cabeça de todo o varão em nosso lar, fazê-l’O reinar em nossa casa.

- Foi assim que Jesus Se fez amigo daquela família (Cf. Jo.11:5). Jesus os amava e eles amavam a Jesus. Amamos ao Senhor quando guardamos a Sua Palavra (Jo.14:23), quando fazemos o que Ele manda (Jo.15:14).

II – A FAMÍLIA DE BETÂNIA ENTRA EM CRISE

- Que privilégio o da “família de Betânia”! Jesus era amigo de Marta, Maria e Lázaro e, pelo que se verifica, a partir de então, passou sempre a frequentar a casa deles quando ia para Jerusalém.

- No entanto, apesar de serem amigos de Jesus, a “família de Betânia” estava neste mundo e aqui sempre nos esperam aflições (Jo.16:33).

- Lázaro, que era o chefe da família, por ser o único irmão do sexo masculino, adoeceu. A enfermidade era grave e isto muito perturbou as irmãs Marta e Maria. A morte já havia causado profundas marcas naquela família, pois os irmãos eram órfãos. Agora, justamente o principal elemento desta família já precária, encontrava-se enfermo.

- As irmãs não tiveram dúvidas. Estava-se diante de uma família que era amiga de Jesus, que tinha aprendido com Ele e que Lhe obedecia e que sabia que Ele a amava. Assim, diante desta grande dificuldade, não tiveram dúvidas, foram buscar a ajuda de Jesus.

- Assim faz toda família que é amiga de Jesus. Em meio a qualquer dificuldade, a qualquer aflição, vai ao encontro de Jesus para pedir-Lhe a ajuda, superando todos os eventuais obstáculos que o mundo queira colocar para impedir que se vá até Jesus.

- Naquele tempo, Jesus ainda estava fisicamente entre nós e, portanto, as irmãs pediram que alguém fosse levar a notícia da doença para o Senhor. Jesus não estava na Judeia, pois sabia que os judeus queriam matá-l’O e ainda não havia chegado o momento de Ele morrer. Muito provavelmente, Jesus estava na Pereia, região que ficava do outro lado do rio Jordão, em frente a Jericó, no começo da estrada cuja última parada antes de Jerusalém era Betânia.

- Não deve ter sido fácil para as irmãs encontrarem alguém com disposição a ire até Jesus para dar-lhe a notícia da doença de Lázaro. Além de ser longe, havia o problema do comprometimento com Jesus. Mas as irmãs superaram estes obstáculos e conseguiram mandar a notícia para o Senhor.

- Em nossos dias, embora não haja esta distância física nossa com Jesus, basta orarmos e já entramos na Sua presença, não é fácil levarmos a notícia de nossas dificuldades ao Senhor. Isto porque, para entrarmos na presença d’Ele, diz-nos o escritor aos hebreus, precisamos ter verdadeiro coração em inteira certeza de fé, purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa (Hb.10:22), ou seja, precisamos estar em comunhão com o Senhor, termos nascido da água e do Espírito e estarmos em uma vida de santificação.

- A notícia mandada revela a intimidade que havia entre Jesus e aquela família: “Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas” (Jo.11:3).

- Por primeiro, vemos que “a família de Betânia” reconhecia Jesus como Senhor. Cria que Ele era Deus, que Ele era o Messias. Nenhuma família pode ser amiga de Jesus se não tiver tal fé, se não demonstrar tal consciência. É por isso que não são famílias amigas de Jesus aqueles que cultivam e mantêm ídolos em seu lar.

- Por segundo, “a família de Betânia” tinha a experiência do amor de Deus. Sabiam que eram amados por Jesus, desfrutavam e sentiam o amor de Deus em suas vidas. A família amiga de Jesus ama a Jesus porque sabe e experimenta que Jesus os amou primeiro (I Jo.4:19).

- Quando sabemos e experimentamos que Jesus nos ama, passamos a amá-l’O e isto, como já se disse, significa fazer o que Ele manda e guardar a Sua Palavra. Jesus, pelo amor que sabia que o Pai Lhe tinha (Mt.3:17), foi obediente até a morte, e morte de cruz (Cf. Fp.2:8).

- Por terceiro, vemos que “a família de Betânia” não fugiu da realidade. Lázaro estava enfermo. Era amado de Jesus, era um fiel servo do Senhor, mas estava enfermo. Veja que não houve sequer um pedido de cura por parte das irmãs. Elas apenas relataram que Lázaro, amado de Jesus, estava enfermo.

- No mundo teremos aflições. O fato de estarmos em comunhão com Jesus não nos impede de passarmos por dificuldades, entre as quais as enfermidades. Ninguém está imune a doenças porque ama a Jesus ou é amado por Ele, como ensina falsamente a chamada teologia da confissão positiva.

- Jesus não disse que Lázaro havia pecado, que deveria se arrepender, pois não era este o caso. O que o Senhor Se limitou a dizer, e Seu dito era precisamente para que fosse sabido pelas irmãs, pois seria levado pelo mensageiro, era de que aquela enfermidade não era para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus fosse glorificado por ela (Jo.11:4).

- A família amiga de Jesus é instrumento para a glorificação do Seu nome, como, aliás, individualmente todo e qualquer servo do Senhor. Embora passemos por aflições, embora tenhamos sofrimentos, tudo isto é para a glória de Deus. Quando cremos em Jesus e passemos a fazer parte da Igreja, que é o Seu corpo, passamos a compartilhar da Sua glória e tudo que nos acontece aqui é para a glória de Deus, para a glorificação do Seu nome.

- Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo diz que tudo quanto fizermos, devemos fazer para a glória de Deus (I Co.10:31). Se algo que quisermos fazer não tiver este resultado, esta consequência, mas, antes, servir de escândalo, não devemos fazê-lo (I Co.10:32,33).

- Jesus ainda ficou dois dias no lugar onde estava, para só então partir para Betânia e, quando ali chegou, já fazia quatro dias que Lázaro havia morrido (Jo.11:6,17).

- Ambas as irmãs, que haviam recebido aquela mensagem de Jesus de que a enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus, ao se encontrarem com o Senhor foram peremptórias em afirmar que, se Jesus estivesse lá, Lázaro não teria morrido (Jo.11:21,32).

- Notemos que, embora os dizeres das irmãs tenham sido os mesmos, as atitudes foram bem diferentes. Antes, porém, de analisar ambas as abordagens, é imperioso observar que, em momento algum, há uma demonstração de incredulidade em Jesus, como fariam alguns judeus que ali estavam (Cf. Jo.11:37).

- A família amiga de Jesus reconhece o Seu senhorio, a Sua soberania. Como já se disse, não houve pedido de cura, mas apenas a notícia de que Lázaro estava enfermo. Lógico que as irmãs queriam a cura, mas deixaram tudo na vontade e soberania do Senhor.

- Que lição que devemos aprender! Hoje em dia, muitos, notadamente em assuntos familiares, querem que o Senhor Jesus faça isso ou aquilo, e muitos desanimam na fé quando não acontece o que foi pedido. Quantos que se desviam porque seus filhos ou pais morreram sem serem curados; outros tantos, porque seus entes queridos se desviaram dos caminhos do Senhor; outros, por causa de escândalos cometidos por familiares.

- No entanto, “a família de Betânia” pediu que o Senhor fizesse a Sua vontade. Estavam as irmãs, obviamente, confusas e sem compreender o porquê terem sepultado Lázaro, já que Jesus dissera que aquele enfermidade não era para a morte, sem saber, também, porque Jesus demorara tanto em vir, mas o fato é que não deixaram de reconhecer o senhorio de Cristo, tanto quando Lhe mandaram a notícia, tanto quando agora na Sua chegada aparentemente tardia.

- Ao saber que Jesus havia chegado a aldeia, Marta, apressadamente, foi ao Seu encontro. Apesar de todos os infortúnios e da incompreensão, Marta não deixou de ir até onde Jesus estava. Jamais devemos deixar de buscar a Jesus, de encontrar-Se com Ele. Apesar de todas as dificuldades e impossibilidades, não há outro a quem podemos recorrer.

- Marta, então, disse a Jesus que, se Ele estivesse lá, Lázaro não teria morrido. Tratava-se de um desabafo, de uma constatação. Jesus quis que Lázaro morresse e, por isso, não foi até a família. Embora reconhecendo o senhorio de Cristo, Marta mostrava uma certa mágoa, um inconformismo.

- Jesus, então, disse a Marta que seu irmão iria ressuscitar e Marta, então, disse que já sabia disto, que ele iria ressuscitar na ressurreição do último dia, como já dissera o profeta Daniel. Para Marta, Jesus quis que Lázaro morresse e revela não crer na mensagem de que a enfermidade não seria para a morte.

- Jesus, então, diz a Marta que Ele era a ressurreição e a vida e quem n’Ele cresse, ainda que estivesse morto, viveria. Jesus fez valer a Marta que Suas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. A família amiga de Jesus, mesmo em meio às crises e muitas delas incompreensíveis, não pode deixar de crer naquilo que Jesus disse que será, ainda que tudo indique que seja impossível vê-las cumpridas, até porque para Deus nada é impossível (Lc.1:37).

- Marta foi renovada em sua fé com as palavras de Jesus e voltou para casa, tudo entregando nas mãos do Senhor. Jesus, porém, queria falar com Maria.

- Maria demonstra que tinha uma fé superior a de Marta, e não é difícil entender porque, visto que sempre escolhera a melhor parte. Não foi ao encontro de Jesus, porque esperou que Jesus a chamasse. Ela também não entendia o que estava acontecendo, ante as palavras de Cristo em resposta ao seu chamado, mas preferiu, de pronto, tudo deixar na dispensação do Senhor.

- Quando Jesus a chamou, então se levantou e foi até onde estava Jesus. Veja que as pessoas que ali tinham ido para consolar as irmãs acharam que ela ia ao sepulcro para chorar, mas ela foi até onde estava o Senhor.

- Marta havia sido discreta ao dar o chamado de Jesus a Maria e isto nos traz uma lição importante, qual seja, a de que devemos manter a nossa intimidade familiar com o Senhor. No mundo romano, o local onde se fazia o culto aos antepassados, o “lar”, não era de acesso senão aos familiares e a alguns servos, que eram considerados como íntimos, quase como integrantes da família.

- Este costume, também, vemos em Abrão, que também mantinha os da sua casa separados dos demais (Cf. Gn.14:14). Devemos ter uma intimidade familiar com o Senhor, de modo que esta intimidade não seja revelada aos outros, sejam eles quem forem.

- Ao chegar até onde estava Jesus, Maria repetiu as mesmas palavras de Marta, mas a abordagem era totalmente diferente. Maria prostrou-se aos pés do Senhor, ou seja, teve uma atitude de adoração, sem entender porque Jesus tinha permitido a morte de Lázaro, mas compreendendo o Seu senhorio e preferindo adorá-l’O do que demonstrar mágoa.

- Esta atitude de Maria comoveu Jesus que não só chorou, demonstrando todo o Seu amor para com aquela família, como também já quis ir até o sepulcro, onde ressuscitou a Lázaro e assim cumpriu o que dissera de que a enfermidade não era para a morte mas para a glória de Deus.

- Marta ainda resistiu, dizendo que o defunto já cheirava mal, mas Jesus lhe disse que se cresse, veria a glória de Deus.

- “A família de Betânia” mostra-nos, assim, como se devem enfrentar as crises quando se é amigo de Jesus.

III – A FAMÍLIA DE BETÂNIA EM COMUNHÃO E ADORAÇÃO

- O terceiro episódio a envolver “a família de Betânia” é o jantar que os irmãos ofereceram a Jesus poucos dias antes de Sua paixão e morte, ocasião em que Maria (sempre ela) ungiu o corpo de Jesus (Jo.12:1-11).

- Lázaro havia sido ressuscitado por Jesus e isto causou grande alvoroço, pois muitos vinham até Betânia para ver a Lázaro e constatar este grande milagre realizado por Cristo. A repercussão tinha sido tanta que os judeus também haviam resolvido matar Lázaro (Jo.12:10,11).

- A família, porém, não se acovardou diante destas circunstâncias. Eles amavam a Jesus e Lhe eram extremamente gratos e, por isso, não só não se intimidaram em demonstrar publicamente a sua fé em Jesus, em reconhecê-l’O como o Cristo, como também resolveram fazer uma ceia para Ele.

- A refeição, na cultura oriental, e na israelita em particular, simbolizava comunhão. Comer e beber juntos tinha o significado de compartilhar a vida, de estar juntos, de querem constituir um compromisso, uma vida em comum. Não é por outro motivo, aliás, que a ceia do Senhor é uma ceia, uma refeição, onde se declara a comunhão com Cristo e com a Sua Igreja.

- Ao decidirem fazer uma ceia para Jesus, “a família de Betânia” publicamente dizia estar em comunhão com Cristo, compartilhar a sua vida com Ele, amá-l’O enfim.

- Nossa família tem comunhão com Jesus? Andamos junto com Ele? Agradamos-Lhe? Observemos que dois não andam juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3).

- A família amiga de Jesus não pode ter receio de anunciar publicamente a sua fé em Cristo. Evidentemente que um anúncio desta natureza obriga a se ter um testemunho condizente com este anúncio e, talvez por isso, muitos prefiram se calar…

- Lázaro estava à mesa com Jesus e Marta o servia. Como sempre, Marta estava cuidando dos aspectos materiais, e Lázaro estava sendo o anfitrião, como chefe da casa que era, compartilhando da comida e bebida com o Senhor, com Ele conversando.

- A família amiga de Jesus tem de ter a dimensão do serviço material, deve envolver-se nos trabalhos da igreja local, contribuindo assim para que estes elementos do mundo em que vivemos não atrapalhe a realização das obras espirituais, como a salvação de almas, a realização de sinais, prodígios e maravilhas.

- A família amiga de Jesus deve também desenvolver a comunhão com os irmãos e com os outros, visando seja a edificação espiritual mútua dos membros em particular do corpo de Cristo (a começar dos domésticos da fé), seja a salvação das almas. Era o que fazia Lázaro, estando à mesa com Jesus e os demais convidados.

- Mas, em meio a esta situação, eis que surge Maria, aquela da melhor parte, que, tendo tomado uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, avaliado em trezentos denários, ou seja, praticamente o salário de um ano de um trabalhador, ungiu os pés de Jesus e passou a enxugar-lhos com seus cabelos (Jo.12:3).

- Maria traz aqui uma outra dimensão da família amiga de Jesus, a dimensão da adoração, da devoção ao Senhor, do reconhecimento de quem Ele é, algo que não pode faltar na vida de cada um e na vida da família.

- Maria não se preocupou com a comida, nem com a bebida, nem tampouco com os convidados, mas se lançou aos pés de Jesus, para continuar a adorá-l’O, a reconhecê-l’O como seu Senhor, como a única pessoa digna de adoração e de devoção.

- A família amiga de Jesus jamais pode deixar de adorar ao Senhor, de devotar-Lhe todo o seu entendimento, todo o seu sentimento, toda a sua vontade. Temos feito assim?

COMO TRANSFORMAR A CRISE EM TRIUNFO

 

Texto Base: Gn.26:1-33:

1 Sobrevindo fome à terra, além da primeira havida nos dias de Abraão, foi Isaque a Gerar, avistar-se com Abimeleque, rei dos filisteus.

2 Apareceu-lhe o SENHOR e disse: Não desças ao Egito. Fica na terra que eu te disser;

3 habita nela, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e a tua descendência darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai.

4 Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e lhe darei todas estas terras. Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra;

5 porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.

6 Isaque, pois, ficou em Gerar.

7 Perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito de sua mulher, disse: É minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher; para que, dizia ele consigo, os homens do lugar não me matem por amor de Rebeca, porque era formosa de aparência.

8 Ora, tendo Isaque permanecido ali por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque acariciava a Rebeca, sua mulher.

9 Então, Abimeleque chamou a Isaque e lhe disse: É evidente que ela é tua esposa; como, pois, disseste: É minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: para que eu não morra por causa dela.

10 Disse Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente algum do povo teria abusado de tua mulher, e tu, atraído sobre nós grave delito.

11 E deu esta ordem a todo o povo: Qualquer que tocar a este homem ou à sua mulher certamente morrerá.

12 Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o SENHOR o abençoava.

13 Enriqueceu-se o homem, prosperou, ficou riquíssimo;

14 possuía ovelhas e bois e grande número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja.

15 E, por isso, lhe entulharam todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado, nos dias de Abraão, enchendo-os de terra.

16 Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque já és muito mais poderoso do que nós.

17 Então, Isaque saiu dali e se acampou no vale de Gerar, onde habitou.

18 E tornou Isaque a abrir os poços que se cavaram nos dias de Abraão, seu pai (porque os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão), e lhes deu os mesmos nomes que já seu pai lhes havia posto.

19 Cavaram os servos de Isaque no vale e acharam um poço de água nascente.

20 Mas os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso, chamou o poço de Eseque, porque contenderam com ele.

21 Então, cavaram outro poço e também por causa desse contenderam. Por isso, recebeu o nome de Sitna.

22 Partindo dali, cavou ainda outro poço; e, como por esse não contenderam, chamou-lhe Reobote e disse: Porque agora nos deu lugar o SENHOR, e prosperaremos na terra.

23 Dali subiu para Berseba.

24 Na mesma noite, lhe apareceu o SENHOR e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo.

25 Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do SENHOR, armou a sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço.

26 De Gerar foram ter com ele Abimeleque e seu amigo Ausate e Ficol, comandante do seu exército.

27 Disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois me odiais e me expulsastes do vosso meio?

28 Eles responderam: Vimos claramente que o SENHOR é contigo; então, dissemos: Haja agora juramento entre nós e ti, e façamos aliança contigo.

29 Jura que nos não farás mal, como também não te havemos tocado, e como te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Tu és agora o abençoado do SENHOR.

30 Então, Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam.

31 Levantando-se de madrugada, juraram de parte a parte; Isaque os despediu, e eles se foram em paz.

32 Nesse mesmo dia, vieram os servos de Isaque e, dando-lhe notícia do poço que tinham cavado, lhe disseram: Achamos água.

33 Ao poço, chamou-lhe Seba; por isso, Berseba é o nome daquela cidade até ao dia de hoje.

A crise é tipo uma bifurcação na estrada: uns seguem o caminho da vitória, enquanto outros descem ladeira abaixo rumo ao fracasso. Tem gente que triunfa na crise, enquanto outros fracassam. Mas é justamente nesse momento de turbulência que surgem os grandes vencedores.

A crise pode ser uma oportunidade e tanto: uns enxergam uma porta de esperança, enquanto outros só veem um buraco negro engolindo seus sonhos. É natural sentir medo, insegurança e instabilidade em tempos difíceis, mas precisamos lembrar que a crise também pode ser um momento de intervenção sobrenatural de Deus.

Vejamos, à luz do texto lido, cinco princípios para transformar a crise em triunfo.

1. Na crise, siga a orientação de Deus, em vez de fugir (Gn.26:1-6)

Há quatro atitudes que precisamos tomar em tempos de crise:

- Em primeiro lugar, na crise somos desafiados a lutar pela própria sobrevivência (Gn.26:1).

Sobrevindo fome à terra, além da primeira havida nos dias de Abraão, foi Isaque a Gerar, avistar-se com Abimeleque, rei dos filisteus”.

Isaque estava vivendo numa época difícil, onde a fome era um problema sério. A economia estava em crise, empregos eram raros e todo mundo precisava apertar o cinto. Mas em vez de ficar choramingando, Isaque decidiu agir; ele foi buscar novas oportunidades.

Hoje em dia, nós também estamos enfrentando nossos próprios desafios. A classe média está sofrendo; muitos jovens não conseguem entrar na universidade e a luta por empregos é feroz. O desemprego é um monstro que assombra muitas famílias, e o medo do futuro é real e apavora os pais de família. Mas assim como Isaque, precisamos se mover e buscar novas soluções. Afinal, a batalha por um emprego é tão importante quanto a batalha por uma vaga na universidade. Vamos encarar esses desafios de frente e lutar por um futuro melhor.

- Em segundo lugar, na crise não podemos buscar atalhos sedutores (Gn.26:2).

“Apareceu-lhe o SENHOR e disse: Não desças ao Egito. Fica na terra que eu te disser”

Isaque estava prestes a cair na tentação de descer ao Egito, onde as coisas pareciam fáceis e abundantes. Afinal, quem não quer uma solução rápida e sem dor? Mas Deus interveio e disse: "Nem pense nisso, Isaque. Não desça ao Egito".

Cuidado para não transigir com os valores de Deus na hora da crise. Cuidado para não tapar os ouvidos à voz de Deus na hora da crise. Desista das vantagens imediatas por bênçãos mais invisíveis (Gn.26:3) e remotas (Gn.26:4). Desista dos seus planos e siga o projeto de Deus, ainda que isso pareça estranho.

- Em terceiro lugar, na crise precisamos tirar os olhos das circunstâncias e pô-los nas promessas de Deus (Gn.26:3-5).

3 habita nela, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e a tua descendência darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai.

4 Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e lhe darei todas estas terras. Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra;

5 porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandados, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.

Deus disse a Isaque: não fuja, fique! Floresça onde você está plantado! Não corra dos problemas, enfrente-os, vença-os!

Seu futuro está nas mãos de Deus. Não deixe a ansiedade estrangular você: Onde morar? Onde trabalhar? Onde meus filhos estudarão? Como eu pagarei meu plano de saúde? E se eu ficar doente...? Saiba que Deus cuida de você. Você vale mais do que as aves do céu e as flores do campo. Certa vez Jesus disse isso para os seus discípulos (Mt.6:25-34):

25. Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?

26. Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27. E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

28. E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam.

29. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?

31. Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?

32. (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas;

33. Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.

34. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Deus conhece cada uma das nossas necessidades. Ele é poderoso para suprir todas elas. Ele jamais desamparou o justo nem permitiu que sua descendência mendigasse o pão.

Deus acalmou o coração de Isaque e lhe disse: calma, Eu estou com você; calma, eu tomo conta de tua descendência; calma, seu futuro está nas minhas mãos, e não será destruído pelo terremoto das circunstâncias; calma, farei de você e da tua descendência uma bênção para o mundo todo.

A causa de nossa vitória não é ausência de problemas, mas a presença de Deus nos garantindo a vitória. Moisés não se dispôs a atravessar o deserto sem a presença de Deus. Paulo perguntou: "se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm.8:31). Você e Deus são maioria absoluta. Com Deus ao seu lado, você é mais do que vencedor. Creia nisso!!

- Em quarto lugar, na crise precisamos obedecer sem racionalizações (Gn.26:6).

“Isaque, pois, ficou em Gerar”.

Deus deu duas ordens a Isaque: não desças ao Egito (Gn.26:2) e fique na terra de Gerar (Gn.26:2,6). Isaque não discutiu, não questionou, não racionalizou, não duvidou. Ele obedeceu de imediato, pacientemente. Ele aprendeu com seu pai, Abraão. Deus disse a Abraão: "sai-te da tua terra e vai para a terra que eu te mostrarei"; e Abraão obedeceu. Deus disse a Abraão: "toma agora teu filho, o teu único filho; vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto"; e Abraão foi e ofereceu seu filho. Deus disse a Abraão: "não estendas a mão sobre o mancebo"; e ele obedeceu. O caminho da obediência é o caminho da bênção. Na crise, não fuja de Deus; obedeça-O!

2. Na crise, invista em seu relacionamento familiar, em vez de mentir (Gn.26:7-11)

Perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito de sua mulher, disse: É minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher; para que, dizia ele consigo, os homens do lugar não me matem por amor de Rebeca, porque era formosa de aparência”.

Dois fatos nos chamam a atenção neste ponto:

- Em primeiro lugar, os grandes homens também têm os pés de barro (Gn.26:7).

“Perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito de sua mulher, disse: É minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher; para que, dizia ele consigo, os homens do lugar não me matem por amor de Rebeca, porque era formosa de aparência”.

Isaque mentiu para salvar sua pele e pôs sua mulher na maior de todas as encrencas. Ele demonstrou que amava mais a si mesmo do que a esposa. A Bíblia diz que o marido deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja, entregando-se por ela, mas Isaque estava disposto a sacrificar sua mulher para poupar-se. Ele estava preocupado com sua segurança, e não com os sentimentos de sua mulher. Ele negou o mais sagrado dos relacionamentos: a união conjugal. Ele foi covarde na hora que precisava ser mais corajoso. Ele pôs sua mulher no balcão dos desejos e na vitrina da cobiça. Ele usou um dote físico da esposa, sua beleza, como um fator de risco para ela.

- A mentira contada (Gn.26:7) tornou-se mentira descoberta (Gn.26:8,9).

8. Ora, tendo Isaque permanecido ali por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque acariciava a Rebeca, sua mulher.

9. Então, Abimeleque chamou a Isaque e lhe disse: É evidente que ela é tua esposa; como, pois, disseste: É minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: para que eu não morra por causa dela.

- A mentira descoberta tornou-se mentira reprovada (Gn.26:10,11).

10 Disse Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente algum do povo teria abusado de tua mulher, e tu, atraído sobre nós grave delito.

11 E deu esta ordem a todo o povo: Qualquer que tocar a este homem ou à sua mulher certamente morrerá.

- Em segundo lugar, os grandes homens às vezes se tornam incoerentes (Gn.26:8-11).

8 Ora, tendo Isaque permanecido ali por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhando da janela, viu que Isaque acariciava a Rebeca, sua mulher.

9 Então, Abimeleque chamou a Isaque e lhe disse: É evidente que ela é tua esposa; como, pois, disseste: É minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: para que eu não morra por causa dela.

As carícias na intimidade eram uma contradição e uma negação do compromisso em público. Isaque só era marido dentro do quarto; fora dos portões, não tinha coragem de assumir sua mulher. Isso certamente feriu o coração de Rebeca. Daí para frente, o diálogo morreu na vida desse casal; eles passaram a velhice na solidão; jogaram um filho contra o outro e sofreram amargamente as consequências. A velhice de Isaque foi vivida com a ausência de Jacó, a revolta de Esaú e a falta de diálogo com Rebeca.

Isaque cometeu três pecados graves: mentira, egoísmo e medo. Não deixe que a crise financeira ou qualquer outro problema familiar fragilize seu relacionamento conjugal. A crise deve ser um tempo de aproximação do casal, e não de instabilidade. Hoje, 50% dos casamentos acabam em divórcio; dez anos depois do segundo casamento, 70% terminam também em divórcio. Nos últimos seis anos, o índice de divórcio na terceira idade aumentou 51%.

Sua família é seu maior patrimônio; nenhum sucesso compensa o fracasso de sua família. Não deixe o doce ficar amargo. Invista em seu relacionamento conjugal.

3. Na crise, vença os prognósticos pessimistas e faça investimentos, em vez de ficar lamentando (Gn.26:12-14)

12 Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o SENHOR o abençoava.

13 Enriqueceu-se o homem, prosperou, ficou riquíssimo;

14 possuía ovelhas e bois e grande número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja.

Destacamos três verdades revolucionárias nesta passagem:

- Em primeiro lugar, semeie na sua terra, ainda que todos duvidem que isso será um sucesso (Gn.26:12).

“Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o SENHOR o abençoava”.

Muitos podiam dizer: o lugar é deserto; aqui não chove; a terra é seca, aqui não tem água; não vai dar certo. Outros já tentaram e fracassaram. Não tem jeito. Jamais sairemos dessa crise. Isaque, porém, se recusou a aceitar a decretação do fracasso em sua vida. Ele desafiou o tempo, as previsões, os prognósticos, a lógica: "Isaque semeou naquela terra".

Eu conclamo você a parar de reclamar. Semeie em sua terra - Semeie em seu casamento; semeie em seus filhos; semeie em seu trabalho; semeie em sua igreja. Não importa se hoje o cenário é de um deserto, lance suas redes em nome de Jesus. Lance seu pão sobre as águas. Ande pela fé.

Davi podia pensar o mesmo diante de Golias. Durante quarenta dias, o exército de Saul correu daquele gigante, com as pernas bambas de medo. Porém, Davi, em vez de correr do gigante, correu para vencer o gigante e triunfou sobre ele. Agarre seu gigante pelo pescoço. Semeie em seu deserto. Deus faz o deserto florescer.

- Em segundo lugar, torne-se um especialista no que você faz; não se acomode (Gn.26:18-22).

18 E tornou Isaque a abrir os poços que se cavaram nos dias de Abraão, seu pai (porque os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão), e lhes deu os mesmos nomes que já seu pai lhes havia posto.

19 Cavaram os servos de Isaque no vale e acharam um poço de água nascente.

20 Mas os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso, chamou o poço de Eseque, porque contenderam com ele.

21 Então, cavaram outro poço e também por causa desse contenderam. Por isso, recebeu o nome de Sitna.

22 Partindo dali, cavou ainda outro poço; e, como por esse não contenderam, chamou-lhe Reobote e disse: Porque agora nos deu lugar o SENHOR, e prosperaremos na terra.

Quando estamos vivendo num deserto, precisamos nos tornar especialistas em derrotar crises. Isaque começou a cavar poços - cavou sete poços. Ele se especializou no que fazia. Ele buscava um milagre, mas estava pronto a suar a camisa.

Seja como Isaque. Você quer ser aprovado no Enem? Estude com afinco. Você quer passar em algum concurso? Estude com seriedade e dedicação. Um especialista disse que é mais fácil ganhar na loteria do que passar num concurso sem estudar. Você está desempregado e quer arranjar um novo emprego? Saia de casa de madrugada e lute pelo seu sonho. Você quer ser uma pessoa próspera? Mexa-se, pare de ficar deitado de papo para o ar; vá à luta; especialize-se no que você faz. Isaque tornou-se especialista em cavar poços no deserto; por isso, ele prosperou quando todo mundo estava reclamando da crise e da fome.

Charles Steinmetz era um anão deformado, mas foi uma das maiores inteligências que o mundo já viu no campo da eletricidade. Foi ele quem fabricou os primeiros geradores para a fábrica da Ford, em Michigan. Um dia, os geradores queimaram, e toda a fábrica parou. Mandaram chamar vários mecânicos e eletricistas para consertá-los, mas ninguém conseguiu que funcionassem. A empresa estava perdendo dinheiro. Então, Henry Ford mandou chamar Steinmetz. O gênio chegou ali, ficou a remexer por algumas horas, depois ligou a chave, e toda a fábrica voltou a funcionar. Alguns dias depois, Henry Ford recebeu a conta de Steinmetz no valor de 10 mil dólares. Embora fosse muito rico, Henry Ford devolveu a conta com um bilhete: "Charles, essa conta não está muito alta para um serviço de poucas horas, em que você apenas deu uma mexida naqueles motores?". Charles devolveu-a a Ford, mas, dessa vez, tinha uma explicação: "valor da mexida nos motores, 100 dólares. Valor do conhecimento do lugar certo para mexer, 9.900 dólares. Total: 10 mil dólares". E Ford pagou a conta.

- Em terceiro lugar, faça o ordinário e espere o extraordinário de Deus (Gn.26:12-14).

Isaque colheu a cem por um no deserto, na seca (Gn.26:12) - "e engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo" (Gn.26:13). Isaque tornou-se um próspero empresário rural (Gn.26:14). Qual a razão? O Senhor o abençoou (Gn.26:12b).

A intervenção sobrenatural de Deus não anula a ação natural do homem: Isaque experimentou o milagre de Deus na crise. Mas Isaque não prosperou na passividade, ele cavou poços, ele plantou, ele investiu, ele trabalhou, ele foi um empreendedor. É hora de parar de falar em crise e arregaçar as mangas. É hora de parar de reclamar e começar a trabalhar com afinco. Há uma profunda relação entre a diligência humana e a bênção de Deus, entre trabalho e prosperidade (Pv.10:4; 13:4; 28:19).

4. Na crise, proteja o seu coração da amargura, em vez de brigar pelos seus direitos (Gn.26:14b-21)

14 possuía ovelhas e bois e grande número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja.

15 E, por isso, lhe entulharam todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado, nos dias de Abraão, enchendo-os de terra.

16 Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque já és muito mais poderoso do que nós.

17 Então, Isaque saiu dali e se acampou no vale de Gerar, onde habitou.

18 E tornou Isaque a abrir os poços que se cavaram nos dias de Abraão, seu pai (porque os filisteus os haviam entulhado depois da morte de Abraão), e lhes deu os mesmos nomes que já seu pai lhes havia posto.

19 Cavaram os servos de Isaque no vale e acharam um poço de água nascente.

20 Mas os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso, chamou o poço de Eseque, porque contenderam com ele.

21 Então, cavaram outro poço e também por causa desse contenderam. Por isso, recebeu o nome de Sitna.

Destaco duas verdades importantes aqui:

- Em primeiro lugar, esteja no controle de seus sentimentos, pois sua paz de espírito é melhor do que a riqueza.

Isaque enfrentou a inveja dos filisteus (Gn.26:14), a suspeita e a rejeição de Abimeleque (Gn.26:16) e a contenda dos pastores de Gerar (Gn.26:20,21). As pessoas normalmente não se alegram quando você prospera. Inveja, rejeição e contenda são tensões que você precisa enfrentar.

Como Isaque enfrentou a inveja, a rejeição e a contenda? Com paciência. Quando Abimeleque o mandou sair de sua terra, ele saiu. Quando os filisteus encheram seus poços de entulho, ele saiu e abriu outros poços. Quando os pastores de Gerar contenderam para tomar os dois poços novos, ele não discutiu, foi adiante para abrir o terceiro poço. Ele teve uma reação transcendental. Ele perdoou aqueles que lhe fizeram o mal. Isaque mostrou que o perdão não é simplesmente uma questão de ação, mas sobretudo uma questão de reação. Isaque nos ensina que é melhor sofrer o dano do que entrar numa briga buscando nossos direitos.

Portanto, é impossível ser verdadeiramente próspero sem exercitar o perdão. Quem guarda mágoa e passa por cima dos outros não é feliz. Quem atropela os outros e fere as pessoas não tem paz.

- Em segundo lugar, quando você teme a Deus, ele reconcilia com você seus inimigos (Gn.26:26-33).

26 De Gerar foram ter com ele Abimeleque e seu amigo Ausate e Ficol, comandante do seu exército.

27 Disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois me odiais e me expulsastes do vosso meio?

28 Eles responderam: Vimos claramente que o SENHOR é contigo; então, dissemos: Haja agora juramento entre nós e ti, e façamos aliança contigo.

29 Jura que nos não farás mal, como também não te havemos tocado, e como te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Tu és agora o abençoado do SENHOR.

30 Então, Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam.

31 Levantando-se de madrugada, juraram de parte a parte; Isaque os despediu, e eles se foram em paz.

32 Nesse mesmo dia, vieram os servos de Isaque e, dando-lhe notícia do poço que tinham cavado, lhe disseram: Achamos água.

33 Ao poço, chamou-lhe Seba; por isso, Berseba é o nome daquela cidade até ao dia de hoje.

Abimeleque expulsou Isaque, mas agora o procura, pede perdão e reconhece que Isaque é "o abençoado do Senhor" (Gn.26:29), e Isaque o perdoa, e eles se reconciliam.

A prosperidade que não passa pela paz de espírito não é a verdadeira prosperidade. A Paz de Deus implica uma prosperidade ampla, que abrange todas as áreas dos nossos relacionamentos. Precisamos ter paz com Deus e com as pessoas. Precisamos ter relacionamentos na vertical e também na horizontal. Precisamos ter pressa em fugir de contendas e também em perdoar aqueles que nos ferem. É uma regra basilar para quem quer ter uma vida de paz e próspera.

Conclusão

Concluo esta mensagem com duas aplicações práticas:

- A primeira aplicação é que não basta ser próspero, é preciso ser também piedoso (Gn.26:24,25).

Na mesma noite, apareceu o Senhor a Isaque e disse: eu sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo. Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do Senhor, armou a sua tenda e os servos de Isaque abriram ali um poço.

Isaque misturava liturgia e trabalho. Ele levantava altares em seu trabalho. Ele levava Deus para seu trabalho e trazia seu trabalho para Deus. Tudo que você faz na vida precisa ser um ato litúrgico. Você precisa trafegar da igreja para o trabalho com a mesma devoção. Sua segunda-feira não pode ser diferente do culto de domingo à noite. Antes de receber seu culto, Deus precisa se deleitar com sua vida. Se em seu escritório, balcão, comércio, campo, repartição pública você não levanta altares a Deus, seu culto na igreja é vazio.

- A segunda aplicação é que, se a crise chegou, você é um forte candidato a um extraordinário milagre de Deus. Se você está no deserto, ouça o que Deus está lhe falando pela sua bendita Palavra. Siga a direção de Deus e semeie em seu deserto. Se você vive num lugar seco, reabra os “poços” antigos; busque as fontes da graça de Deus; retire os entulhos; não deixe seu coração azedar. E o seu deserto florescerá. Se o “chão” está duro, regue a semente com suas lágrimas e prepare-se para uma colheita miraculosa!

Amém?