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O CASAMENTO É PARA SEMPRE

 

Texto Base: Mateus 5:27-32
“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt.19:6).

Mateus 5:

27.Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.

28.Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela.

29.Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.

30.E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno.

31.Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite.

32.Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo sobre o Sermão do Monte, vamos estudar nesta Aula a respeito do caráter vitalício do casamento. O casamento é a mais básica e influente unidade social no mundo. Gênesis 2:18-24 revela que o casamento nasceu no coração de Deus quando não havia ainda legisladores, leis, Estado ou Igreja. Deus não somente criou o casamento, também o abençoou (Gn1:28). O casamento, portanto, nasceu no Céu, e não na terra; nasceu no coração de Deus, e não no coração do homem; é expressão do amor de Deus, e não fruto da lucubração humana. Tendo sido, portanto, criado por Deus, o casamento deve ser para sempre; é uma união permanente; ninguém tem autoridade para separar o que Deus uniu. Marido e mulher devem estar juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na prosperidade e na adversidade; só a morte pode separá-los (Rm.7:2; 1Co.7:39). “...Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt.19:6).

I. A CONDENAÇÃO DO ADULTÉRIO

1. Definição de adultério

Segundo o dicionário Wycliffe, adultério é a relação sexual entre uma pessoa casada e outra que não é seu cônjuge. Geralmente o adultério era perdoado nas culturas pagãs, particularmente quanto a parte do homem que, embora fosse casado, não era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem ou com uma virgem que estivesse noiva. O adultério é estritamente proibido tanto no Antigo Testamento (o sétimo mandamento, Ex.20:14; Dt.5:18; punível sob a lei com morte por apedrejamento, Lv.20:10; Dt.22:22ss.) quanto no Novo Testamento (Rm.13:9; Gl.5:19; Tg.2:11). O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo adultério da mesma forma como fez para outros mandamentos, incluindo o propósito ou o desejo de cometer o próprio ato em si (Mt.5:28).

Na Bíblia Sagrada, o termo adultério (em hebraico na’aph e em grego moicheia) é muitas vezes utilizado como uma metáfora para representar a idolatria ou apostasia da nação de Israel e do povo comprometido com Deus. Exemplos disso podem ser encontrados em Jeremias 3:8,9; Ezequiel 23:26,43; Oseias 2:2-13; Mateus 12:39; Tiago 4:4. Esse uso está baseado na analogia do relacionamento entre Deus e o seu povo, que é semelhante ao relacionamento entre o marido e a sua esposa, uma característica comum tanto do Antigo Testamento (Jr.2:2; 3:14; 13:27; Os.8:9) como do Novo Testamento (João 3:29; Ap.19:8,9; 21:2,9). O casamento, que envolve ao mesmo tempo um pacto legal e um vínculo de amor, representa um símbolo muito adequado do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (Ef.5:25-27).

Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento (uma pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem ser isto natural e compreensível). Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-35). Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família, célula-mãe da sociedade, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas. Na Bíblia, o adultério é a figura da infidelidade, da própria perdição, tamanho o mal que representa. A Bíblia afirma que o próprio Deus é quem julgará os adúlteros (Hb.13:4).

2. A posição de Jesus quanto ao adultério

Depois de tratar do sexto mandamento, Jesus volta sua atenção, agora, para o sétimo mandamento. Disse Ele no Sermão do Monte: “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt.5:27,28 –ARA). Segundo Hernandes Dias Lopes, os rabinos limitavam o adultério apenas à infidelidade sexual. Jesus, porém, amplia o significado desse pecado para o olhar lascivo e o coração impuro. Embora os homens não possam julgar o olhar adúltero e o coração impuro, Deus, que sonda os corações, condena a intenção como se pecado consumado fosse. Não basta ir à cama do adultério para quebrar o sétimo mandamento, basta ter a intenção de arrastar para cama a pessoa ilicitamente desejada. Warren Wiersbe afirma que o desejo e a prática não são idênticos, mas, em termos espirituais, são equivalentes. O ‘olhar’ (Mt.5:28) que Jesus menciona não é apenas casual e de relance; antes, é um olhar fixo e demorado, com propósitos lascivos. Portanto, o homem descrito por Jesus olha para a mulher com o propósito de alimentar seus apetites sexuais interiores, como um substituto para o ato sexual em si. Não é uma situação acidental, mas um ato planejado.

Há uma luta constante entre o espírito e a carne. O velho homem está sempre querendo erguer sua fronte para nos arrastar para o pecado. Como lidar com os pecados da impureza? Jesus adota um tratamento radical, e não gradual – “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno” (Mt.5:29,30). É claro que Ele não defende a amputação física do olho direito nem da mão direita, mas a amputação moral, uma cirurgia espiritual. Jesus não está ordenando a mutilação do corpo, mas o controle do corpo para não se render ao pecado. Não se deve fazer concessão ao pecado.

3. Os males do adultério

A infidelidade conjugal destrói casamentos e famílias, trazendo grandes prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais. O pior de tudo, afasta a pessoa de Deus. Segundo o sábio bíblico, “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv.6:32). Contudo, ainda que alguns tenham ciência das consequências devastadoras desse ato, pouco se faz com o objetivo de evitá-lo, e não são poucos os que “flertam com o inimigo ao lado”. Veja algumas consequências, dentre muitas:

a) Perda da comunhão familiar. Quando um cônjuge adultera causa terrível transtorno à sua família: Em primeiro lugar, atinge o cônjuge; em segundo lugar, os demais membros da família, principalmente os filhos, que ficam confusos e perplexos por saber que o pai ou a mãe foi infiel, traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O adultério mina o edifício da família em sua base, que é a confiança do esposo na esposa, e dos filhos nos pais. Em quem confiar, se os pais traem um ao outro? O resultado dessa quebra de confiança é a tristeza, a decepção e a revolta dos filhos. Muitos, não tendo estrutura espiritual e emocional, enveredam por caminhos perigosos, envolvendo-se com drogas, bebida e prostituição. Quem pratica a infidelidade conjugal está edificando sua casa sobre a areia (Mt.7:26).

b) Perda da comunhão com Deus. O adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar e da família. Ele divide a família, afasta o cônjuge da presença de Deus e impede as bênçãos divinas. O rei Davi mais do que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm.11:27), perdoou-o por se arrepender profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis e trágicas consequências. Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada feita apenas num instante; pagam um alto preço por uma desobediência; choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.

c) Morte espiritual. O adultério leva à morte espiritual, às vezes até à morte física. O mais perigoso é a morte eterna, ou seja, o afastamento eterno de Deus; é a pior consequência da infidelidade conjugal. Alguns minutos de prazer ilícito podem levar um homem, ou uma mulher, para o inferno - “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros...herdarão o Reino de Deus” (1Co.6:10). É necessário estar alerta para as ciladas do inimigo. O sábio Salomão, usado por Deus, exortou e advertiu quanto aos perigos do adultério. Sua palavra era a Palavra de Deus convocando seus filhos à vigilância contra a infidelidade conjugal. Ele verberou contra a prática pecaminosa, reconhecendo que "os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite" (Pv.5:3). No início, são "favos de mel", que depois, podem transformar-se em "favos de fel". Pense nisso!

II. O QUE REGE O CORAÇÃO REGERÁ O CORPO

1. O que procede do coração

Em Mateus 5:27,28 Jesus deixa claro que, no Reino de Deus, o adultério não é somente o ato físico em si, mas a intenção compulsiva, o desejo exacerbado de praticar o adultério quando se olha para uma mulher. Em Mateus 15:19,20 Jesus afirma que a contaminação não vem de fora, mas procede de dentro, emana do coração. O coração é a fonte dos sentimentos, aspirações, pensamentos e ações dos homens. Essa fonte é, também, a fonte de toda contaminação moral e espiritual. Hernandes Dias Lopes afirma que o coração é o laboratório onde o pecado é processado. O coração é a fonte poluidora da vida. A solução é um novo coração. A pessoa que tem um novo coração, coração transformado, tem um viver totalmente diferente, visto que seu coração é regido pela Palavra de Deus (Cl.3:16).

2. O homem é o que pensa

James Allen, em seu livro “Você é aquilo que você pensa”, afirma que “um homem é literalmente aquilo que ele pensa, sendo seu caráter a soma completa de todos os seus pensamentos. Assim como a planta brota, e não poderia existir sem a semente, da mesma forma cada ato de um homem brota das sementes ocultas do pensamento, e não poderia ter aparecido sem elas. Isso se aplica igualmente àqueles atos chamados "espontâneos" e "não premeditados", assim como aqueles que são deliberadamente executados.

O ato é o florescer do pensamento, e alegria e sofrimento são seus frutos; deste modo um homem colhe o fruto doce ou amargo de sua própria seara”. Isso combina com a afirmação do apóstolo Paulo aos gálatas: “o homem colherá aquilo que semear” (Gl.6:7). Concordo com o pr. Osiel Gomes, quando afirma que o que semeia o pensamento da cobiça, desejando outra mulher, não demorará para que concretize isso na prática. A cobiça é algo que começa no coração, é como uma pequena semente plantada que vai gerar o fruto do pecado. O apóstolo Tiago exorta: “cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tiago 1:14,15).

O Senhor Jesus ensinou que é do coração carnal do “velho homem” que provêm os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt.15:19), não sendo, pois, novidade alguma que uma sociedade em que há o predomínio da carne exista a prevalência do perjurar, do mentir, do matar, do furtar, do adulterar, de homicídios sobre homicídios (Os.4:2). Quando há o domínio da natureza pecaminosa, tem-se uma inimizade contra Deus (Rm.8:7). Paulo afirma que “andar segundo a carne” é “inclinar-se para as coisas da carne” e “a inclinação da carne é morte” (Rm.8:7), e “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:8).

A natureza pecaminosa, portanto, faz com que prevaleça o pecado, pois é disto que o coração pecaminoso do homem está repleto. A solução é revestir-se do novo homem interior produzido por Cristo para jamais cometer os atos pecaminosos por meio do corpo (Ef.4:24; Rm.6:12,13). A identidade do salvo se tem precisamente pelas obras que pratica, pelo fruto que produz. Paulo disse aos filipenses que os sinceros e os que não geram escândalo são os que são “cheios de frutos de justiça” (Fp.1:10,11), frutos estes que são resultado de sua comunhão com Jesus Cristo para glória e louvor de Deus.

3. Sujeitando o corpo ao Espírito Santo

Só há uma maneira para o crente vencer a batalha interior: viver na dependência do Espírito Santo. Disse o apóstolo Paulo: “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl.5:16). A “carne” representa o que somos por nascimento natural, e o Espírito”, o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. A natureza carnal tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizade contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de triunfar sobre os apetites das coisas proibidas é andar no Espírito. A carne tem uma inclusão para aquilo que é sujo. Somente pelo Espírito de Deus podemos caminhar em santidade. Se alimentarmos a carne, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esses apetites desenfreados da carne.

O apostolo Paulo afirma que há uma batalha no interior do ser humano – “porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (Gl.5:17). Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da presença do pecado. No campo do nosso coração ainda se trava uma guerra sem pausa, o conflito permanente entre a carne e o Espírito; eles são opostos entre si. Alimentar, portanto, a carne é ultrajar, entristecer e apagar o Espírito, e o apóstolo Paulo exorta: “não apagueis o Espírito” (1Ts.5:198). Precisamos sujeitar nossa vontade ao Espírito em vez de entregar o comando da nossa vida à carne.

III. A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

1. O casamento na perspectiva bíblica

O casamento é um dos mais gloriosos retratos do relacionamento entre Cristo e sua Igreja (Ef.5:22-33). Cristo ama a sua Igreja, alimenta-a com Sua Palavra, purifica-a com o Seu sangue, e dela cuida através da Sua abundante providência. O amor de Cristo pela Igreja é perseverante (João 13:1), sacrificial (Ef.5:25), santificador (Ef.5:26), proposital (Ef.5:27), intenso (Ef.5:28) e afetuoso (Ef.5:29). O relacionamento de Cristo com a sua Igreja é o sublime exemplo que todos os maridos devem seguir. A maioria dos terapeutas no campo da saúde mental concorda que o amor é a maior necessidade do ser humano. James Mallory diz que o marido deve expressar o seu acendrado carinho pela esposa usando os sete A’s do amor: Acessibilidade, Assertividade, Afeto, Atenção, Abertura, Aperfeiçoamento e Aventura.

Ainda, na perspectiva bíblica, o casamento deve ser:

a) Heterossexual. O relacionamento conjugal só é possível entre um homem e uma mulher, entre um macho e uma fêmea biológicos. Deus criou o homem e a mulher, macho e fêmea (Gn.1:27). Consequentemente, o chamado casamento homossexual não é considerado casamento à luz da Palavra de Deus nem à luz das ciências biológicas e, aqui no Brasil, a Constituição Federal, em seu artigo 226 § 3º, diz que “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

b) Monogâmico. A monogamia é o padrão de Deus para o casamento. Deus não criou duas mulheres para um homem nem dois homens para uma mulher (Gn.2:24). Tanto a poligamia (um homem com várias mulheres) quanto a poliandria (uma mulher com vários homens), estão fora do padrão de Deus para o casamento. O propósito absoluto de Deus para a raça humana em relação ao casamento sempre foi e sempre será a monogamia. Jesus deixou isso meridianamente claro em Mateus 19:4-6.

c) Monossomático. A Bíblia diz: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn.2:24). O próprio Cristo falou dessa singularidade do casamento, expressando que os cônjuges não são mais dois, mas uma só carne (Mt.19:6). Adão e Eva antes do casamento eram duas pessoas distintas, mas se tornaram um; eles passaram a ser uma só carne. Por isso, a esposa dever ser amada pelo marido como ele ama o seu próprio corpo. O marido deve amar a esposa como ama a si mesmo, ou seja, como ama o seu próprio corpo. Assim, em Gênesis 2:24 tornar-se uma só carne significa tornar-se uma só pessoa. Muito embora a expressão “uma só carne” signifique mais do que uma união física, a união básica do casamento é a união física. Se um homem e uma mulher pudessem se tornar um só espírito através do casamento, então a morte não poderia dissolver esse laço, pois o espírito nunca morre. O conceito de casamento eterno é uma heresia. Ao contrário do que ensinam os mórmons, que acreditam em um casamento celestial, para toda a eternidade, a Bíblia é enfática ao afirmar que o casamento é apenas uma instituição terrena. O casamento é para o tempo presente, e não para a eternidade. O apóstolo Paulo diz que o casamento entre um homem e uma mulher termina com a morte (Rm.7:2,3; 1 Co.7:39). Jesus, como supremo intérprete das Escrituras, deixou esse assunto meridianamente claro ao afirmar: “Porque, na ressurreição, nem se casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt.22:30).

2. O que fazer para que o casamento seja para sempre?

Para que o casamento dure até o final da vida, é preciso que, pelo menos, cinco coisas acontecem:

a) os cônjuges devem viver segundo os princípios de Deus. A Palavra de Deus tem princípios claros e definidos tanto para o marido como para a esposa. Os que buscam a felicidade não a encontram, mas o que vivem segundo os princípios de Deus são felizes.

b) Os cônjuges devem conhecer suas funções e papéis na vida a dois, no lar. Isto precisa ocorrer porque onde não há ordem, reina a anarquia, mas onde cada um conhece seu papel e o exerce sob a direção e bênção de Deus, há paz e felicidade. É impossível encontrar a felicidade no casamento sem compreender o que a Bíblia diz sobre os papéis específicos do marido e da esposa no casamento. Na vida a dois há obrigações distintas e específicas a serem cumpridas (1Co.7:3).

c) No relacionamento conjugal é preciso dar mais e pedir menos, ouvir mais e falar menos, compreender mais e censurar menos. O segredo para se ter um casamento perene e feliz está mais em ser a pessoa certa do que em procurar a pessoa certa. A felicidade no casamento não é automática, ela precisa ser conquistada passo a passo. Hernandes Dias Lopes afirma que o casamento deve ser a antessala do céu e não o porão do inferno, um largo horizonte de liberdade e não um apertado calabouço, um lindo sonho de alegria e não um pesadelo marcado pelo desespero.

d) No relacionamento conjugal a vida a dois deve ser construída em amor incondicional, perseverante, santificador, sacrificial, guerreiro e romântico. Hoje, muitos casais fazem juras de amor diante do altar e amanhã acusações amargas na barra do tribunal. O verdadeiro amor supera as crises e não naufraga durante as tempestades. Os rios não podem afogá-lo nem a morte cobri-lo com uma pá de cal. O amor é mais forte que a morte. O amor jamais acaba. O verdadeiro amor santifica a relação. Quando existe amor entre os cônjuges, o relacionamento torna a outra pessoa mais pura, mais feliz, mais cheia de vida, mais próxima de Deus. Onde há brigas, contendas, mágoas, sofrimento e choro ali não está presente o verdadeiro amor. O verdadeiro amor não é possessivo nem manipulador. Ninguém pode ser realmente feliz vivendo no cabresto, sob vigilância e controle do cônjuge. Onde não há liberdade, não há amor. A esposa precisa ter liberdade para expressar seus pensamentos, sentimentos e desejos sem censura ou medo. O marido precisa descobrir métodos criativos para expressar seu amor pela esposa. Sua meta deve ser agradá-la e satisfazê-la.

e) No relacionamento conjugal a prática sexual deve ser ativa, respeitosa e sem sonegação. No casamento, o sexo é imprescindível; é uma maneira pela qual se dá o ajustamento do casal, pois é uma das principais expressões do amor conjugal. Com efeito, é através do sexo que um cônjuge se entrega ao outro, que um cônjuge procura agradar ao outro; é uma das expressões pelas quais se traduz a união do casal (“e serão ambos uma carne” – Gn.2:24). O amor conjugal não se confunde com o sexo, como propala erroneamente o mundo imerso no pecado, mas tem uma de suas expressões no sexo. O sexo praticado no modelo bíblico revela o verdadeiro amor, pois não é egoísta, tanto que diz a Bíblia Sagrada que o corpo do cônjuge está sob o domínio do outro (1Co.7:4). Portanto, a sonegação do sexo ao cônjuge é uma retenção indevida. A ordem bíblica é clara: “não vos priveis um do outro”. Negar-se a atender o cônjuge sexualmente é tirar dele o que lhe é de direito, é proibir que ele usufrua os benefícios daquilo que lhe foi garantido. Deixar de atender sexualmente ao cônjuge é desobedecer a uma ordem bíblica, é ir de encontro ao preceito de Deus, é estar na contramão do mandamento do Senhor.

Portanto, o casal que deseja que seu casamento dure até que a morte os separe, deve atender os quesitos acima.

3. Casamento: uma união indissolúvel

O relacionamento mais importante na sociedade é o relacionamento entre marido e mulher, por isso é que o homem deve deixar pai e mãe para unir-se a sua mulher; e os dois não devem ficar juntos apenas até surgirem os primeiros problemas, ou até que um seja rude com o outro, ou até surgirem sérias dificuldades na vida conjugal. No projeto de Deus o casamento é indissolúvel. O relacionamento dos filhos com os pais é temporário e deve ser rompido no momento certa, mas o relacionamento do marido com a esposa é permanente e jamais deve ser quebrado.

O casamento é uma aliança firmada, diante de Deus, entre um homem e uma mulher. Quando alguém entra numa aliança, assume um inescapável compromisso. A Bíblia fala que Deus fez uma aliança conosco, e essa aliança é um vínculo inquebrável com Deus. Deus não quebra aliança e não nos permite quebrá-la também. Quando alguém que está em aliança com Deus, desobedece e não aceita as condições estipuladas por esta aliança, a consequência é a maldição, mas Deus não quebra Sua aliança.

O casamento é, portanto, uma aliança estipulada por Deus. "...o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança" (Ml.2:14). E é por isto que Ele odeia o divórcio (Ml.2:16). No livro de Provérbios (2:17), Deus adverte contra a adúltera que lisonjeia com palavras, que "deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança com Deus". Note bem, ao deixar o homem com quem ela se casou, é acusada de quebrar sua aliança. O casamento é uma aliança, e por isto não podemos tratá-lo a nosso próprio gosto.

O casamento é a pedra fundamental da sociedade humana; é a célula-mãe da sociedade; dele depende todas as outras instituições; até mesma a Igreja está estribada no casamento. A Igreja é um reflexo das famílias que a compõem. O casamento, além de ser a pedra angular da sociedade e a base fundamental da Igreja em particular, também desempenha um papel decisivo na vida humana.

Precisamos entender, portanto, que no Reino de Deus o casamento deve ser indissolúvel. Em Mt.19:6 Jesus afirma que "... "aquilo que Deus ajuntou não separe o homem". A única razão para o divórcio, segundo informou Jesus, é o adultério (Mt.19:9), e isto para proteger a parte inocente, e não para dar às pessoas uma maneira fácil de sair de um relacionamento desagradável. Fora do adultério, o casamento só pode ser dissolvido em honra somente pela morte (Rm.7:2; 1Co.7:39). Divórcio é o atestado do pecado humano; é uma coisa horrenda aos olhos de Deus. Deus odeia o divórcio (Ml.2:16).

CONCLUSÃO

É verdade que o casamento é para sempre, mas a sua perenidade depende de um relacionamento firmado pelo amor mútuo entre o marido e a esposa, tendo como principal elemento entre os dois, o Espírito Santo. Está escrito que “um cordão de três dobras não se rompe com facilidade” (Ec.4:12). Sem dúvida as forças do mal investem contra o casamento, tentando levá-lo ao rompimento da aliança conjugal; porém, quando um casal se liga a Deus, há um tremendo fortalecimento dos laços que unem este casal. E como fazer para ter esta "terceira dobra" no casamento? A resposta é simples: tem que convidar Jesus! Note o detalhe no relato de João 2.2: “Jesus e seus discípulos também haviam sido convidados para o casamento”. Se o casal tiver uma ligação verdadeira com Jesus, segundo Eclesiastes 4, terá pelo menos quatro vantagens:

a). Os dois prosperarão trabalhando juntos (Ec.4:9) – “porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas”. A bênção do Senhor sobre esse casamento produzirá unidade e os cônjuges trabalharão juntos em prol dos objetivos que definirão com a sabedoria de Deus. Não haverá competição, mas sim cooperação entre o casal.

b) O casal se cuidará melhor (Ec.4:10) – “se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se”. O cônjuge terá a bênção de contar com o carinho e o cuidado do outro cônjuge. Um casamento abençoado por Deus tem esta harmonia. Um cuida do outro, com carinho e zelo.

c) O cônjuge terá sua alma aquecida (Ec.4:11) – “e se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos”. Todas as pessoas têm necessidade de afeto, carinho e atenção. Com a bênção do Senhor, tais carências serão supridas.

d) Os dois serão fortes (Ec.4:12) - “mas os dois conseguem defender-se”. Jesus disse no Sermão da Montanha sobre os "ventos fortes" que sopram contra a casa. Fundamentados nos princípios do Senhor, os cônjuges serão fortes para resistir e vencer.

RESGUARDANDO-SE DE SENTIMENTOS RUINS

 

Texto Base: Mateus 5.21-26

“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo (Mt.5:22).

Mateus 5:

21.Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

22.Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raça será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno.

23.Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

24.deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.

25.Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.
26.Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do Tema: “Resguardando-se de sentimentos ruins”. Vários são os sentimentos ruins que existem, dos quais devemos nos resguardar; dentre eles, destacamos: raiva, angústia, medo, rejeição, desprezo, constante insatisfação, ódio, vingança, sensação de inferioridade, inveja, prazer com o sofrimento do outro. Todos esses sentimentos ruins se colocam como obstáculos em qualquer situação em que se busca a satisfação, seja ela na vida pessoal ou profissional. No servo de Deus, em que habita o Espírito Santo, não devem permanecer tais sentimentos. No Sermão do Monte, Jesus ensinou que na vida ética e moral do crente não deve haver margem para que sentimentos hostis ao Evangelho façam parte da vida interior do crente (Mt.5:21-26). Muitas pessoas praticam ações trágicas por causa de atos precipitados e impensados; se houvesse uma pausa, ou se desviasse o pensamento por alguns instantes, o mal não ocorreria. As consequências dos sentimentos ruins estão por todos os lados, estampados em todas as mídias. O cristão verdadeiro, com a ajuda do Espírito Santo, deve se esforçar a não ter tais sentimentos hostis a fim de evitar consequências trágicas, e assim o nome do Senhor ser glorificado na vida dele.

I. O EVANGELHO NÃO É ANTINOMISTA

1. O que é Antinomismo?

A palavra antinomismo vem de duas palavras gregas, “anti”, que significa contra, e “nomos”, que significa lei. Sendo assim, antinomismo é a doutrina que se pauta no princípio de que para ser cristão basta ter fé, rejeitando as normas de conduta estabelecidas pelos dez mandamentos, ou pela lei mosaica; é contrário à lei; faz oposição aos preceitos, normas, regras; é sinônimo de antinomianismo. Teologicamente, o antinomianismo é a crença de que não há leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam. Essa doutrina leva um ensinamento bíblico a uma conclusão antibíblica. O ensinamento bíblico é o de que os cristãos não são obrigados a observarem a lei do Antigo Testamento como um meio de salvação. Quando Jesus Cristo morreu na cruz, Ele cumpriu a Lei do Antigo Testamento (Rm.10:4, Gl.3:23-25, Ef.2:15); isso é verdade. A conclusão antibíblica é a de que não há nenhuma lei moral que Deus espera que os cristãos obedeçam; isso não é verdade.

O antinomismo é contrário a tudo o que a Bíblia ensina. Deus espera que vivamos uma vida de moralidade, amor e integridade. Jesus Cristo nos libertou dos comandos pesados da Lei do Antigo Testamento, mas isso não é uma licença para pecar e sim um pacto da graça. Devemos lutar para vencer o pecado e cultivar a justiça, dependendo do Espírito Santo para nos ajudar. O fato de que somos graciosamente livres das exigências da Lei do Antigo Testamento deve resultar em nós um padrão de obediência à lei de Cristo. 1João 2:3-6 declara: "E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou".

O apóstolo Paulo e o apóstolo João foram grandes combatentes contra o antinomismo, pois esta crença diabólica é um desvio da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo tratou da questão do antinomianismo em Romanos 6:1,2,15-18 - "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?". “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum! Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça”.

As pessoas podem se perguntar: "Se sou salvo pela graça e todos os meus pecados foram perdoados, por que não pecar o quanto quiser?". Esse pensamento não é o resultado de uma verdadeira conversão porque a verdadeira conversão produz um maior, não menor, desejo de obedecer. O desejo de Deus, e o nosso desejo quando somos regenerados por Seu Espírito, é que nos esforcemos a não pecar. Como gratidão por Sua graça e perdão, queremos agradá-lo. Deus nos deu o Seu dom infinitamente misericordioso através da salvação em Jesus (João 3:16; Rm.5:8). Nossa resposta é consagrar nossa vida a Ele como uma forma de amor, adoração e gratidão pelo que Ele fez por nós (Rm.12:1-2). O antinomismo é antibíblico por aplicar de forma errada o significado do favor gracioso de Deus.

2. A Lei e o Evangelho

Aprendemos na Aula anterior que Jesus não anulou a Lei, mas a cumpriu (Mt.5:17; Rm.10:4). Agora, a pessoa que confia em Jesus não está mais sob a Lei, está sob a graça (Rm.6:14); a pessoa agora está morta para Lei por intermédio da obra de Cristo. Em seu fiel cumprimento da Lei, Jesus não a desprezou; Mateus 5:21 mostra claramente isso. Jesus se apresentava como o verdadeiro intérprete da Lei, contrastando a hermenêutica tendenciosa dos escribas e fariseus com o correto espírito da Lei. Ele não contrapôs ao que a Lei diz, mas opôs-se à falsa interpretação dos doutores da Lei. O Senhor Jesus cumpriu a Lei e deu a ela um novo significado, enfatizando o amor a Deus e ao próximo. Veja o que Jesus disse aos discípulos com relação ao sexto mandamento do decálogo - “não matarás” (Êx.20:13). Enquanto os escribas e fariseus interpretavam este mandamento de maneira restrita ao ato literal de matar uma pessoa, nosso Senhor o ampliou e aprofundou, demonstrando que o homicídio tem início no coração do ser humano a partir da ira, do ódio, da cólera (cf. Mt.5:22). Portanto, diferentemente dos escribas e fariseus, nosso Senhor deu ênfase à autoridade da Lei e revelou a real intenção de Deus presente nela.

3. Legalismo x Antinomismo

Esses são dois extremos que existiam no tempo de Jesus e que ainda plainam sobre o orbe evangélico. O legalismo é uma tentativa de ser salvo e de se santificar diante de Deus pela guarda compulsória de leis divina e humanas. O antinomismo é uma postura muita antiga na Igreja, que Judas e Pedro chamam de libertinos (2Pd.2:1,2; Judas 1:4), e que indicava aquelas pessoas que achavam que Cristo nos libertou da Lei em todos os sentidos, e que o cristão está livre da Lei, não tendo mais nenhum vínculo com ela. Segundo os seguidores desse segmento, o cristão agora é guiado pelo amor e pela consciência a Deus, e é livre para praticar todo tipo de atitudes, rejeitando todo tipo de normas morais, deixando a pessoa livre para cometer atos pecaminosos. Só que isto é muito subjetivo, porque se a pessoa disser que o amor é que vai guiar a sua vida, o apóstolo Paulo explicou que quem ama não fala mal do próximo, não tira nada do próximo, não cobiça a mulher do próximo, etc.; enfim, amar é guardar os mandamentos de Deus; afirma ainda que o resumo da Lei é o amor. Então, os antinomianos ou libertinos caem numa cilada muito subjetiva quando eles querem viver sem um padrão, o padrão de santificação, e o padrão de santificação de fato é a lei de Deus expressa e explicada no Novo Testamento, tendo como força motriz o sacrifício de Cristo na cruz do calvário e nossa união com Ele.

Então, para o crente evitar cair na libertinagem ou no legalismo ele tem que ser bíblico; ele tem que entender 1Tessalonicenses 5:10 que diz que a nossa união com Cristo é a base da ética cristã. A ética cristã é baseada na nossa união com o nosso Senhor Jesus e não no esforço da pessoa para guardar determinadas leis ou um conjunto de regras que nos identificam como cristãos. Então, a nossa comunhão e união com Cristo, e o estudo da Bíblia, vão nos manter equilibrados, fugindo do legalismo, pregando a graça; e fugindo do antinomismo, pregando a união com Cristo e a santificação. Portanto, o Evangelho não é antinomista, isto é, ele tem normas, regras e limites claros, válidos em qualquer época e cultura. Também não é legalista, isto é, não está preso a observâncias rigorosas de datas, dietas e ou­tras práticas religiosas, esperando algum favor divino.

William Hendriksen ilustra esse fato dizendo que “a vida cristã é semelhante a atravessar uma pinguela que cruza sobre um lugar onde se encontram dois rios contaminados: um é o legalismo e o outro é a libertinagem. O crente não deve perder o equilíbrio para não cair dentro das faltas refinadas do legalismo nem nos grosseiros vícios do paganismo”. Concordo com John Stott quando diz que “o cristianismo não é escravidão, mas um chamamento da graça para a liberdade”. A liberdade cristã, porém, não é liberdade para pecar, mas liberdade de consciência, liberdade para obedecer. O cristão salvo pelo sangue de Cristo é livre para viver em santidade -“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor” (Gl.5:13).

II. A CÓLERA É O PRIMEIRO ATO PARA O HOMICÍDIO

1. Jesus e o sexto mandamento

O sexto mandamento do decálogo é: “não matarás” (Êx.20:13; Dt.5:17). No Sermão do Monte, Jesus tratou este mandamento da seguinte forma: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raça será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt.5:21,22).

Os rabinos acreditavam que o mandamento para não matar era cumprido quando não se cometia assassinato em primeiro grau; mas, Jesus mostrou que este mandamento é muito mais profundo do que o ato externo de homicídio. Assim, quando Deus diz que não devemos matar, isto consequentemente significa que nós não devemos fazer qualquer coisa que prejudique a vida do próximo. O homicídio começa com a raiva e o ódio sem motivo, incluindo ofensas, calúnias e desavenças entre pessoas. É por isso que Jesus disse que ninguém escapa do peso da Lei simplesmente abstendo-se do assassinato em si.

Jesus amplia a abrangência do pecado do sexto mandamento, destacando que a ira, o insulto e as palavras de desprezo implicam a quebra deste mandamento (Mt.5:22); Jesus vai mais fundo, ao próprio âmago da questão. Ele encontra o princípio por trás do preceito e o endossa. Os rabinos limitavam o sexto mandamento ao ato do homicídio; Jesus, porém, deixa claro que o espírito da lei se liga não apenas ao ato, mas também à motivação. Os rabinos reduziam o significado da proibição divina apenas ao ato do homicídio; também atenuavam a penalidade da transgressão dizendo que “quem matar está sujeito a julgamento”. Mas, Jesus amplia a abrangência do pecado, destacando que a ira, o insulto e as palavras de desprezo implicam a quebra do sexto mandamento (Mt.5:22). Com as palavras “Eu, porém, vos digo”, Jesus institui uma emenda ao ensinamento do assassinato. Agora, ninguém podia mais se orgulhar pelo fato de não ter cometido assassinato. Jesus agora diz: “no meu reino, você nem pode ter pensamentos assassinos”. Embora os tribunais da terra não tenham competência para jugar a ira e palavras insultuosas, o tribunal de Deus julga o foro íntimo. Daremos contas a Deus não apenas de nossos atos, mas também de nossas palavras e intenções (Mt.12:36).

2. A cólera no contexto bíblico

Ainda com relação ao que Jesus ensinou aos seus discípulos com relação ao sexto mandamento, foi ampliado a abrangência do pecado, destacando que a cólera, o insulto e as palavras de desprezo implicam a quebra do sexto mandamento, pois é um tipo de homicídio no coração (Mt.5:22). Jesus aqui assume um tom de superioridade em relação aos regulamentos mosaicos e aos seus intérpretes. Ele vai mais fundo, ao próprio âmago da questão; Ele encontra o princípio por trás do preceito e o endossa. Segundo Warren Wiersbe, “Jesus não diz que a ira conduz ao homicídio, mas que a ira é uma forma de homicídio”. Acerca disse o apóstolo João argumenta: “Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1João 3:15).

Paulo exorta: “quando sentirdes raiva, não pequeis; e não conserveis a vossa raiva até o pôr do sol” (Ef.4:26). Pr. Hernandes Dais Lopes afirma que há dois tipos de raiva: a justa (Ef.4:26 e a injusta (Ef.4:31). Precisamos sentir raiva justa - Moisés sentiu raiva contra a idolatria. Lutero sentiu raiva contra as indulgencias. A raiva de Jesus no templo ao expulsar os cambistas é um exemplo por excelência desse princípio bíblico. Se Deus odeia o pecado, seu povo também deve odiá-lo. Se o mal desperta Sua ira, também deve despertar a nossa (Sl.119:53). Ninguém deve ficar irado a não ser que esteja irado contra a pessoa certa, no grau certo, na hora certa, pelo propósito certo e no caminho certo.

Em Efésios 4:26, Paulo qualifica sua expressão permissiva “sentirdes raiva” com três negativas: (a) “não pequeis” - Devemos nos assegurar de que nossa raiva esteja livre de orgulho, malícia ou espírito de vingança; (b) “não conserveis a vossa raiva até o pôr do sol” - Paulo não está permitindo a ficarmos com raiva durante um dia, ele está exortando a não armazenar a raiva, pois pode virar raiz de amargura; (c) “nem deis lugar ao Diabo” (Ef.4:27) - O diabo gosta de ficar espreitando as pessoas zangadas para tirar proveito da situação, como fez Caim.

Jay Adams, em seu livro “O conselheiro capaz”, fala sobre duas maneiras erradas de lidar com a raiva: a primeira delas é a ventilação da raiva; há pessoas que são explosivas, que atiram estilhaços para todos os lados, ferindo as pessoas com seu destempero emocional. A segunda maneira errada de lidar com a raiva é o congelamento dela – o indivíduo não a joga para fora, mas para dentro; o resultado disso é a amargura. A solução para o congelamento da raiva é o perdão; é espremer o pus da ferida até o fim, fazendo uma assepsia da alma, uma faxina da mente, uma limpeza do coração.

O pr. Osiel Gomes expressa que, embora seja uma emoção humana, “a cólera não pode nos controlar e devemos examinar se ela provém de um espírito reto, de um coração puro, ou se é uma obra da carne, do tipo pecaminosa, orgulhosa, odiosa e vingativa (Gl.5:20). O imperativo bíblico é que a ira não pode nos dominar” (Ef.4:26; Hb.12:15). Caim não teve esse cuidado, por isso a sua ira contra seu irmão o levou a cometer o primeiro homicídio contra o próprio irmão (Gn.4:5,8).

3. O valor da pessoa humana

Em Mateus 5:21,22 Jesus enfatizou o valor da pessoa humana. Ele considerou como muito sério o pecado de proferir palavras insultuosas contra uma pessoa. Nos dias de Jesus, o povo usava o termo ”raca”; esta palavra tem origem aramaica e significa “cuspir” - “eu cuspo em você”. Barclay disse que chamar alguém de “raca” era o mesmo que chamá-lo de estúpido, idiota, imprestável. A pessoa que é escravo de sua ira, e se dirige ao próximo com palavras de desprezo, destruindo seu bom nome, pode nunca ter assassinado alguém, mas em seu coração é um assassino. Na Lei de Cristo, os que usavam essa alcunha estavam sujeitos a comparecerem para julgamento perante o Sinédrio, o tribunal mais elevado de Israel.

Outro termo insultuoso que Jesus condenou foi “tolo” (ARA) ou “louco” (ARC) – “... e qualquer que lhe chamar de tolo será réu do fogo do inferno” (Mt.5:22- ARA). Aqui, a palavra “tolo” significa mais que um simples estúpido; significa um “tolo” moral que deveria ser morto, e expressa um desejo que realmente aconteceria. Hoje é comum ouvirmos pessoas praguejarem com as palavras: “Deus te amaldiçoe!”. Essas pessoas estão invocando Deus a condenar a vítima ao inferno. Jesus disse que quem pronunciar tal maldição está “sujeito ao inferno de fogo”. Na época de Jesus os corpos de criminosos executados eram frequentemente lançados num despejo em chamas, fora dos muros de Jerusalém, conhecido como Vale de Hinom ou “Gehenna”; essa era uma figura do fogo do inferno que nunca será apagado. Portanto, o nosso Senhor advertiu os seus discípulos que que não só peca quem comete um homicídio, mas igualmente os que nutrem a cólera, o ódio e o rancor no coração. A vida humana tem um valor sagrado, por isso deve ser tratado com respeito e sem acepção de pessoas.

III. A “OFERTA DO ALTAR” E A DESAVENÇA

1. A oferta do Altar

Jesus ilustra sua correta interpretação da Lei com dois exemplos: um da vida religiosa e outro da vida comercial (Mt.5:23,24):

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta”.

A oferta agradável a Deus precisa vir de alguém que tenha o coração livre de ofensa e mágoa. Reconciliar-se com os desafetos deve preceder a oferta no altar de adoração. Primeiro Deus aceita a vida do adorador e depois sua oferta. Portanto, se uma pessoa ofende a outra, por ira ou por qualquer outra causa, de nada adiante trazer uma oferta de adoração a Deus. O Senhor não terá prazer nessa atitude. Quem ofende, precisa primeiro transformar o errado em correto; só então a oferta será aceitável.

Mesmo que essas palavras tenham sido escritas num contexto judaico, isso não quer dizer que não tem aplicação hoje. Paulo interpreta esse conceito em relação à Ceia do Senhor (cf.1Corintios 11). Deus não recebe nenhuma adoração de um cristão que não esteja em condições amigáveis de conversar com o próximo; não há relacionamento correto com Deus sem relacionamento verdadeiro com o irmão.

2. Evitando a desavença

Na continuação do seu Sermão, Jesus exorta contra o espírito litigioso e a relutância em admitir a culpa. Disse Ele: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil” (Mt.5:25,26). Estas palavras de Jesus têm relação com as exortações dos versículos 23 e 24, mas numa conotação diferente: os versículos 23 e 24 dizem respeito à adoração; os 25 e 26 dizem respeito ao contencioso, ao litígio.

Jesus mostra que uma demanda judicial por causa de uma dívida deve ser resolvida antes que essa ação seja levada ao tribunal. Tanto o perdão quanto a reparação precisam ser feitas com pressa, a fim de que tenhamos paz com Deus e com o próximo. Warren Wiersbe diz que “a pessoa que se recusa a perdoar seu irmão está destruindo a mesma ponte sobre a qual precisa andar”. Portanto, se a pessoa estiver errada, deve ser rápida em admitir o erro e acertar prontamente. Se a pessoa permanecer sem arrependimento, seu pecado seguramente a apanhará e ela não só terá de fazer uma completa restituição, mas sofrerá as penalidades adicionais também. A pessoa não deve ser apressada em ir ao juiz; se for, a lei a descobrirá e ela terá de pagar até o último centavo (Mt.5:26).

Com relação a esta questão, o apóstolo Paulo exortou os crentes de Corinto da seguinte maneira: “Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos? [...] Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?” (1Co.6:1,4,5). Em Corinto a situação dos crentes era tão grave, que além das contendas dentro da Igreja, eles estavam arrastando os próprios irmãos para os tribunais seculares, para julgar suas causas internas e domésticas de maneira secular. Essa foi a realidade que Paulo constatou na Igreja. Triste realidade, porém um fato inegável porque os crentes não são perfeitos, eles formam uma comunidade de pessoas que ainda não estão prontas e acabadas.

Alguém já disse que a igreja é uma fábrica de reciclagem de lixo, onde Deus está trabalhando. Deus está transformando gente complicada, torta, e doente existencialmente, em gente santa. Nós decepcionamos as pessoas e as pessoas nos decepcionam; nós machucamos as pessoas e elas nos machucam. Mas, as demandas interpessoais devem ser tratadas, prioritariamente, dentro da igreja. Não é que Paulo esteja colocando em dúvida a idoneidade moral dos tribunais seculares nem o caráter dos seus juízes, mas o fato da igreja levar seus assuntos domésticos para fora dos seus portões para serem resolvidos no mundo é um péssimo testemunho do evangelho. O lugar de tratar dos assuntos domésticos é em casa. Paulo pergunta: “mas irá um irmão ao a juízo contra outro irmão, e isto perante os incrédulos?” (1Co.6:6). Nosso Senhor, portanto, nos convida a sanar as desavenças entre nós e, assim, preservamos o bom testemunho.

CONCLUSÃO

Não devemos permitir que sentimentos ruins acometam a nossa mente e venham ferir o nosso próximo, nem deixemos que as contendas, os conflitos internos tragam escândalos ao nome de nosso Senhor e denigrem o santo evangelho de Jesus Cristo. Caso haja desavenças e desentendimentos, deve-se haver reconciliação imediatamente, e seguir em paz com todos, pois esse é o desejo de nosso Deus. Está escrito: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14).

JESUS, O DISCIPULO E A LEI


 Texto Base: Mateus 5:17-20


“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Mateus 5:

17.Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.

18.Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

19.Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.

20.Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da relação de Jesus com a Lei de Deus escrita por Moisés e o que Ele deseja de seus discípulos. Depois de libertar Israel da servidão do Egito, Deus conduziu o seu povo por uma jornada de fé até a Terra Prometida, a fim de fazer cumprir a promessa feita a Abraão. No entanto, no início desta jornada, ao falar com Moisés no Monte Sinai (Êx.19:1-20), o Senhor relembrou aos israelitas a necessidade de eles guardarem o concerto firmado (Êx.19:5) e de obedecerem aos seus estatutos. Para tanto, Deus entregou a Moisés a Lei (hb. Torah, que significa ensinamento) com as condições e regras de convivência que os filhos de Israel deveriam observar como sinal de lealdade. A Lei completa se encontra em Êxodo 20 a 31, Levítico e Deuteronômio, apesar de sua essência estar incluída nos Dez Mandamentos.

A Lei não foi dada como meio de salvação (Atos 13:39; Rm.3:20a; Gl.2:16,21; 3:11), mas com a intenção de mostrar ao povo sua pecaminosidade (Rm.3:20b; 5:20; 7:7; 1Co.15:56; Gl.3:19), e então encaminhá-lo a Deus para a graciosa salvação oferecida por Ele. Foi dada à nação de Israel, mas, contém princípios morais válidos para o povo de Deus de qualquer época (Rm.2:14,15).

No Sermão do Monte, Jesus mudou o relacionamento dos seus seguidores com a Lei; Ele mostrou que o mais importante é o caráter, a conduta moral, a atitude do coração, não as cerimônias exteriores. Ele reforça os mandamentos divinos e centraliza-os no amor a Deus e ao próximo, rejeitando o sistema formal e legalista da sua época. Por isso, Paulo pronunciou que o mandamento é santo, justo e bom (Rm.7:12).

I. JESUS CUMPRIU TODA A LEI

1. Um compromisso com o passado

Em seus discursos, Jesus nunca teve a intenção de desvalorizar o passado relativo aos ensinos da Lei e dos profetas. A maioria dos líderes revolucionários se desfaz de todas as ligações com o passado e repudiam a ordem tradicional em questão, mas o Senhor Jesus Cristo não; Ele sustentou a Lei de Moisés e insistiu em que ela tinha de ser cumprida. Jesus deixou bem claro que “nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mt.5:18). O “i” é a menor letra do alfabeto hebraico; o “til” é um pequeno sinal que serve para distinguir uma letra da outra. Jesus acreditava na inspiração literal da Bíblia, mesmo que fosse aparentemente um detalhe insignificante. Nada nas Escrituras Sagradas, mesmo o menor til, existe sem significado. Tudo o que foi proferido na Lei de Deus será cumprido, e os seus propósitos serão alcançados. Tudo se cumprirá, portanto!

2. Jesus não veio destruir a Lei

No Sermão do Monte, o Senhor Jesus afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei [...]” (Mt.5:17). Talvez alguém pergunte: “mas Jesus curou em dia de sábado”. É óbvio que a Lei que Jesus “quebrou”, como curar em dia de sábado, não foi a Lei de Deus, mas a tradição dos escribas, que distorcia e desfigurava a Lei de Deus. Os escribas e fariseus se apresentavam como os grandes guardiões da Lei e acusavam Jesus de violá-la, mas eram os fariseus que deturpavam a Lei, tanto por meio de suas tradições como por intermédio de uma vida hipócrita. Eles desobedeciam à Lei que afirmavam proteger. Para corrigir esse mal-entendido, Jesus deixa claro que não veio destruir a Lei e os profetas. A Lei, como verdade de Deus, não contém erros nem pode falhar. Os céus e a terra passarão, mas os detalhes da Lei se cumprirão à risca. Violar a Lei de Deus e ensiná-la aos homens com deturpações é considerado um grave pecado, porém observá-la e ensiná-la traz grande recompensa (Mt.5:19).

3. Jesus cumpriu e aperfeiçoou a Lei

No Sermão do Monte, o Senhor Jesus afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir” (Mt.5:17). Com essas palavras, Jesus afastou a acusação dos fariseus de que estivesse subvertendo os mandamentos divinos, e comprova que tudo o que dEle estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos, deveria se cumprir dentro do seu plano redentor (Lc.24:44). Conforme a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, nesta passagem de Mateus 5:17 a palavra cumprir tem o sentido de concluir, satisfazer ou aperfeiçoar; significa dizer que somente Cristo foi capaz de satisfazer as exigências da Lei, pois o fim da Lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que crê (Rm.10:4).

O pastor Hernandes Dias Lopes argumenta que a Lei é a promessa; Jesus é o cumprimento da promessa. A Lei era a sombra; Jesus é a realidade. Jesus não veio para desautorizar a Lei, mas para cumpri-la; não veio para refutar os profetas, mas para ser a essência de tudo o que eles disseram. Jesus cumpriu a Lei em seu nascimento, em seus ensinamentos, em sua morte e em sua ressurreição.

A Lei mosaica funcionava como um “aio” (tutor) temporário até que Cristo viesse (Gl.3:22-26). Assim, ao se entregar em sacrifício como o cordeiro imaculado e incontaminado (1Pd.1:19), Jesus deu a Lei por concluída, pois era a sombra dos bens futuros (Hb.10:1). Com efeito, na Nova Aliança, os salvos em Cristo não estão mais debaixo da Lei assim como estava o povo de Israel, tendo em vista que, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também a mudança da Lei (Hb.7:12).

Quer dizer, então, que a Lei não tem mais nenhum valor para os cristãos? Claro que tem, afinal ainda se encontra em vigor os preceitos morais e os referenciais éticos estabelecidos por Deus de forma universal e atemporal para o ser humano. Mas, até mesmo esta parte da Lei recebeu um novo significado em Cristo, que lhe deu sentido e expressões mais plenas. Nove dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento, com uma distinção importante: não foram dados como lei (atrelados a uma penalidade), mas como treinamento para a justiça ao povo de Deus (2Tm.3:16b). O único mandamento não repetido é a lei do sábado; ao povo de Deus da Nova Aliança nunca são ensinados guardar o sábado.

O Senhor Jesus cumpriu a Lei e deu a ela um novo significado, enfatizando o amor a Deus e ao próximo. Jesus cumpriu tanto a Lei moral quanto a Lei cerimonial. A Lei moral de Deus continua perfeita e válida para nós hoje e deve ficar gravado em nossos corações (Hb.8:10). As regras exteriores da Lei cerimonial sempre apontaram para o que mais importava: o interior. Essas regras foram revogadas, porque Jesus cumpriu a Lei, purificando nosso coração de forma direta e perfeita. Portanto, a pessoa que confia em Jesus não está mais sob a Lei, está sob a graça (Rm.6:14); a pessoa agora está morta para Lei por intermédio da obra de Cristo. A penalidade da Lei foi paga uma única vez; já que Cristo pagou a pena, o crente não precisa pagá-la. É nesse sentido que a Lei perdeu o brilho para o crente (2Co.3:7-11). A Lei era um preceptor até a chegada de Cristo; após sua morte e ressurreição, este preceptor não é mais necessário (Gl.3:24,25).

II. A LETRA DA LEI, A VERDADE DO ESPÍRITO

1. O que a expressão “letra da lei” significa?

Em algumas Epístolas de Paulo verifica-se que “letra da lei” diz respeito aos preceitos da Antiga Aliança direcionada ao povo de Israel. Em 2Co.3:6 o apóstolo Paulo chegou a dizer que “a letra [da Lei] mata”. Ao afirmar isto, Paulo se refere ao ministério da Lei. A Lei condena todos aqueles que não guardam seus preceitos sagrados - “Pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm.3:20); “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las” (Gl.3:20).

Colin Kruse, em seu livro “II Coríntios: Introdução e Comentário”, interpreta a expressão de 2Co.3:6 da seguinte maneira: “a Lei mata quando usada de modo impróprio, isto é, como um sistema de regras que devem ser observadas a fim de estabelecer a auto-retidão do indivíduo (Rm3:20). Usar a Lei dessa forma inevitavelmente conduz à morte, visto que ninguém pode satisfazer às suas exigências e, portanto, todos ficam sob sua condenação. O ministério do Espírito é completamente diferente; é o ministério sob a Nova Aliança, sob a qual os pecados são perdoados para nunca mais serem lembrados, e as pessoas são motivadas e capacitadas pelo Espírito a fim de realizar aquilo que a aplicação imprópria da lei jamais poderia conseguir (Jr.31:31-34; Ez.36:25-27; Rm.8:34)”.

Pr. Hernandes Dias Lopes afirma que o problema não é a Lei; ela é santa, justa e boa (Rm.7:12-14). Contudo, o homem é rendido ao pecado, é escravo do pecado, e não pode satisfazer as demandas da Lei. A Lei é inflexível em não inocentar o culpado (Êx.34:7). Segundo a Lei, a alma que pecar, essa morrerá (Ez.18:4). A Lei exige perfeita obediência e pronuncia a sentença de morte para o desobediente. Em Romanos 7:10, o apóstolo Paulo diz: “e o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. Embora Levítico 18:5 possa prometer vida a quem guardar a Lei, Paulo sabia que ninguém conseguiria guardá-la, e que a Lei só poderia pronunciar um veredicto de morte sobre o transgressor. Warren Wiersbe esclarece que “Paulo, em sua epístola aos Gálatas, ressalta as deficiências da Lei: ela não é capaz de justificar o pecador (Gl.2:16), não tem poder de conceder o Espírito Santo (Gl.3:2), de dar uma herança (Gl.3:18), de dar vida (Gl.3:21) nem de dar liberdade (Rm.4:8-10). A glória da Lei é, na verdade, a glória de um ministério de morte”.

Infelizmente, em muitas igrejas locais, principalmente no meio dos crentes pentecostais, desenvolveu-se a ideia de que "a letra mata", e de que o crente não deve estudar a Palavra de Deus, porque "o Espírito Santo dará a palavra necessária no momento certo". Só que esse ensinamento não tem qualquer respaldo bíblico. A Bíblia afirma-nos que o Espírito Santo nos fará lembrar da Palavra do Senhor (João 14:26); ora, como se poderá lembrar o que não se aprendeu, o que não se leu? Outrossim, mesmo uma pessoa indouta como era Pedro, em sua última mensagem à Igreja, é bem claro ao afirmar que devemos crescer "na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (1Pd.3:18), mostrando, assim, a necessidade de meditarmos e refletirmos na Palavra do Senhor, como, aliás, fazia o próprio Pedro em relação às cartas de Paulo (1Pd.3:15). Se não meditarmos na Palavra do Senhor, se não buscarmos conhecer a Deus em Sua Palavra, corremos o sério risco de virmos a ser destruídos espiritualmente, assim como ocorreu com o povo de Israel do reino do norte (Os.4:6). Aliás, o próprio Jesus nos ensinou, na prática, que a principal e única arma com que podemos vencer as tentações é a Palavra de Deus (Mt.4:1-11). Inobstante, muitos são os que, descuidadamente, têm usado suas bíblias apenas como adereço quando vão aos cultos (pois nem mesmo as leem durante eles), desperdiçando uma oportunidade rica e preciosa que o Senhor lhes tem dado para melhor conhecerem a Deus e desfrutarem de uma intimidade, de uma verdadeira comunhão com o Senhor. O resultado é que, cedo, são sufocados pelo adversário de nossas almas, quando não levados por ventos de doutrinas, exatamente porque não há maturidade espiritual nessas pessoas que se dizem crentes, pela falta de conhecimento da Palavra de Deus; por não se encontram alicerçados na rocha, que é Cristo, a Palavra de Deus (João 1:1; Ap.19:13).

2. A perspectiva teológica da Lei

A Lei que Deus entregou à nação de Israel continha preceitos morais para uma vida santa e piedosa em relação a Deus e ao próximo. Tais preceitos estão sintetizados no Decálogo, os Dez Mandamentos proferidos pelo Senhor no Sinai (Êx.20:1-17), que também foram escritos em duas tábuas de pedra (Êx.31:18; 34:28). A lei servia ainda para regular a ordem jurídica e a vida em sociedade de Israel enquanto nação organizada, com normas civis, penais, trabalhistas, sanitárias, ecológicas e afins (Êx.21; 23; Lv.19; 20; Dt.19-22; 24). Por último, a Lei previa regras cerimoniais, que tratavam dos ritos e cerimônias de adoração, oferta de sacrifícios e serviços do Tabernáculo (Lv.1-7). Enfim, para os judeus a Lei apresentava sua completude por meio de uma tríplice divisão: moral, judicial e cerimonial. Tinha os seguintes objetivos: prover um padrão de justiça, segundo o modelo de moralidade para o caráter e a conduta do ser humano (Dt.4:8; Rm.7:12); identificar e expor a malignidade do pecado (Rm.5:20), apontando o caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram oferecidos no Tabernáculo (Lv.cap.4-7); e, por fim, revelar a santidade de Deus (Êx.24:15-17; Lv.19:1,2), para conduzir a humanidade a Cristo (Rm.10:4).

3. A Lei e a verdade do Espírito

A Lei possuía a função claramente definida de revelar o pecado (Rm.3:20). Era gloriosa pelo fato de construir uma demonstração das exigências santas de Deus. No entanto, foi dada apenas até o tempo de Cristo, pois Ele é o cumprimento da Lei para a justiça de todo aquele que crê (Rm.10:4). Era uma sombra, enquanto Cristo é a substância. Era uma imagem de coisas melhores por vir que se concretizavam no Salvador do mundo. Se a Lei teve esse caráter glorioso, “como não será de maior glória o ministério do Espírito? “(2Co.3:8). A expressão “o ministério do Espírito” refere-se ao evangelho. O Espírito de Deus opera por meio da pregação do evangelho e, ao mesmo tempo, é ministrado por aqueles que recebem as boas-novas de salvação.

Deus jamais teve a intenção de usar a Lei como meio de dar vida, salvação. Antes, ela foi criada parta trazer conhecimento e convicção do pecado. Na Nova Aliança, porém, o ministério do Espírito Santo traz vida, porque na Nova Aliança o pecador é substituído por Cristo, e, em Cristo, ele recebe o perdão de seus pecados. O Filho de Deus veio ao mundo como nosso representante e fiador; quando Ele foi à cruz, Deus lançou sobre Ele a iniquidade de todos nós (Is.53:6). Ele foi ferido e traspassado pelas nossas transgressões. Quando estava suspenso entre a terra e o céu, o próprio sol cobriu o seu rosto e houve trevas sobre a terra. Nem mesmo o Deus Pai quis ampará-lo. Naquele momento, Ele bebeu sozinho todo o cálice da ira de Deus contra o pecado. Então, vitoriosamente, pegou o escrito de dívida que era contra nós, rasgou-o, anulou-o, encravou-o na cruz e bradou: “está consumado” (João 19:30). Cristo morreu a nossa morte, para vivermos sua vida. Pela morte de Cristo temos vida abundante e eterna. O ministério do Espírito é aplicar em nós os benefícios da redenção de Cristo. Como diz o pr. Osiel Gomes, “o Espírito Santo traz vida em Cristo e grava a vontade de Deus em nossa consciência e coração (Rm.8:2; 1Co.15:45; 1Tm.1:5)”.

4. Qual é o propósito da Lei para os discípulos de Cristo?

Em Mateus 5:17 Jesus afirma que Ele veio para cumprir a Lei. Então, há propósito da Lei para os seguidores de Cristo? A Lei de Deus precisa estar dentro de nossos corações; quem ama a Deus quer fazer o que é certo. Jesus sempre ensinou que o mais importante é o nosso coração. Não basta não adulterar, querer adulterar também é pecado (Mt.5:27-28). O pecado vem do coração e só depois é refletido nas atitudes exteriores (Mc.7:21-23). Jesus cumpriu toda a Lei, tanto a Lei moral quanto a Lei cerimonial, mas os princípios da Lei moral de Deus continuam válidos para nós hoje, e devem ficar gravados em nossos corações (Hb.8:10).

Com relação à Lei do sacrifício, Deus instituiu muitas regras de pureza cerimonial; essas regras exteriores serviam para lembrar os judeus que eles precisavam ser purificados por dentro; portanto, elas sempre apontaram para o que é mais importava: o interior. Essas regras foram revogadas, porque agora Jesus cumpriu a Lei e purificou nosso coração com o seu sangue remidor. Agora, em Jesus, não precisamos mais de regras exteriores. Jesus nos purifica por dentro (Rm.2:28,29). Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, implanta no interior do crente o verdadeiro sentido e propósito da Lei (Gl.4:3-7).

A Lei cerimonial também separava os judeus de todos os outros povos, mostrando que eram diferentes. Agora não há mais separação (Ef.2:13-16); todos que aceitam Jesus como seu salvador pertencem à família de Deus. A verdadeira diferença está em nosso coração, separando-nos do pecado.

Certa feita Jesus disse a um intérprete da Lei, que queria experimentá-lo, que destes dois grandes mandamentos dependem toda a Lei e os profetas: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt.22:37,39,40). Ou seja, amar a Deus e ao próximo é a chave para a compreensão dos mandamentos do Altíssimo após o advento de Cristo. Eles são a essência dos mandamentos divinos. Conforme o Comentário Bíblico Pentecostal, “estes dois mandamentos sobre o amor são a ‘constituição’ do Reino, a partir do qual todas as outras leis serão julgadas e todas as aplicações da lei consideradas apropriadas ou não. Estes dois mandamentos garantem que a Lei inteira se conformará ao espírito do Reino”.

III. A JUSTILA DO REINO DE DEUS

1. Quem é grande no Reino de Deus?

“Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus” (Mt.5:19).

Aqui, Jesus foi claro: aqueles que são fiéis e cumpridores de toda a Lei de Cristo são considerados grandes no reino de Deus. O Pr. Hernandes Dias Lopes argumenta que os escribas e os fariseus torciam a Lei em nome da Lei. Eles deturpavam seu sentido para ostentarem uma espiritualidade de faixada. Vangloriavam-se ao mesmo tempo que violavam a Lei e ensinavam ao povo preceitos de homens, em vez de ensinar com fidelidade a Lei. Violar a Lei é quebrá-la. Ensinar a Lei de maneira errada é ser falsa testemunha de Deus. Violar a Lei traz consequências graves para o transgressor. Ensinar esses desvios traz desdobramentos terríveis para quem ouve esse falso ensino. A Lei não é para ser quebrada, mas obedecida; não é apenas para ser guardada, mas também para ser transmitida. Com isso, Jesus está mostrando que a prática deve preceder a pregação. O líder do povo de Deus deve viver a doutrina antes de ensiná-la aos outros. Os escribas e fariseus falavam, mas não praticavam; pregavam, mas não faziam (Mt.23:3). Se a quebra da Lei e o ensino errado da Lei trazem um apequenamento ao transgressor travestido de mestre, a observância da Lei e de seu ensino fiel proporciona grande honra: “.... esse será considerado grande no reino de Deus” (Mt.5:19).

Portanto, os seguidores de Cristo devem observar até os menores mandamentos que estão incluídos na Lei (a Lei moral) e nos Profetas. Além disso, se algum líder influenciar os outros para negligenciar, infringir, remover, violar o menor dos mandamentos de Deus e não atentarem para sua instrução, quer por omissão, quer por transgressão, ele será considerado o menor no Reino de Deus. Como a Lei e os Profetas apontam na direção de Jesus e dos seus ensinos, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino de Deus.

2. A justiça do Reino de Deus

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Aqui, Jesus ensinou aos seus discípulos e aplica-se a todos nós cristãos, que a nova justiça no Reino de Deus não é exterior, mas manifesta-se no interior da pessoa; é moral e espiritual, e não se trata mais daquela velha justiça exterior, cerimonial e legalista praticada pelos escribas e fariseus. Por isso, Jesus disse que se a justiça dos seus seguidores “não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Os israelitas haviam transformado os mandamentos de Deus em um conjunto de regras e imposições legalistas, baseados em ritos e aparência exterior. A tradição humana havia subvertido a essência da Lei. Em sua missão terrena, Jesus resgata o propósito primordial da Lei e enfatiza a necessidade do seu cumprimento de forma livre e espontânea, dando-lhe novo significado, cujo padrão de retidão opera de dentro para fora. Entretanto, esse novo sentido dado por Cristo parece ser ainda mais exigente; afinal, depois de afirmar o que estava escrito na lei mosaica (“ouvistes o que foi dito”, Mt.5:21,27,31,33,43), Ele introduz um padrão ainda mais elevado (“Eu, porém, vos digo”). Eis o motivo pelo qual afirma Jesus que a justiça dos discípulos deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt.5:22).

Em seu Sermão, Jesus deixa claro que os escribas e fariseus que torciam a Lei e oprimiam o povo com um discurso legalista, ostentando uma santidade aparente e uma justiça apenas exterior, estavam fora do Reino de Deus. Hernandes Dias Lopes afirma que para entrar no Reino de Deus é necessário não ostentar, mas ser humilde de espírito; é necessário não se gabar de sua justiça, mas chorar pelos seus pecados; é necessário não defender seus direitos, mas ser manso; é necessário ter fome não de prestígio, mas de justiça; é necessário não oprimir os órfãos e as viúvas, mas ser misericordioso; é necessário não agasalhar hipocritamente toda sorte de imundícia no coração, mas ser limpo e coração; é necessário não ferir as pessoas com  seu legalismo pesado, mas ser pacificador; é necessário não criar contendas e odiar as pessoas em nome de Deus, mas se dispor a sofrer por causa da justiça. Essa é a justiça do Reino de Deus, que excede em muito a justiça dos escribas e fariseus.

CONCLUSÃO

Refletir sobre a Lei divina para os dias atuais é uma necessidade premente, pois ela nos fornece valores e princípios imutáveis, firma nossos passos e proporciona garantia de comunhão com Deus. A Lei de Deus precisa estar dentro de nossos corações. Quem ama a Deus quer fazer o que é certo. Não cumprimos as regras de Deus para sermos salvos; cumprimos as regras porque são regras justas. Claro, estamos debaixo da graça, e não da Lei mosaica, mas este padrão não nos isenta de obedecermos aos mandamentos de Deus (Rm.6:15). Precisamos entender, contudo, que, em Jesus Cristo, a observância da Lei moral do Reino não é um mérito pessoal conquistado pelo esforço próprio, mas algo que parte de um coração regenerado e transformado interiormente. Hoje, vivemos a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus (Rm.8:2). Glorifiquemos a Deus por isso!