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LEVÍTICO, ADORAÇÃO E SERVIÇO AO SENHOR

Texto áureo: Lv. 26.11 – Leitura Bíblica: Lv. 27.28-34

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos o livro de Levítico, um dos compêndios do Pentateuco. Esse é um manual de adoração para o povo judeu, e que oportuniza aplicações para o culto cristão. Nesta primeira aula o contextualizaremos, destacando o gênero literário, a data e autoria. É importante, nesses estudos, que não fiquemos apenas na descrição da religiosidade judaica, mas que também atentemos para sua dimensão espiritual, e possibilidades práticas para a adoração cristã, desde que estejam fundamentadas no evangelho.

1. AUTORIA, DATAÇÃO E GÊNERO
O livro de Levítico, bem como os demais livros do Pentateuco é atribuído a Moisés, cuja autoria é reconhecida pelo próprio Jesus (Mt. 5.17). A maioria dos estudiosos concorda que o material da Torah foi escrito por volta de 1445 a. C., no período em que Moisés levantou o tabernáculo no deserto. Alguns teólogos liberais modernos, fundamentados na crítica literária, tentaram questionar a autoria mosaica, mas essa tem sido cada vez mais consolidada, tanto pelas evidências externas quanto internas da obra. Entre os gêneros bíblicos, essa obra pode ser categorizada como um manual do culto divino, ou uma espécie de  estatuto para a purificação religiosa nacional, considerando que o povo de Israel vivia debaixo de uma aliança, sendo uma nação governada por Deus. Quanto ao propósito de Levítico, podemos ressaltar que se trata de uma orientação para os sacerdotes no seu ofício, em conformidade com a aliança de Deus e Israel. É importante ressaltar que o santuário havia sido construído, por isso Deus apresenta os fundamentos da adoração judaica. Essa é uma demonstração de que Deus não pode ser adorado de qualquer jeito, mas em conformidade com suas especificações. No contexto da aliança israelita, o próprio YHWH apresenta os termos pelos quais deveria ser adorado. Ao assim fazê-lo, o povo hebreu seria preservado, e ao obedecer às leis do Senhor, não seria contaminado pelas práticas pecaminosas das nações vizinhas. À luz do evangelho, sabemos que Deus tabernaculou no meio dos homens, pois o Verbo se fez carne e habitou no meio de nós (Jo. 1.1,14). Por esse motivo, podemos ter a certeza de que fazemos parte de uma nova aliança, consagrada por Cristo no calvário. Nessa nova aliança, fomos feitos sacerdotes com Aquele que é o Sumo-Sacerdote Eterno (Hb. 7.17).

2. A ESPECIFICIDADE DE LEVÍTICO
Levítico é o terceiro livro dos cinco livros da Torah, a palavra inicial do livro é wayyiqra, expressão hebraica que significa “e Ele chamou”, se referindo aos sacerdotes, que foram chamados pelo Senhor. A versão grega do Antigo Testamento – Septuaginta – optou por denominá-lo de leutikon, cuja tradução é “a respeito dos levitas”. A versão latina da Bíblia – Vulgata – traduziu com o título de Leviticus, do qual derivou o nome dado na língua portuguesa. Esse é um Manual de Regulamentos e Procedimentos Sacerdotais, de modo que identificamos a predominância de considerações rituais e legais. É preciso considerar também que há uma relação imediata do livro de Êxodo com o de Levítico, por isso o próprio título em hebraico trazer uma vav conjuntivo, uma espécie de conjunção aditiva. Isso mostra que o ofício sacerdotal deveria ser realizado dentro do contexto da religiosidade hebraica. A função sacerdotal, por conseguinte, tinha a ver com a instrução do povo na Torah, servindo como manual de orientação para o serviço, e adoração no tabernáculo do Senhor. Em linhas gerais, deve ser considerado um Código de Santidade, destacando a importância do sacrifício, a fim de que os sacerdotes recém-consagrados soubessem se portar no santuário, e conduzindo-se de maneira a agradar ao Senhor, pautando o modo de viver do povo, para que não esquecessem que era uma nação separada por Deus. A esse respeito, o livro de Levítico encontra eco no Novo Testamento, na medida em que destacamos que somos uma nação santa, um povo separado por Deus, chamado das trevas para sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9). A igreja do Senhor Jesus é “os chamados para fora” – ekklesia – por isso deve viver em adoração, não mais em meros rituais religiosos, mas em espírito e verdade (Jo. 4.22-24).

3. A TEOLOGIA DE LEVÍTICO
A teologia fundamental de Levítico é a da “santidade ao Senhor”, e “sede santos porque eu sou santo” (Lv. 10.13), pois o Deus que retirou o povo de Israel do Egito é Santo (Lv. 11.44). Ele não é uma mera divindade nacional, mas o Único Deus Verdadeiro, que resgatou o povo da servidão. Desse modo, se a nação permanecesse debaixo dessa aliança, teria a certeza de que esse mesmo Deus o guardaria, e o preservaria dos seus inimigos. Outro enfoque que merece destaque no livro é o da adoração, podemos afirmar que o Deus de Israel é digno de ser adorado, e que esse apresenta as especificações rituais, para que a adoração aconteça. Os sacrifícios se faziam necessários por causa da condição pecaminosa do ser humano, e ao mesmo tempo, ressalta a gravidade do pecado, diante da santidade de Deus. Algumas dessas temáticas são reafirmadas no Novo Testamento, principalmente a de que nenhum ser humano é capaz de salvar a si mesmo (Rm. 3.23; Ef. 2.8,9), e que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo (Rm. 6.23). Na verdade, alguns temas que se encontram em Levítico foram reafirmados por Jesus, dentre eles, o do supremo mandamento do amor, primeiramente a Deus, e ao próximo como a nós mesmos (Lv. 19.18; Mt. 22.39). Paulo também fez referência a essa “regra áurea” em Rm. 13.9 e Gl. 5.14, de modo que, nesse contexto, os crentes são sacerdotes consagrados ao serviço do Senhor. O sacerdócio dos crentes, diferentemente daquele levítico, é dura para sempre e em todos os lugares A santidade, por sua vez, não está atrelada apenas a rituais externos, mas a um estilo de vida, tendo o próprio Deus como padrão (I Pe. 1.15). Nessa nova condição, nos tornamos habitação de Deus pelo Espírito Santo, que também opera em nós a santificação (Gl. 2.11).

CONCLUSÃO
Na condição de crentes santos e santificados por Cristo, temos diante de nós a responsabilidade de viver em santidade, agradando ao Deus Vivo e Verdadeiro (I Ts. 4.1-12). E para isso, devemos reconhecer que temos uma nova mentalidade, somos templo e morada do Espírito Santo (I Co. 6.19), e como tal, não podemos mais nos conformar a esse mundo, antes vivermos de acordo com a vontade boa, perfeita e agradável de Deus, que é nosso culto racional (Rm. 12.1,2).

BIBLIOGRAFIA
HARRISON, R. K. Levítico: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2011.
TIDBALL, D. The message of Leviticus. Leicester: Interversity-Press, 2005.

ÉTICA CRISTÃ E REDES SOCIAIS

Texto áureo: I Co. 6.12 – Leitura Bíblica: Pv. 4.10-15

INTRODUÇÃO
As redes sociais, através do avanço da internet nesses últimos anos, passaram a fazer parte da vida cotidiana das pessoas. Mas nem todos sabem usar com sabedoria, sobretudo com ética, essas ferramentas tecnológicas. Diante dessa realidade, estudaremos, nesta última lição, a respeito da importância do uso moderado, e mais importante, da sabedoria espiritual para que esses recursos possam está a serviço, e não contra o reino de Deus, que sejam usados para a glória dEle, não contra Ele, e por sua vez, contra nós mesmos.

1.  INTERNET E REDES SOCIAIS
Desde a difusão da internet, comumente conhecida como a Rede Mundial de Computadores, as pessoas passaram a ter contato com as mídias sociais, que estão cada vez mais próximas da maioria da população.  Ferramentas como Facebook, Instagram, Twitter e YouTube são facilmente identificadas, até mesmo pelos símbolos que as representam. Qualquer pessoa pode se apropriar de uma dessas mídias nos dias atuais, basta tão somente fazer um perfil, e a partir de então, poderá postar textos, imagens e/ou vídeos. Por meios desses recursos, essas pessoas materializam suas identidades e, às vezes, acabam por se excederem em suas postagens. É preciso considerar as implicações que a postagem de conteúdos podem ter na vida daqueles que as divulgam. Isso porque o compartilhamento rápido e fácil pode difundir uma informação em segundos, fazendo com que essa seja viralizada. As palavras de Salomão, no livro de Provérbios, se aplicam muito bem em relação ao uso indevido das redes sociais. A postagem depois de feita nem sempre pode ser apagada, e quando isso acontece pode ser que já tenha sido compartilhada (Ec. 5.1-7). Há cristãos que não medem as consequências de suas postagens nas redes sociais, não conseguem fazer a distinção entre o público e o privado. Existem fotos e vídeos que são de conhecimento familiar, e não podem ir a público, sob o risco de macular nossa imagem. Além disso, é preciso ter cuidado para que as redes sociais não se transformem em instrumento para a ostentação. As disputas e querelas devem ser evitadas nesse meio,  para que o evangelho não venha a ser desqualificado. Muitos casamentos cristãos também estão em risco, por causa do envolvimento de um dos cônjuges em relacionamentos virtuais, é preciso manter a vigilância a esse respeito, deixando claro que “se encontra em um relacionamento sério” e que é "casado", de preferência ter sempre uma foto com o cônjuge. 

2. O RISCO DOS RELACIONAMENTOS DESCARTÁVEIS
Como declarou John Donne (1572-1631), clérigo e poeta britânico, “nenhum homem é uma ilha”. Essa verdade pode ser atestada no livro de Gênesis, no qual encontramos a narrativa de que “não é bom que o homem esteja só” (Gn. 1.28,29). Com o advento das redes sociais, se tornou possível ter não apenas amigos reais, mas também virtuais. Há pessoas que não têm 5 amigos reais, mas chegam a 5.000 mil nas redes sociais. E esses amigos, podem ser descartados rapidamente, basta que a pessoa cancele sua conta. O perigo é o de fundamentar os relacionamentos reais nos parâmetros dos relacionamentos virtuais. Sobretudo nos dias atuais, os quais Zygmunt Bauman (1925-2017) denominou de “tempos líquidos”. Em seu clássico Modernidade Líquida destacou que os relacionamentos entre as pessoas estão cada vez mais descartáveis. As redes sociais expressam esse tipo de relacionamento, muitas pessoas vivem sozinhas, não tem companhias reais, e por isso, se tornam dependentes dos relacionamentos virtuais. Através dessas, querem impressionar os outros, maquiam sua imagem, não apenas com cosméticos, também com uma identidade falseada. Os ambientes virtuais se tornam o rio de narciso, a personagem da mitologia que contemplou demasiadamente seu rosto, e ficou abismado com sua beleza, e por isso mesmo veio a definhar. As redes sociais podem ensejar as pessoas a deixarem de ver os outros e contemplarem apenas a elas mesmas.. A Palavra de Deus nos orienta a amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos, mas há pessoas que estão amando mais a elas mesmas (Mc. 12.30,31).

3. ÉTICA NAS REDES SOCIAIS
A ética nas redes sociais é um desafio, sobretudo os cristãos devem dar exemplo, para evitar escândalo. Alguns cuidados devem ser tomados, precauções devidas, para não denegrir a imagem própria, bem como a dos outros. Estamos em uma época de muitas notícias forjadas, informações que circulam rapidamente, sem que tenha sua veracidade atestada. Por isso, os cristãos devem ser cautelosos, não devem compartilhar informações, sem antes ter convicção da sua veracidade. Fotos em ambientes que possam causar escândalo não devem ser postadas, evidentemente os cristãos devem avaliar os lugares para os quais podem ir, e mais ainda, se podem ou não postar fotos e vídeos em determinados contextos. É nesse particular que se aplica a declaração de Paulo: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convém, todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (I Co. 6.12). Postagens com trajes indevidos, roupas que causem escândalos, não podem cair na rede. Vídeos familiares, ou mesmo fotos íntimas, podem cair nas mãos de pessoas sem escrúpulos, que podem denegrir a imagem de alguém. As redes sociais devem ser usadas para nossa formação intelectual, e inclusive bíblico-teológica. Existem vários sites e vídeos disponíveis da internet que servem para a edificação dos cristãos. E preciso ter cuidado a quem estamos seguindo, não podemos esquecer que somos seguidores de Cristo, e como tais devemos nos comportar, sabendo renunciar interesses que não agradem a Ele (Mt.16.24). As redes sociais podem ser usadas para a evangelização, para a propagação das boas novas (Mt. 28.19,20), desde que seja feito de maneira criativa, e sem desmerecer os outros, principalmente a religião das pessoas.

CONCLUSÃO
Nesses tempos de relacionamentos líquidos, não esqueçamos que precisamos uns dos outros, nem desprezemos o contato real, a começar a congregação como é costume de alguns (Hb. 10.25). Temos liberdade para usar com sabedoria as redes sociais, desde que essas sirvam para glorificar a Deus, e não se transformem em instrumento para denegrir a imagem de quem quer que seja. É bom avaliar se estamos fazendo uso adequado dessas redes, caso contrário, o melhor mesmo é ficar longe delas (Mt. 18.9)

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016

ÉTICA CRISTÃ E POLÍTICA

Texto áureo: Rm. 13.7 – Leitura Bíblica: Rm. 13.1-7

INTRODUÇÃO
A relação entre o cristão e a política é um dos temais mais controvertidos no meio evangélico. Em virtude dos vícios da política brasileira, alguns evangélicos absorveram as práticas pecaminosas da sociedade. Diante dessa realidade, faz-se necessário fazemos alguns esclarecimentos bíblicos, a fim de orientar os cristãos evangélicos para que esses saibam lidar com a questão política, de maneira ética e com sabedoria divina. Caso contrário, poderão servir aos interesses mundanos da política partidária, e serem manobrados pela politicagem.

1.  POLÍTICA, PARA QUE?
A palavra política vem do grego “polis” e diz respeito à cidade, trata-se, portanto, de uma orientação humana com vistas à convivência social. Biblicamente, a origem da política remete também a da cidade, com a construção de Babel, a torre da confusão (Gn. 11). Em virtude daquele fatídico episódio, Deus entregou o governo nas mãos dos homens, de maneira que esses passaram a conduzir os ditames das suas cidades. Em tese, a política deveria buscar o bem-estar comum da sociedade, infelizmente isso não acontece por causa da condição pecaminosa do ser humano. A organização política como conhecemos atualmente é inspirada nos gregos e romanos, que fundamentaram a democracia. Por causa da natureza pecaminosa, os cristãos trataram de “aperfeiçoar” a democracia, criando os poderes constituídos, que deveriam fiscalizar uns aos outros. Esperava-se que, através da independência dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, a democracia seguisse seu rumo, e favorece aos cidadãos, sobretudo aos mais necessitados. Porém, por causa da concentração de riquezas nas mãos de poucos, o Estado acabou por ser dominado por interesses econômicos, que determinam inclusive a escolha dos governantes. Estudiosos contemporâneos defendem que cada vez mais a democracia está em perigo. E mais, que o sonho de organização social, postulado pelo liberalismo político-econômico, não está cumprindo o que prometeu. Diante desse quadro, os cristãos evangélicos precisam ser cautelosos, para não se tornarem presa fácil das armadilhas da politicagem, que se infiltram nos arraiais evangélicos, e são naturalizadas como se normais fossem. Por causa da ingenuidade de alguns evangélicos, políticos evangélicos e não evangélicos interesseiros se aproveitam, citando, às vezes, versículos bíblicos descontextualizados, a fim de angariar votos.

2. EQUÍVOCOS EVANGÉLICOS SOBRE A POLÍTICA
Existem alguns equívocos no meio evangélico em relação à política, os quais precisam ser esclarecidos, o principal deles é o mito da nação evangélica. Alguns evangélicos falham na interpretação bíblica quando confundem a teocracia israelita com a atuação da igreja no Novo Testamento. Versículos tais como “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor” (Sl. 33.2 ) não podem ser aplicados a qualquer país na atualidade, pois Deus não trata mais com uma nação específica, mas com uma nação santa, um povo adquirido, pelo sangue de Jesus (I Pe. 2.9 ). Não devemos nos iludir com a pretensão de que teremos um dia uma nação evangélica, pois o Estado não deve professar uma religião, antes deve garantir a liberdade de culto religioso. Como cristãos, devemos escolher representantes, inclusive aqueles que professam a fé cristã, desde que exerçam seus mandatos buscando o bem-estar social comum. Outro equívoco é o de pensar que o político evangélico é eleito para defender a moral evangélica, ou mesmo para obter recursos para as igrejas. Existem práticas politiqueiras dentro do contexto evangélico que favorecem a corrupção e contribuem para a falência do próprio Estado. Os políticos evangélicos, tal como William Wilberforce, que contribuiu para o fim da escravidão na Inglaterra, deve se envolver em projetos que façam a diferença para a sociedade como um todo. Outro equívoco diz respeito à interpretação equivocada em Rm. 13, que geralmente é interpretada de maneira descontextualizada. Nessa passagem Paulo expõe a função do Estado, mas não está endossando suas ações injustas. O próprio Paulo apelou para seu direito romano, quando ilegalmente açõitado em Filipos (At.  16.16-40). Pedro deixou margem para a desobediência civil, quando o Estado agir injustamente, e contrariar os padrões da Palavra de Deus (At. 5.29). Dietrich Bonhoeffer é um exemplo de cristão moderno que resistiu à política nazista, por reconhecer que essa servia a interesses outros, não aqueles que favorecem o bem-estar comum das pessoas em geral. Uma interpretação política do Apocalipse revelará a existência de um componente diabólico na política dos homens, que já antecipa a operação do Anticristo nos últimos dias (Ap. 13).

3. A POLÍTICA DE DEUS E DOS HOMENS
A política do cristão é a política de Jesus, o poder a ser buscado não é o temporal, mas o poder que vem do alto (At. 1.8). Os políticos cristãos prestarão serviço à fé evangélica se derem exemplo, tanto de vida ilibada, quanto de amor ao próximo. Caso contrário, se adentraram a política – principalmente a brasileira, acostumada a corrupção endêmica - macularão seu testemunho, perderão a oportunidade de ser sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.  13-16). Como cristãos, não podemos perder o escatos de vista – a esperança na plenitude do reino de Deus – que se dará quando Cristo vier para reinar. Enquanto esse dia não chega, estaremos debaixo da política dos homens, que dependendo dos seus ditames, influenciará para bem ou para mal, implicando diretamente na vida das pessoas. A Igreja não deve se misturar com o Estado, aquela sempre será tentada a fazê-lo, desde os tempos de Constantino, o imperador romano do Sec. IV, que institucionalizou o cristianismo como religião oficial. Na verdade, essa relação tem trazido mais prejuízos que ganhos, se considerarmos a piedade como fonte de maior lucro, do que as riquezas e o patrimônio terreno. Ainda nos tempos do Antigo Testamento, os reis tinham interesse de cooptar os sacerdotes, a fim de que esses ficassem ao seu favor, e defendessem suas atitudes mesquinhas. Mas Deus sempre levantou seus profetas, a fim de denunciar o pecado, e a corrupção que se instalava na monarquia teocrática. De igual modo, a igreja deve assumir seu caráter profético, e deve denunciar o pecado, não apenas em sua condição individual, mas também coletiva. O pecado que reside nas estruturas sociais, e que leva a morte de pessoas em hospitais precários, o comprometimento da educação, por causa de escolas sucateadas, e a falta de segurança pública, com um policiamento limitado.

CONCLUSÃO
Os cristãos precisam saber se posicionar com sabedoria no contexto da política, não podem trata-la com ufanismo, acreditando que essa resolverá os problemas da sociedade. Por outro lado, devemos escolher nossos representantes, a fim de que tenhamos paz e vida sossegada, e o mais importante, para que o Estado possa cumprir seu papel, e a atender as necessidades daqueles que mais precisam. Enquanto cristãos, devemos reconhecer nossa dupla cidadania, tanto somos cidadãos do céu quanto cidadãos da terra (Fp. 3.20), por esse mesmo motivo, devemos saber fazer a diferença, e dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César (MT. 22.21).

BIBLIOGRAFIA
BOYD, G. The myth of a Christian nation. Grand Rapids: Zodervan, 2005.
ELLUL, J. Política de Deus e política dos homens. São Paulo: Fonte Editorial, 2006.

ÉTICA CRISTÃ, VÍCIOS E JOGOS

Texto áureo: Pv. 15.16 – Leitura Bíblica: Pv. 28.1-10

INTRODUÇÃO
Depois da queda, o ser humano tem uma tendência à autodestruição, a natureza pecaminosa o conduz à perdição. Por causa disso, há várias pessoas que se entregam a uma vida dissoluta, através de vícios que destroem o corpo, e desencaminham a alma. Na lição de hoje estudaremos a respeito dos males dos vícios, sua implicações para a vida das pessoas, e ao final, destacaremos a importância do cristão desenvolver uma ética do corpo com base nas Escrituras.

1.  OS MALES DOS VÍCIOS
O salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), e esse tem levado muitas pessoas à perdição, inclusive a destruição do próprio corpo. Existem vários tipos de vícios, e de drogas que destroem a vida. Algumas delas são consideradas lícitas, tais como o álcool e o cigarro, e outras ilícitas, tais como a maconha e a cocaína. O uso das drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas se transformou em um problema de saúde pública. Existem várias pessoas em clínicas de recuperação, tentando sair do “fundo do poço”, por causa do consumo desenfreado de entorpecentes. Algumas pessoas se tornaram prisioneiras dos vícios, seus cérebros estão dependentes de narcóticos. Há regiões do cérebro que induzem à dependência, causando males inclusive à cognição, comprometendo a capacidade de raciocínio. Por isso, alguns especialistas estão preocupados com essa situação, e recomendam evitar entrar por esse túnel, que nem sempre tem uma saída. Os jovens estão se tornando presas fácil desse mundo caótico, transformando seu futuro em fumaça, injetando nas veias ou narinas, um veneno que consome seus ossos. Mas há outros vícios, que estão sendo absorvidos com naturalidade pela sociedade, dentre eles o da pornografia. Cada vez mais pessoas estão buscando tratamento para esse tipo de dependência, as redes sociais também causam dependência. Por isso é preciso ter cuidado com o uso indiscriminado do computador. A criminalização está longe de se apresentar como solução, a legalização de igual modo. Precisamos investir mais na juventude, dando-lhe oportunidades de educação e esporte, para que não sejam consumidos pelos vícios. A igreja tem seu papel, tanto na recuperação quanto na conscientização, mostrando Cristo como Aquele que liberta (Jo. 8.36).

2. OS RESULTADOS DOS JOGOS DE AZAR
Existem diferentes tipos de jogos, alguns deles estão no campo do lúdico, e não representam um mal em si. Existem escolas, por exemplo, que recomendam o jogo de xadrez, que é tratado como esporte, a fim de desenvolver o raciocínio. A prática de determinados esportes também é incentivada, e não necessariamente deve ser censurado, julgando os benefícios que podem trazer, inclusive para a saúde. Quando nos referimos ao perigo dos jogos, estamos tratando a respeito dos jogos de azar, aqueles que são praticados a fim de ganhar dinheiro, e que causa dependência, semelhantes aos vícios. Há pessoas que deixam de alimentar suas famílias a fim de satisfazer o desejo desenfreado de jogar, arriscando o pão que deveria está na mesa para seus filhos. Embutido nos jogos de azar está o sentimento ganancioso, que pode conduzir qualquer pessoa à ruina. Não há respaldo bíblico para os cristãos se envolverem com jogos de azar, a aposta é uma prática pecaminosa, que não deve ser motivada. A loteria, que se tornou uma prática comum entre os não-cristãos, é uma demonstração da naturalização da ganância. O ganho fácil alimenta o imaginário de várias pessoas, que sonham em acertar na mega-sena, e se tornaram ricas da noite para o dia. Devemos nos alimentar a partir do suor do nosso rosto, ou seja, do trabalho honesto que glorifica a Deus. As pesquisas comprovam que pessoas que ganharam com facilidade também perderão. Quantos daqueles que acertaram na mega-sena ainda mentem sua riqueza? É melhor viver da porção acostumada de Agur, e aprender a contentar-se com o que se tem. A vida cristã é marcada pela moderação, pelo equilíbrio que preserva a vida da morte.

3. A ÉTICA DO CORPO
Os cristãos são advertidos pela Palavra de Deus a uma ética do corpo, que glorifique ao Senhor através dos nossos membros. Paulo destacou que somos templos e morada do Espírito Santo, portanto, não podemos no entregar a devassidão (I Co. 6.19,20). Os cristãos não devem se deixar dominar pelos vícios, principalmente aqueles que têm um histórico de recaídas. Por isso a advertência dos Alcoólicos Anônimos (AA), a fim de que se evite a primeira dose. A sociedade não compreende a ética cristã do corpo, e geralmente trata esses argumentos como puritanismo. Mas a virtude do fruto do Espírito deve ser cultivada como uma dádiva de Deus (Gl. 5.22), com vistas à preservação tanto da nossa alma, quanto do nosso corpo. O Deus que nos admoesta a fugir do pecado, seja ele  dos vícios ou dos jogos de azar, o faz para nosso próprio bem. O pior que pode acontecer ao indivíduo é que esse se coloque a mercê de si mesmo. A Bíblia nos orienta a uma vida sóbria, sem se deixar levar pelas paixões carnais (Gl. 5.24). Investir em jogos é gastar dinheiro naquilo que não é pão, e que certamente não trará satisfação (Is. 55.2), querer fica rico pode levar a pessoa à ruina (I Tm. 6.9). Os desejos desenfreados podem causar males irreversíveis ao organismo. O pensamento moderno argumenta que fomos criados para o prazer, por isso devemos usufruir de tudo aquilo que o corpo pode experimentar. De fato, fomos criados para o prazer, mas esse deve ser desfrutado dentro dos parâmetros divinos, e não deve dar ocasião à natureza pecaminosa. A moderação deve ser cultivado em todos os aspectos da vida, e como ressaltou Paulo aos coríntios: “nem tudo me convém” (I Co. 6.12).  

CONCLUSÃO
Vivemos em uma sociedade hedonista, que busca o prazer a todo e qualquer custo. Por causa disso, e atrelada à natureza pecaminosa, muitos estão se perdendo, através dos vícios e jogos de azar. Como cristãos devemos levar a mensagem de libertação de Cristo, que retirar as pessoas das cadeias da morte. Ao mesmo tempo, os cristãos não devem se deixar levar pela libertinagem que pauta com naturalidade as práticas sociais. Devemos viver para a glória de Deus, ciente que o corpo é templo e morada do Espírito Santo, e que não devemos nos entrar à jogatina, que pode ser uma demonstração de ganância.

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016

ÉTICA CRISTÃ E VIDA FINANCEIRA


Texto Áureo: Is. 55.2   – Texto Bíblico: I Cr. 29.10-14; 1 Tm. 6.8-10

INTRODUÇÃO
A Ética Crista também tem a ver com mordomia, isto é, o uso apropriado dos bens materiais. Somos responsáveis pela propriedade que Deus permite que chegue até nós. Na lição de hoje estudaremos a respeito desse importante assunto, destacando, a princípio, os fundamentos bíblicos para a propriedade, em seguida, mostraremos que o trabalho é uma benção divina, desde que seja honesto, e por fim, que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e que o contentamento deve ser a meta de todo cristão.

1. TRABALHO E FINANÇAS
O trabalho é uma ordenança divina, antes mesmo da queda o homem já trabalhava, por causa do pecado esse se tornou pesaroso (Gn. 3.19). Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento encontramos passagens bíblicas que ressaltam a importância do trabalho (Pv. 21.25; 22.13; II Ts. 3.10). O trabalho possibilita a mobilidade social, bem como a educação e melhor salários. Mas é preciso considerar que a empregabilidade, e mesmo a ascensão social depende de fatores diversos. É preciso que haja justiça, e que os políticos trabalhem, a fim de favorecer a democratização dos recursos. Algumas pessoas não conseguem trabalhar, e muito menos administrar as finanças, por causa de situações adversas pelas quais passam, e quem em alguns casos estão além do controle. Os cristãos devem buscar ser exemplo no seu trabalho, com o objetivo de suprir suas necessidades, e principalmente da sua família (Fp. 4.7), mas também para contribuir com o reino de Deus (Ml. 3.7-10), e para ajudar os que têm necessidade (II Co. 9.7). É importante também evitar dívidas, sobretudo àquelas desnecessárias, impostas pela demanda consumista, que conduz as pessoas à ganância, e a desequilíbrio financeiro (Is. 55.2).

2. OS MALES DO CONSUMISMO
A princípio, faz-se necessário distinguir o que seja “consumo” e “consumismo”. No primeiro caso, as pessoas adquirem somente aquilo que lhes é necessário para a sobrevivência. Em relação ao consumismo a pessoa gasta tudo aquilo que tem, e até o que não tem, em produtos supérfluos. Esse consumo exagerado, em muitos casos, é produto das provocações dos meios de comunicação de massa, especialmente, da propaganda da televisão. Os canais televisivos cobram quantias exorbitantes aos anunciadores dos produtos, os quais, incitam as pessoas a adquirirem os seus produtos, criando necessidades que, na verdade, não existem. As implicações sociais do consumismo são terríveis, pois podem gerar violência na medida em que as pessoas distanciadas de Deus acabam cometendo atrocidades a fim de satisfazer a vontade de possuir um determinado produto. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados. Uma outra conseqüência danosa do consumismo é a destruição do meio ambiente, algo que não pode ser desconsiderado, mesmo pelos cristãos, pois somos mordomos da criação de Deus (Gn. 2.8,19,20; Ex. 23.11)

3. NA BUSCA PELO CONTENTAMENTO
A maior riqueza de um cristão é a piedade (gr. eusebeia), uma vida dedicada a Deus, através de momentos de oração e meditação na Palavra. Existem muitos cristãos que, por causa do desejo de ficarem ricos, estão se afastando da fé. Paulo adverte quanto ao amor ao dinheiro, ressaltando que o amor a esse é a raiz de toda espécie de males (I Tm. 6.9,10). Essa mensagem confronta diretamente a famigerada teologia da ganância, que está se infiltrando em muitas igrejas evangélicas. A espiritualidade do obreiro não deve ser identificada pelo total de bens que conseguiu acumular. De nada adianta ser rico na terra, ajuntar tesouros nos bancos, e não ser rico para Deus (Lc. 12.21). Há lideranças nas igrejas que se tornaram escravas do dinheiro, são obreiros fraudulentos que não conseguem ver outra coisa, a não ser a lã das ovelhas. Até mesmo os ricos da igreja devem ser ensinados a não colocar sua fé nos bens materiais que possuem, mas em Deus que abundantemente nos dá todas as coisas (I Tm. 6.17). Os bens não podem ser usados apenas para satisfação pessoal, devem servir também para fazer o bem ao próximo, é assim que se enriquece em boas obras (I Tm. 6.18).

CONCLUSÃO
O tesouro do cristão não está na terra, pois ele não coloca a sua fé no que tem, mas em quem Deus é (Mt. 6.19-24). Mamom é o deus deste século, e tem seu altar estabelecido no meio dos homens. O crente aprendeu a viver contente em todas as circunstâncias, e sabe tanto ter abundância quanto passar por privação (Fp. 4.13).  A piedade, demonstrada através do contentamento, é grande fonte de lucro para o cristão (I Tm. 6.6). Os obreiros desta geração não podem esquecer essa importante verdade bíblica, que está sendo deturpada por uma teologia equivocada, que busca apenas as riquezas terrenas, e que nada tem a ver com as Escrituras.

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016.