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NOSSA SEGURANÇA VEM DE DEUS

 

Texto Base: Mateus 6:19-27

 

 “E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc.12:15).

Mateus 6:

19.Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam.

20.Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam.

21.Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

22.A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.

23.Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!

24.Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

25.Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?

26.Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27.E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo dobre o Sermão do Monte, proferido por Jesus, trataremos nesta Aula a respeito da nossa segurança com relação ao porvir; veremos que “nossa segurança vem de Deus”; se assim é, então jamais devemos colocar a nossa esperança no governo humano bem como nos bens materiais, mas somente em Deus. Entretanto, o homem sem Deus e, consequentemente, sem uma dimensão da eternidade, tem sua vista obscurecida pelas coisas temporais e passageiras e, portanto, acaba se deixando dominar pela avareza, pelo desejo de acumulação de riquezas, que é uma insensatez total, como deixou bem claro Jesus na parábola do rico insensato (Lc.12:13-21) - “porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui” (Lc.12:15). Lamentavelmente, não são poucos os que acabam se perdendo na caminhada para o céu por causa dos bens materiais e por causa do dinheiro. A Bíblia revela que a avareza tem sido um obstáculo para muitos alcançarem a salvação, como nos casos do mancebo de qualidade (Mt.19:22; Lc.18:23), de Judas Iscariotes (Lc.22:3-6; Jo.12:4-6), de Ananias e Safira (At.5:1-5,8-10), de Simão, o mago (At.8:18-23) e de muitos outros, como afirmou Paulo em sua carta a Timóteo (1Tm.6:9,10).

O dinheiro não é um mal em si. A riqueza é uma bênção de Deus, tanto que Deus a concedeu a Salomão (1Rs.3:13), mas, e aqui está um caso típico, não podemos pôr nas riquezas o nosso coração (Mt.6:19-21). Devemos, sempre, buscar servir a Deus e Lhe agradar. Esta deve ser a intenção do cristão. Se nossas riquezas prosperam, não devemos por nelas o nosso coração (Sl.62:10); devemos usá-las para agradar a Deus. O importante é que não façamos dos bens materiais o objetivo e a intenção de nossas vidas. Quem passa a viver em função dos bens materiais, quem põe o seu coração nos tesouros desta vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será um idólatra (Cl.3:5) e, assim, estará fora do reino dos céus (Ap.22:15).

I. RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA

1. Uma conciliação impossível

Jesus ensina que servir a Deus e as riquezas é uma conciliação impossível. Não podemos servir a Deus e às riquezas. Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt.6:24. A palavra “Mamom” é uma transliteração de um termo hebraico que significa: “o que se armazena”; ou de outro termo hebraico que significa: “no que se confia”. Portanto, essa palavra refere-se à personificação da riqueza. Observe que Jesus diz que as riquezas são uma entidade, e não uma coisa; Ele chama as riquezas de “Mamom”, e não de moedas. As riquezas têm poder de subjugar as pessoas e torná-las escravas.

2. Tesouros da terra, e tesouros do céu

Onde está o nosso tesouro: no Céu ou na Terra? Jesus nos aconselha que ajuntemos tesouro no céu, e não na terra. Disse Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt.6:19-21).

Aqui, Jesus não está condenando a riqueza, pois, quando esta vem como fruto do trabalho e da benção de Deus, ela não traz desgosto. Também Jesus não está aqui proibindo a previdência, pois as Escrituras nos exortam a considerar a ação das formigas que trabalham no verão para ficarem abastecidas no inverno. Jesus tampouco está nos condenando por usufruirmos dos benefícios do nosso trabalho. O que Ele condena no texto é a ganância desmedida e a avareza mesquinha. Os tesouros nos são dados para serem repartidos, e não para serem egoisticamente acumulados. Nada trouxemos e nada levaremos deste mundo; entramos no mundo nus e sairemos dele nus, como afirmou o patriarca Jó: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá (Jó 1:21). Neste mundo, nossos tesouros são corroídos por ferrugem, destruídos por traças e subtraídos por ladrões. Constantemente, muitos perdem todas as suas economias devido a uma quebra na bolsa de valores, ou por um sócio desonesto ou por meio de golpes.

Hernandes Dias Lopes afirma que o problema não é possuirmos dinheiro, mas o dinheiro nos possuir. O problema não é guardar o dinheiro no bolso, mas entronizá-lo no coração. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (1Tm.6:10). Jesus disse que os únicos investimentos que não estão sujeitos à perda são os tesouros no céu. Ele disse que devemos ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam (Mt.6:20). Quando usamos nossas riquezas materiais para promover a causa do evangelho e socorrer os necessitados, isso é investir para a eternidade.

3. O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais?

O cristão precisa saber que os bens materiais é Deus quem dá, e que brevemente a pessoa deixará de existir e não levará nada; todos os bens materiais ficarão na terra, pois tudo que existe aqui pertence a Deus (Sl.24:1). No caixão não existe cofres, gavetas para serem guardados os bens materiais. Também, precisa saber que Jesus não condena a aquisição de bens materiais, pois muitos homens de Deus registrados na Bíblia possuíram riqueza como, por exemplo: Abraão (Gn.14:18-20; 24:1), Isaque (Gn.26:12,13), Jacó (Gn.30:43) e Salomão (2Cr.1:12). Então, se o cristão possui riquezas materiais e quer ser feliz, ele precisa atentar para as seguintes recomendações (adaptado do livro “Dinheiro – prosperidade que vem de Deus, do pr. Hernandes Dias Lopes):

a) viver com humildade na luz de Deus. O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: "[...] não sejam orgulhosos" (1Tm.6:17). Se o dinheiro torna uma pessoa orgulhosa, ela não entendeu nem a si mesma nem o dinheiro. Por que os ricos são tentados a serem orgulhosos? Por duas razões:

- Eles são tentados a pensar que merecem o que têm - são levados a pensar que os que não têm não são tão inteligentes quanto eles. Mas a Bíblia diz que é Deus quem nos dá a condição necessária para adquirirmos riquezas (1Cr.29:10). A riqueza não é nossa. Ela vem de Deus, é de Deus e vai voltar para Deus. Não somos donos, somos apenas mordomos. Nada trouxemos para este mundo nem dele nada levaremos. Deus nunca nos deu direito de posse definitiva daquilo que lhe pertence.

- Eles são tentados a pensar que a riqueza concede poder - a riqueza dá uma ilusão de poder. Somente Jesus, porém, tem poder permanente e só ele é soberano (1Tm.6:16). Nabucodonosor pensou que seu dinheiro lhe dava poder, mas Deus o tirou do trono e o fez comer capim com os animais (Dn.4:1-37).

b) não pôr a confiança nas riquezas. Muitas pessoas depositam sua confiança e vida nas riquezas e bens materiais. As suas conversas são sobre iates, férias no Caribe, propriedades etc. Mas, a história nos mostra que muitos deles morreram na pobreza, como fugitivos da justiça ou suicidaram-se. Isto é irônico, não? Jesus disse: "A vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui". Em vez de colocar nossa confiança na instabilidade da riqueza, Paulo diz que devemos colocá-la "[...] em Deus" (1Tm.6:17)

c) siga os seguintes conselhos de Paulo sobre como lidar com o dinheiro:

- Pratique o bem. Não deixe o dinheiro dominar você, domine-o; não deixe o dinheiro ser seu patrão, faça dele um servo; não acumule só para si mesmo, faça-o um instrumento de ajuda para os outros. O problema não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. O problema não é carregar dinheiro no bolso, mas carregá-lo no coração.

- Seja rico de boas obras. Qual foi a última vez que você fez algo que trouxe glória ao nome de Deus e alegria para as pessoas? Qual foi a última vez que fez uma oferta generosa para ajudar uma pessoa necessitada? Qual foi a última vez que enviou uma oferta para um missionário? Qual foi a última vez que entregou uma oferta de gratidão a Deus? Qual foi a última vez que repartiu um pouco do muito que Deus lhe tem dado? O apóstolo Paulo dá o belo exemplo da pobre igreja da Macedónia que se doou e ofertou generosamente aos pobres da Judéia, pessoas que a Igreja não conhecia pessoalmente (2Co.8:1-4).

- Seja generoso em dar. Deus lhe deu mais do que você precisa, não para você guardar, mas para compartilhar generosamente. Deus quer que você abra o seu coração, suas mãos e o seu bolso para doar: "Mais bem-aventurado é dar que receber" (At.20:35). Deus multiplicará sua sementeira. A semente que multiplica não é a que você come, mas a que você semeia. Deus amou e deu seu Filho Unigênito. O que você tem dado? Quanto tem dado? Como tem dado? Com que frequência tem dado? O apóstolo Paulo escreveu: "[...] pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo" (2Co.6:10). É sabido que os pobres são mais generosos que os ricos. A questão da generosidade não passa pela quantidade de dinheiro que você tem no bolso, mas da quantidade de amor que você tem no coração.

II. A IDOLATRIA AO DINHEIRO

1. O coração no lugar certo

Disse Jesus: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt.6:21). Jesus nos exorta a colocar o nosso coração no lugar certo. O nosso tesouro arrasta o nosso coração. Nosso coração estará na terra ou no céu; depende onde o colocamos, se na terra ou no céu. Qualquer lugar onde estiver a nossa atenção, e qualquer coisa que ocupe os nossos pensamentos e o nosso tempo, será o nosso “tesouro”, e ali, certamente, estará o nosso coração. Jesus fez a comparação entre os valores do céu e os valores da terra quando explicou que a nossa principal lealdade deve estar voltada a tudo aquilo que não desvanece, àquilo que não pode ser roubado, nem desgastado através do uso. Ele nos exorta a tomar uma decisão que permita que vivamos contentes com aquilo que temos, escolhendo aquilo que é duradouro e eterno. Os atos de obediência a Deus, acumulados no céu, não são susceptíveis a estragar, e também não podem ser destruídos ou roubados. Nada poderá mudá-los ou afetá-los, pois eles são eternos.

2. Idolatrando a Mamom

Idolatria é tudo que ocupa o lugar de Deus em nossos corações. Se colocarmos os bens materiais prioritariamente em nossos corações, idolatraremos a Mamom. Disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mt.6:24). Jesus nos chama a tomar uma decisão vital: servir a Deus ou a Mamom. Jesus diz que “ninguém pode servir a dois senhores”. Um deles, inevitavelmente, terá a prioridade na sua lealdade e obediência. E assim também é com Deus e as riquezas (ou Mamom); eles são rivais nas suas exigências e precisamos fazer uma escolha, precisamos colocar Deus em primeiro lugar e rejeitar a lei do materialismo ou viver para as coisas temporais e rejeitar o que Deus exige para nossa vida. Jesus é categórico: “não podeis servir a Deus e às riquezas”. Quem serve a Deus, não pode viver mais debaixo do jugo de “Mamom”. Quem é escravo de “Mamom”, não pode ser servo de Deus.

Vivemos numa sociedade materialista, onde muitas pessoas servem ao dinheiro; gastam toda a vida acumulando-o, mesmo sabendo que, ao morrer, não o levarão consigo. O desejo de certas pessoas pelo dinheiro e por aquilo que este pode comprar é muito superior a seu comprometimento com Deus e com os assuntos espirituais. Gastam muito tempo e energia pensando no que tem armazenado (dinheiro e outros bens). Não caia na armadilha materialista, “porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1Tm.6:10). Você pode dizer honestamente que Deus, e não Mamom, é o seu Senhor? Um bom teste é perguntar a si mesmo quem ou o que ocupa mais seus pensamentos, seu tempo e seus esforços. No momento em que o crente escolhe o dinheiro, o conforto e bens que Mamom pode oferecer, certamente sua espiritualidade e comunhão com o Senhor estarão comprometidas.

3. A riqueza condenada por Cristo

A riqueza que Cristo condena é aquela que é usada de forma egoísta. Riquezas e glórias vêm de Deus; contudo, o dinheiro não é um tesouro para ser usado de forma egoísta, apenas para o nosso deleite. Deus nos dá o dinheiro para o glorificarmos com ele, e fazemos isso, quando cuidamos da nossa família, dos domésticos da fé e de outras pessoas necessitadas, inclusive de nossos inimigos. O homem rico, da parábola do rico e do mendigo (Lc.16:19-31), não cuidou de Lázaro que estava com fome e jazia à porta; ele usou a sua riqueza de forma egoísta; no Seol ele se lembrou de Lázaro, mas já era tarde. Jesus disse que a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele possui (Lc.12:15). Também: "O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mt.16:26).

- Outra coisa que Cristo condena: confiar nos bens materiais em vez de confiar somente em Deus, o dono de todos os bens. Para mostrar isso, Ele proferiu a parábola do rico insensato (Lc.12:13-21). Nesta parábola, Jesus mostra a face enrugada da avareza. Aqui, Ele inculca a lição sobre a insensatez de confiar nos bens materiais. O alvo do rico na vida era descanso e gozo, e seu método de alcançar isso, em lugar da fé em Deus, era a fé nos bens materiais.

A parábola retrata um fazendeiro rico com uma colheita excepcional. Essa parábola mostra como um homem que recebe uma bênção faz dela uma maldição. Seu campo produziu abundantemente. Sua colheita foi colossal. Seus armazéns foram construídos e ampliados para acomodar a safra generosa. Mas esse homem não agradeceu a Deus pela colheita nem demonstrou nenhuma generosidade, apesar de muita fartura; pensou em si, somente em si. Seu mundo girava em torno dele mesmo. Seus bens eram apenas para ele. Tudo foi armazenado para seu próprio desfrute e deleite. Toda a trama está construída em torno do eu, meu, minha. O problema é que esse homem insensato não entendeu algumas coisas essenciais (adaptado do livro “Lucas – Jesus, o homem perfeito”, de Hernandes Dias Lopes):

a) ele não meditou sobre a brevidade da vida e a inevitabilidade da morte (Lc.12:19,20). Pensou que seu futuro estava em suas mãos e que ele era o capitão de sua alma. Naquela mesma noite da inauguração de seus celeiros abarrotados de provisão para longos anos, sua alma lhe foi requerida e a morte chegou sem pedir licença para levá-lo.

b) ele só pensou na provisão do seu corpo, mas não fez nenhuma provisão para a sua alma (Lc.12:16-19). Coisas materiais não atendem os reclamos da nossa alma. O fazendeiro rico da parábola fez provisão apenas para esta vida e nenhuma para a vida por vir.

c) ele não pensou na possibilidade de ser generoso, mas guardou tudo para si (Lc.12:16-19). A princípio, esse fazendeiro não fez nada de mau. Diante de todo o mundo, ele se apresentou como um cidadão sábio, laborioso, eficiente e bem-sucedido em sua administração, mas não deixou de ser um tolo para Deus. O fazendeiro diz a si mesmo: meus produtos, meu armazém, meus bens, minha alma. Igualmente são bem característicos os seis “eu” do fazendeiro: que faria eu - não tenho - onde eu – hei de - eu quero - eu direi.

d) ele não pensou na transitoriedade das posses terrenas. Não trouxemos nada para este mundo nem nada dele levaremos. Viemos nus e voltaremos nus. Não tínhamos nada e nada teremos quando partirmos. Não somos donos de nada; somos apenas mordomos.

e) ele não pensou sobre a loucura que é viver apenas para esta vida e não se preparar para encontrar com Deus (Lc.12:16-21). Esta vida é breve, os bens materiais não são permanentes, e a morte é certa. Viver aqui irrefletidamente é loucura. Colocar a confiança nas coisas materiais é consumada tolice. Não se preparar para a morte é insensatez. Não está pronto para encontrar-se com Deus é a maior de todas as loucuras.

III. VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS

1. Os males advindos das preocupações

“Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt.6:25-27).

Você é uma pessoa preocupada? Você é daquele tipo de pessoas que vive roendo as unhas, antecipando os problemas? Os problemas ainda estão longe e você pensa que eles estão batendo à sua porta? Você sofre pensando no que vai comer, com o que vai vestir? Onde vai morar, onde vai trabalhar, onde seu filho vai estudar? Se sim, fique sabendo que isto nos traz grandes males, principalmente surgimento de doenças psicossomáticas.

A preocupação, segundo Jesus, em vez de alongar a vida, pode muito bem encurtá-la. A ansiedade nos mata pouco a pouco; rouba nossas forças; mata nossos sonhos; mina a nossa saúde; enfraquece nossa fé; tira a nossa confiança em Deus e; nos empurra para uma vida menos do que cristã. Os hospitais estão cheios de pessoas vítimas da ansiedade. A ansiedade mata. Quando estamos ansiosos, teimamos em tomar as rédeas de nossa vida e tirá-las das mãos de Deus.

A ansiedade é o mal deste século. Atinge homens e mulheres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. As pessoas andam com os nervos à flor da pele. São como um vulcão prestes a entrar em erupção; são como um barril de pólvora pronto a explodir.

A ansiedade nos leva a perder a alegria do hoje por causa do medo do amanhã. As pessoas se preocupam com exames, emprego, casas, saúde, namoro, empreendimento, dinheiro, casamento, investimentos. A ansiedade é incompatível com o bom senso. É uma perda de tempo. Precisamos viver um dia de cada vez. Devemos planejar o futuro, mas não viver ansiosos por causa dele.

Preocupar-nos com o amanhã não nos ajuda nem hoje nem amanhã. Se alguma coisa nos rouba as forças hoje, isso significa que vamos estar mais fracos amanhã; significa que vamos sofrer desnecessariamente se o problema não chegar a acontecer, e que vamos sofrer duplamente se ele vier a acontecer. Devemos cuidar do hoje e deixar o amanhã nas mãos Daquele que cuida de nós.

2. Vivendo sem inquietação

‘Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?” (Mt.6:31).

O que mais tem tornado o ser humano ansioso, sem quietude, é o desejo exacerbado de adquirir bens materiais; querer possuir bens à semelhança de outra pessoa que está perto ou longe dele; preocupação com o futuro. Isso tem trazido inquietação na vida de muitos. Como resolver isso? Somente conscientizando-se de que isso é tremendamente errado, e que ter uma vida simples dentro das suas possibilidades financeiras, com equilíbrio, pode reverter essa situação de inquietude. Jesus ensinou sobre isso, usando como referência as aves: elas não semeiam, não colhem e nem ajuntam em celeiro, mas o Pai celestial as sustenta (Mt.6:26). Portanto, só podemos viver sem inquietação quando tomamos consciência de que somos filhos de Deus e que seu cuidado é especial para conosco. Se Deus alimenta as aves e veste os lírios do capo, não cuidará de seus filhos? O problema não é o pequeno poder de Deus, o problema é a nossa pequena fé (Mt.6:30). “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt.6:34). Lancemos a nossa ansiedade sobre Jesus, pois Ele é quem cuida de nós (1Pd.5:7).

3. Vivendo sossegados em Deus

“buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt.6:33).

Para viver sossegado é preciso olhar para vida na perspectiva de Deus; assim sendo, a nossa mente é guardada pela paz de Deus. Quando alimentamos nossos sentimentos com a verdade de que Deus conhece e supre as nossas necessidades, então a paz de Deus guarda o nosso coração. A paz é uma sentinela que guarda a cidadela da nossa mente e do nosso coração promovendo o sossego em Deus.

Para viver a quietude, o crente precisa buscar o Reino de Deus e sua Justiça (Mt.6:33). A ordem é buscar o governo de Deus, a justiça de Deus, a vontade de Deus e o reinado de Deus em nosso coração em primeiro lugar. Deus, e não nós, deve ocupar o topo da nossa agenda. Os interesses de Deus, e não os nossos, devem ocupar nossa mente e nosso coração. Somos desafiados a buscar o governo e o domínio de Cristo em todas as áreas da nossa vida: casamento, lar, família, vida profissional, lazer. A promessa é que, quando cuidamos das coisas de Deus, Ele cuida das nossas necessidades – “...todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt.6:33). Deus trabalha em favor daqueles que nele esperam.

CONCLUSÃO

O dinheiro não traz felicidade nem segurança. Paulo ridiculariza a ideia de que o dinheiro pode oferecer segurança. Ele diz que a riqueza é instável (1Tm.6:17). Veja o que diz a Palavra de Deus: "Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus" (Pv.23:5). Jesus falou do rico insensato que disse para a sua alma: "[...] tens em depósito muitos bens para muitos anos [...] louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" (Lc.12:13-21).

ORANDO E JEJUANDO COMO JESUS ENSINOU

 

Texto Base: Mateus 6:5-18


“[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At.13:2,3). 

Mateus 6:

5.E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

6.Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.

7.E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.

8.Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vos lhe pedirdes.

9.Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.

10.Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.

11.O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

12.Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.

13.E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!

14.Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós.

15.Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.

16.E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
17.Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,

18.para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da oração e do jejum, como Jesus ensinou no Sermão do Monte, e das lições espirituais que estes dois atos trazem ao crente. Deus, ao estabelecer Seu plano de criação e redenção do homem, teve como propósito o estabelecimento de uma comunhão eterna entre Ele e o homem (Gn.3:8; Jo.17:21; Ap.21:3). Assim, o cristão, como realização deste propósito, não pode ficar um segundo sequer sem tributar ao seu Senhor a devida adoração, e a adoração pressupõe comunicação, que se faz pela oração, que é o diálogo da alma com Deus.

Quanto ao jejum, é um ato ou disciplina aliada à oração; é a abstenção total ou parcial de alimentação com a finalidade de aprimoramento do exercício da oração. Jesus ensina a Sua Igreja que devemos jejuar e que, até mesmo, em certas ocasiões, o jejum é necessário para a vitória do crente. Quando praticamos estes dois atos, de acordo com o que Jesus ensinou (Mt.6:5,6,16-18), temos a certeza de que Deus não estará indiferente às nossas súplicas.

I. A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1. A natureza da oração

Oração é o diálogo da alma com Deus. Orar é o ato pelo qual o homem se dirige a Deus para com Ele dialogar. No Antigo e Novo Testamento, a oração é o supremo recurso usado pelo povo de Deus para suplicar, agradecer, adorar, pedir, interceder e bendizer ao único e verdadeiro Senhor e Deus. É uma atitude que expressa em si, de uma só vez, uma série de verdades que, por si só, já demonstram a excelência de uma conduta desta natureza, a saber:

a) quando oramos, reconhecemos a soberania de Deus, pois estamos dizendo que Deus é o único que pode atender aos nossos pedidos, bem como é o único que merece nosso louvor e adoração, que nada mais é que o cumprimento do grande mandamento (Mt.22:36,37).

b) quando oramos, reconhecemos a nossa insuficiência, pois demonstramos a consciência de que tudo está no controle de Deus e que, sem Ele, nada podemos fazer, o que, nada mais é, que a primeira bem-aventurança proclamada por Jesus no sermão do monte (Mt.5:3).

c) quando oramos, revelamos a nossa fé, pois demonstramos que nossa confiança está em Deus e não em qualquer outro ser, o que significa uma ação que agrada a Deus, pois sem fé é impossível agradar-Lhe (Hb.11:6).

d) quando oramos, revelamos a nossa obediência, pois cumprimos a vontade de Deus expressa em Sua Palavra, que quer que oremos sem cessar (1Ts.5:17), bem como que imitemos Jesus (1Co.11:1;1Pd.2:21), cujo ministério terreno foi, sobretudo, um ministério de oração.

e) quando oramos, demonstramos o nosso amor para com o próximo, pois intercedemos por eles e, como somos justos, permitimos que tal oração tenha uma eficácia benévola em suas vidas, o que é o complemento do grande mandamento (Mt.22:39,40), bem como a comprovação de que somos filhos de Deus (Mt.22:45).

f) Outro ponto indispensável em nossa oração é a confissão dos nossos pecados. Um texto bíblico que muito nos ajuda sobre este aspecto é o Salmo 51, onde Davi registra sua queixa e lamentação diante de Deus pelo seu pecado. Outro episódio, narrado por Jesus, é a de dois homens que foram ao templo orar – um publicano e um fariseu (Lc.18:10-14). A oração arrogante do fariseu foi rejeitada, mas a oração humilde do publicano foi aceita (Lc.18:13,14). Por quê? Primeiro, porque foi uma petição genuína; o publicano se apresentou a Deus como um suplicante necessitado de misericórdia. Segundo, porque foi uma oração pessoal; ele não falou a respeito de seu próximo, mas de si mesmo. Terceiro, porque foi uma oração humilde; ele reconheceu seu pecado e o confessou. Quarto, porque foi uma oração que brotou de um coração quebrantado; ele suplicou misericórdia. Quinto, porque foi uma oração profunda, que brotou do seu coração; ele batia no peito e dizia: “ó Deus, sê propício a mim, pecador”. O texto bíblico conclui dizendo que o publicano, e não o fariseu, desceu para a sua casa justificado diante de Deus, porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado (Lc.18:14). Não há espaço para soberba diante de Deus, pois o Senhor declara guerra contra os soberbos. Ninguém pode orar verdadeiramente a não ser que tenha um coração quebrantado.

2. Como os homens de Deus viam a oração? 

Se navegarmos nas páginas das Sagradas Escrituras, veremos que a única forma do homem e da mulher de Deus dialogar com Deus é através da oração. No Antigo e Novo Testamento os homens e mulheres de Deus viam a oração como o meio fundamental para se ter intimidade com Deus. A Bíblia registra as histórias de muitos homens e mulheres que viam a oração como meio indispensável à sua sobrevivência espiritual e existencial.

- No Antigo Testamento, temos muitos exemplos; cito alguns:

a) Abraão. O grande patriarca do povo de Israel era um homem de oração. Sua comunhão com o Senhor era tão intensa que ele é chamado de “amigo de Deus” (Tg.2:23). Inclusive, o próprio Deus fala de Abraão como uma pessoa que intercedia pelos outros (Gn.20:7).

b) Isaque. O filho de Abraão também era um homem de oração. A Bíblia diz que Isaque orou ao Senhor por sua mulher que era estéril, e o Senhor lhe ouviu as orações (Gn.25:21).

c) Moisés. Moisés foi o homem escolhido por Deus para conduzir o povo de Israel para fora do Egito. Ele era uma pessoa de oração. O Salmo 90, por exemplo, é uma oração de Moisés.

d) Josué. O sucessor de Moisés também era um homem de oração. Josué foi o líder dos israelitas na conquista da Terra Prometida. Certa vez, Josué orou ao Senhor na presença de todo Israel, e sob a perspectiva do observador, o sol parou e a lua se deteve (Js.10:12,13).

e) Davi. Davi foi o maior rei de Israel; ele é conhecido como o homem segundo o coração de Deus. Sua vida foi marcada pela prática da oração. O livro de Salmos registra muitas orações de Davi (cf. Salmos 17; 51; 86; etc.).

f) Elias. O profeta Elias foi um homem muito usado por Deus; ele era um homem de oração que viveu num tempo em que Israel experimentava um profundo declínio espiritual. Numa das passagens bíblicas mais conhecidas, Deus respondeu a oração de Elias com fogo sob o holocausto no Monte Carmelo (1Reis 18:36,37). Através da história de Elias aprendemos que devemos manter uma vida de oração mesmo quando os caminhos do Senhor estão sendo rejeitados pelas pessoas que nos cercam. Até no Novo Testamento ele é citado como um exemplo de homem de oração (Tiago 5:17).

g) Daniel. O profeta Daniel foi um homem de oração mesmo distante de sua terra natal. Apesar de estar morando na Babilônia, Daniel não deixou de lado seu compromisso de falar com Deus diariamente através da oração (Dn.6:10). A vida de Daniel como um homem de oração nos ensina que podemos e devemos orar a Deus mesmo em terra estranha, num ambiente hostil.

h) Débora. Débora é chamada na Bíblia de “profetisa” (Juízes 4:4). Obviamente esse termo implica na ideia de que Débora era uma mulher de oração; não somente Deus falava com ela, mas que ela também falava com Deus através da oração.

i) Ana. Falar de mulheres de oração na Bíblia é falar de Ana. Ana foi a mãe de Samuel, mas durante muito tempo ela sofreu com a esterilidade. Porém, em perseverante oração ela buscou um milagre da parte do Senhor. Quando o profeta Samuel nasceu, Ana declarou: “Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a petição que eu lhe fizera” (1Sm.1:27).

j) Ester. Ester foi a jovem judia que se tornou rainha da Pérsia. Num contexto de perseguição contra o povo judeu, Ester orou e jejuou ao Senhor pelo livramento de seu povo (cf. Ester 4:16).

- No Novo Testamento:

a) Paulo. Paulo de Tarso foi o maior missionário da história da Igreja. O apóstolo dos gentios teve uma vida dedicada à oração após a sua conversão. Inclusive, por várias vezes ele exortou os crentes acerca da importância da oração na vida cristã (Ef.6:18; 1Tes.5:17; etc.).

b) Maria. Não há dúvida de que Maria, mãe de Jesus, era uma mulher de oração. Não poderíamos pensar diferente da mulher que foi escolhida por Deus para dar à luz ao Messias através da obra e graça do Espírito Santo. No livro de Atos Maria é citada como uma das mulheres que se reuniram em oração com os apóstolos e os demais crentes de Jerusalém para aguardarem o Espírito Santo prometido (Atos 1:14).

c) Jesus Cristo. Em Jesus encontramos o nosso maior exemplo de uma vida de oração. Mesmo sendo o Filho de Deus, nosso Senhor não dispensava a prática da oração. A Carta aos Hebreus destaca o fervor com que Jesus orava ao Pai (Hb.5:7). Portanto, o ministério terreno de Cristo foi um ministério de oração; sua vida terrena foi uma vida de oração, e ainda hoje, exaltado à destra do Pai, Ele é o Sumo Sacerdote que intercede em favor de suas ovelhas (cf. Lucas 3:21; 6:12-16; João 11:41; 17; Hebreus 7:25; etc.).

d) A Igreja. A Igreja dependia mais de Deus do que dos próprios recursos: A Igreja de Jerusalém não apenas possuía uma boa teologia da oração, mas efetivamente orava (Atos 2:42); A Igreja sob perseguição orava, o lugar tremia e o Espirito Santo descia (Atos 4:31); A liderança entendia que a sua maior prioridade era a oração e a Palavra de Deus (Atos 6:4); O primeiro sinal que Deus deu a Ananias sobre a conversão de Paulo foi que ele estava orando (Atos 9:11); Pedro estava preso, mas havia oração incessante da Igreja em seu favor, e ele é miraculosamente libertado (Atos 12:5-12); A Igreja de Antioquia orou e Deus abriu as portas das missões mundiais (Atos 13:1-3); Paulo e Silas oraram na prisão e Deus abriu as portas da Europa para o evangelho (Atos 16:25); Paulo orou com os presbíteros da Igreja de Éfeso na praia (Atos 20:36); Paulo orou pelos enfermos da ilha de Malta e eles foram curados (Atos 28:8,9).

Uma das marcas do povo de Deus cheio do Espírito Santo é a perseverança da oração. Um povo cheio do Espírito Santo ora com fervor e constância. Que possamos aprender com todas essas pessoas usadas por Deus ao longo da História e, principalmente, com nosso Senhor Jesus Cristo, e que sejamos homens e mulheres de oração comprometidos com a obra de Deus.

3. A maneira de orar

Várias são as maneiras de orar, sendo elas biblicamente válidas, contudo, precisam ser realizadas com reverência e temor.

a) A oração deve ser endereça a Deus Pai, em nome de Jesus. Jesus ensinou que a oração deve ser endereçada a Deus, o Pai, em reconhecimento de sua soberania sobre o universo e de sua autoridade máxima. A oração deve ser endereçada ao Pai e em nome de Jesus Cristo (João 16:23,24). Jesus disse que os discípulos devem orar em seu nome e, ao fazê-lo, serão atendidos para que a alegria deles seja completa. A oração não é apenas um instrumento para receber o que pedimos, mas uma fonte de alegria, pois, melhor do que a dádiva de Deus, é a comunhão deleitosa com Ele. A alegria em Deus é melhor do que a dádiva de Deus.

b) A postura do corpo na oração. Não há uma exigência específica na Bíblia a respeito da postura do crente no ato da oração. Podemos orar em pé (Ne.9:4-5); sentados (1Cr.17:16; Lc.10:13); ajoelhados (Ed.9:5; Dn.6:10: At.20:36); acamados (Sl.63:6); curvados até ao chão (Ex.34:8; Sl.95:6); prostrados no chão (2Sm.12:16; Mt.26:39); com as mãos levantadas para os céus (Sl.28:2; Is.1:15).

c) Horário da oração. A Bíblia não estabelece um horário para orar. A própria pessoa estabelece o horário que melhor convier. Na Bíblia encontramos pessoas com hábito de orar pela manhã, ao meio-dia e à tarde (Sl.55:17; Dn.6:10; Atos 3:1). Jesus gostava de orar na madrugada (Mc.1:35). A recomendação neotestamentária é: orar sem cessar (Lc.18:1; Ef.6:18; 1Tes.5:17).

d) Como podemos orar. Podemos orar de várias maneiras: em silêncio (1Sm.1:13); em voz alta, gritando (Ne.9:4; Ed.3:11; Ez.11:13); sem palavras discerníveis, gemendo (Rm.8:26,27); cantando (Ef.5:19-20; Cl; 3:16); jejuando (Ed. 8:21; Ne.1:4; Dn.9:3-4; Lc.2:37 e At.14:23).

e) O lugar da oração. O apóstolo Paulo diz que podemos orar em todo lugar (1Tm.2:8). Jesus disse à Samaritana que na época do Evangelho Deus não tem um lugar específico na terra onde os crentes devem ir para a adoração. O crente pode orar na igreja, em casa, no monte, no vale, no carro, trabalhando, coletivamente ou sozinho. Orar em secreto foi o que Jesus recomendou (Mt.6:6), pois é um momento de grande intimada com Deus; sozinha a pessoa não vai se preocupar com as palavras, se são proferidas corretas ou não.

f) O decoro na oração. Ao orar, penetramos na sala de audiência do Altíssimo, e devemos ir à Sua presença possuídos de santa reverência, assim como fazem os santos anjos. Os querubins e os serafins aproximam-se do trono de Deus com solene reverência (Is.6:2,3); quanto mais nós, seres finitos e pecadores, deveríamos apresentar-nos de modo reverente perante o Senhor, nosso Deus e Criador. Reverência é uma atitude de profundo respeito, amor, estima, honra e consideração para com Deus e que nos torna mais preparados para receber aquilo que sua graça nos tem reservado.

g) O estado do coração na oração. O coração daquele que ora deve ser contrito. Deus ouve ao contrito de coração, àquele que, efetivamente, estiver entregando a sua alma no seu diálogo com Deus, num diálogo que vem do interior do homem ao interior de Deus. Na oração, o coração da pessoa deve estar totalmente livre da soberba. Soberba e oração não podem habitar no mesmo coração ao mesmo tempo. Não existe nada mais abominável aos olhos de Deus do que a soberba. Veja as duas orações mencionadas em Lucas 18:9-14. A oração arrogante do fariseu foi rejeitada, mas a oração humilde do publicano foi aceita (Lc.18:13,14). O fariseu entrou no templo cheio de nada e saiu vazio de tudo, por causa da arrogância, do orgulho. Deus não recebe a oração da pessoa que, antes, não calce as sandálias da humildade.

II. A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

1. Jesus não condenou a oração em público

Com certeza, Jesus não condenou a oração em público. Ele mesmo orou em público. Vejamos:

a) Jesus orou no seu batismo (Lc.3:21) - “E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu”,

b) Jesus orou antes do convite “Vinde a Mim” (Mt.11:25,26) – “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”.

c) Jesus orou na alimentação dos 5.000 (João 6:11) - “E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam”.

d) Jesus orou ensinando a Oração Dominical (Lc.11:1-4.) - “E Aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano; E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal”.

e) Jesus orou pelos pequeninos (Mt.19:13) - “Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam”.  

f) Jesus orou antes de ressuscitar a Lázaro (João 11:41-42) – “Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste”.

g) Jesus orou no Templo (João 12:27,28) – “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei”.

h) Jesus orou na ceia pascal (Mt.26:26-27) – “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos”.

i) Jesus orou pelos discípulos (João 17) – “JESUS falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti”.

j) Jesus orou na cruz (Lc.23:34) – “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes”.

k) Jesus orou em Emaús (Lc.24:30) - “E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu”.

Portanto, Jesus jamais proibiu a oração em público; o que Ele condena é a oração dominada pelo espírito de ostentação, cuja intenção do “orador” é ser visto e louvado pelas demais pessoas, assim como os hipócritas fariseus agiam (Mt.6:5; Lc.18:9-14). A oração ostentatória não é endereçada a Deus, mas é feita diante das pessoas, para chamar a atenção delas, para receber recompensa apenas das pessoas. Um cristão não é um ator no palco, mas um pecador quebrantado, longe dos holofotes, carente da misericórdia divina.

2. Jesus quer que sejamos discretos

Jesus ensinou que "...quando orares, entre no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" (Mt.6:6). Aqui, Jesus não estava ensinando que nunca deveríamos orar onde outros possam nos ver e ouvir; Ele orava com seus discípulos frequentemente, como mostramos no item anterior. A ênfase neste texto está em: para que oramos – para sermos visto pelas pessoas ou para sermos ouvidos por Deus?

Contudo, para se ter uma comunhão intima com Deus, precisamos passar algum tempo a sós, longe das interrupções, em comunhão silenciosa com Deus. Várias vezes as Escrituras mostram nosso Salvador afastando-se das multidões, e mesmo dos discípulos, para estar só com seu Pai, em oração. Marcos registra que ele se levantou cedo, muito antes da aurora, só para que pudesse estar só para orar (Mc.1:35). Ele também orou no deserto (Lc.5:16) – “Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava”. Também orou a noite inteira, antes de escolher os doze (Lc.6:12) - “Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolo” (Lc.6:12,13).

Nós precisamos de um tempo sozinhos para derramarmos nosso coração a Deus. Precisamos orar por necessidades pessoais específicas que não podem ser tão facilmente expressas em público. Necessitamos estar a sós para pedir que Deus nos ajude em circunstâncias especiais e problemas pessoais em nossas vidas.

Não há melhor ilustração dessa necessidade do que o exemplo de Jesus no Getsêmani. Lucas nos conta que Jesus retirou-se de seus discípulos "cerca de um tiro de pedra" e orou - "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra" (Lc.22:44). Se nosso Salvador precisou de tempo a sós para orar a seu Pai, podem os seres humanos fracos e pecaminosos como nós esperar vencer a tentação sem apelar a Deus em oração?

3. Não useis de vãs repetições nas orações

A oração com vãs repetições, muitas vezes, é feita usando palavras vazias, sem foco na pessoa do destinatário da oração, que é Deus. É uma oração mecânica, tipo reza, com sentenças decoradas ou frases vazias. É uma oração sem sentido, que costumeiramente é feita por pessoas não salvas. As vãs repetições trazem a ideia de mero palavrões ou tagarelice, palavreado oco, conversa tola, repetição vazia. Veja o exemplo dos adoradores de Baal (1Rs.18:26) e dos adoradores da deusa Diana (Atos 19:34). As pessoas não salvas, pagãs, repetem palavras e mais palavras, com o fim de serem ouvidos por seus deuses falsos; mas Deus não se impressiona pela mera multiplicação do muito falar; Ele quer ouvir as expressões sinceras de um coração contrito e sincero.

III. ORAÇÃO E JEJUM

1. Oração e jejum: uma combinação perfeita

“Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Ne.1:4).

O jejum é uma disciplina aliada à oração; oração e o jejum, concomitantemente, é uma prática mostrada na Bíblia Sagrada. Esta prática revela dependência total de Deus em momentos muito extremos, quando precisamos buscá-lo para resolver problemas específicos ou receber uma determinada orientação.

Em momentos especiais, sempre houve convocação do povo para o jejum e a oração:

O povo de Israel propôs-se a se reconciliar com Deus, após o retorno do Arca, que tinha sido levada pelos filisteus. Está escrito que eles “Congregaram-se em Mispa, tiraram água e a derramaram perante o Senhor; jejuaram aquele dia e ali disseram: Pecamos contra o Senhor...” (1Sm.7:6).

Josafá convocou todo o povo para jejuar e orar diante da ameaça dos inimigos, e os resultados foram surpreendentes (2Cr.20).

Esdras apregoou jejum e oração, e Deus moveu-se pela oração do povo (Ed.8:21-23).

Ester convocou o povo para jejuar, e Deus reverteu a situação desesperadora dos judeus na época (Et.4:15-17; 9:20-22).

O projeta Joel conclama o povo a converter-se a Deus com jejuns, com choro e com pranto (Joel 2:12), com a promessa de Deus fazer grandes coisas em favor do Seu povo (Joel 2:21-27).

- Neemias buscou o favor de Deus por meio da prática do jejum e da oração (Ne.1:4). Ele tinha muitos obstáculos pela frente: a permissão do rei; a mobilização do povo; o ataque dos inimigos; a dureza da obra; a pobreza e o desânimo do povo. Em jejum, Neemias derramou a sua alma em fervente oração (Ne.1:4). Ele acreditava no poder da oração. Durante quatro meses, ele orou e Deus moveu o coração do rei. Ele orou e Deus abriu as portas. A soberania de Deus encorajou Neemias à oração. Ele esteve orando perante o Deus dos céus. Os homens práticos são aqueles que oram e agem. Oração sem ação é fanatismo. Ação sem oração é presunção.

Para as causas perdidas, devemos buscar a força de Deus pelo jejum e oração, quebrantando-nos, humilhando-nos na presença de Deus. Jejum é fome de Deus, é saudade de Deus, é alimentarmo-nos da essência do Pão do Céu em vez do símbolo do pão do céu. John Piper diz que “quando comemos, alimentamo-nos com o símbolo do pão do céu, mas quando jejuamos, alimentamo-nos da própria essência do Pão do Céu”.

Mas o jejum e a oração também é uma necessidade premente da Igreja. Podemos ter como exemplo a Igreja de Antioquia. Atos 13:2,3 diz: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram”. Esses profetas e mestre haviam se reunido para orar e jejuar, provavelmente com toda a igreja por uma causa muito importante. Os Presbíteros eram eleitos e investidos em seus cargos depois das orações com jejum feita pela igreja (Atos 14.23) – “E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido”.

Devemos nos manter em espírito de oração durante o período da abstinência alimentar, exercendo as tarefas do dia-a-dia, mas com o nosso homem interior na presença de Deus a cada momento do período do jejum.

2. O aspecto bíblico sobre o jejum

O jejum é abstinência, que pode ser de comida e bebida, de sexo entre casais no matrimônio (1Co.7:4-5), de manjares desejáveis, adotando refeições simples e modestas durante certo tempo (Dn.10:2-3; 1:10-16, 18-20), de qualquer coisa lícita e prazerosa que, no entanto, possa prejudicar a vida de comunhão com Deus (ex.: novelas, filmes, jogos etc.).

O jejum deve ser uma prática constante na vida individual do crente, pois ele ajuda a desenvolver a necessária disciplina da vida espiritual. No Sermão do Monte Jesus corrigiu as motivações erradas do jejum (Mt.6:16-17) e deixou claro que há uma recompensa quando é feita de forma consciente e de acordo com os ensinos de Jesus (M.6:18).

Na lei de Moisés, o jejum foi estabelecido como obrigatório no dia da expiação, quando o povo deveria "afligir a sua alma", expressão que significa, precisamente, praticar o jejum (Lv.16:29. Na Nova Versão Internacional, o texto diz: vocês se humilharão (ou jejuarão). Vemos, portanto, que o primeiro propósito do jejum que se encontra na Palavra de Deus é o de humilhação, de arrependimento dos pecados. Esta mesma ideia para o jejum encontramos no tempo de Samuel (1Sm.7:1-12) e até mesmo fora de Israel, como ocorreu entre os ninivitas após a pregação de Jonas (Jn.3:6-10).

Na primeira manifestação voluntária de jejum que se tem notícia no meio de Israel, em Jz.20:26, tem-se um novo propósito para a prática do jejum. No tempo do terceiro sumo-sacerdote, Finéias, no início do período dos juízes, observamos os soldados israelitas jejuando na busca da orientação divina a respeito da guerra civil contra a tribo de Benjamim. O jejum, portanto, também era utilizado para se ter uma orientação da parte de Deus.

Quando Deus, em cumprimento à Sua Palavra, feriu de enfermidade o primeiro filho de Davi com Bate-Seba, Davi recorreu ao jejum para tentar alcançar a cura da criança, num novo propósito estabelecido para esta prática (2Sm.11:16,17). É interessante observar que, morta a criança, Davi cessou de jejuar, numa clara demonstração de que o seu jejum tinha um propósito definido, e que assim deve proceder alguém que, como Davi, tem um coração segundo o coração de Deus (1Sm.13:14; 16:1).

Também o jejum era realizado como pedido de orientação e de súplica a Deus, como ocorreu na época do rei Josafá (2Cr.20:3), ocasião em que, ao contrário do que ocorrera com Davi, Deus concedeu o desejo do coração do povo. Outro exemplo de jejum em dias difíceis foi o realizado pela rainha Ester, que, neste particular, foi acompanhada pelo seu povo (Et.4:16,17), bem como o de Neemias (Ne.1:4) e o de Esdras (Ed.7:21).

O Talmude, o segundo escrito sagrado dos judeus, contém um livro a respeito dos jejuns (o "Rolo dos Jejuns", em hebraico "Meguilat Ta'anit"), onde se estabeleceu, precisamente, que os jejuns têm um tríplice propósito: arrependimento, súplica pela ajuda de Deus, o luto ou a comemoração. O calendário judaico era recheado de dias de jejum a ponto de, no tempo dos fariseus, haver dois jejuns semanais, o das segundas-feiras e o das quintas-feiras (Lc.18:12). O Senhor sempre demonstrou Seu desagrado e reprovação a este tipo de jejum, formalista e ritualístico, despido de qualquer outro propósito senão o de auto-exaltação e de autoglorificação (Is.58:3-7; Zc.7:3-14; Mt.6:16-18). No meio judaico, o jejum banalizou-se tanto que era até forma de sinal de acordo homicida, ou seja, passou a ser até uma garantia para a prática de um crime (At.23:12,13).

O mais importante aspecto do jejum é o seu lado espiritual, ou seja, somente deve jejuar quem estiver em comunhão com o Senhor, ou seja, a privação de alimento somente tem validade quando a pessoa, antes de se abster da comida e da bebida, já se absteve da prática do mal. Este ensinamento encontra-se no livro do profeta Isaías, no seu capítulo 58. Sendo uma forma de sacrifício em que o jejuador pretende se aproximar mais de Deus, é importante que tenhamos em mente que o nosso Deus é um Deus que se preocupa muito mais em obediência do que em sacrifícios (1Sm.15:22; Ec.5:1; Os.6:6; Mt.9:13; Mc.12:33). Assim, de nada adianta jejuarmos intensamente se não nos abstivermos, em primeiro lugar, da prática do mal, do pecado. Não existe vida cristã sem renúncia ao mal, sem rompimento com o pecado. A graça de Deus, diz-nos a Palavra, ensina-nos que devemos viver neste mundo de forma sóbria, justa e piedosa, após renunciar às concupiscências mundanas e à impiedade (Tt.2:11,12). Ser cristão é estar separado do pecado, é ser santo (1Pd.1:15,16).

Um ponto importante que devemos salientar é o cuidado que devemos ter no momento da entrega do jejum. O jejum é como um presente que se está oferecendo ao Senhor e, portanto, não podemos ser descuidados e negligentes no instante da entrega do jejum. Findo o período da abstinência, é importante que nos dediquemos alguns instantes em oração, agradecendo a Deus pela oportunidade que tivemos de lhe oferecer este sacrifício, por termos podido resistir às necessidades físicas em prol da adoração e do louvor ao Senhor. Ninguém jamais se preocupa em dar um presente a alguém e, depois de todo o cuidado e esforço para a escolha, para a compra e para a preparação do presente, entrega-o de forma abrupta e descortês à pessoa que vai ganhar o presente. Mas, há alguns que, no instante da entrega do jejum, são extremamente displicentes e chegam, mesmo, a tomar a refeição sem os mínimos cuidados. Não estamos falando de ostentação ou de formalismo, mas devemos dedicar alguns instantes de oração ao término do jejum para coroarmos de êxito todo o propósito que nos trouxe mais para perto do Senhor.

3. O ensino de Jesus sobre o jejum

Nos dias de Jesus, como vimos, o jejum era uma prática constante e regular entre os judeus, desde os essênios, que se isolavam da sociedade, até os fariseus, que era o grupo religioso mais numeroso daqueles dias. Os discípulos de João Batista também jejuavam (Mt.9:14). Certa feita, indagado sobre o motivo pelo qual os Seus discípulos não jejuavam, Jesus respondeu aos discípulos de João Batista que o período de Seu ministério não era o tempo oportuno de jejuar, mas dias viriam em que deveria haver jejum por parte dos cristãos (Mt.9:15). Assim, ao contrário do que se tem apregoado por falsos mestres, de que o jejum seria uma prática da Antiga Aliança, o próprio Jesus afirmou, categoricamente, que os crentes da Nova Aliança haveriam de jejuar, prova de que isto foi tratado pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte. Após a glorificação do Senhor, vemos a igreja jejuando para buscar a orientação do Espírito Santo (At.13:2). Deste modo, não há qualquer base bíblica para ensinamentos de que o jejum não tem lugar na dispensação da graça.

O primeiro ensino de Jesus sobre o jejum é de que devemos jejuar. Disse o Senhor "quando jejuardes", ou seja, Jesus já avisava que a Sua Igreja teria necessidade de jejuar, tanto assim que, no episódio em que expulsou um demônio após ter descido do monte da Transfiguração (Jo.17:12), foi claro ao afirmar que expulsão de determinada casta depende necessariamente de jejum e oração.

- O segundo ensino de Jesus é de que o jejum deve ser algo entre Deus e o jejuador, de tal modo que ninguém deverá saber sobre o propósito que apresentamos diante do Senhor. Jesus reprovou o jejum ritualístico, sem propósito outro que não o da ostentação do jejuador, o típico jejum dos fariseus, jejum este, aliás, que, infelizmente, está presente em muitas igrejas locais por parte de "santarrões" que gostam de, em seus testemunhos e palavras, fazer questão de dizer aos ouvintes que estão jejuando ou que jejuam tantas e quantas vezes ao dia, pessoas que, assim como o fariseu da parábola, estarão apenas prestando um desserviço para suas próprias almas (Lc.18:9-14). Que sejamos verdadeiros servos do Senhor, seguindo os conselhos do Senhor sobre como jejuar (Mt.6:16-18).

- O terceiro ensino de Jesus é de que o jejum deve ter um propósito, uma finalidade. Ao mesmo tempo que há um segredo entre o jejuador e Deus, faz-se preciso que o jejum tenha um fim, um objetivo a ser perseguido. Jesus disse que Deus, vendo o nosso jejum, nos recompensará (Mt.6:6). Ora, o que é a recompensa? É um prêmio, é um galardão que se dá. Sendo assim, o jejum deve ter um propósito, pois, se não fosse assim, não teria como Deus nos dar uma recompensa, nos dar o galardão, o prêmio pretendido. Se Deus no-lo concede, é porque existe um objetivo, um fim que é perseguido pelo jejuador.

CONCLUSÃO

Não conseguimos entender todo o mistério que envolve o jejum e a oração, mas Deus age quando oramos e jejuamos. Ele age em nós e através de nós no mundo. Pela prática desses dois atos, o crente estará mais sensível ao Espírito Santo, de modo que sua realização traz constantes benefícios para a nossa vida espiritual. Devemos, pois, orar e perseverar em oração como ato de obediência.