SISTEMA DE RÁDIO

 
  Pedidos de Oração e-mail: teinho@teinho.com, WhatsApp: (75)98194-7808, Jesus te Ama!

CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS

Texto Áureo: Ef. 6.13  – Leitura Bíblica: Ef. 6.13-20

INTRODUÇÃO
Paulo instrui aos crentes de Éfeso, e por extensão, a todos que ouvem essa Epístola, a tomar toda a armadura de Deus, e que depois de ter feito tudo, devemos permanecer firmes (Ef. 6.13). Na aula de hoje, conheceremos as partes da armadura de Deus, essa indumentária é fundamental para que possamos resistir no dia mal. Inicialmente, destacaremos alguns aspectos desse texto no grego do Novo Testamento, em seguida, faremos sua interpretação e aplicação, a fim de que sejamos fortalecidos no poder do Senhor.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Nosso fortalecimento vem do Senhor, para tanto devemos tomar – analabete, que se encontra no imperativo – não apenas parte, mas toda armadura – panoplia – de Deus. Com ela seremos capazes de permanecer firmes – antistenai – e após ter terminado tudo, finalmente ter cumprido a tarefa – katergazomai – permanecer firmes (v. 13). O comando militar de Paulo é: Estai firmes – histemi, não deixe seu território de atuação, não fuja da guerra. Mas para não fraquejar, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade. A aletheia, que nessa passagem pode ser também traduzida por confiança naquilo que foi aprendido. E mais, é preciso também vestir a couraça da justiça – thoraka tês dikaiosynes – a justiça, tema amplamente abordado por Paulo em suas epístolas, que provém de Deus (v. 14). Também a tendo os pés preparados no evangelho da paz – euangeliou tês eirênes. O evangelho é a boa nova de salvação em Cristo, que nos conduz à paz com e de Deus, resultante do ministério da reconciliação (v. 15). E em todas as circunstâncias, é preciso estar com o escudo da fé – ho thureos tês pisteôs. A fé serve de proteção, contra os ataques do maligno, servindo para apagar todos os dardos – bale, flechas inflamadas – pepuromena - com fogo lançadas pelo Maligno, com alto poder de destruição (v.16). E o capacete da salvação – ten perikephalaian tou sôteriou – que deveria ser usado juntamente com tem machairan tou pneumatos – a espada do Espírito, que o próprio Apóstolo explica ser a palavra de Deus – rhema Theou. A palavra – rhema – não apenas uma ideia, mas uma declaração, uma expressão de fé (v. 17). Além de toda oração – proseuches – e súplicas – deesis – em constante oração – proseuchomai – em todo tempo – em panti kairô – dependendo do Espírito – em pneumati, como forma de permanecer alerta – agryonountes – com o sentido de não dormir no lugar da vigilância, suplicando por todos os santos (v. 18). Dentre eles, o próprio Paulo, que perde que orem – huper me. Com o um objetivo específico, para que lhe seja dada a palavra – logos – o tema apropriado – no abrir e fechar da sua boca. Essa palavra deveria ser ousada – parresia, com confiança, mas também no sentido de ter abertura para fazê-lo, a fim de proclamar – gnorizo – o mistério do evangelho – to musterion tou euangeliou (v. 19). Paulo estava preso em Roma, e sabia que era embaixador em cadeias – prebeuo em halusis. A palavra prebeuo diz respeito ao representante de um reino, e como tal, esperava poder com ousadia – parresiazomai, verbo no subjuntivo, indicando possibilidade, para que de maneira apropriada, fosse capaz de falar – lalêsai (v. 20).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Paulo inicia essa seção com um “portanto”, direcionando para os poderes que vão além da força humana dos inimigos, por conseguinte, os crentes não podem depender de um armamento material, mas de toda a armadura de Deus (v. 11), dentre os elementos desse equipamento espiritual, se encontra a espada do Espírito que está disponível para aqueles que estão nessa batalha. As metáforas utilizadas pelo Apóstolo nesse texto remetem aos soldados romanos, com os quais Paulo estava cercado por se encontrar preso na capital do império. Ele orienta os irmãos das igrejas a permanecerem firmes, recorrendo aos recursos providos por Cristo: justiça (v. 14), evangelho (v.15), fé (v. 16), salvação e a Palavra de Deus (v. 17). A proposta desse comandante é a de que estejamos firmes, não saiamos do posto em que fomos colocados pelo Capitão da Nossa Salvação (v. 14). Nossa batalha leva em consideração a preparação para a pregação do evangelho, não esquecendo que esse é tanto uma má notícia – a realidade do pecado – quando uma boa notícia – a salvação em Cristo (v. 15). Mas precisamos também nos proteger, pois existem dardos inflamados do Maligno, que são lançados com violência, a fim de causar estrago em nossas vidas. Para não ser pegos de surpresa, devemos recorrer ao escudo da fé, com o qual poderemos nos proteger, evitando ser alvos fáceis. A fé se refere às crenças que fundamentam a doutrina cristã, quanto a fidelidade do crente, sobretudo diante dos dias difíceis (v. 16,17). Dependamos também da espada do Espírito, que é tanto uma arma de defesa quanto de ataque, que pode nos dar o fundamento para a apologética da fé, quanto para evitar que sejamos atingidos pelas setas do Maligno. Jesus venceu Satanás na tentação por meio da Palavra de Deus, recorrendo a expressão “está escrito” (Mt. 4.4). Devemos saber que a Palavra de Deus é espada cortante de dois gumes, poderosa para realizar os feitos divinos (Hb. 4.12). E mais, estar continuamente em oração, Deus é a nossa fonte de suprimento, não podemos depender das nossas próprias forças, muito menos pensar que somos autossuficientes. A oração é uma demonstração de total dependência de Deus na batalha espiritual. As armas somente podem causar o efeito necessário se estiverem fundamentadas na oração, sendo essa em Espírito e em Verdade (Jo. 4.23,24), pois o Espírito de Deus intercede na oração (Rm. 8.26,27).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os crentes estão em uma batalha espiritual, e é preciso destacar o significado desse adjetivo “espiritual”, que muito embora pareça óbvio, é esquecido por algumas pessoas. Não estamos em uma luta contra pessoas, como supõem alguns evangélicos, sobretudo nesses últimos tempos, nos quais se semeia o ódio com tanta ousadia. Paulo lembrou, com bastante propriedade, que nossa luta não é “contra carne e sangue”. Não há fundamento bíblico para odiar as pessoas, ainda que essas não concordem conosco, ou mesmo não vivam a partir dos padrões que consideramos corretos. Antes devemos orar por elas, e estar cientes que há algo mais amplo, uma força mundana, que controla os interesses deste mundo tenebroso. Diante dessa realidade, cabe a nós os que cremos em Cristo, buscar as armas necessárias, que não se tratam de armas materiais, não devemos incentivar à luta armada, muito menos o porte de armas. Dependemos de Deus, a base da nossa fé é evidenciada na oração, por intermédio da qual lubrificamos os equipamentos da armadura de Deus. A oração deixou de fazer parte do cotidiano de muito crentes, a principal razão é o pragmatismo moderno, que aliena as pessoas de uma vida na presença de Deus. A partir da oração, devemos nos revestir de toda a armadura de Deus, não apenas de parte dela, pois é possível que Satanás encontre os pontos frágeis, pois cada pessoa tem o seu “calcanhar de Aquiles”, uns é o dinheiro, para outros, o sexo, e ainda, para alguns é o poder. Os instrumentos que compõem toda a armadura de Deus são: a couraça da justiça, essa diz respeito a convicção que temos de que fomos justificados por Deus, por intermédio do sacrifício vicário de Jesus. Os calçados da preparação do evangelho da paz, não disseminamos a guerra com quem quer que seja, anunciamos as boas notícias de que Cristo é o Príncipe da paz. O escudo da fé, não apenas o conjunto de crenças, mas a fidelidade a Deus, principalmente diante das adversidades. O capacete da salvação, para não termos dúvidas de que fomos alcançados pela graça maravilhosa de Deus, ainda que não fôssemos merecedores. A espada do Espírito, que é própria Palavra de Deus, pois existem muitos ensinamentos falsos tentando adentrar a Igreja, precisamos ser proativos ao recorrer à Palavra de Deus, manejando-a com sabedoria, interpretando apropriadamente os textos.

CONCLUSÃO
A batalha espiritual na qual estamos não se trata de uma guerra humana, por isso não podemos recorrer as armas físicas. Antes devemos depender de toda a armadura de Deus. Assim como a armadura de Saul não serviu a Davi, também as armas humanas não são apropriadas para a Igreja. Por isso devemos recorrer às armas espirituais: os calçados do evangelho da paz, o escudo da fé, o capacete da salvação, a espada do Espírito, e principalmente, da oração.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE

Texto Áureo: II Co. 10.4  – Leitura Bíblica: Ef. 6.10-12

INTRODUÇÃO
A luta contra os poderes das trevas é real, e não pode ser subestimada, para tanto, precisamos usar as armas apropriadas, e essas não são humanas, antes espirituais. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da natureza da nossa luta contra as forças do mal, com base em Ef. 6.10-12, texto que antecipa a descrição paulina da Armadura de Deus, que será estudada mais adiante. Faremos a análise textual, a partir do grego do Novo Testamento, em seguida, interpretaremos o texto, com base no contexto. E ao final, as aplicações apropriadas, fundamentadas na Palavra de Deus.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Paulo escreveu a Epístola aos Éfesios, que talvez tenha sido uma epístola circular entre as igrejas da região da Ásia Menor, por volta do ano 60 d. C., a fim de fortalecer a fé daqueles crentes, ressaltando a natureza do corpo de Cristo. No texto em foco, o Apóstolo sequencia um argumento, em caráter conclusivo, ao usar a expressão “No demais” – tou loipou – em seguida, dá uma ordem: fortalecei-vos – endunamousthe – sejam empoderados, o radical da palavra é o mesmo de At. 1.8, no qual é dito que os discípulos receberiam poder do alto. Esse fortalecimento, ou mais precisamente, empoderamento, deve ser no Senhor – em kuriô  e na força en tô kratei, que dá ideia de poder soberano que provém de Deus, de onde vem o próprio poder – ischuos (v. 1). Paulo reforça, por meio de uma ordem, revesti-vos – endusasthe – uma orientação para a batalha, vestir uma indumentária para ir a peleja. Esse revestimento deve ser com toda armadura – panoplian – uma palavra em grego, de natureza composta, nenhum elemento da armadura pode ser desconsiderado. E isso tem um propósito, para que possais - dunasthai, trata de uma capacitação, dada pelo próprio Deus, para permanecer firmes – stenai – não sair do lugar, território determinado, contra as astutas ciladas – methodeias, de onde vem nossa palavra método, isso quer dizer que o inimigo tem seus métodos a fim de lutar contra aqueles que creem. Depois explica que, nossa luta – pale - peleja, guerra – não é contra o sangue – aima, muito menos contra a carne – sarka - mas contra – prós – preposição repetida várias vezes nesse texto, principados – archas, palavras que pode se referir tanto à esfera de autoridade terrena quanto celestial, bem como contra potestades – axousias, que também pode significar uma jurisdição, controle ou poder, e contra os príncipes das trevas – kosmokratopras tou skotous, poderes cósmicos que regem as trevas, contra as hostes espirituais – pneumática – força espirituais, da maldade – ponerias. Paulo especifica o território, nos lugares celestiais – em tois epouraniois.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Nesse trecho da Epístola de Paulo aos Efésios, no capítulo 6, que segue dos versículos 10 a 20, somos alertados a sermos fortalecidos em toda Armadura de Deus. O Apóstolo conclui a Carta com algumas exortações aos cristãos, apelando para uma metáfora militar, certamente baseada no contexto no qual se encontrava, em uma prisão romana. A palavra-chave nessa seção da Epístola é “força”, sendo que essa deve vir de Deus, pois somos fortalecidos “na força do seu poder” (v. 10). A força para enfrentar as adversidades da vida não vem de nós mesmos, mas dAquele que está conosco, principalmente se considerarmos que nossa luta não é uma batalha contra as forças humanas. A palavra grega para armadura é panoplia e se refere a toda indumentária utilizada pelos soldados romanos, que incluía tanto as armas de defesa quanto as de ataque (14-16). Essa armadura é necessária a fim de permanecer firme contra todas as astutas ciladas de Satanás, que se tratam do métodos e estratégias do inimigo, a fim de destruir aqueles que seguem a Cristo. Uma das armas de Satanás para enganar os crentes são os falsos ensinamentos, difundindo doutrinas errados no seio da igreja cristã (I Jo. 2.18-22; 4.3; II Jo. 7). Satanás semeia heresias no contexto da igreja, algumas delas são absorvidas com naturalidade, como se fossem ensinamentos bíblicos (v. 11). Para fazê-lo, ele se utiliza de governantes e autoridades, tanto de natureza cósmica quanto terrenal, que se orquestram como forças do mal, para enganar se possível os eleitos. Existe uma hierarquia nas hostes celestiais, essas também atuam no mundo diabólico, e se instauram na esfera humana, disseminando mentiras e enganos. Mas devemos lembrar que Jesus já desarmou esses principados e potestades, colocando-os em condição de vergonha, triunfando sobre eles (Cl. 2.15). Mas é preciso também saber que essa vitória ainda não se materializou em sua plenitude, por isso ainda testemunhando o império das trevas nos governos terrenais, até o dia em que Ele retornará e será reconhecido plenamente como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.16).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
O mundo se encontra debaixo do poder do Maligno (I Jo. 5.19), essa é uma doutrina que precisa ser explicada constantemente, para não incorrermos no risco de abraçar as forças terrenas, como se celestiais fossem. Na verdade, Satanás é o deus deste século (II Co. 4.4), ou seja, ele controla os poderes terrenos, a fim de que esses estejam a serviço dos seus interesses. Os poderes terrenos apenas pendulam, de um lado para o outro, seguem para mais à direita ou mais à esquerda, mas nunca conseguem atingir o alvo, pois se encontram distantes da fonte de toda autoridade, que vem de cima e de Deus. A igreja precisa ter discernimento espiritual para não se deixar enganar pelas forças do mal, o inimigo das nossas almas vem travestido de anjo de luz (II Co. 11.14). É um perigo quando a igreja abraça os poderes seculares, e se envolve em uma empreitada terrena, e mais arriscado ainda quando se utiliza de armas terrenais. Precisamos ser lembrados que nossa luta não é contra os poderes terrenos, mas contra as forças espirituais que habitam as regiões celestiais (Ef. 6.12). Portanto, devemos recorrer à Armadura de Deus, que se trata de uma indumentária espiritual, contra as quais devemos vencer essas hostes da maldade (II Co. 10.3-5). Essas armas espirituais não devem servir para semear o ódio e a violência, pois fazemos parte de um reino de amor e graça, cujo maior expoente é o Senhor Jesus Cristo, que nos ensinou a viver a partir da ética desse reino, consoante ao que se encontra exposto nos capítulo 5, 6 e 7 de Mateus, quando proferiu o famoso Sermão do Monte. Cristãos não podem incitar quem quer que seja à violência, pois não estamos em uma cruzada medieval, na qual os soldados lutavam para destruir seus inimigos, a fim de conquistar os territórios sagrados. Devemos semear o amor de Cristo nos corações, e viver a partir dos princípios que Ele ensinou na Sua palavra.

CONCLUSÃO
Identificar o inimigo é fundamental enquanto estratégia de guerra, muitos cristãos estão se voltando para alvos errados, há ocorrências também de “fogo amigo” dentro das igrejas. Precisamos manter o foco na trincheira, sabendo que nossa luta não é contra a carne e o sangue. Não podemos odiar as pessoas, antes devemos demonstrar o amor de Deus para elas. E a melhor maneira de fazê-lo é através da acolhida e do perdão, derramado em nossos corações, somente assim seremos capazes de sabotar o império de Satanás.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

TENTAÇÃO – A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES


Texto Áureo: I Jo. 2.16  – Leitura Bíblica: Mt. 4.1-11

INTRODUÇÃO
Jesus foi tentado, partindo desse pressuposto, devemos considerar, por conseguinte, que ninguém está imune à tentação. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da tentação de Jesus, com base no texto de Mt. 4.1-11, considerando, inicialmente, particularidades do texto grego, em seguida, interpretaremos o texto, e ao final, faremos as devidas aplicações, com o objetivo de sermos fortalecidos pelo Senhor, a fim de resistir no momento da tentação.

1. ANÁLISE TEXTUAL
Jesus foi conduzido – anago, se encontra na voz passiva – para o deserto – pelo Espírito – pneumatos – a fim de ser tentado – peirasthenai – mais uma vez na voz passiva – pelo diabo. No texto está escrito que isso aconteceu após o jejum – nesteusas, ter jejuado - de Jesus – por quarenta noites e quarentas dias, e que Ele estava faminto – epeinasen, teve fome. Então, veio até Ele o tentador – peirazon, aquele que tenta ou coloca a pessoa sob teste ou provação. E esse abordou o Senhor, e se aproximando – proselthon – disse: se – ei – partícula condicional – és o Filho de Deus – ordene – eipe, no imperativo – que essas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu dizendo: está escrito – gegraptai – não só de pão viverá – zesetai – o homem, mas de toda (ou cada) palavra – rhema – que vem através – dia – boca de Deus. Em seguida, o diaboo conduziu – paralambanei auton – para a Cidade Santa – ten hagian polin – colocando-o sobre o pináculo – prerugion – do templo – tou ieron. E disse a Ele: Se é Filho de Deus, lança a te mesmo – bale seauton – daqui abaixo, porque (ou como) está escrito – gegraptai – pois aos seus anjos, mesnageiros – angelos – ordenará – enteleitai – a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces – proskopses – em pedra. Disse-lhe Jesus: está escrito – gegraptai – não colocarás em teste – ekpeiraseis – testarás, provarás, tentarás – o Senhor, teu Deus.  Novamente, o tomou – paralambanei – o diabo a um monte muito alto, e mostrou-lhe – deiknusin autô – todos os reinos da terra – pasas tas basileias tou kosmou, e a glória deles – then doxan auton. E disse-lhe: tudo isto te darei – dôsô – se – ean – te prostares – pesôn – e me adorares – proskuneô moi. Então, disse Jesus a ele, vai-te, saia daqui, parta agora – hupage – Satanás, pois está escrito – gar gegraptai – o Senhor teu Deus somente adorarás – proskuneseis – e a Ele somente servirás – latreuseis. Então, o diabo o deixou, e os anjos – angeloi, mensageiros – vieram e o serviram – diekonoun autô.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Jesus foi conduzido pelo Espírito ao longo da sua vida, na verdade Seu ministério desenvolveu-se na direção do Espírito Santo. De igual modo, Seus seguidores devem viver na dependência desse mesmo Espírito (Gl. 5.16-18). No caso em foco, o Espírito o levou para ser tentado, que em grego é peirazo, palavra que tanto pode significar provar, quanto testar, ou mesmo tentar. É nesse contexto que Tiago afirma que Deus aninguém tenta (Tg. 1.13), ainda que use as circunstâncias para provar o caráter das pessoas (Hb. 11.17). A esse respeito, é importante considerar que a mesma palavra em grego é usado, por isso a dependência do contexto é necessária, para uma interpretação apropriada. Jesus foi tentado pelo diabo, que em grego é o acusador, com destaque para o artigo definido, portanto, não se trata de um tentador qualquer, mais de um diabo específico (v. 1). Jesus havia jejuado por quarenta dias e quarenta noite, uma experiência alusiva aos 40 anos que Israel esteve peregrinando, e sendo provado pelo deserto (Dr. 8.2-3), de igual modo, Moisés jejuou e orou por 40 dias e noites em duas ocasiões (Ex. 24.18; 34.28; Dr. 9.9-25; 10.10). O evangelista afirma que Jesus apenas teve fome, não diz que ele tenha tido sede, há quem diga, com base nessa declaração, que Jesus o jejum foi apenas de comida, mas não de água (v. 2). Jesus era e é o Filho de Deus, mas o objetivo do diabo é o de sempre questionar as verdades divinas, por isso questiona com um “se” (v. 3). Desde o princípio, Satanás pretende fazer com que as pessoas se distanciem dos parâmetros divinos, fazendo suas próprias vontades, ao invés da vontade de Deus (Gn. 3). A declaração “está escrito” aparece várias vezes nesse texto, demonstrando, assim, que a base para a vitória de Jesus sobre Satanás era as Escrituras (v. 4). Na verdade, o Senhor mais uma vez fazia referência a Israel, que foi provado ao longo do deserto, tendo tido fome, e recebendo a provisão divina, com o maná do céu (Dt. 8.2). Em seguida, o diabo o leva até o pináculo do templo, na cidade santa que é Jerusalém, esse era o Templo erigido por Herodes (v. 5). O Senhor declara outra vez: “está escrito”, quando o diabo tenta usar as Escrituras contra o próprio Deus. É preciso ter cuidado, pois Satanás conhece as Escrituras, e pode distorcê-las, a fim de realizar seus intentos (v. 6,7). Há pessoas que utilizam as Escrituras para satisfazer suas vontades, recorrendo a textos descontextualizados, sem atentar para as regras de interpretação. O objetivo do diabo era fazer com que Jesus se prostrasse aos seus pés e o adorasse, prometendo entregar a Cristo todos os reinos do mundo. Na verdade, o mundo jaz no maligno, o diabo é o príncipe deste século, fazer com que Jesus fugisse da cruz era o intento do inimigo, mas não existe glória antes de se passar pela cruz (v. 9,10). Por fim, depois de Jesus ter resistido, por meio da Palavra de Deus (Tg. 4.7; I Pe. 5.9), os anjos vieram para servi-lo.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
A tentação é algo real, e acontece por diversas razões, uma delas é por causa da natureza pecaminosa. Ser tentado não é pecado em si, apenas se através da tentação, o pecado for concretizado. Jesus nos ensinou a orar, pedindo para que o Pai não permitisse que caíssemos em tentação. A tentação vem através dos sentidos, Eva foi seduzida porque olhou para o fruto, e percebeu que esse era desejável para comer (Gn. 3.6). A concupiscência dos olhos e a soberba da vida tem conduzido muitas pessoas à ruína espiritual (I Jo. 2.16,17). A tentação e a vitória de Jesus servem de instrução para todos aqueles que querem vencer o pecado. Inicialmente, devemos atentar para a Palavra de Deus, essa deve ser nosso fundamento de fé e prática. Mas também é preciso ter cuidado, pois o próprio Satanás pode citar indevidamente as Escrituras. E mais, devemos permanecer atentos às suas investidas, sobretudo aos seus questionamentos, quando coloca dúvidas em nossas mentes, a respeito da nossa filiação divina, e do nosso relacionamento com Deus. Ele também deseja espetáculo, que usemos o evangelho a fim de chamar a atenção das pessoas, isso pode acontecer por meio de crenças triunfalistas, pessoas que querem antecipar o reino de Deus, e transformar os governos terrenos em celestiais. Há quem acredite em um evangelho sem sofrimento, apenas de prosperidade financeira, mas isso não tem qualquer respaldo bíblico. É paradoxal que tudo aquilo que Jesus rejeitou na sua tentação esteja seduzindo a igreja dos tempos modernos. A alternativa para o cristão sincero, que está fundamentado na Palavra de Deus, é resistir as propostas de Satanás, e mais que isso, ordenar para que esse se afaste de nós. A vitória sobre a tentação passa pelo caminho da renúncia, pela negação das nossas vontades, para que estejamos de acordo com a Palavra de Deus, sejamos verdadeiros discípulos de Cristo (Mt. 16.24).

CONCLUSÃO
Somos testados e provados continuamente, Deus permite que Satanás, que é o deus deste século nos prove (II Co. 4.4), mas a vitória sobre as tentações é uma oportunidade para crescermos na fé. Sejamos, pois, firmes na Palavra de Deus, e cientes que nenhuma provação é maior do que possamos suportar, mas isso porque Deus nos dá o escape, pelo Espírito Santo que nos dá vitória, para andarmos em Cristo, e sermos feitos conforme a Sua imagem.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.

QUEM DOMINA A SUA MENTE

Texto Áureo: Fp. 2.5  – Leitura Bíblica: Fp 4.4-9

INTRODUÇÃO
A mente é um campo de batalha, Satanás busca ter o controle das nossas emoções, a fim de nos levar a pensar em coisas negativas. Na aula de hoje, estudaremos Fp. 4.4-9, um texto bíblico no qual Paulo nos instrui não vivermos inquietos, antes a confiar em Deus. E mais importante, a necessidade de preencher nossas mentes com tudo o que agrada a Deus, sobretudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, e também, meditando no que aprendemos a respeito de Cristo.

1. ANÁLISE TEXTUAL
A Epístola aos Filipenses foi escrita por Paulo por volta do ano 62 d. C, com o objetivo de instruir os irmãos daquela cidade a viverem em alegria – a palavra grega chara ocorre várias vezes nessa carta. No texto em foco, o Apóstolo inicia conclamando os irmãos a se alegrarem – chairete, um imperativo ativo. Essa charis deve ser no Senhor – en kuriô, e mais ainda deve, deve ser sempre – pantote, em todo tempo. E isso é tão importante que Paulo repete: chairete (v. 4). Ele deseja que a equidade – epiekes, razoabilidade – seja notória, essa palavra tem a ver com o bom senso, a capacidade de discernir entre o que é certo e o errado. E essa não apenas entre os membros da igreja de Cristo, mas também entre todos os homens, partindo da premissa que he kurios engus – perto está o Senhor (v. 5). A consciência da presença de Cristo deve nos motivar a agir em conformidade com a fé que defendemos. Por isso, não deveriam estar inquietos – merimnate – cuidadosos, preocupados – com coisa alguma. Paulo apresenta uma alternativa à ansiedade, a oração: apresentar vossas petições – aitema – que essas sejam conhecidas diante de Deus, com oração – proseuche – e súplicas – dêesei, sem esquecer das ações de graça – eucharistias (v.6). Fazendo assim, Paulo diz que a paz – eirene – que excede todo entendimento – guardará os vossos corações – kardias, o centro das emoções para o mundo greco-romano, e para ser mais específico, também vossos sentimentos – noemata, mente e pensamentos – em Cristo Jesus (v. 7). E quanto ao mais, o que deve está na mente dos irmãos é o que é verdadeiro – alethe, real, tudo o que é honesto – semna – digno de honra e respeito, tudo o que é justo – dikaia, correto, tudo o que é  puro – hagna, inocente, tudo o que é amável – prosphile, que possa ser amado, e tudo o que é de boa fama – euphema, digno de louvor, e se há alguma virtude – arete, coisa excelente, diz o Apóstolo, nisto pensai – logizesthe, imperativo, com ideia de raciocinar, refletir a respeito. A base dessa reflexão é o que aprendestes – emathete, estudastes, recebestes – parelabete, tomastes, e o ouvistes – ekousate, com atenção e compreensão, e isso fazei – prassete, cumprir, se comportar, assim o Deus de paz – eirenes – será convosco.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A fé cristã não tem uma relação direta com a felicidade, o maior anseio da sociedade contemporânea, propalando pelos vendedores de sucesso. A promessa de Cristo é alegria – chara – a qual é produzida em nós pelo Espírito Santo (Gl. 5.22). Ao mesmo tempo, precisamos também nos alegrar, ou buscar a alegria da salvação. Essa alegria precisa nos acompanhar em todas circunstâncias, ainda que estejamos em momentos de adversidade. A vida em comunidade deve ser pautada pela equidade, ou mais precisamente, pelo bom senso, a fim de que as pessoas não busquem apenas o que é melhor para elas mesmas, mas também para os outros. A volta do Senhor está muito próxima, e esse deve ser um dos motivos para uma vida em unidade, fundamentada na genuína comunhão cristã. Não podemos esquecer que o Senhor retornará como Juiz, e que haverá de avaliar as nossas obras (Tg. 5.9), ainda que não saibamos quando isso irá acontecer (II Pe. 3.1-13). As palavras de Paulo, em relação a uma vida moderada, que não se deixa conduzir pela ansiedade, encontra eco nos ensinamentos de Jesus, quanto às solicitudes da vida (Mt. 6.25-34). A confiança em Deus é aprendida, como resultado de uma comunhão contínua, dependendo dEle em todas as circunstâncias. O melhor a fazer, como demonstração dessa confiança, é ser grato a Deus, e aprender a desfrutar de tudo aquilo que Ele nos provê. O contentamento é um excelente antídoto contra a ansiedade, é um estilo de vida alternativo contra tudo aquilo que tira nossa atenção das coisas de Deus. Precisamos reconhecer que existe uma batalha espiritual na mente, e que essa precisa ser vencida, para tanto devemos pensar em coisas que edificam, tudo aquilo que é nobre e agradável. Mas somente pensar não é suficiente, devemos também colocar em prática o que aprendemos, desde que as fontes sejam confiáveis, e o mais importante, estejam fundamentadas na Palavra de Deus.

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Os pastores mais antigos costumavam dizer que “mente desocupada é oficina de Satanás”. Somos pessoas que podem ser afetadas pela cultura na qual estamos inseridos. Como esponjas, podemos absorver tudo aquilo que se encontra ao nosso redor. É preciso ter cuidado para não se deixar levar por coisas que nos afastem de Deus, e que roubem nossa verdadeiro eu, cuja identidade se encontra em Deus. Somente Ele sabe o que é melhor para cada um de nós, por isso devemos ter cuidado para nos preocupar demasiadamente. Ao invés de nós pre-ocupar com as coisas que nos distraem do que é de cima, devemos nos ocupar com o Deus que está no comando de todas as circunstâncias (Cl. 3.1). Existem muitos cristãos que estão com a mente afetada por pensamentos negativos porque se interessam apenas por práticas que não edificam. A internet e a televisão têm afastado muitos crentes do seu foco, principalmente quando se trata de sensacionalismo, ou mesmo de informações equivocadas. Há uma indústria de fake news – notícias falsas – nos dias atuais, causando terrorismo psicológico, sendo também uma ferramenta para manipular as pessoas. Ao invés de ficar pensando nessas coisas, e de ficar preocupado com as ameaças que nos chegam, sejam elas reais ou fictícias, devemos alimentar nossa mente com a Palavra de Deus. A leitura diária da Bíblia, e dos bons livros cristãos, associados a uma vida de oração, é fundamental para ter saúde espiritual. Isso porque nossa espiritualidade pode ser atingida pela mente, se ficarmos muito tempo pensando negativamente, isso irá afetar diretamente nosso pensamento. Ao acordar, bem cedo pela manhã, devemos ler a Bíblia, fazer uma oração, a mesma atitude deve ser observada a noite, antes de dormir. Assistir televisão ou ficar na internet pode causar danos, não apenas ao corpo e a mente, mas também à vida espiritual. Ouvir músicas edificantes, ou mesmo textos bíblicos gravados, é uma alternativa viável, para que mantenhamos nossa mente nos Senhor.

CONCLUSÃO
O cristão, para ser identificado como tal, precisa ter a mente de Cristo (I Co. 2.16), e isso acontece através da meditação na Sua Palavra. Cristo em nós deve ser o alvo de todo crente sincero, e isso acontece na medida que O imitamos. Jesus estava sempre centrado no Pai, e quando se sentia ameaçado pela multidão, ia para o deserto, a fim de orar e meditar. Não podemos fugir do real, muito menos das responsabilidades, mas precisamos, sempre que possível, buscar refrigério na presença de Deus.

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.