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VIVENDO O FERVOR ESPIRITUAL

 

Texto Base: Efésios 5:15-20

 

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef.5:18).

 

Efésios: 5:

15.Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

16.remindo o tempo, porquanto os dias são maus.

17.Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.

18.E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,

19.falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,

20.dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos de um dos fatores que caracterizam o movimento pentecostal: o fervor espiritual. A exortação do apóstolo é enfática: “enchei-vos do Espírito (Ef.5:18); isto significa viver a plenitude ou o fervor do Espírito Santo. Porém, muitos têm confundido barulho com fervor espiritual. Em muitas igrejas vemos movimentos e agitação sem, contudo, haver espiritualidade. Hoje está muito em voga o “falar em línguas”. Tem pregadores que, no momento da pregação, insistem que todas as pessoas presentes na igreja falem línguas, independentemente de serem ou não batizados no Espírito Santo, pré-requisito para o dom de línguas. E em atenção ao tal pregador o auditório se agita e se envolve num tremendo barulho, sem nenhuma espiritualidade. A maioria das vezes o que parece fervor espiritual é apenas sensacionalismo, resultante de motivações e mecanismos externos, que é efêmero. O genuíno fervor espiritual está intimamente vinculado com a maturidade cristã, que não é medida pela quantidade de dons que uma igreja exercita, mas pelo exercício da piedade e da vida cristã consagrada (Ef.4:17-32). O cristão não deve fazer sensacionalismo com o(s) dom(ns) que recebeu, mas usá-los humildemente no serviço do Senhor.

I. A IMPORTÂNCIA DA DEVOÇÃO PELA PALAVRA E ORAÇÃO

A Palavra de Deus e a Oração são pilares sustentadores da vida do crente. Por isso, precisamos apegar a eles, se quisermos obter vitórias nos dias maus. Sem oração o crente não vai a lugar algum. O crente que negligencia esta ferramenta é considerado presa fácil para Satanás, por ausência de poder em sua vida. Por meio da oração, a pessoa busca saber a orientação de Deus para os determinados fins que aspira realizar. As vitórias são conquistadas quando os joelhos são dobrados diante de Deus. A oração é a nossa maior arma, é o maior meio que nós temos para recorrer aos recursos infinitos de Deus. O Senhor Jesus Cristo é o nosso maior exemplo. Ele começou Seu ministério terreno em oração; deu prosseguimento ao ministério em oração e terminou a Sua vida aqui na terra da mesma forma que iniciou, em oração (Mt.26:39-42; Lc.5:16; 22:41-44). Que belíssimo exemplo a ser seguido, imitado, almejado!

Além da oração, outro aspecto que deve ser uma constante na vida espiritual diária do crente é a leitura e o estudo da Bíblia Sagrada. A Palavra de Deus é a principal fonte de revelação da vontade de Deus para com o homem. Se queremos ter uma vida de comunhão com Deus, faz-se mister que saibamos qual é a vontade dEle para com o homem, e esta vontade está estampada na Palavra de Deus.

1. Devoção

A palavra “devoção” tem raiz no latim devotione, e significa afeição, dedicação, apego intenso, culto. Em nosso caso, apego intenso à Palavra e à Oração. Estes são dois pilares que nos sustentam diante das tempestades da vida. São importantes práticas espirituais desde o princípio da Igreja. Não há como a Igreja ser vencedora diante das tempestades, intempéries e adversidades, sem o apego intenso a estes dois pilares espirituais.

2. A Oração e a Palavra

a) A Oração. É a essência da Igreja, e expressa a nossa total dependência de Deus. É o ato reverente e piedoso através do qual o crente adora e se aproxima de Deus, mediante a intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo. No Antigo e Novo Testamento, a oração era o supremo recurso usado pelo povo de Deus para suplicar, agradecer, adorar, pedir, interceder e bendizer ao único e verdadeiro Senhor. Na oração, a fé é manifestada, porque quando alguém se dispõe a orar, é porque sabe que Deus existe e está pronto a atender ao clamor dos que O buscam - “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...”(Hb.1:6).

Em muitas ocasiões, Deus decidiu agir através da oração dos crentes. Lembre-se do apóstolo Paulo, e da grandeza do seu ministério. Lembre-se de Martinho Lutero, e do impacto da sua vida em todo o mundo. Lembre-se de João Wesley, e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos. Lembre-se de Smith Wigglesworth, e das milhares de pessoas que foram curadas. E lembre-se de que, por trás de todas essas pessoas, existe uma vida de oração. A Igreja pode transformar o mundo, você pode transformar o mundo. Qual é o caminho? Uma vida de oração.

Quando oramos expressamos as seguintes verdades:

·         Reconhecemos a soberania de Deus, pois estamos dizendo que Deus é o único que pode atender aos nossos pedidos, bem como é o único que merece nosso louvor e adoração.

·         Reconhecemos a nossa insuficiência, pois demonstramos a consciência de que tudo está no controle de Deus e que, sem Ele, nada podemos fazer.

·         Revelamos nossa fé, pois demonstramos que nossa confiança está em Deus e não em qualquer outro ser.

·         Revelamos a nossa obediência, pois cumprimos a vontade de Deus expressa em sua Palavra, que quer que oremos sem cessar (1Ts.5:17).

·         Demonstramos o nosso amor para com o próximo, pois intercedemos por eles e, como somos justos, permitimos que tal oração tenha uma eficácia benévola em suas vidas, o que é o complemento do grande mandamento (Mt.22:39,40).

b) A Palavra. O ponto fundamental para conhecermos o caráter e a vontade de Deus é conhecer a Sua Palavra e, por este motivo, Jesus sempre demonstrou que Seu ministério nada mais era senão o cumprimento das Escrituras (Mt.5:17,18; João 5:39; Lc.24:44-47).

No princípio da Igreja, o estudo e o ensino da Palavra era, ao lado da pregação do Evangelho, o principal e exclusivo trabalho dos apóstolos (At.6:2,4). O apóstolo Paulo foi um líder que deu imenso valor ao estudo da Palavra de Deus; em Éfeso, ele ensinou a Palavra durante dois anos, e o ensino era diário (cf.Atos 19:8-10).

À época de Neemias, o povo se reuniu desejoso para ouvir a Palavra (cf. Neemias capítulo 8). A leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado e alegria de Deus na vida do povo. Vimos também que a liderança se reuniu para aprofundar-se no estudo da Palavra, e o resultado foi a restauração da vida religiosa de Jerusalém. Essas reuniões de estudo aconteceram durante 24 dias (Ne.8:1-3,8,13,18; 9:1). Havia fome da Palavra. O estudo e a obediência a ela trouxeram um poderoso reavivamento espiritual. Não temos nenhum outro relato bíblico de um culto tão impressionante quanto esse, quando o povo, pelo exemplo de seus líderes, reuniu-se durante um mês para estudar a Palavra e acertar a sua vida com Deus.

Através do estudo da Palavra de Deus, liderado por Esdras e Neemias, os israelitas compreenderam que se tivessem guardado a Lei do Senhor não teriam sido levados para o cativeiro, as cidades não tinham sido devastadas e os muros não necessitavam de reconstrução. O arrependimento pelos pecados cometidos fez com que o povo de Israel assumisse um compromisso de obedecer ao Senhor e à Sua Palavra. 

O salmista alerta que a felicidade do homem está em ter prazer na lei do Senhor de dia e de noite (Sl.1:1,2) e, desde o tempo de Moisés, é dito que o segredo da própria vida espiritual é o fato de termos conhecimento e praticarmos, dia a dia, a Palavra do Senhor (Dt.6:1-9).

3. O viver sabiamente (Ef.5:15)

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como nésciosmas como sábios[...]” (Ef.5:15-17).

Tudo que vale a pena fazer requer cuidados. Nós nos preocupamos com o que nos parece importante – trabalho, educação, lar e família, habitação, roupas e aparência. Assim, como cristãos, diz Paulo, devemos nos preocupar com a nossa vida cristã; devemos tratá-la com a seriedade que ela requer. Quais são, portanto, as marcas das pessoas que vivem sabiamente? (Adaptado do Livro “Lendo Efésios com Jon Stott”).

a) Aproveitam ao máximo todas as oportunidades para fazer o bem. As pessoas sábias sabem que o tempo é um bem precioso. Todos temos o mesmo tempo à disposição. Nenhum de nós pode esticar o tempo; mas as pessoas sábias usam-no para a maior vantagem possível. Elas sabem que o tempo está passando e que “os dias são maus”. Assim, aproveitam cada oportunidade passageira enquanto ela é oferecida. Uma vez passada, nem mesmo as pessoas mais sábias não conseguem recuperá-la.

b) Discernem a vontade de Deus. As pessoas têm certeza de que a sabedoria deve ser encontrada na vontade de Deus, em nenhum outro lugar. O próprio Jesus orou: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua”, e ensinou-nos a orar: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. Nada é mais importante na vida do que descobrir e cumprir a vontade de Deus.

Segundo Stott, ao procurar descobrir a vontade de Deus, devemos distinguir entre Sua vontade geral e Sua vontade particular. Sua vontade geral se relaciona com todos nós - isto é, tornar-nos como Cristo. Sua vontade particular, no entanto, diz respeito às especialidades de nossa vida, e é diferente para cada um de nós – que carreira seguiremos, se devemos nos casar e, se sim, com quem. Encontramos Sua vontade nas Escrituras Sagradas, mas não encontramos Sua vontade particular lá. Para termos certeza, há princípios gerais na Bíblia para nos guiar, mas decisões detalhadas precisam ser tomadas após cuidadosa reflexão e oração, e a busca de conselhos de cristãos maduros e experientes.

“Devemos priorizar a vontade de Deus em nossas decisões, atitudes e não focar as aparentes vantagens, como faz o mundo. O modo de vida do crente não pode ser o mesmo padrão do mundo (Rm.12:1)”.

4. Remindo o tempo (Ef.5:16)

remindo o tempo, porquanto os dias são maus”.

Como já foi dito anteriormente, remir o tempo é uma das marcas da pessoa que vive sabiamente. Remir o tempo é praticar a mordomia do tempo, e a mordomia do tempo é também a mordomia das oportunidades. Remir o tempo significa otimizar e aproveitar ao máximo cada oportunidade de forma prudente. O tempo é um presente precioso que Deus nos dá para sermos bons mordomos dele.

Como remir o tempo que Deus nos concede? Para o crente a mordomia do tempo está diretamente relacionada a uma vida guiada pelo Espírito Santo; uma vida de acordo com a vontade de Deus. O apóstolo Paulo escreve: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Ef.5:15-17).

Sem dúvida, a melhor aplicação do nosso tempo é aquela que prioriza o Reino de Deus. O próprio Senhor Jesus diz que devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas essenciais à nossa sobrevivência serão acrescentadas (Mt.6:33).

II. A IMPORTÂNCIA EM MANTER-SE “CHEIO DO ESPÍRITO”

Paulo falou que somos selados pelo Espírito Santo (Ef.1:13-14) e que não devemos entristecer o Espírito (Ef.4:30); agora nos ordena a sermos cheios do Espírito (Ef.5:18). É o Espírito Santo que nos convence do pecado; é Ele quem opera em nós o novo nascimento; é Ele quem nos ilumina o coração para entendermos as Escrituras; é Ele quem nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis; é Ele quem nos batiza no corpo de Cristo; é Ele quem testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus; é Ele quem habita em nós. Todavia, é possível ser nascido do Espírito, ser batizado no Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo Espírito e estar ainda sem a plenitude do Espírito. Aquele que já tem o Espírito, que é batizado no Espírito, deve agora, ser cheio do Espírito.

1. “E não vos embriaguez com vinho” (Ef.5:18a)

O apóstolo Paulo faz um contraste entre se embriagar com o vinho, que produz uma temporária sensação de “bem-estar”, e ser cheio do Espírito, que produz uma permanente alegria. Embriagar-se com vinho está associado à forma de vida ímpia e aos seus iníquos prazeres. Em Cristo, gozamos de uma alegria superior mais elevada e mais duradora, que cura a depressão, monotonia ou tensão mental. Não devemos nos preocupar com o quanto temos do Espírito em nós, mas com o quanto a nossa vida está entregue a Ele. Submeta-se diariamente a sua orientação e obtenha dele forças.

William MacDonald diz que as Escrituras não condenam o uso do vinho, mas condenam seu abuso. O uso do vinho como medicinal é recomendado (Pv.31:6; 1Tm.5:23); Jesus transformou água em vinho para ser consumido numa festa de casamento (João 2:1-11). Porém, o uso do vinho se transforma em abuso sob as seguintes circunstâncias, sendo então proibido:

·     Quando há excessos (Pv.23:29-35).

·     Quando o indivíduo passa a ser dominado por ele (1Co.6:12b).

·     Quando ofende a consciência fraca de outro crente (Rm.14:13; 1Co.8:9).

·     Quando destrói o testemunho do cristão na comunidade e, portanto, não glorifica a Deus (1Co.10:31).

·     Quando há alguma dúvida na mente do cristão sobre essa prática (Rm.14:23).

Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, quando diz que na embriaguez, o homem perde o controle de si mesmo; no enchimento do Espírito, ele ganha o controle de si, pois o domínio próprio é fruto do Espírito.

Martyn Llody-Jones, médico e pastor, disse: “o vinho e o álcool farmacologicamente falando, não são estimulantes, mas depressivos. O álcool sempre está classificado na farmacologia entre os depressivos. O álcool é um ladrão de cérebros. A embriaguez, deprimindo o cérebro, tira do homem o autocontrole, a sabedoria, o entendimento, o julgamento, o equilíbrio e o poder para avaliar as coisas. Ou seja, a embriaguez impede o homem de agir de maneira sensata.

Todavia, o resultado da plenitude do Espírito é totalmente diferente; em vez de nos aviltar e embrutecer, o Espírito nos enobrece, enleva e eleva; torna-nos mais humanos, mais parecidos com Jesus. O Espírito Santo não pode ser posto num manual de farmacologia, mas Ele é estimulante, antidepressivo; Ele estimula a mente, o coração e a vontade.

2. “..., Mas enchei-vos do Espírito” (Ef.5:18b)

John Stott disse que “enchei-vos do Espírito” é um mandamento; não é uma proposta provisória, mas uma ordem inquestionável. Deixar-se encher pelo Espírito é obrigatório, não opcional, e a ordem é dirigida a toda a comunidade cristã. Todos devemos ser cheios do Espírito. A plenitude do Espírito não é um privilégio elitista, mas está à disposição de todo o povo de Deus.

Stott diz ainda que, embora seja uma ordem, é uma ordem para permitirmos que algo nos aconteça, não algo pelo qual somos os principais responsáveis. A versão Nova Almeida Atualizada diz: “deixem-se encher do Espírito” [“Deixem o Espírito encher vocês”, tradução livre]. O que é essencial é o penitente abandono do que entristece o Espírito Santo e a abertura fiel a Ele, de modo que nada o impeça de nos encher.

Quando devemos ser cheios? Agora. A palavra grega descreve uma ação contínua. Não devemos ser cheios apenas uma vez, mas continuar a ser cheios, pois a plenitude do Espírito não é uma experiência única que nunca podemos perder, mas o privilégio de sermos constantemente renovados, mediante a fé e a obediência contínuas. Fomos selados com o Espírito de uma vez por todas, mas precisamos ser cheios do Espírito e continuar a ser cheios todos os dias, em todos os momentos do dia. Davi preocupava-se com isso, tanto que fez o seguinte pedido ao Senhor: “Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Salmos 51:11).

3. Não confundir com o batismo no Espírito Santo

“Ser cheio do Espírito” não deve ser confundido com o Batismo no Espírito Santo, que estudamos na Aula 03. O batismo no Espírito é uma experiência que acontece uma única vez na vida do crente; o ser cheio do Espírito é uma experiência continua.

Às vezes a plenitude do Espírito parece ser apresentada na Bíblia como uma dádiva soberana de Deus. Por exemplo, João Batista era cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe (Lc.1:15). Nesse caso, a pessoa recebe a plenitude sem preencher nenhuma condição prévia. Não é algo que obtém por obras ou orações. Deus o dá conforme o seu bel-prazer. Em Efésios 5:18, porém, o crente recebe a ordem de encher-se do Espírito. Logo, isso requer ação da sua parte. Ele tem de cumprir certas condições. É resultado de obediência e não vem automaticamente. Por essa razão, a plenitude do Espírito não pode ser confundida com seus outros ministérios, tais como:

·     O batismo no Espírito Santo. Este é o revestimento e derramamento de poder do Alto - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8) -, com a evidência física inicial de línguas estranhas (Atos 2:2,3), conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus.

·     O batismo pelo Espírito Santo. Esta é a obra do Espírito pela qual ele incorpora o crente no corpo de Cristo (1Co.12:13).

·     A habitação. Por este ministério o Consolador habita no corpo do cristão e o fortalece para a santidade, adoração e o serviço (João 14:16).

·     A unção. O Espírito é a própria unção que ensina ao filho de Deus as coisas do Senhor (1João 2:27).

·     O Penhor e o Selo. O Espírito Santo como penhor garante ao santo a sua herança, e como selo preserva o crente para a sua herança (Ef.1:13,14).

Estes são alguns dos ministérios do Espírito Santo que o crente desfruta no momento em que é salvo.

Estar cheio do Espírito é diferente. Não é uma experiência que acontece uma vez por todas na vida do discípulo de Jesus. Antes, trata-se de um processo contínuo, como já dissemos anteriormente. A tradução literal desse mandamento é: ”Permaneça[LdPL1]  sendo cheio pelo Espírito”. Esta condição é a ideal do crente aqui na Terra, mas estar cheio hoje não significa estar cheio amanhã; é uma condição que deve ser almejada continuamente. Todavia, para que isto aconteça, devemos:

Ø  Confessar e abandonar todo o pecado de que temos consciência na nossa vida (1João 1:5-9). É evidente que o Espírito, sendo santo, não pode trabalhar livremente numa vida em que o pecado é evidente.

Ø  Submeter-nos completamente ao seu controle (Rm.12:1,2). Isso significa que rendemos a nossa vontade, a nossa inteligência, o nosso corpo, o nosso tempo, o nosso talento e o nosso dinheiro a Ele. Todas as áreas da nossa vida devem estar debaixo do seu controle.

Ø  Fazer com que a Palavra de Cristo habite ricamente em nós (Cl.3:16). Isso envolve a sua leitura, estudo e obediência. Quando a Palavra de Cristo habita ricamente em nós, seguem-se os mesmos resultados que se verificam na plenitude do Espírito (Ef.5:19).

Ø  Finalmente, devemos nos esvaziar do egoísmo (Gl.2:20). Para poder encher um copo com um novo ingrediente é necessário primeiramente esvaziá-lo. Para nos enchermos do Espírito Santo precisamos esvaziar-nos de nós mesmos.

III. VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL

Certa vez perguntaram a um pregador: “qual a diferença entre o pecado dos crentes e o pecado dos ímpios”? Ao que o pregador respondeu: há toda diferença. Os pecados dos crentes são piores. São piores porque lhes falta muitas vezes a percepção de que isto é uma afronta ao Deus que lhe concedeu toda a graça; é pior porque ao contrário dos ímpios e dos incrédulos os crentes experimentam e conhecem o Deus de toda Glória. É diferente porque mesmo sendo salvo, o crente prestará conta de suas atitudes e de seus atos para com Deus.

O domínio do pecado na vida do crente é o grande causador da frieza espiritual. Por isso, temos que ser vigilantes para que o pecado não faça o seu ninho em nosso coração, ocupando o lugar que é exclusivo do Espírito Santo. Precisamos estar cheio do Espírito Santo para que Deus se agrade de nós.

A seguir, tratamos de quatro características de uma pessoa cheia do Espírito Santo: testemunho transbordante, gratidão por tudo, uma vida de adoração, uma vida de sujeição.

1. Testemunho transbordante (Ef.5:19)

 “falando entre vós com salmos”.

Este texto nos fala da comunhão cristã. O crente cheio do Espírito não vive resmungando, reclamando da sorte, criando intrigas, cheio de amargura, inveja e ressentimento; sua comunicação é só de enlevo espiritual para a vida do irmão. Rev. Hernandes Dias Lopes diz que o enchimento do Espírito é remédio de Deus para toda sorte de conflito na Igreja. A falta de comunhão na Igreja é carnalidade e infantilidade espiritual (1Co.3:1-3). Precisamos mostrar um testemunho transbordante em quaisquer circunstâncias.

2. Uma vida de adoração (Ef.5:19)

“Cantando [...] hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”.

O contexto aqui é a comunhão na adoração. No culto público, o crente cheio do Espírito Santo edifica o irmão, é bênção na vida do irmão. “Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o rochedo da nossa salvação” (Sl.95:1). É um convite recíproco ao louvor!

Em Ef.5:19, “cânticos” não é entre vós, mas sim, ao Senhor; não é adoração fria, formal e sem entusiasmo, sem vida. O crente cheio do Espírito adora a Deus com entusiasmo e profusa alegria. Ele usa toda a sua mente, emoção e vontade. Um culto vivo não é carnal nem morno; não é barulho, misticismo nem emocionalismo; não é experiencialismo, exibicionismo, mas um culto em espírito e em verdade, um culto cristocêntrico, alegre, reverente, vivo e cheio de fervor.

3. Dá graça em tudo (Ef.5:20)

“dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.

O crente cheio do Espírito, está cheio não de queixas, de murmuração, mas de gratidão. Todo ser humano gosta de receber agradecimentos ou elogios. Deus também gosta de receber elogios e de ouvir palavras de gratidão de nossa parte. Deus se agrada quando reconhecemos o seu cuidado e o seu amor diário para conosco. A Bíblia está cheia de homens e mulheres que demonstraram sinceras atitudes de gratidão a Deus. Cito alguns:

-Noé, após sobreviver ao dilúvio, expressou sua gratidão oferecendo sacrifico a Deus (Gn.8:20).

-Davi, no salmo 116:7, declara: “eu te darei uma oferta de gratidão e a ti farei as minhas orações”.

-Ana agradeceu a Deus por lhe abrir a madre oferecendo o seu filho Samuel para ser exclusivo na casa do Senhor (Samuel 1).

Mas, há uma passagem no Novo Testamento que muito expressa gratidão a Deus de maneira prática e com sinceridade: a cura dos dez leprosos (Lc.17:11-19). Observe que só um voltou para agradecer a Jesus, e era Samaritano, ou seja, não era crente. Ele prostrou-se aos pés de Jesus, com o rosto em terra, dando-lhe graças. O que isso significa? Significa que ele foi capaz de reconhecer que Jesus é Deus, que Ele é a fonte de todas as dádivas.

A maior forma de oração é o louvor que reconhece que Deus é Deus e que o ser humano é uma simples criatura. Observe que os demais leprosos, que eram judeus, que se julgavam povo de Deus, logo que receberam a bênção tão desejada esqueceram de Jesus. Foram ingratos. Jesus se sensibilizou com esta atitude de ingratidão, por isto perguntou: “não foram dez os limpos? e onde estão os nove?  não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?” (Lc.17:17,18).

Quantos cristãos na atualidade não tem tido atitude semelhante a esta desses judeus. Quando recebem a bênção que tanto almejava se esquecem de Deus, se esquecem da Bíblia sagrada, se esquecem de agradecer pelas bênçãos recebidas. Devemos dar graças por tudo (Ef.5:20).

Embora o texto diga que devemos dar graças sempre por tudo, é necessário interpretar corretamente este versículo. Não podemos dar graças pelo mal moral. John Stott tem razão quando diz que o “tudo” pelo qual devemos dar graças a Deus deve ser qualificado pelo seu contexto, a saber, “a Deus, o Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Nossas ações de graças devem ser por tudo que é consistente com a amorosa paternidade de Deus e com a revelação de si mesmo que nos concedeu em Jesus Cristo.

Infelizmente, uma noção estranha está conquistando popularidade em alguns círculos cristãos: a noção de que o grande segredo da liberdade e da vitória cristãs é o louvor incondicional – o marido deve louvar a Deus pelo adultério da esposa; a esposa deve louvar a Deus pelo filho que foi para as drogas e pela filha que se perdeu. Isso é um absurdo! Dar graças pelo mal moral é insensatez e blasfêmia.

Naturalmente, os filhos de Deus aprendem a não discutir com o Senhor nos momentos de sofrimento, mas, sim, a confiar nele e, na verdade, dar-lhe graças por sua amorosa providência mediante a qual Ele pode fazer até mesmo o mal servir aos seus bons propósitos (cf. Gn.50:20; Rm.8:28). Mas, isso é louvar a Deus por ser Deus, e não o louvar pelo mal. Fazer isso seria reagir de modo insensível à dor das pessoas (ao passo que a Bíblia nos manda chorar com os que choram). Fazer isso seria desculpar e até encorajar o mal (ao passo que a Bíblia nos manda odiá-lo e resistir ao diabo). O mal é uma abominação para o Senhor, e não podemos louvá-lo nem dar-lhe graças por aquilo que ele abomina.

4. Sujeição (Ef.5:21)

“Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”.

Uma pessoa cheia do Espírito Santo não pode ser altiva, arrogante, soberba. Os que são cheios do Espírito Santo têm o caráter de Cristo, são mansos e humildes de coração. Em Cristo, devemos ser submissos uns aos outros. Paulo viu os perigos do individualismo na comunidade cristã de Corinto (1Co.14:26-33) e censurou esse erro (Fp.2:1; 4:2). Paulo sabia que o segredo de manter a comunhão de gozo na comunidade era a ordem e a disciplina que vem da submissão espontânea de uns aos outros. Pense nisso!

CONCLUSÃO

Apesar de vivermos dias difíceis de apostasia e de dificuldades crescentes no campo espiritual, não podemos desanimar nem achar que tudo está perdido. Não está tudo perdido, porque Jesus, que é o Senhor de todas as coisas, não desanimou nem desistiu daqueles que vivem sem fervor espiritual, trazendo-lhes um conselho para que abandonem este estado de espiritualidade. Deus não tolera uma vida espiritual medíocre; Ele deseja que todos os crentes estejam envolvidos no amor e no serviço. Deus não aceita frieza espiritual, pois Ele abomina uma religião que mantém a aparência, e que ignora a fé genuína e sincera. Continuemos na busca incessante do fervor espiritual!

COMPROMETIDOS COM A PALAVRA DE DEUS

 

Texto Base: 2Timóteo 2:14-19; 2Pedro 1:20,21


“Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc.11:28).

 

2Timóteo 2:

14.Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.

15.Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16.Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.

17.E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;

18.os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.

19.Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.

2Pedro 1:

20.sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;

21.porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do tema: “Comprometidos com a Palavra de Deus”. O compromisso com a Palavra de Deus é das principais características do autêntico movimento pentecostal. O genuíno cristão considera a Bíblia Sagrada como a inspirada e inerrante Palavra de Deus em toda a sua dimensão e, por isso, ela é considerada a nossa única regra de fé e prática. Cremos que toda experiência espiritual genuína não pode contrariar a Palavra de Deus. A Bíblia é a referência para avaliar toda experiência individual e coletiva. Ela é a bússola que norteia a nossa jornada espiritual. Por meio dela somos guiados pelo Espírito Santo até o dia em que seremos arrebatados para estar para sempre com o Senhor. É preciso estarmos comprometidos integralmente com ela.

I. A AUTORIDADE DA BÍBLIA

A Bíblia é a Palavra de Deus porque tem origem em Deus; seu conteúdo foi comunicado por Deus aos homens santos escolhidos pelo Senhor para reduzi-la a escrito. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, ou seja, deve ser aceita pelo crente em Cristo como única regra de fé e de prática, ou seja, o cristão, se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que a ela determina.

1. Sola Scriptura (somente a Escritura)

As Escrituras são a base epistemológica da teologia, isto é, o fundamento do nosso conhecimento a respeito de Deus. O lema de Lutero, Sola Scriptura (“somente a Escritura”), é o

princípio protestante. As Escrituras constituem, determinam e governam todo o esfor­ço teológico. A nossa fonte de autoridade é o Espírito Santo falando nas Escrituras, o produto de seu próprio fôlego criativo. Nelas, a Igreja tem um teste objetivo contra a autoilusão demoníaca e um recurso para sua correção. As Escrituras são o mapa autêntico da ordem espiritual. Através dela encontramos o Deus vivo em sua autorrevelação misericordiosa. O falar de Deus torna-se possível, porque é baseado na informação da revelação verificável, expressa na linguagem humana. As Escrituras são inspiradoras aos seus leitores porque são, em si mesmas, inspiradas por Deus. (1)

2. Nossos fundamentos

O fundamento de nossa doutrina espiritual e cristã está fincado unicamente nas Escrituras Sagradas. Elas são a principal regra de fé e prática do verdadeiro cristão pentecostal. A Declaração de fé das Assembleias de Deus narra isso sem rodeios: “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática...não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica” (2Pd.1:19-21). Portanto, é insana a acusação de alguns segmentos do cristianismo, principalmente do orbe do protestantismo cessacionista, de que os pentecostais baseiam suas crenças e práticas nas emoções e que ensinam a crença no Canon aberto. Esta é uma interpretação equivocada de nossos irmãos reformados, pois nós cremos piamente que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos e profetas do Novo Testamento (1Co.15:8). Portanto, Sola Scriptura!

3. Não somos deístas

O Deísmo é a crença que, apesar de admitir a existência de um Deus Supremo, que criou o universo e o homem, ensina que, depois da criação, o Senhor os entregou para ser governado pelas leis da natureza. Noutras palavras, Ele deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o deixou sem mais cuidado da sua parte. Para os seguidores desta doutrina, Deus limitou-se tão-somente a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte. Houve, inclusive, um momento na história de Israel que os judeus se fizeram deístas (Sf.1:12). Essa crença também é conhecida como racionalismo, pois é a religião do natural e racional, baseada no raciocínio puramente humano. Eles elevam a razão a uma posição de supremo guia, dispensando o revelado.

Porém, o cristianismo é uma fé que se apoia na revelação que Deus fez de si mesmo. Ele se mostrou ao homem em suas ações desde a criação, revelando-se a Adão, aos patriarcas, a Moisés e ao povo de Israel. O Senhor encerra o Antigo Testamento revelando-se especificamente aos profetas (Am.3:7). Contudo, o ponto mais alto da revelação divina, foi a vinda do Filho de Deus em carne. Sem esta revelação, estaríamos condenados à ignorância e à morte eterna. Ele enviou o seu Filho para estar conosco, e o Filho enviou o Espírito Santo para estar em nós.

Portanto, não somos deístas; somos, sim, teístas. No teísmo a fé repousa em um Deus único, pessoal, criador, auto-existente, auto-suficiente, onipotente, onipresente, onisciente, imanente e transcendente na mesma proporção e que subsiste em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo.

II. ZELO PELA DOUTRINA

O zelo pela doutrina é um marco no pentecostalismo genuíno. Há uma conscientização de que o crente não sobrevive sem maturidade espiritual e cristã, e ela é adquirida com o estudo da Palavra de Deus. Por isso, desde cedo o crente é incentivado a conhecer as Escrituras Sagradas.

A Bíblia Sagrada contém ensinos preciosos e indispensáveis para que a pessoa viva. Estes ensinos é que constituem a “doutrina bíblica” ou “sã doutrina”. Não pode ser confundida com costumes, que são hábitos guardados por determinados grupos de pessoas dentro de um período de tempo. Foi fundamentada na doutrina bíblica que a Igreja primitiva em apenas três anos chegou aos pontos mais distantes do Império Romano. Em pouco tempo o evangelho foi pregado em todo o mundo de então (Rm.1:8).

1. Ensino ou instrução

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:16,17).

“Doutrina” é palavra de origem latina que significa “o ensino dos doutores”, ou seja, o “ensino dos sábios”, o “ensino de quem sabe”. No caso da Bíblia Sagrada, dizemos que a “doutrina” ou a “sã doutrina” é o ensino constante das Escrituras, fruto da inspiração do Espírito Santo aos escritores dos diversos livros bíblicos, ou seja, aquilo que Deus quer que o homem saiba para se salvar e ter a vida eterna.

Seguir a doutrina Bíblica é seguir a vontade de Deus para o homem e é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt.16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de sua doutrina (João 18:19).

A doutrina de Jesus é impressionante. Ela traz mudança de caráter e mudança de direção. Veja Mateus 7:28; 22:33. Nestas referencias de Mateus, a doutrina de Jesus é apresentada como algo que admira, que causa assombro para os ouvintes, mostrando ser algo diferente, algo que não se confundia nem com a religiosidade existente, nem com as filosofias que também faziam parte dos discursos e ensinos ministrados naquela época. A doutrina de Jesus, portanto, como se pode observar é algo que não obedece a culturas, a costumes, nem à lógica humana.

O apóstolo Paulo, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm.6:17); que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17); que um culto não tem sentido se não houver doutrina (1Co.14:6,26); que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4).

2. O conteúdo da fé

A palavra “doutrina” se aplica também a um corpo básico e coerente do ensino cristão, como os credos, confissão de fé, declaração de fé. Estes são documentos eclesiásticos distintos, mas com o mesmo propósito – interpretar as Escrituras Sagradas para sintetizar o ensino da Igreja. Os credos são genéricos e as confissões de fé são mais elaboradas e específicas, afirma o Pr. Esequias Soares. “São interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma Igreja ou denominação. Todas as igrejas ou denominações no mundo possuem algum tipo de conjunto de crenças, seja ele escrito ou não, não importando o nome dado aos ensinos que norteiam a vida da instituição cristã. A Bíblia é a Palavra de Deus e a única autoridade inerrante para a nossa vida; não é um credo, mas, sim, sua fonte primária. Na explicação de Philip Schaff, ‘a Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado’. Em outras palavras, a Bíblia precisa ser interpretada e compreendida para uma adoração consciente a Deus” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD).

3. A nossa confissão de fé e a Bíblia

A nossa Declaração de Fé expressa o pensamento e a vida da Igreja, está absolutamente submetida às Escrituras Sagradas e em conformidade com elas; portanto, não é um documento de autoria particular.

O conjunto harmônico e bíblico dessa Declaração de Fé caracteriza-se por sua similitude no rigor da observação doutrinária estabelecida pela vivacidade da Palavra de Deus. Mesmo em forma sintética, abrange todas as principais doutrinas bíblicas, facilitando o conhecimento e conservando nossa mente contra as muitas heresias.

A obra “Declaração de Fé” é um documento eclesiástico que organiza, de forma escrita e sistemática, as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já são ensinadas nas igrejas desde a chegada ao país dos missionários fundadores, Daniel Berg (1884–1963) e Gunnar Vingren (1879– 1933). O contexto social e político por si só exige uma definição daquilo em que a Igreja crê e daquilo que professa desde as suas origens.

A Bíblia é a nossa única fonte de autoridade, a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de Deus. As Escrituras Sagradas, no entanto, precisam ser interpretadas para que todos conheçam a sua mensagem. Assim sendo, o conteúdo dos 24 capítulos da Declaração de Fé são as interpretações autorizadas das Escrituras e os ensinos oficiais das Assembleias de Deus no Brasil.

A Declaração de Fé servirá como proteção contra as falsas doutrinas e contribuirá para a unidade do pensamento teológico para “que digais todos uma mesma coisa” (1Co.1:10). Trata-se ainda de um material didático para ajudar as igrejas no preparo dos candidatos ao batismo e também na formação espiritual dos novos convertidos, bem como mostrar para a sociedade aquilo em que nós cremos e aquilo que praticamos. O documento identifica nossa marca pentecostal como denominação, mas o objetivo primordial é a glória de Deus (extraído da obra Declaração de Fé das Assembleias de Deus).

III. O CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS

Vivemos no tempo em que a Bíblia denomina de tempos trabalhosos (2Tm.3:1), que são dias em que surgem, com grande intensidade, inovações e modismos no meio do povo de Deus, porque são os dias da proliferação dos falsos profetas, falsos cristos, falsos mestres e doutores, até para que haja o cumprimento da Palavra de Deus. Devemos, pois, ser extremamente cautelosos com todo movimento e ideia que aparecer no meio do povo de Deus.

1. Modismo

Palavra própria da língua portuguesa, que vem da raiz latina “mod”, que era uma medida agrária antiga, donde retirou o seu significado de “limite”, de “limitação”. É “aquilo que está na moda e que tem caráter passageiro” (Dicionário Veja Larousse).

O “modismo” é sempre uma criação humana, que está sujeito a limitações de tempo e de espaço, e que não perdura, que tem a mesma natureza do seu criador, ou seja, é como a flor da erva, é como um conto ligeiro.

Vemos, pois, que, de um lado, temos a Palavra de Deus, que como o Seu autor é imutável, permanente, não sofre qualquer alteração; de outro, temos os “modismos”, criações humanas que, como o seu autor, são “introdução de novidades”, algo próprio de um ser criativo e cheio de invenções como é o homem (Ec.7:29), mas que, assim como o homem, é algo passageiro, que não tem consistência nem duração.

Não há comunhão entre a luz e as trevas, entre a Verdade e as mentiras. Modismos são falsificações da Palavra de Deus, são atitudes que não têm qualquer compromisso com Deus e, portanto, não podem ser adotados nem acolhidos por tantos quantos têm comunhão com o Senhor. Se Deus tem compromisso com a Sua Palavra, e se ela não muda, e se ela é a Verdade e a luz (Sl.119:105), temos que somente crer nela e nos valer dela como nossa regra de fé e prática de nossa conduta moral e espiritual.

Ocorrem vários modismos no orbe evangélico que são puramente aberrações, e que o autêntico cristão deve ficar muito longe disso. Cito três exemplos, mas a lista é grande:

a)           Bênção da Água”

Na prática da “bênção da água”, tem-se nítido animismo inserido indevidamente no meio do povo de Deus. Esta prática nada mais é que uma “roupagem evangélica” para a “água benta”, umas das primeiras práticas pagãs absorvidas pelo romanismo.

Não é pela água que se purifica alguma coisa, nem que se consegue alguma bênção, muito menos que se espantam demônios ou espíritos malignos, mas por uma vida de comunhão com Cristo Jesus. A água, na Bíblia, é símbolo da Palavra de Deus e é por ela que somos santificados e regenerados (João 17:17; Ef.5:26; 1Jo.5:7,8). O único momento em que usamos água com significado espiritual é o instante do batismo, em que, por imersão em água, testificamos publicamente que cremos em Jesus, nascemos de novo e estamos mortos para o mundo (Rm.6:3,4). É um instante singular, único em que usamos a água.

b)           Queima dos pedidos de oração”, “queima das necessidades” ou, ainda, “queima dos pecados dos antepassados” ou “queimas das maldições hereditárias”

Esta prática de se levar ao fogo para destruição ou purificação de algo é, nitidamente, uma prática retirada dos cultos pagãos, que o digam os sacrifícios feitos a Moloque, abomináveis aos olhos do Senhor (2Rs.16:3; 17:17; 21:6; 23:10; 2Cr.33:6; Ez.20:31; 23:37). Por que fazer algo que o Senhor já declarou explicitamente em Sua Palavra que abomina?  Este tipo de modismo é puro animismo, pois é dar ao fogo o poder espiritual de atendimento às nossas preces, o que contraria totalmente o que ensinam as Escrituras. Repudiemos este “falso ensino”, verdadeiro exercício de feitiçaria!

c)            “Purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”

Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão”, e tantas outras coisas que nos fazem lembrar as “relíquias” da Igreja Romana, que tantos absurdos e crendices causaram na cristandade. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente, nenhuma!

As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta de estudo da Palavra de Deus, do menosprezo que o ensino da Bíblia tem tido nas nossas igrejas locais. Somente a verdade pode libertar do pecado (João 8:32,36) e a verdade é a Palavra de Deus (João 17:17), a única que testifica de Cristo (João 5:39).

2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2Tm.2:15)

Como obreiro de Deus procuramos muitas coisas - procuramos estudar, procuramos orar, procuramos nos santificar, procuramos servir as pessoas, procuramos frequentar os cultos, procuramos contribuir financeiramente, procuramos crescer como obreiro...Tudo isto é importante, mas existe algo mais importante que devemos fazer: devemos procurar nos apresentar a Deus. É neste detalhe que muitos falham, muitos obreiros se apresentam à sua igreja, à sua denominação, ao seu pastor, ao seu bispo, aos congregados que ele serve, mas às vezes se esquece de se apresentar a Deus. Deus é o Senhor de sua própria obra, Ele é o responsável pela divisão de tarefas de sua obra; é a Ele a quem devemos prestar contas de nossos trabalhos. O obreiro de Deus deve conversar com Deus todos os dias, e essa comunhão diária proporcionará o aperfeiçoamento do servo de Deus. Existem obreiros que não oram, que quase não estudam a Bíblia, que não se apresentam a Deus; como pode essa pessoa ser bem sucedida na obra de Deus, que se caracteriza pelas lutas espirituais com as forças do mal?

Paulo diz que o obreiro deve se apresentar a Deus, mas diz também de que maneira este obreiro deve se apresentar: aprovado. O que isto significa? Significa que temos que ter a aprovação de Deus e da Bíblia para o que fazemos. No texto de 2Tm.2:15, a palavra grega “parastesai”, traduzida por “apresentar-te”, significa apresentar-se para o serviço; dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a palavra “dokimos”, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro e a prata purificados de toda a escória; fazia referência ao dinheiro genuíno e não adulterado; também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício. Uma pedra com alguma imperfeição era marcada com um “A” maiúsculo, representando a palavra grega “adokimastos”, que significa “provada e encontrada deficiente”.

O Obreiro aprovado por Deus:

ü  Prega e ensina sem engano. “Paulo nunca usou de engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.

ü  Prega com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. O falso mostra-se tão bem vestido de verdadeiro, que, se possível fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt.24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.

3. “...como obreiro que não tem de que se envergonhar” (2Tm.2:15)

Temos muitos motivos para nos orgulhar como obreiro de Deus:

ü  fomos criados por Deus.

ü  somos sustentados durante toda a nossa vida por Deus.

ü  fomos salvos por Jesus.

ü  o Espírito Santo habita em nosso coração.

ü  os anjos de Deus nos protegem todos os dias.

ü  fazemos parte da mesma comunidade que Abraão, Jacó, Elias, Davi, Pedro, Paulo, Débora e de outros servos de Deus do passado e do presente. Hoje pertencemos a Igreja de Jesus Cristo, ou seja, pertencemos a um povo salvo por Jesus Cristo, espalhado em toda a Terra.

Temos muitos motivos para nos orgulhar. Portanto, um obreiro de Deus não deveria ter do que se envergonhar, mas não é isto o que acontece na prática, pois nos envergonhamos de muitas coisas:

ü  eu me envergonho de ver pregadores cobrando alto para pregar o que receberam de graça de Jesus.

ü  eu me envergonho de ver obreiros brigando com outros obreiros por causa de dinheiro, de membros, de região geográfica.

ü  eu me envergonho de ver obreiros que deveriam agir com transparência, usarem o dinheiro sagrado de dízimos e ofertas que o povo de Deus dá para a obra de Deus, para uso próprio, comprando mansões, viajando de primeira classe para pregar e comprando até jatinhos de milhões de dólares.

ü  eu me envergonho de ver tantos obreiros se separando de suas esposas e família, namorando com suas secretárias, assistentes e membros da congregação, e continuarem a “ministrar“ como se nada tivesse acontecido.

ü  eu me envergonho de ver “obreiros“ que não conhecem a Bíblia Sagrada, e querer ensinar alguma coisa espiritual ao povo de Deus.

ü  eu me envergonho de ver pessoas se rebelando nas igrejas e abrindo outras denominações com nomes estranho, causando vergonha aos que seriamente servem a Deus.

ü  eu me envergonho de ver na época de eleições os púlpitos das igrejas serem usados por oportunistas que só querem o voto, e nada tem com Deus e sua obra.

Como Deus julgará que tipo de trabalhadores temos sido para Ele, devemos edificar nossa vida em sua Palavra e aplicá-la à nossa vida. Esta, por si mesma, já nos indica como viver e servir a Deus. Os crentes que ignoram a Bíblia certamente se envergonharão no dia do julgamento. O estudo consistente e diligente da Palavra de Deus é vital; caso contrário, seriamos impelidos a negligenciar a Deus e ao nosso verdadeiro propósito na vida.

4. “...que maneja bem a Palavra da verdade” (2Tm.2:15)

A Palavra da Verdade é a Bíblia sagrada. O obreiro do Senhor precisa apresentar-se primeiro a Deus como aprovado, para depois apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as Escrituras Sagradas, mas manejá-la bem. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (2Tm.2:18; 1Tm.1:6;6:21), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade e sinceridade. O obreiro de Deus deve dominar a Bíblia de gênesis a apocalipse, deve conhecer suas doutrinas e princípios.

Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente. Aquele que ensina deve esmerar-se em fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções e do vazio da nossa mente.

CONCLUSÃO

Aprendemos neste estudo que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, e como Palavra de Deus deve ser recebida, crida e obedecida como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt.5:17-19; João 14:21; 15:10; 2Tm.3:15,16; ver Êx.20:3). Na igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2Tm.3:16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (João 8:31,32,37). Como filhos de Deus, não podemos afastar-nos jamais das Sagradas Escrituras; destas, todos dependemos vitalmente. Quanto mais as estudarmos, mais íntimos seremos de seu Autor. Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo.