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LIBERTO DO PECADO PARA UMA NOVA VIDA EM CRISTO

Texto Base: Efésios 2:1-10
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo [...]”.
Efésios 2:
1.E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
2.em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência;
3.entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
4.Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
5.estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
6.e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7.para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.
8.Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
9.Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
10.Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da nossa redenção, da nossa libertação do poder do pecado para viver uma nova vida em Cristo Jesus. No capítulo primeiro de Efésios aprendemos que Deus planejou desde a eternidade chamar um povo para ser exclusivamente Seu. O segundo capítulo de Efésios, que passamos estudar a partir desta Aula, nos mostra como Deus está criando uma sociedade redimida e restaurada.
No texto base em epígrafe (Ef.2:1-10), Paulo faz, com muita clareza, o contraste entre a velha e a nova sociedade, entre o velho e o novo homem. Nas palavras de John Stott, “o que Paulo faz nesta passagem é pintar um contraste vívido entre o que o homem é por natureza e o que pode vir a ser mediante a graça”.
O homem, ao se envolver com o pecado, entrou em um verdadeiro “beco sem saída”. Ao pecar, tornou-se servo do pecado (João 8:34), dominado totalmente por ele (Gn.4:7), sem condição alguma de modificar esta situação. Entretanto, a história não terminou com esta tragédia. Bem ao contrário, a Bíblia Sagrada nos ensina que, mesmo antes da fundação do mundo, na sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4; Ap.13:8). Esse plano, já existente antes mesmo da criação do mundo, foi revelado ao homem no mesmo dia de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que pisaria a cabeça da serpente e tornaria a criar inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, amizade, comunhão entre Deus e o homem (Gn.3:15). O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente cumprido no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo(João 1:29;Gl 4:4,5).
O sacrifício de Cristo no Calvário operou a nossa redenção, ou seja, pagou o preço dos nossos pecados e, por isso, estamos libertos do poder do pecado, tanto que cremos em Jesus. A libertação do pecado, portanto, significa que passamos a ter paz com Deus, e esta paz representa a nossa separação do pecado, a nossa separação do mundo (Tg.4:4; 1João 2:15). O pecado não mais tem domínio sobre nós, pois fomos libertos por Jesus Cristo (Rm.6:22).
“Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna”.
O texto base em epígrafe (Ef.2:1-10) vai nos levar a entender a nossa própria experiência de como andávamos sem Cristo (Ef.2:1-3), o que viemos a ser em Cristo Jesus (Ef.2:4-6) e qual o propósito de Deus em realizar tão extraordinária transformação (Ef.2:7-10).

I. A ANTIGA NATUREZA MORTA EM OFENSAS E PECADOS

Neste tópico vamos entender à luz de Efésios 2:1-3 a nossa própria experiência de como andávamos sem Cristo: mortos em ofensas e pecados.

1. Nossa condição anterior (Ef.2:1)

Em Efésios 2:1, Paulo não está apresentando a imagem de um grupo de pessoas particularmente decadentes ou algum segmento degradado da sociedade. Não. Esse é o diagnóstico bíblico de pessoas caídas, em uma sociedade caída, em todos os lugares. É verdade que Paulo começa com um enfático “vós”, indicando em primeiro lugar os destinatários de sua epístola na Ásia Menor, mas ele rapidamente passa a escrever que “todos nós também vivíamos” da mesma forma (adicionando ele mesmo e seus companheiros judeus) e conclui com uma referência ao restante da humanidade – “...éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef.2:3).
Anteriormente, estávamos mortos espiritualmente. Morte é separação. Da mesma forma que a morte separa o corpo da alma, a morte espiritual separa o homem de Deus, a fonte da vida. O salário do pecado é a morte (Rm.6:23). O mundo é um grande cemitério cheio de pessoas mortas espiritualmente, e cada pedra tumular tem a mesma inscrição: "morto por causa do pecado". Embora essas pessoas estejam vivas fisicamente, estão desprovidas de vida espiritual. Embora estejam em plena atividade mental, estão completamente mortas espiritualmente. Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes quando afirma que o ímpio não está apenas doente, ele está morto; ele não necessita apenas de restauração, mas de ressurreição; não basta uma reforma nele, ele precisa nascer de novo.
A condição do homem sem Cristo é desesperadora, ele está morto espiritualmente (Ef.2:1), e um cadáver não vê, não houve, não sente, não tem fome nem sede. Além de morto, está separado da vida de Deus (Ef.4:18), separado de Deus por causa do pecado (Is.59:2), sem entendimento de Deus (Ef.4:18; Cl.1:21), filhos da ira (Ef.2:3) e sem percepção da Sua presença (Atos 28:26). Também uma pessoa morta espiritualmente não tem percepção para as coisas espirituais nem gosto por elas; não tem apetite pelas coisas espirituais; não tem prazer nas coisas lá do alto. O indivíduo morto em suas ofensas e pecados não se deleita em Deus.
“A diferença entre um cristão e um não cristão é como a diferença entre uma pessoa viva e um cadáver”. William Barclay escreveu que “o homem sem Cristo pode ser declarado existente, mas não pode ser declarado vivo”. John Stott escreveu que muitas pessoas que aberta e declaradamente rejeitam Jesus Cristo parecem estar bem vivas - uma delas tem o corpo vigoroso de um atleta; outra, a mente lúcida de um intelectual; uma terceira, a personalidade brilhante de uma atriz de cinema; entretanto, na esfera da alma, elas não têm vida. É que pessoas que foram criadas por Deus e para Deus agora vivem sem Deus.
Esta era a nossa condição anterior, antes de aceitarmos a Cristo como nosso Salvador. Paulo afirma que estávamos mortos - “...estando vós mortos...” (Ef.2:1). E esta é a condição de qualquer ser humano que ainda não teve uma experiência pessoal com Jesus Cristo, ainda que aos nossos olhos ela pareça bem viva.

2. Nossas ofensas e pecados

“E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” (Ef.2:1).
Paulo mostra que a causa da morte espiritual são as ofensas (transgressões - ARA) e os pecados. A palavra grega “paraptoma” (ofensas), quer dizer queda, dar um passo em falso que envolve ultrapassar uma fronteira conhecida ou desviar do caminho certo. Já a palavra grega hamartia (pecado), quer dizer errar o alvo, ou seja, ficar aquém de um padrão. Russell Shedd ilustra esse "errar o alvo" com a história de dois caçadores que estão à procura de um coelho mas matam um ao outro em vez de ao coelho. A intenção é completamente contrariada, frustrada; assim é o pecado.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando William Barclay, diz que, no Novo Testamento, hamartia não descreve um ato definido de pecado, mas um estado de pecado, do qual decorrem as ações pecaminosas. Juntas, as duas palavras “paraptoma” e “hamartia” abrangem os aspectos positivo e negativo, ou ativo e passivo, do mau procedimento do homem, ou seja, nossos pecados de comissão e omissão. Diante de Deus éramos tanto rebeldes como fracassados; como resultado disso, estávamos mortos.
Paulo se refere a três influências que controlavam e dirigiam nossa velha existência antes da conversão.
a) “Andastes, segundo o curso deste mundo” (Ef.2:2b). O apóstolo Paulo afirma que os efésios haviam sido depravados e também mortos. Andaram “segundo o curso deste mundo”. Segundo William Macdonald, os efésios conformaram-se outrora ao espírito deste mundo. Entregaram-se aos pecados do seu tempo. O mundo quer colocar todos os seus seguidores dentro de um mesmo molde: o molde de engano, imoralidade, profanação, egoísmo, violência e rebelião; numa palavra: o molde da depravação. Era a isso que os efésios haviam se sujeitado.
b) “Andastes, [...] segundo o príncipe da potestade do ar” (Ef.2:2c). Além do modo de viver segundo o curso do mundo, o comportamento dos efésios, antes, era diabólico. Antes, eles seguiam o exemplo do Diabo, “o príncipe da potestade do ar”. Antes, eles eram conduzidos pelo supremo governante dos espíritos imundos que reina na atmosfera. De boa vontade eles obedeceram ao deus deste século. Eis aqui o motivo pelo qual os não convertidos praticam cousas piores que os animais.
c) “Andávamos fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef.2:3). Aqui, Paulo muda o pronome pessoal de “vós” para “nós”. Segundo William Macdonald, isto indica que Paulo agora fala especialmente aos crentes judaicos (embora o que acabou de dizer descreva todas as pessoas antes da conversão). A condição prévia deles é descrita em três palavras: carnais, corruptos e condenados.
ü  Antes, eles eram carnais - “Entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne...” (Ef.2:3). Foi entre os filhos da desobediência que Paulo e os seus amigos cristãos também andaram antes do seu novo nascimento. A vida deles era “carnal”, pois estavam interessados apenas na gratificação dos desejos e apetites da carne. Paulo tinha levado uma vida moralmente equilibrada, mas agora reconhecia que havia sido egocêntrico; reconhecia também que o seu estado interior tinha sido muito pior do que as ações que havia praticado.
ü  Os judeus não convertidos também eram corruptos - “...fazendo a vontade da carne e dos pensamentos...” (Ef.2:3). Isso mostra que se entregavam a todos os desejos naturais. As “inclinações da carne e dos pensamentos” abrangem todas as formas de apetite, bem como os vários tipos de imoralidade e perversão. Aqui a ênfase deve ser posta provavelmente sobre os pecados mais grosseiros. É de se notar que Paulo se refere tanto aos pecados de pensamento como aos atos pecaminosos.
ü  Os judeus não convertidos também eram filhos da ira. A terceira descrição dos judeus não convertidos que Paulo fornece é que eles eram “...por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef.2:3). Segundo William Macdonald, isso quer dizer que eles tinham uma predisposição natural à ira, malícia, amargura e mau gênio. Participavam disso como todo o resto da humanidade. Também é verdade que estavam sob a ira de Deus. Foram marcados para a morte e o julgamento. Note-se que os três inimigos do homem são mencionados em Efésios 2:2,3: o “mundo” (v.2), o Diabo -  “o príncipe das potestades do ar” (v.2) - e a “carne” (v.3).
Nas Palavras do Rev. Hernandes Dias Lopes, à parte de Cristo, o homem está morto por causa do pecado, escravizado pelo mundo, pela carne e pelo diabo, além de condenado sob a ira de Deus. A ira de Deus é sua reação pessoal frente a qualquer pecado, qualquer rebelião contra ele. É sua santa repulsa a tudo aquilo que conspira contra sua santidade. A ira de Deus não é apenas para esta vida, mas também para a era vindoura. Aqueles que vivem debaixo da ira de Deus são entregues a si mesmos pela escolha deliberada que fizeram de rejeitar o conhecimento de Deus e de se entregar a toda sorte de idolatria e devassidão; além disso, terão de suportar por toda a eternidade a manifestação plena do furor do Deus Todo-Poderoso

II. VIVIFICADOS PELA GRAÇA

Estávamos mortos em nossos delitos (Ef.2:5). Éramos inimigos de Deus. Éramos miseráveis e degradados, mas Ele nos amou apesar disso tudo, e nos vivificou. Como resultado do amor de Deus para conosco e da obra redentora de Cristo, desfrutamos das seguintes bênçãos: Deus nos deu vida juntamente com Cristo; justamente com Ele nos ressuscitou; e nos dez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.

1. Alcançados pela misericórdia e pelo amor divino (Ef.2:4)

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou”.
O apóstolo disse em Ef.2:3 que “éramos por natureza filhos da ira”, isto é, éramos filhos da ira não pelo que fazíamos, mas também pelo que constituía a nossa natureza. Por natureza, somos filhos da ira, mas pela misericórdia de Deus (Ef.2:4) somos hoje achados pela graça dEle. Segundo William Macdonald, Misericórdia significa não recebermos o castigo que merecíamos. Graça, por sua vez, significa que recebemos a salvação que não mereceríamos e a recebemos como uma dádiva, e não como pagamento por algum trabalho feito. Assim, nós a recebemos daquele que não tinha obrigação de dar nada.
Escravidão, condenação e morte, era a nossa condição. Felizmente o parágrafo não termia aqui. Começando com uma conjunção adversativa, o apóstolo Paulo declara exultante: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou”. Paulo, agora, contrasta o que somos por natureza com o que somos pela graça, a condição humana com a compaixão divina, a ira de Deus com o amor de Deus. Observe como a conjunção “mas” contrapõe a nova condição a que tínhamos:
·                  Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados, mas Deus nos vivificou.
·                  Éramos escravos, mas Deus nos colocou na posição delivres.
·                  Éramos filhos da ira, mas Deus usou de misericórdia para conosco.
Por natureza, Deus é amor (1João 4:8); mas o amor de Deus na relação com os pecadores transforma-se em graça e misericórdia. Deus é rico em misericórdia (Ef.2:4) e em graça (Ef.2:7), e essas riquezas tornam possível a salvação do pecador. Somos salvos pela misericórdia e pela graça de Deus. Tanto a misericórdia como a graça vêm a nós por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Foi no Calvário que Deus demonstrou seu repúdio ao pecado e seu amor pelos pecadores.

2. Vivificados por sua graça (Ef.2:5)

“estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
Em Adão, no Éden, todos morreram e começaram a praticar o ato do pecado (só para lembrar: pecado é a prática má sob qualquer forma, intencional ou não; pecado são todos os pensamentos, palavras ou atos que não atingem o padrão perfeito de Deus).
Espiritualmente, todos estavam mortos por causa dos seus delitos e pecados. Isso quer dizer que, em relação a Deus, todos estavam sem vida. Não tínhamos nenhum contato vital com Ele; mas fomos vivificados em Cristo Jesus, quando o mesmo morreu na Cruz por nós. Cristo nos deu uma nova vida, nos vivificou; é o que o apóstolo Paulo afirma em Efésios 2:5 -“estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”.
Deus nos vivificou juntamente com Cristo. O fato de que nos vivificou significa que estamos “salvos” (esta frase é repetida e elaborada em Ef.2:8). Quando Cristo ressuscitou dos mortos, assim também fizeram todos os membros do seu corpo, em virtude de Deus tê-los unido a Cristo.
A única maneira pela qual aqueles que estão espiritualmente mortos podem se relacionar com Deus é sendo vivificados; e Deus é a única Pessoa que pode realizar isso, e isto Ele fez através de Seu Filho, Jesus Cristo. Cristo derrotou o pecado e a morte através da Sua morte e ressurreição, oferecendo assim vida espiritual aos que estavam mortos no pecado.
Na cruz, todas as nossas ofensas foram perdoadas e que nada ficou para ser pago ou resolvido entre nós e Deus (cf.Cl.2:14), de modo que o sacrifício de Cristo é suficiente, sendo mentira satânica qualquer ensinamento contrário. Não é preciso, portanto, quebrar qualquer maldição hereditária depois que aceitamos a Cristo, pois, como diz o apóstolo Paulo, fomos vivificados juntamente com Ele e fomos perdoados de todas as ofensas, não restando coisa alguma; tudo foi cravado na cruz (Cl.2:14). Havendo o perdão dos pecados, somos vivificados e o nosso espírito passa a ter, novamente, ligação com o Espírito Santo e este derrama em nós o amor divino. Este amor produz, na vida do justificado, boas obras, o fruto do Espírito Santo (Gl.5:22).

3. Exaltados por sua graça (Ef.2:6)

“e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”.
Não só saímos da sepultura e fomos vivificados, mas, porque estamos unidos a Cristo, também fomos exaltados com Ele. Agora, assentamo-nos com Ele nas regiões celestiais, acima de todo principado e potestade.
As três fases da exaltação de Cristo - ressurreição, ascensão e assentar-se no trono - agora são repetidas na vida dos salvos. Em Cristo, Deus deu-nos vida (Ef.2:5), ressuscitou-nos (Ef.2:6a) e fez-nos assentar nas regiões celestiais (Ef.2:6b). Estes três eventos históricos - "deu-nos vida", "ressuscitou-nos" e "fez-nos assentar" - são os degraus da exaltação.
Cristo tomou seu lugar à direita do Pai, indicando a consumação da Sua obra, e a Sua vitória sobre o pecado e a morte. Cristo foi exaltado pelo grande poder de Deus (Ef.1:20). Os cristãos tendem a ver este assentar com Cristo como um evento futuro, baseados nas palavras de Jesus em Mateus 19:28 e Lucas 27:30, bem como em outros versículos que apontam para o nosso futuro reinado com Cristo (tais como 2Tm.2:12; Ap.20:4; 22:5). No entanto, esta passagem em Efésios nos ensina que estamos assentados com Cristo agora. Nós compartilhamos a vitória de Cristo agora.
Esta visão de nossa situação atual deve nos ajudar a enfrentar a nossa tarefa e provações com maior esperança. Os crentes, como herdeiros do reino juntamente com Cristo, são espiritualmente exaltados a partir do momento da salvação. Nós temos uma nova cidadania – nos céus, não mais apenas na terra. O poder que ressuscitou e exaltou a Cristo também ressuscitou e exaltou o seu povo, porque nós somos um com Ele. Este mesmo poder atua diariamente em nós, os crentes, ajudando-nos a viver e trabalhar para Deus durante o nosso tempo no mundo.

III. A SALVAÇÃO NÃO VEM DAS OBRAS

Efésios 2:8-10 pode ser visto como o resumo mais completo no Novo Testamento do processo da nossa salvação:
“Porque pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef.2:8-10).
A salvação é um presente da Graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. É válido ressaltar que somos salvos não pela fé, mas pela graça mediante a fé. A fé não é a causa meritória, mas a causa instrumental da justificação. A Fé é a mão estendida que recebe o presente da vida eterna. Portanto, a Fé e a Graça atuam juntamente na obra da salvação.
A salvação é um presente, não uma recompensa. Certa feita, perguntaram a uma mulher romana: "Onde estão as suas joias?". Ela chamou seus filhos e, apontando para eles, disse: "Eis aqui as minhas joias". Da mesma forma, somos as joias preciosas de Deus; somos os troféus da sua graça.
Para reforçar a declaração positiva de que fomos salvos somente pela graça de Deus por meio da confiança em Cristo, Paulo acrescentou duas negações que se equilibram. A primeira é: "E isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef.2:8b); a segunda é: "Não vem das obras, para que ninguém se orgulhe" (Ef.2:9).

1. Graça como meio de Salvação (Ef.2:8)

A Salvação do homem não se dá por nenhum mérito humano, mas que ela é resultado do favor divino, um favor que o homem, por ter pecado, não merece receber. Este favor imerecido é a Graça de Deus. Como diz o apóstolo Paulo aos efésios: “...pela graça sois alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”(Ef.2:8). Portanto, a nossa Salvação é resultado desta Graça, ou seja, do favor imerecido de Deus à humanidade pecadora.
A graça de Deus traduz a bondade do Senhor e o seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou contra o seu Criador. Mas, apesar do pecado, Deus mostra seu amor em relação ao ser humano, por intermédio da sua graça. A todos quantos crerem na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa graça de Deus.
A salvação é pela graça, mas também "por meio da fé". É a graça que nos salva pela instrumentalidade da fé. É muito importante ressaltar que Paulo não está falando de qualquer tipo de fé. A questão não é a fé, mas o objeto da fé; não é fé na fé; não é fé nos ídolos; não é fé nos ancestrais; não é fé na confissão positiva; não é fé nos méritos; é fé em Cristo, o Salvador.
Portanto, a Graça é a causa meritória da nossa salvação. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. A todos quantos creem na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa Graça de Deus.

2. Obras como evidência de salvação

-“Não vem de vós.... Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8,9). Obras são evidências e não meio de Salvação. Qualquer ideia de merecimento ou de que o homem pode adquirir a salvação pelas obras é completamente destruída pelas palavras: “não vem de vós”. Não é um tipo de negócio com Jesus, visto que estávamos mortos (Ef.2:1), e um morto não tem nada a oferecer. Pecadores nada merecem a não ser juízo.
A salvação não pode ser pelas obras, porque a obra da salvação já foi plenamente realizada por Cristo na cruz (João 19:30). Não podemos acrescentar mais nada à obra completa de Cristo. Agora não existe mais necessidade de sacrifícios e rituais. Fomos reconciliados com Deus. O véu do templo foi rasgado. Pela graça, somos salvos. 
-“É dom de Deus”. O “dom de Deus” é a salvação “pela graça”, “mediante a fé”. Esse dom é oferecido a todas as pessoas em todos os lugares. Observe que não é a fé que opera a salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus (Rm.3:28; 5:2; Fp.3:9).
Se é verdade que o pecado se estendeu a todos os homens, sejam judeus, sejam gentios, e que, por causa dele, todos os homens estão destituídos da glória de Deus (Rm.3:23), também é verdade que os homens podem, agora, ser justificados gratuitamente por Deus pela Sua graça e pela redenção que há em Cristo Jesus (Rm.3:24).

CONCLUSÃO

Éramos escravos, rendidos ao pecado, mas Cristo nos libertou para uma nova vida com Ele. Fomos libertos da escravidão do pecado e salvos da morte eterna, e agora caminhando avante na certeza de que o Céu onde Cristo habita é o nosso destino final, onde estaremos para sempre com o Senhor. Estávamos mortos em nossas transgressões, mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, nos vivificou juntamente com Cristo, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.

A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE

Texto Base: Efésios 1:15-23

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação” (Ef.1:17).

Efésios 1:
15.Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para com todos os santos,
16. não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,
17.para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,
18.tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos
19.e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
20.que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
21.acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.
22.E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja,
23.que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da “Iluminação Espiritual do Crente”. Paulo, após ouvir que a fé em Cristo e o amor fraternal entre os crentes de Éfeso estava sendo praticados (Ef.1:12), bem como a alegria de saber que em Cristo todas as bênçãos espirituais são nossas (Ef.1:3), sentiu-se impelido a orar para que Deus os iluminasse, ou seja, que eles tivessem o conhecimento ainda mais firme e inabalável da vocação deles.
O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele; nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça; temos a redenção pelo sangue de Jesus, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça (Ef.1:3-7); enfim, temos o Céu, temos a vida eterna, a felicidade plena (João 14:2,3; Fp.3:20). Mas, todas estas bênçãos só são perceptíveis na vida do crente quando ele está sob o sobrenatural de Deus, quando ele tem a iluminação do Espírito Santo para enxergar com os olhos da fé todas estas maravilhas de Deus. Portanto, é preciso iluminação espiritual, advinda do Espírito Santo da graça, para que enxerguemos esta realidade. Devemos, pois, pedir a Deus que abra o nosso entendimento a fim de que saibamos que somos o povo mais poderoso e o mais feliz da terra, pois temos uma gloriosa e viva esperança que não deve ser abalada pelas circunstâncias adversas.

I. A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLÓRIA

“tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Ef.1:18).
Paulo queria que os crentes destinatários de sua epístola tivessem a conscientização do chamado deles e de quão preciosas riquezas espirituais estavam destinados a eles; por isso, orou efusivamente para que os olhos espirituais deles se abrissem e, através da experiência, alcançassem a compreensão da plenitude dessas bênçãos.

1. Ação de graças e intercessão

Em Efésios 1:3-14 o apóstolo Paulo descreve a extensão maravilhosa do programa de Deus desde a eternidade passada até a eternidade futura. Ele elaborou os mais elevados pensamentos que podem ocupar a nossa mente, pensamentos tão sublimes que agora Paulo fala aos destinatários de sua Epistola sobre o grande dever de interceder por eles, afim de que possam compreender tais conceitos. O seu forte desejo era que eles pudessem vislumbrar os gloriosos privilégios que eles tinham em Cristo e o imenso poder que há na dádiva de Cristo às igrejas como Cabeça de toda a criação.

a) Ação de graças

De alguma forma, Paulo obteve informações sobre o que estava acontecendo entre os efésios que o fez se alegrar e manifestar ação de graças a Deus. Vejamos o que ele ouviu:
-Ouviu que a fé em Jesus estava presente entre eles (Ef.1:15). Os efésios tinham ouvido a Palavra da verdade e crido em Cristo (Ef.1:13), e continuaram firmes na fé (Ef.1:15). Apesar das circunstancias adversas que esses crentes passavam, e sabedores que o maior líder do cristianismo estava preso em Roma, eles não se afastaram de Cristo; pelo contrário, eles mantinham os olhos fitos em Jesus. Isto alegrou sobremaneira o coração de Paulo.
Esta mesma fé deve estar sempre acesa em nossos corações, pois os olhos do Senhor estão fitos nos que são fiéis a Ele (Sl.101:6) – “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”. Devemos olhar para Cristo, independentemente das circunstâncias - “olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb.12:2).
-Ouviu que o amor fraternal entre eles estava sendo praticado (Ef.1:15). Quando trabalhou na igreja de Éfeso, Paulo mostrou com o próprio exemplo como se vive o amor (Atos 20:35). Portanto, não é de se surpreender que ele ouça sobre o amor dos efésios – “ouvindo…o vosso amor para com todos os santos” (Ef.1:15). A fé produz fruto na comunidade cristã, ela flui de Cristo para nossos semelhantes que também pertencem a Ele, em forma de serviço (Tg.2:14-26). Jesus disse a Seus discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).

b) Intercessão (Ef.1:17-23)

Tendo ouvido a fé que havia entre eles no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos (Ef.1:15), Paulo teve a certeza de que os destinatários de sua epístola eram possuidores das bênçãos já descritas, sendo então levado a orar por eles. A fé e o amor dos crentes impeliram Paulo a oferecer ações de graças ao Senhor e a interceder por eles sem cessar (Ef.1:16). Esta intercessão era por iluminação espiritual dos crentes de efésios e de todos os demais cristãos que creram efetivamente no Senhor Jesus.
Paulo intercedeu porque sabia que a extensão das bênçãos (Ef.1:3) precisava ser reconhecida pelos crentes. Eles precisavam “saber” (Ef.1:18) qual era a plenitude do que Deus reservou para os santos. A oração se torna um instrumento necessário da revelação, abre nosso coração e ilumina a nossa mente para compreendermos melhor as bênçãos espirituais já reveladas.
Paulo orou pedindo que Deus concedesse a eles “espirito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele” (Ef.1:17) - revelação diz respeito à comunicação de conhecimento; sabedoria diz respeito ao uso adequado do conhecimento na nossa vida. O Espirito Santo é o Espírito de sabedoria (Is.11:2) e de revelação (1Co.2:10). Visto que cada crente tem o Espírito Santo habitando nele, Paulo não orou para que os crentes destinatários de sua epístola recebessem a Pessoa do Espírito Santo. Antes, orou para que recebessem mais iluminação dEle.
O apóstolo não estava se referindo ao conhecimento em geral, mas o conhecimento (gr. epignosis) especifico de Jesus Cristo. Queria que o crente tivesse um conhecimento profundo e espiritual de Deus por experiência própria – um conhecimento que não pode ser obtido através da capacidade intelectual, mas somente pelo ministério gracioso do Espírito Santo. Enfim, Paulo orou para que o Espirito divino que neles habitava fizesse com que sua visão fosse mais nítida, mais intensa e mais ampla, e que o poder, o amor e grandeza divinos lhes fosse revelado ainda mais.
Em resumo, na sua intercessão, Paulo menciona três áreas especiais de conhecimento divino que não quer que os santos ignorem: a esperança da vocação; a riqueza da glória da herança de Deus nos santos; e a suprema grandeza do poder de Deus para com os que creem (Ef.1:19).

2. A esperança da vocação

Ainda imbuído em sua atividade intercessora pelos crentes destinatários de sua epístola, Paulo ora para que o Espirito Santo os ilumine a fim de saberem qual a esperança da vocação de Deus -   “tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação...” (Ef.1:18).
Paulo alerta os crentes que eles, antes, não tinham esperança (Ef.2:12), mas agora eles têm a esperança do chamamento de Deus. Ele nos chamou para: sermos de Jesus (Rm.1:6); a comunhão de Jesus Cristo (1Co.1:9); sermos santos (Cl.3:15; Ef.4:1,2); o sofrimento, se for necessário (1Pd.2:21). Entretanto, a nossa vocação, o nosso chamamento, só encontrará sua plenitude nos céus (1Ts.2:12; 1Pd.5:10; Fp.3:14).
O mundo sem Jesus é um mundo sem esperança. A aceitação de Cristo enche o coração de esperança e alegria (Rm.5:2,5; 8:24; 12:12).
“pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm.5:2,5).
Para os crentes, neste mundo só há tribulação, fadiga e infelicidade; contudo, o futuro é glorioso: pois Deus Pai nos escolheu e nos adotou; Deus Filho nos redimiu e nos perdoou, e Deus Espírito Santo nos selou e nos deu sua garantia. O futuro não é mais algo que se deve temer ou que se deve aceitar com resignação. Devemos, agora, ser encarados com anelo e segurança. Paulo ora para que a igreja destinatária de sua epístola venha a conhecer e a experimentar essa gloriosa esperança. Ele ora para que a igreja possa usufruir toda sua riqueza espiritual.
Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que “Deus chamou-nos a alguma coisa e para alguma coisa. Deus chamou-nos para sermos de Jesus Cristo e para a santidade. Deus chamou-nos para a liberdade e para a paz. Deus chamou-nos para o sofrimento e para o seu reino de glória. Tudo isso estava na mente de Deus quando nos chamou”.

3. As riquezas da glória da sua herança

Paulo, continuando a sua intercessão, pede que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, desse aos crentes de Éfeso conhecimento para que entendessem “quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Ef.1:18).
Existem vários entendimentos acerca deste texto. John Stott, por exemplo, afirma que este texto pode se referir tanto à herança de Deus como à nossa herança, ou seja, à herança que Ele recebe ou à herança que Ele outorga.
No entendimento do Rev. Hernandes Dias Lopes, “Paulo está falando que Deus é a nossa herança. O Salmo 16:5 diz que Deus é a nossa herança. Mas, agora, Paulo diz que nós somos a herança de Deus. Aqui não é a herança que Deus outorga, mas a herança que ele recebe. Essa frase não se refere à nossa herança em Cristo (Ef.1:11), mas à sua herança em nós. Essa é uma tremenda verdade. Deus olha para nós e vê em nós sua gloriosa riqueza, sua preciosa herança. Jesus verá o fruto do seu penoso trabalho e ficará satisfeito (Is.53:11). Paulo expressa, aqui, o desejo de que os crentes compreendam quão preciosos eles são para Deus. Eles são o troféu da graça de Deus. O tesouro deles está em Deus, e, num sentido bem verdadeiro, o tesouro de Deus está nos santos”.
Paulo ora para que os crentes de Éfeso possam entender o quão preciosos eles eram para Deus. Disse bem Hernandes Dias Lopes: “Somos a Igreja que Deus comprou com o sangue de seu amado Filho (Atos 20:28). Somos a Noiva do Filho de Deus. O Senhor escolheu-nos para sermos a sua porção eterna. Ele nos fez troféus da sua graça e monumentos para a sua glória. Se a vocação aponta para o passado, a herança aponta para o futuro. Nós somos a riqueza de Deus, o presente de Deus, o tesouro de Deus, a menina dos olhos de Deus. Somos filhos, herdeiros, coerdeiros, santuários e ovelhas de Deus”.
Entretanto, devemos nos conscientizar de que temos uma herança extraordinária que Deus preparou para os seus fiéis. Levando em consideração Colossenses 1:12, entendemos que “herança de Deus” é aquilo que Ele nos dará; é o prêmio que obteremos por causa de nossa união com Cristo (Rm.8:17). Aqui vale lembrar 1Corintios 2:9: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”.
Somente a iluminação outorgada pelo Espirito Santo pode levar qualquer um de nós a compreender a vastidão dessa herança gloriosa. Segundo John Stott, “Paulo não considera que seja presunçoso pensarmos acerca da nossa herança celestial ou até mesmo antegozá-la com alegria e gratidão; pelo contrário, ele ora para ‘saberdes a Sua glória’, de fato, a riqueza da glória da Sua herança”.

II. A SOBRE-EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO

O poder de Deus é extraordinário e supera todo e qualquer outro poder. O mesmo não pode ser compreendido pela mera lógica humana, mas nem por isso Deus deixou de se revelar de diversas maneiras e em várias ocasiões a fim de que o ser humano viesse a conhecê-lo. Na Sua epístola Paulo tenta com esforço fazer entender a grandiosidade desse poder, e pede a Deus que os destinatários de sua epístola tenham uma percepção profunda desse glorioso atributo divino em prol dos santos.

1. A Sobre-excelente grandeza do seu poder

“e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos...” (Ef.1:19).
Paulo continua sua intercessão e pede a Deus que conceda uma profunda percepção do poder que Ele utilizou em prol dos santos: “a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos...”.
Desde o momento que iniciou sua intercessão, Paulo abrangeu três aspectos: se referiu à vocação dos crentes – apontando para o passado; se referiu à herança – apontando para o futuro; e, agora, se referiu ao poder de Deus – apontado para o presente e expressando acerca dos recursos sem limites à disposição do povo de Deus.
-“sobre-excelente grandeza do seu poder”. Em suas palavras, Paulo afirma que o poder de Deus é excepcionalmente grande, que vai além do alcance da mente humana. Paulo quer impressionar os crentes destinatários de sua epístola com a grandeza do poder exercido na realização de tudo o que está nos propósitos de Deus, segundo a sua obra de eleição, predestinação e adoção soberanas.

2. A força do poder divino

“…segundo a operação da força do seu poder”.
Qual é a medida do poder de Deus? Algo grandioso desse poder é ressaltado pelo notável acúmulo de termos: " sobre-excelente", "atuação", "força", "poder" (Ef.1:19). Essa abundância de termos sugere a ideia de poder cuja simples expressão exaure os recursos da linguagem e chega a desafiar a enumeração. Esse é o poder que Deus usou para a nossa redenção, o poder que Ele exerce na nossa preservação e que Ele exercerá na nossa glorificação. Esse é o poder que temos à nossa disposição para nos amparar e nos fortalecer em nossa jornada. Por que temer o inimigo, se temos a força do poder divino sobre nós, que nos protege e nos faz vencedores? Avancemos, pois, com a cabeça erguida e atravessemos o deserto de nossa vida, pois maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo (1João 4:4). Pela força do poder divino vencemos o maligno (1João 2:13).

III. CRISTO: NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO

Paulo está convencido de que o poder de Deus é suficiente e eficaz, e pode ser conhecido por meio da demonstração pública da ressurreição e exaltação de Cristo (Ef.1:20-23). Então o poder de Deus que atua no crente é o poder da ressurreição (cf. Fp.3:10). Paulo apresenta três afirmações a respeito do que Deus tem feito em Cristo e por seu intermédio.

1. A Ressurreição de Cristo (Ef.1:20)

“que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos...”.
A ressurreição de Jesus Cristo foi a maior exibição do poder divino que o mundo jamais viu. Talvez pensemos que a criação do universo tenha sido a maior manifestação do poder de Deus. Talvez imaginemos que tenha sido o livramento milagroso do povo de Israel no Mar Vermelho. Estes acontecimentos foram realmente extraordinários, e que somente Deus podia realizá-los. Mas, o Novo Testamento ensina que a Ressurreição de Cristo e sua Ascensão demandaram uma maior expressão do poder de Deus. Como explicar isso?
Sem a ressurreição de Cristo, o ser humano, a natureza – animada e inanimada – o cosmo, estariam perdidos para sempre, pois Cristo, a Palavra criadora estaria morto. E se tivesse ocorrido isso, o maligno seria o grande vencedor; e com certeza todas as hostes infernais se uniram com a finalidade de frustrar os propósitos de Deus, mantendo Cristo no túmulo ou impedindo a sua ascensão depois da ressurreição. Porém, Deus triunfou sobre todas as formas de oposição, ressuscitando o Seu amado Filho.
A ressurreição de Cristo e sua glorificação representaram uma derrota arrasadora para Satanás e suas hostes, bem como um espetáculo glorioso do poder vitorioso de Deus. O Cristo ressuscitado detém a chave da morte e do Hades (Ap.1:18), e ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e no Inferno” (Fp.2:10).
Ninguém é capaz de descrever esse poder. Por isso, Paulo toma emprestado algumas palavras do vocabulário próprio da dinâmica na sua descrição: “...segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o de entre os mortos...” (Ef.1:19,20- ARA). Estas palavras parecem se curvar sob o peso da ideia transmitida. Nos maravilhamos diante da imensidão desse poder e adoramos o nosso Deus por sua Onipotência.
Segundo as Escrituras, o Senhor Jesus foi o primeiro a ressuscitar no poder de uma vida indissolúvel. A ressurreição de Cristo foi a primeira na história humana (1Co.15:23) – “Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias...“. Outros ressuscitaram dos mortos, mas morreram outra vez.
A ressurreição autenticou o ministério do Senhor, selou sua obra de redenção, marcou o começo de sua glorificação e foi a confirmação pública de que o Pai aceitou seu sacrifício; também, a sua ressurreição é a garantia de que nós também ressuscitaremos (1Co.6:14) – Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder”.
Nas palavras de John Stott, a morte é um inimigo amargo e implacável, virá a todos nós um Dia; e após a morte, nada pode deter o processo de deterioração e decomposição. Mesmo as técnicas mais sofisticadas de embalsamento oferecidas por agentes funerários modernos não podem preservar o corpo para sempre; somos pó, e ao pó inevitavelmente retornaremos (Gn.3:19); nenhum poder humano pode impedir isso, muito menos trazer uma pessoa morta de volta à vida.
Mas, Deus vai fazer conosco o mesmo que fez com Jesus: nos ressuscitará dentre os mortos pelo seu poder e estaremos para sempre com Ele (1Ts.4:16,17) – “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro [...] e assim estaremos sempre com o Senhor”.
Em 1Corintios 15:20-23, Paulo afirma: “Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda”. Esta é a maior esperança do crente em Cristo!

2. Cristo elevado à direita de Deus (Ef.1:20)

“...e pondo-o à sua direita nos céus”.
Depois da ressurreição e ascensão de Cristo, Deus O promoveu ao lugar de suprema honra e autoridade. Ele “[o fez] assentar-se à sua direita, nos céus” (Ef.1:20). Ao fazer isso, Ele cumpriu a promessa messiânica do Salmos 110:1: “O Senhor disse ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés’”.
Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, a "direita de Deus” é uma figura de linguagem indicando o lugar de supremo privilégio e autoridade. A mais alta honra e autoridade no Universo foi tributada a Cristo (Mt.28:18).
O local é chamado de “céus”. Esta expressão se refere à morada de Deus; é onde está o Senhor Jesus hoje com um corpo glorificado, que não pode mais morrer. Ele foi entronizado acima de todo principado e autoridade (Ef.1:21).

3. Cristo exaltado sobremaneira (Ef.1:21,22)

Paulo afirmou aos crentes destinatários de sua epistola que o Deus Pai além de colocar Jesus numa posição de suprema honra e autoridade, colocou-o “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia...” (Ef.1:21). O Senhor Jesus é superior a todo governo ou autoridade humana; Ele domina sobre todos os seres inteligentes, bons e maus, angelicais e demoníacos.
A exaltação de Cristo abrange o soberano domínio sobre toda a criação. A cabeça que um dia foi coroada com espinhos leva agora o diadema da soberania universal. Todas as coisas estão sujeitas a Cristo. Todo o joelho se dobra diante dEle no Céu, na Terra e debaixo da Terra (Fp.2:9-11).
Tanto a Igreja como o Universo têm em Cristo a mesma Cabeça (Ef.1:22) – “E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas”. Todas as coisas estão debaixo dos Seus pés. Isso significa domínio universal, não apenas sobre os homens e os anjos, mas sobre toda a criação animada e inanimada.
O escritor aos Hebreus nos faz recordar que no presente não vemos todas as coisas sob o domínio dEle (Hb.2:8). De fato, embora o domínio universal pertença a Cristo, Ele não exerce atualmente de modo pleno. Por exemplo, os homens ainda se rebelam contra Ele, negando-o e resistindo a Sua vontade. Porém, Deus decretou que o Seu Filho um Dia empunhará o cetro do domínio universal, e isso é tão certo quanto qualquer realidade presente.
Quando Ele reinar literalmente na Terra durante mil anos (Ap.20:4), Ele será Rei sobre todos os reis e Senhor sobre todos os senhores. Ele será exaltado acima de todos os seres criados sem exceção alguma. Será o cumprimento das profecias preditas por intermédio dos profetas nas Escrituras do Antigo Testamento (Is.11:4-9; 60:1-22; 65:8-25; Zc.14:6-9; 16-21). Será o melhor período da história de toda a humanidade.
Na Plenitude do Reino haverá uma renovação de toda a criação, que atualmente geme esperando por este ditoso Dia (Rm.8:19-21). Durante todo esse período, Satanás estará preso (Ap.20:2) e o mundo gozará de uma genuína Paz que nunca houve até então; haverá a perfeita justiça - “e o efeito da justiça será paz; e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre”(Is.32:17
No seu Reino, o Rei Jesus, cujas mãos foram um dia perfuradas, vai exercer autoridade soberana sobre todo o Universo; e Deus Pai entregou essa Pessoa gloriosa à Igreja – “o constituiu como cabeça da Igreja”(Ef.1:22).
A eleição especial da Igreja é para participar com Cristo o domínio ilimitado. Quando a Igreja estiver desfrutando disso, todo o resto da criação estará debaixo do seu Reino. Concordo com John Stott quando diz que “tanto o Universo quanto a igreja têm em Jesus Cristo a mesma Cabeça”.
Segundo Rev. Hernandes Dias Lopes, Deus estabeleceu uma relação singular entre Cristo e a Igreja. Cristo é o grande dom de Deus para a Igreja. O fato de Cristo ser a Cabeça da Igreja ressalta três coisas: primeiro, Cristo tem autoridade suprema sobre a Igreja; Ele a governa, guia e dirige. Segundo, entre Cristo e a Igreja existe uma união vital, tão íntima e real como é a da cabeça com o corpo; é uma união íntima, terna e indissolúvel. Terceiro, a Igreja é inteiramente dependente de Cristo; de Cristo, a Igreja deriva sua vida, seu poder e tudo quanto é necessário à sua existência.
“A igreja é a plenitude de Cristo. A igreja está cheia da sua presença, animada pela sua vida, cheia com os seus dons, poder e graça. A igreja é o prolongamento da encarnação de Cristo. A igreja é o seu corpo em ação na terra. A igreja está cheia da própria Trindade: Filho (Ef.1:23), Pai (Ef.3:19) e Espírito Santo (Ef.5:18). Concordo com William Hendriksen quando diz que, no tocante à sua essência divina, Cristo em sentido algum pode depender da igreja nem ser completado por ela. Contudo, como Esposo, ele é incompleto sem a esposa; como Videira, não se pode pensar nele sem os ramos; como Pastor, não se pode vê-lo sem suas ovelhas; e também como Cabeça, ele encontra sua plena expressão em seu corpo, a igreja” (Hernandes Dias Lopes. Efésios).

CONCLUSÃO

Diante do exposto nesta Aula e à luz do que Paulo mencionou no texto base em epígrafe, como avaliamos a nossa vida espiritual? Temos usufruído as riquezas que tem em Cristo? Temos crescido no relacionamento íntimo com Deus? Conhecemos mais a Deus? Temos fome de Deus? Compreendemos a esperança do nosso chamado - de onde Deus nos chamou, para que Deus nos chamou e para onde Deus nos chamou? Compreendemos o quão valioso nós somos para Deus? Temos experimentado de forma prática o poder da ressurreição em nossa vida? Pensemos nisso!