Texto Áureo: II Pe. 1.21 Texto Bíblico: II Tm. 3.14-17
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito da Bíblia, considerando que essa é a Palavra de Deus, e como tal deve ser abordada. Inicialmente apresentaremos sua constituição, tendo em vista que sua composição não se deu no mesmo período. Em seguida, destacaremos sua importância, pois ela é a revelação escrita de Deus, e que visa transformar nossas vidas, e nos conduzir à santificação. Ao final, destacaremos sua interpretação, pois dessa depende a apropriada aplicação na vida do crente.
1. A IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA
A palavra Bíblia é uma tradução portuguesa do grego “bíblia” que significa “”livros”, nome que, a partir do Séc. V, se começou a chamar a coleção completa de livros sagrados. A Bíblia é constituída de sessenta e seis livros diferentes, compostos por vários autores, em três línguas diferentes, hebraico, aramaico e grego, sob as mais distintas circunstâncias, por autores de diferentes classes sociais ao longo de um período de 1600 anos. Em meio a todas essas distinções, a Bíblia chama a atenção por ser um livro com tema único: a redenção do ser humano. Ela está dividida em duas partes: Antigo e Novo Testamento, a primeira, contêm trinta e nove livros, e a segunda, vinte e sete. Na Bíblia, esses escritos são chamados de: 1) escrituras (Mt. 21.42), 2) escritura (II Pe. 1.20); 3) as santas escrituras (Rm. 1.2); 4) a Lei (Jo. 12.34); 5) a lei de Moisés, os profetas e os salmos (Lc. 24.44); 6) a lei e os profetas (Mt. 5.14); e 7) velho testamento (II Co. 3.14). Há um intervalo de 400 anos entre o Antigo e o Novo Testamento. Deus, em sua soberania, poderia não ter qualquer contato com suas criaturas, contudo, Ele nos criou para o relacionamento. Diante disso, Ele decidiu, livremente, em graça, falar aos seres humanos. Em Hb. 1.1, lemos que “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”. Os autores da Bíblia testemunham desse falar de Deus ao longo da história, que se deu repetitivamente e de modos distintos a diferentes pessoas. Por fim, nos falou por seu Filho, Jesus Cristo, em quem repousa a plenitude histórica da revelação divina, sendo este o “verbo que se fez carne” (Jo. 1.1). Deus, de fato, se revela aos seres humanos: 1) pela natureza (Rm. 1.18-21; Sl. 19); 2) pela providência (Rm. 8.28; At. 14.18-17); 3) pelos milagres (Jo. 2.11); e 4) atreves de Cristo (Jo. 1.14), mas é na Bíblia que confiamos por sua sobrenaturalidade e testemunho da revelação especial de Deus (I Jo. 5.9-12).
2. A INSPIRAÇÃO E INFALIBILIDADE DA BÍBLIA
A respeito do conceito de inspiração e inerrância, faz-se necessário analisar os textos de II Tm. 3.16,17 e II Pe. 1.21. Em II Tm. 3.16, Paulo diz que “Toda Escritura é inspirada por Deus” e não que “Toda Escritura, inspirada por Deus, é”, como dizem as traduções baseadas na Vulgata. Um outro aspecto que merece destaque é o termo Escritura, graphê, em grego, que fala do material como um todo (pasa), dizendo ser toda ela, theopneustos, ou seja, soprada por Deus, que seria a tradução mais literal para inspirada. Em consonância a isso, em II Pe. 1.21, Pedro afirma que “homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo”. Entendemos, então, que “homens falaram”, assim, Deus não desconsiderou suas personalidades (Rm. 10.20; I Co. 2.13; 14.37), impelidos, que em grego é pheromene, uma metáfora marítima usada para se referir a um navio levado pelo vento. No que diz respeito ao Novo Testamento, Paulo tinha consciência de que as cartas que escrevia deviam ser lidas e obedecidas (Cl. 4.16; II Ts. 3.14). Além do mais, não podemos esquecer da promessa do Espírito Santo que lembraria, ensinaria e guiaria os apóstolos a toda a verdade (Jo. 14.26; 15.26; 16.13). João, no Apocalipse, declara que aquilo que escreve é a palavra de Deus, a qual não se pode acrescentar ou subtrair (Ap. 1.1,2,11; 22.18,19). Consoante ao exposto, concluímos que a Bíblia não é resultante da mera inspiração humana, mas é, de fato, a Palavra verdadeira de Deus (Jo. 17.17), cabe a nós, portanto, ler o livro e obedecê-lo. No mais, conforme nos adverte Pedro em II Pe. 3.14-18, o problema não se encontra nas Escrituras, mas nos falsos mestres e sua compreensão errônea da Bíblia.
3. A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia interpreta a si mesma, essa é uma regra áurea, portanto, devemos lembrar que não podemos torcer o sentido do texto a fim de confirmar pressupostos. Uma interpretação honesta leva em conta os pontos a seguir: 1) Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido usual e ordinário; 2) É absolutamente necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase; 3) É necessário tomar as palavras no sentido que indica o contexto, isto é, os versos que precedem e seguem o texto que se estuda; 4) É preciso considerar em consideração o desígnio ou objetivo do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras; 5) É indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas espirituais pelas espirituais (I Cor 2:13). (I Cor 2:13); 6) Um texto não pode significar aquilo que nunca poderia ter significado para seu autor ou seus leitores; 7) Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis (isto é, situações de vida específicas semelhantes) com o âmbito do período quando foi escrita, a Palavra de Deus para nós é a mesma que Sua Palavra para eles. Devemos ter o máximo cuidado na interpretação da Bíblia, ciente que dependemos não apenas da compreensão humana, ainda que essa não deve ser desprezada, considerando que o próprio Deus deu inteligência ao ser humano, e esse deve fazer uso apropriada desta, sobretudo para a glória de Deus. A Bíblia deve ser lida com apreço, e disposição para a obediência, pois ela é autoritativa, e através dela podemos ter acesso à boa, agradável e perfeita vontade de Deus, evitando se coadunar aos princípios deste mundo tenebroso (Rm. 12.1,2). A interpretação apropriada da Bíblia deve considerar a atuação do Espírito Santo, pois as coisas de Deus são discernidas espiritualmente (I Co. 12.15).
CONCLUSÃO
As Sagradas Escrituras, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, são inspiradas (sopradas) por Deus. Elas são a revelação de Deus à humanidade, e nossa infalível e autorizada regra de fé e conduta (I Ts. 2.13; II Tm. 3.15,16; II Pe. 1.21). Por isso, se quisermos viver de acordo com a vontade de Deus, não podemos desprezar o estudo da Sua Palavra, pois essa, pelo poder do Espírito Santo, é suficiente para nos conduzir à santidade.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, J. R. A. O Cremos da Assembleia de Deus. São Paulo: Reflexão, 2017.
SOARES, E. A razão da nossa fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.