SISTEMA DE RÁDIO

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ÉTICA CRISTÃ E ABORTO

Texto Áureo: Sl. 139.16  – Texto Bíblico: Sl. 139.1-18

INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a respeito de um dos assuntos mais polêmicos da ética contemporânea, o aborto. É preciso esclarecer, a princípio, que a disputa cultural não está em realizar ou não o aborto, mas em se ter ou não o direito de abortar. Por isso, devemos considerar os aspectos principais da discussão, daqueles que se dizem pró-escolha, e dos que se apresentam como pró-vida. Para tratar sobre o assunto, destacaremos inicialmente os aspectos legais do aborto, em seguida, algumas considerações científicas, e ao final, as orientações bíblicas.

1. ASPECTOS LEGAIS SOBRE O ABORTO
A palavra aborto significa privação do nascimento, vem do latim abortus, diz respeito, portanto, a interrupção do nascimento, provocando a morte do embrião ou do feto. O código de Hamurabi, que remete a 1810 a. C., já condenava essa prática, sendo proibida pela legislação de vários países, dentre eles, o Brasil, que o colocou no Código Criminal do Império em 1830. Neste país são permitidos atualmente a realização do aborto em três casos: 1) anencefalia – quando há má formação do tubo neural, constituindo em limitação existencial. Existem críticas em relação a essa prática abortiva porque revela eugenia, ou seja, opção pelo nascimento apenas de crianças saudáveis e fortes; 2) estupro – quando a mulher engravida como resultado desse tipo de violência, dando-lhe a opção de retirar a criança do ventre. A igreja não endossa o aborto nesses tipos de casos, mas também não pode decidir pela família que tem a opção de fazê-lo. Há casos em que algumas igrejas orientam ao acompanhamento psicológico, e se propõe a conduzir a criança ao processo de adoção, caso a mulher decida por manter a gravidez até o fim; 3) terapêutico – quando a vida da mãe é posta em risco durante a gravidez, de modo a levar o médico a tomar uma decisão técnica, com base em constatações científicas em relação à necessidade de preservar a vida da mãe, em detrimento da vida da criança, avaliando o tempo de gestação. Nesses casos, não compete a igreja fazer qualquer julgamento, senão orar e pedir para que dê sabedoria aos médicos, para que esses ajam da melhor maneira possível.

2. CONSIDERAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE O ABORTO
Uma das questões cruciais, que tem alimentado o debate sobre o aborto, diz respeito ao início da vida. Existem diferentes abordagens a esse respeito, cada uma delas com as devidas justificativas. Há cientistas, por exemplo, que argumentam que a vida tem início na fecundação, quanto o espermatozoide e o óvulo se fundem gerando uma nova célula, denominada “zigoto”. Outros especialistas preferem defender que a vida se inicia com a fixação do óvulo no útero, onde recebe o nome de embrião – período entre o sétimo e o décimo mês de gestação. Mas há outros cientistas que preferem defender que o começa da vida se dá por volta do décimo quarto diz, quando ocorre a formação do sistema nervoso da criança. Uma percepção mais radical assume que o teto tem vida quando tem chances de se desenvolver fora do útero, por volta da vigésima quinta semana da gestação, e mais radical ainda são aqueles que dizem que a vida somente tem início quando a criação realmente nasce. A igreja precisa ser bastante criteriosa em relação a esses posicionamentos científicos, e estar ciente de que não depende da ciência para fazer suas alegações em relação à vida. Como cristãos, não devemos nos posicionar “contra o aborto”, mas “em favor da vida”. E nesse sentido, é preferível assumir que potencialmente a vida inicia logo após a fecundação, e que a vida humana deve ser preservada desde o princípio. Por isso, mesmo a pílula do dia seguinte não pode ser recomendada pelos cristãos, somos favoráveis ao controle de natalidade como forma de evitar a gravidez, mas não apoiamos a interrupção dessa, seja em que estágio for.

3. ORIENTAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O ABORTO
A mensagem bíblica é sempre pró-vida, nunca em favor da morte de quem quer que seja. Na Lei Mosaica, em Ex. 21.22-23, a interrupção da gravidez de uma mulher seja era considerado um ato criminoso. No sexto mandamento encontramos a orientação expressa para que não se cometa assassinato, por conseguinte, temos princípios bíblicos suficientes para defender a vida do nascituro. A revelação bíblica nos orienta a valorizar a vida humana, mesmo que essa esteja ainda informe (Sl. 139.16). Quando a igreja se posiciona pró-vida, está assumindo a dignidade da pessoa humana, e o direito de nascer da criança. A sociedade contemporânea está se tornando cada vez mais utilitarista, as pessoas não querem mais se sacrificar pelos outros. Por causa disso, a criação de filhos, em alguns contextos, está se tornando um fardo. O hedonismo pode fazer com que as pessoas queiram retirar do ventre uma vida que está em curso. Em relação a ideologia do direito de abortar, parece-nos bastante complexa, considerado que à pessoa que decide pelo aborto está tomando uma decisão no lugar de outra pessoa, que não tem a condição de fazê-lo. Por isso, o Estado optou por criminalizar essa prática, ainda que reconhecemos que ela continua sendo praticada, sobretudo pelas pessoas que têm condições financeiras mais abastadas. Somente criminalizar não é a solução, é preciso evitar uma gravidez indesejada. As pessoas devem ser educadas para prevenir a gravidez, a fim de não optar pelo aborto, como uma maneira de remediar.

CONCLUSÃO
A igreja deve manter-se sábia em relação ao assunto, e ter cautela ao abordar o assunto, optando sempre pela vida humana. Também não pode dogmatizar em relação às especificidades, como por exemplo, quando a mulher foi vítima de estupro, ou diante da decisão médica de abortar. É importante avaliar cada caso individualmente, sempre optando pela preservação da vida, e ao mesmo tempo, colaborando para que as pessoas envolvidas possam superar seus traumas pessoais.  

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016.

ÉTICA CRISTÃ E DIREITOS HUMANOS

                     
             Texto Áureo: Ex. 22.21 – Texto Bíblico: Is. 58.6-12



INTRODUÇÃO
Uma das características centrais do cristianismo bíblico é a dignidade atribuída ao ser humano. A demonstração máxima da dedicação divina à humanidade é o fato de Deus ter-se feito homem (Jo. 1.1,14). Por isso, na lição de hoje, dando continuidade aos estudos sobre ética cristã, nos voltaremos para a importância dos cristãos defenderem os direitos humanos, não apenas por meio de palavras, também em atitudes. A princípio, iremos destacar o princípio dos direitos humanos, em seguida, nos voltaremos para o papel desses na Bíblia, e por fim, ressaltar a atuação da igreja na defesa dos direitos humanos

1. A ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS
Os Direitos Humanos remetem à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada pela primeira vez em 1789, na França. Ela é resultante do Iluminismo, que pretendia, por meio da razão, defender os direitos inalienáveis da pessoa humana. Um documento exponencial que reflete essa defesa é a Declaração de Independência dos Estados Unidos. Ela assume que “todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre esses estão: a vida, a liberdade e a busca pela felicidade”. A Declaração do Homem e do Cidadão tornou-se um documento histórico, e um divisor de águas, passando a ter alcance universal. Em dezembro de 1948, após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou uma Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhecendo os direitos fundamentais e universais do ser humano. Mais especificamente no Brasil, após o processo de democratização, principalmente depois das torturas do período da Ditatura Militar, fez-se necessário que se pautasse a luta pelos direitos humanos. Os Direitos Humanos devem ser preservados indistintamente, a pessoa humana deve ter seus direitos garantidos, e o direito de defesa deve ser mantido até as últimas instâncias, resguardando a presunção da inocência. Não podemos deixar de destacar que alguns servos de Deus foram injustamente incriminados, alguns deles condenados entre os pecadores, como aconteceu com Jesus (Lc. 22.37), e o próprio Apóstolo Paulo, mesmo sendo cidadão romano (At. 16.19-23).

2. OS DIREITOS HUMANOS NAS ESCRITURAS
As Escrituras são criteriosas na preservação dos direitos humanos, desde os tempos da Antiga Aliança. A preservação da vida humana e a manutenção dos seus direitos fundamentais estão elencados no Pentateuco (Ex. 22; Dt. 6). Ninguém deveria ser julgado injustamente, as testemunhas deveriam ser fieis, os juízes deveriam agir com retidão, e não poderiam atribuir valoração demasiada, além do que fora estabelecido para a pena. A justiça desigual era comum nos tempos dos profetas, por esse motivo Isaias chama a atenção dos juízes: “ai dos juízes injustos e dos que decretam leis injustas, que não deixam haver justiça para os pobres, para as viúvas e para os órfãos” (Is. 10.1). Os evangélicos precisam se dedicar um pouco mais a leitura dos profetas, e reconhecerem que há espaço para a denúncia da injustiça. Devemos defender principalmente os direitos dos pobres, para que esses possam defenderem-se das acusações que lhes são atribuídas. Em um país com desigualdade social gritante, os ricos corruptos podem pagar advogados, e alguns deles são soltos imediatamente após a prisão, a maioria deles sequer é presa. Enquanto isso, os mais pobres “apodrecem” em prisões que a ninguém reforma, não passam de depósitos de pessoas, “fábricas” de delinquentes. A esse respeito, devemos lembrar que Paulo foi acoitado e punido injustamente, sendo criminalizado tão somente porque pregava o evangelho de Jesus Cristo. Dependendo dos padrões sociais de justiça, qualquer pessoa que defenda um pensamento diferenciado da maioria poderá ser criminalizada. Por isso, precisamos ter cuidado para resguardar sempre o direito pleno à defesa. Paulo defendeu seu direito de defesa, ao ser acoitado sem ser ouvido, como era de praxe a um cidadão romano (At. 22.25-29). Não há respaldo bíblico para o jargão que circula na sociedade, inclusive entre alguns cristãos que “bandido bom é bandido morto”. Qualquer pessoa deve ter seu direito de defesa preservado, e após ser julgada deverá responder justamente pelos seus delitos. 

3. A IGREJA E OS DIREITOS HUMANOS
O papel da Igreja, na defesa dos direitos humanos, é o de reconhecer que o ser humano, independentemente da sua condição socioeconômica, é valioso aos olhos de Deus. Tiago denunciou o favoritismo dentro e fora da igreja (Tg. 2.1), sobretudo em relação àqueles que nada têm. Os direitos humanos exigem um posicionamento equilibrado da igreja, a defesa que tanto o rico quanto o pobre tenham tratamento igualitário. Isso tem a ver também com os direitos trabalhistas, reformas têm sido aprovadas a fim de garantir a concentração cada vez maior de riqueza, e a condição servil de muitos trabalhadores, em alguns casos eles sequer têm a garantia dos seus salários, atitude já denunciada por Tiago (Tg. 5.4-6). A preocupação com aqueles que estão encarcerados também deve estar na pauta da Igreja, precisamos visitar aqueles que se encontram nessa condição, e conduzi-los ao evangelho de Jesus Cristo (Hb. 13.3). Não importa o que essa pessoa tenha feito no passado, existe sempre a possibilidade de arrependimento, e de dedicação da vida ao Senhor Jesus. Há vários obreiros nas igrejas cristãs que outrora estavam entregues à criminalidade, mas foram resgatados das trevas pela graça maravilhosa de Jesus. É preciso também considerar que algumas dessas pessoas, mesmo sendo responsáveis pelos seus atos, também foram influenciadas por um sistema injusto, que as mantem abaixo da linha da pobreza, e não lhes dá igualdade de oportunidades. Não eximimos as pessoas da responsabilidade, mas também não podemos deixar de ter uma visão mais ampla, e considerar que as condições sociais também determinam as atitudes dos seres humanos, sobretudo quando há baixo investimento social em educação, e poucas oportunidades de trabalho.

CONCLUSÃO
Não podemos ter a ilusão de que teremos um estado cristão (II Cr. 7.14), Israel foi a única nação teocrática, no contexto das Escrituras, e essa voltará a assumir esse papel no futuro, quando Jesus vier para reinar. A nação de Deus nos dias atuais é a Igreja (I Pe. 2.9), e essa deve influenciar positivamente a sociedade, buscando garantir os direitos humanos. Como enfatizamos anteriormente, a plenitude da justiça acontecerá somente no plano escatológico, por enquanto devemos nos posicionar sempre para que o Estado esteja a serviço de todos, principalmente daqueles que mais precisam.

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016.

ETICA CRISTÃ E IDEOLOGIA DE GÊNERO

Texto Áureo: Gn. 2.17 – Texto Bíblico: Is. 5.18-24


INTRODUÇÃO
Nesses últimos anos, o embate se acirrou entre evangélicos e ativistas homossexuais, tal confronto tem resultado em excessos de ambos os lados. A fim de tentar moderar esse conflito, discutiremos a respeito do assunto, evitando os extremos comuns nessa disputa ideológica. Inicialmente, discorreremos sobre o gênero, e suas ideologias; em seguida, refletiremos sobre o drama daqueles que lutam contra a homossexualidade, especialmente seus familiares; e ao final, destacaremos a importância de demonstrar amor, ao invés de ódio pelos homossexuais.

1. O GÊNERO E AS IDEOLOGIAS
O conceito de gênero é bastante complexo, e é percebido de maneira diferente no contexto das ciências sociais. Para tratar sobre a categoria de gênero, faz-se necessário contextualizar, para melhor orientar a discussão. O gênero pode ser gramatical, biológico e/ou sociológico. O gênero gramatical diz respeito à flexão dos substantivos, se esses são masculino, feminino, em algumas línguas, neutro. Biologicamente, o gênero pode ser masculino ou feminino, determinado pelo órgão sexual, sendo macho ou fêmea. O gênero sociológico está relacionado à identificação, ou seja, a como as pessoas se veem e são percebidas pelos outros. A religiosidade judaico-cristã assume que o gênero é biológico-sociológico, e não concorda com aqueles que defendem um contínuo diversificado do gênero sociológico. É preciso considerar que ambas as posições têm algum fundamento, pois inicialmente Deus criou homem e mulher, o plano original no Gênesis é o da heterossexualidade. No entanto, por causa da queda, relatada em Gn. 3, a sexualidade humana, independentemente do sexo biológico, foi afetada resultando em pecado, tanto entre os homossexuais quanto heterossexuais. Os cristãos se contrapõem à defesa sociológica pela diversidade sexual denominando-a de “ideologia de gênero”. Essa opção semântica tem suas limitações, tendo em vista que ideologia é qualquer posicionamento a respeito de um assunto. Por conseguinte, a defesa dos cristãos também pode ser classificada, na perspectiva dos homossexuais, como uma “ideologia judaico-cristã”.

2. IDEOLOGIAS: CONFLITOS E EQUÍVOCOS
A pauta ideológica em defesa das questões de gênero tornou-se um ponto central nos movimentos sociais mais à esquerda no Brasil. É bem verdade que essa proposta tem forte influência marxista, por outro lado, não deve servir a generalizações. Nem todos aqueles que se alinham mais à esquerda são defensores da denominada “ideologia de gênero”. Nem todos aqueles que defendem a justiça social, e se alinham ao socialismo, são “esquerdopatas”. Existem cristãos sinceros, que inclusive leem Karl Marx, e conseguem extrair pontos positivos da sua teoria. Não podemos negar, a esse respeito, que o capitalismo selvagem também é outro extremo, e não cumpre o que promete, pois nem sempre os que mais lucram dividem suas riquezas com os que nada têm. O capitalismo teórico foi projetado no contexto do iluminismo de Adam Smith, e concebia um ser humano “iluminado”, capaz de lucrar e dividir com o próximo. O plano, porém, se frustrou, por desconsiderar a realidade do pecado, e a ganância do homem caído. Por isso, como cristãos, não podemos nos identificar nem como de Direita, e muito menos de Esquerda, antes de CIMA, pois somos cidadãos dos céus (Fp. 3.20). Podemos e devemos participar das decisões políticas, mas com bom senso, visando o bem-comum da polis, sem agressões e desrespeitos. Nosso posicionamento está fundamentado na Palavra de Deus, no ápice da revelação que nos chegou através de Cristo (Jo. 1.1; Hb.1.1). Todas as ideologias humanas devem ser avaliadas pelo crivo da Palavra, e essa deve ser interpretada apropriadamente, respeitando os princípios hermenêuticos, apelando sempre ao contexto. Ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado para não ser agressivo, principalmente no tratamento apologético, e lembrar que também devemos pastorear, sobretudo os familiares daqueles que lidam com o drama de entes que se identificam com a homossexualidade. Os pais devem ser pacientes, e amarem seus filhos, mesmo que esses deixem de professar a fé cristã, se quiserem ter alguma chance de ganhá-los para Cristo.

3. UM CAMINHO EXCELENTE
Os homossexuais, que não professam a fé cristã, podem buscar seus direitos civis, desde que respeitem e sejam tolerantes também com a visão bíblica. Há um conflito de posicionamentos tanto de um lado quanto do outro. Os cristãos querem privar os homossexuais dos seus direitos civis, e os homossexuais querem que os cristãos deixem de professar sua fé. O respeito é fundamental para o convívio, se possível, pacífico entre cristãos e homossexuais. Aqueles têm o direito de se posicionarem dentro da esfera da fé, e com base em várias passagens bíblicas, que a prática homossexual é pecaminosa. Os homossexuais, por sua vez, precisam ponderar a respeito da compreensão cristã da família. Ao Estado, por meio da sua difusão cultural, inclusive educacional, compete orientar ao respeito, e a liberdade de pensamento, sem fazer apologia a qualquer um dos lados, pautado no princípio da laicidade. Os evangélicos precisam ponderar mais no que tange à interpretação de algumas passagens bíblicas, que são abordadas de maneira descontextualizada, incitando ao ódio, e em alguns casos, à homofobia. O texto de Rm. 1.25-32, por exemplo, é uma constatação paulina de que Deus entregou o homem caído à dissolução, não um mandato para os cristãos se envolverem em uma disputa cultural. Jesus não fez alusão direta à homossexualidade, e quando o fez indiretamente, ressaltou que alguns nasceram eunucos, outros assim se fizeram por causa do reino de Deus (Mt. 19.12). Portanto, nem todos aqueles que têm traços homossexuais o são, alguns foram influenciados pelo contexto no qual foram criados. Outros têm a tendência, mas não a praticam, preferem se dedicar à fé. A igreja precisa buscar sabedoria do alto para tratar cada caso, demonstrando amor tanto pelos de dentro quanto pelos de fora.

CONCLUSÃO
Se não ganharmos os homossexuais por amor, dificilmente o faremos por meio da agressão. Há líderes televisivos, alguns deles por interesse político, que estão incitando a guerra entre homossexuais e cristãos. Devemos ponderar a respeito, e evitar excessos nessas discussões, respondendo sempre "com mansidão" a razão da nossa fé (I Pe. 3.15) . O desvio dos padrões bíblicos é o cumprimento dos últimos dias da igreja (II Tm. 3.1-5), mas não compete a esta legislar sobre os padrões do mundo, considerando que esse jaz no maligno (I Jo. 5.19). Devemos pregar a boa nova de Jesus Cristo, e dar o exemplo em amor, principalmente no casamento, como foi no princípio: heterossexual, monogâmico e indissolúvel (Gn. 1.27; Mt. 19.3-9).

BIBLIOGRAFIA
CÉZAR, M. C. Entre a cruz e o arco-íris: a complexa relação dos cristãos com a homoafetividade. Belo Horizonte: Gutenberg, 2013.
MOURA, L. Cristão homoafetivo? Um olhar amoroso à luz da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 2017.