Textos: Hb. 11.3 – Sl. 104.1-14
INTRODUÇÃO
Conforme destacamos no estudo anterior, o livro de Gênesis responde às grandes perguntas da humanidade. Talvez uma das mais inquietantes delas seja: de onde veio a terra? No estudo desta semana, a partir da linguagem simples e concisa da Bíblia, responderemos que: “No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn. 1.1). Inicialmente mostraremos que Deus, que não teve princípio e não terá fim, é o Sujeito da criação. Em seguida, detalharemos o processo da criação, de acordo com a exposição bíblica. E ao final, faremos uma breve incursão pela doutrina da criação, contrapondo com a teoria da evolução.
1. DEUS, O SUJEITO DA CRIAÇÃO
Deus é o Sujeito da criação, não apenas da primeira sentença do livro de Gênesis. O Deus Criador – Elohim – é nomeado 38 vezes na narrativa da criação. Ele é o Senhor do tempo, na verdade, esse somente veio a existir por causa dele, “no princípio”. Isso revela que a natureza, ou mais propriamente, a matéria não é eterna, ela teve uma origem. O verbo hebraico “bará” diz respeito ao ato criador de Deus, independente de uma matéria preexistente. Os estudiosos se referem a esse processo criativo por meio da expressão ex nihilo, ou seja, do nada. Os autores do Novo Testamento reforçam esse ensinamento (Hb. 11.3; Rm. 4.17). A expressão “céus e terra”, no contexto da criação, na verdade se refere a “todo o universo”, a criação do espaço. Existe uma discussão teológica em relação aos versículos 1 e 2 de Gênesis no tocante a sua literalidade ou figuratividade. Alguns exegetas argumentam que no princípio Deus teria criado um universo perfeito, mas que esse, por alguma razão, teria “se tornado” sem forma e vazio. Essa é a Teoria da Lacuna, para seus defensores o planeta teria se tornado decadente depois da queda de Satanás, que trouxe destruição à criação, fazendo-se necessária uma (re)criação divina. Os proponentes dessa teoria explicam que a criação do Gênesis, a partir do versículo 2, teria sido uma (re)criação. Os argumentos em defesa dessa teoria não são muito contundentes, mesmo assim não podem ser desconsiderados, e apresentam algum fundamento bíblico. É mais importante destacar nessa passagem a presença da Trindade: o Pai como Projetista, o Filho como Executor, e o Espírito como Concebedor (Jo. 1.3; Cl. 1.16).
2. CRIADOR DOS CEUS E DA TERRA
Há uma discussão antiga entre os estudiosos em relação ao significado da palavra dia – iom – em hebraico. Alguns defendem que são dias literais, outros que foram dias figurados, ou períodos de tempo. Aqueles mais efeitos a conciliar a doutrina criacionista com a evolucionista tendem a acatam a última, a fim de aceitar o postulado científico das eras geológicas. O mais importante, contudo, é reconhecer que a criação não é uma alegoria, mas um processo histórico, mesmo que não seja científico. Esse é o fundamento bíblico, considerando que para Paulo Deus criou o mundo (At. 17.24), e que o homem foi feito a imagem de Deus (I Co. 11.7), o autor aos Hebreus reconhece que o mundo foi criado pela palavra de Deus (Hb. 11.3). No primeiro dia Deus criou a luz (Gn. 1.3-5), para alguns estudiosos tratava-se de uma luz cósmica, pois o sol, a lua e as estrelas somente seriam criados no quarto dia. No segundo dia Deus criou o firmamento, ao qual chamamos de céu, que se trata da atmosfera gasosa (Gn. 1.6-8). No terceiro dia Deus separou a água da terra, em seguida fez com que fossem geradas as plantas (Gn. 1.9-13). No quarto dia Deus criou o sol, a lua e as estrelas, isso serviria para que os seres humanos se pautassem pelos tempos, admitindo sua dependência das condições climáticas (Gn. 1.14-19). Não podemos esquecer que a terra é nosso habitat provisório, principalmente nos nossos descendentes. Aqueles que habitam nesta terra não podem ser irresponsáveis, poluindo o lugar que Deus nos deu para viver. No quinto dia Deus criou a vida marinha, inclusive os grandes monstros do mar (Gn. 1.20-23). É interessante observar que Deus estava satisfeito com tudo que estava sendo feito, Ele viu que tudo era bom. Isso deve servir de motivação para que tenhamos em consideração a criação. Há cristãos escapistas que desprezam a criação de Deus e contribuem para a destruição dão planeta terra.
3. CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO
Depois da teoria da evolução das espécies, desenvolvida por Charles Darwin, e assumida em contextos acadêmicos, alguns pensadores, associados ao materialismo, tentam negar a existência de Deus. Inicialmente, é preciso ter cautela, e considerar que existem cientistas cristãos sérios, e compromissados com a Palavra, tal como Francis Collins, que são evolucionistas. Mesmo assim, é importante ressaltar que o evolucionismo não passa de uma teoria, e não pode ser assumida como uma verdade absoluta. A revelação bíblica, nesse debate, traz à tona algo que a ciência não pode explicar, a origem de todas as coisas, pois está além do seu alcance. As Escrituras ensinam que a natureza não é resultante do acaso, mas de um Deus que planejou com maestria o universo criado. Ele poderia, caso desejasse, ter se utilizado do processo evolutivo, isso porque o livro de Gênesis nos mostra apenas “o que” Deus criou e não “como” Ele o fez. Contudo, a maioria dos estudiosos prefere acreditar que Ele o fez na sequência de dias literais, de aproximadamente 24 horas. Independentemente dos dias terem sido períodos ou literais, estejamos cientes que a principal ameaça ao criacionismo repousa no materialismo, não necessariamente na evolução, pois essa abordagem nega a existência de um Criador, e defende a eternidade da matéria. Os materialistas precisam ser mais humildes em seus pressupostos, pois defendem com veemência religiosa a ausência de um Criador, sem que haja qualquer fundamento científico para essa premissa. Consoante ao exposto, fiquemos com a narrativa de Gênesis, assumindo que essa não tem a pretensão de ser científica, antes revelação de um Deus Poderoso e Gracioso, que criou os céus e a terra, e tudo que neles há.
CONCLUSÃO
Deus é o Criador dos céus e da terra, as coisas que conhecemos, ainda que em parte, não são resultantes de transformações casuais. Quando olhamos para a criação, obras das mãos de Deus, devemos nos dobrar diante dEle, como fez o salmista, reconhecendo Seu poder, e as maravilhas das Suas mãos (Sl. 8, 19, 104). A natureza não é nossa mãe, por isso não pode ser adorada. Por outro lado, é digna de consideração, sobretudo de preservação, por se tratar do nosso habitat, e das gerações futuras.