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FRUTO DO ESPÍRITO: O EU CRUCIFICADO

 

Texto Base: Gálatas 5:16-26


“Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo” (Rm.15:13).

 

Gálatas 5:

16.Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.

17.Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

18.Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19.Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,

20.idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21.invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

22.Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23.Contra essas coisas não há lei.

24.E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

25.Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

26.Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do Fruto do Espírito. A Bíblia Sagrada nos ensina que a maturidade espiritual do crente depende do desenvolvimento do Fruto do Espírito. É pelo Fruto do Espírito que se conhece um autêntico cristão, e não pelos Dons Espirituais.

O Fruto do Espírito passa a ser formado no homem salvo, a partir do momento em que ocorre sua conversão, ou o Novo Nascimento, quando, então, ele se torna o templo de Deus, e a morada do Espírito. Sua formação acontece através de um processo, ou sucessão de atos; é gerado na medida em que o Espírito Santo vai transmitindo ou gravando no caráter do homem todas as virtudes existentes em Deus, das quais Paulo relacionou nove em Gálatas 5:22.

I. O FRUTO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRENTE

O Fruto é a expressão do Espírito Santo na vida do crente. Mas, a sua formação na vida do crente não acontece num único ato; é um processo formado por muitos atos - “Até que todos cheguemos...a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef.4:13). É, pois, um longo processo de formação, desenvolvimento e maturação. A formação de qualquer fruto, da semente gerada ao fruto maduro, será sempre um tempo prolongado. Assim, o Fruto do Espírito representa o que o homem é, fala do seu tempo andando com Deus. É, pois, o Fruto do Espírito que credencia um homem de Deus a ser respeitado e ouvido.

1. Definição

O Fruto do Espírito é uma seleção de virtudes produzidas pelo Espírito Santo na vida daqueles que foram feitos novas criaturas. Esse Fruto resulta em uma conduta de vida íntegra; é o resultado natural de um processo de amadurecimento e a consequência de um processo natural de crescimento espiritual.

Através do Fruto do Espírito Santo o caráter de Cristo é novamente formado no homem. O pecado afetou consideravelmente a imagem de Deus em nós levando-nos a produzir as obras da carne (Ef.2:2,3; Gl.5:19-21); entretanto, através do novo nascimento, Cristo é novamente formado em nós e assim somos transformados constantemente de glória em glória, crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (2Co.3:17,18).

A manifestação do fruto do Espírito Santo diz respeito à nossa santificação (separação do pecado e consagração a Deus). É através da manifestação do fruto do Espírito Santo que a maturidade espiritual se torna perceptível. Qualquer novo convertido pode manifestar Fruto do Espírito Santo se a sua conversão for realmente autêntica.

O Fruto é produzido quando o ramo permanece na vide (João 15:5). Em João 15:1,2, Jesus se expressou assim: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto”. Ele usou a metáfora da videira para comunicar a necessidade de um relacionamento vital entre Ele e o crente a fim de que haja a produção do fruto do Espírito Santo. Esta é a maneira que evidencia que somos discípulos de Cristo (Mt.7:16; 5:13-16). É através do fruto do Espírito Santo que Deus é glorificado em nossa vida, e assim muitos são abençoadas através de nosso bom testemunho (João 15:8).

2. “O fruto”, no singular

 

O fruto é único com nove características singulares. Atentando bem para o que está escrito, é possível observar que a Bíblia diz – “Mas o fruto do Espírito é....” (Gl.5:22). O artigo “o” está no singular; o “fruto” está no singular; o verbo ser (é), é claro, também teria que estar no singular.

Temos ouvido, com muita frequência, as pessoas afirmando que os Frutos do Espírito “são nove”, outras, complementam dizendo que “não são apenas nove”. Porém, a Bíblia diz que o Fruto do Espírito é; ela não diz que os Frutos do Espírito são. Assim, embora pudesse parecer desnecessário, queremos reafirmar que o Fruto do Espírito é “UM”, somente.

Também é verdade que esse Fruto é indivisível. Ele começa a ser formado no interior do “novo homem”, ou, do “crente, salvo”, a partir do Novo Nascimento, ou Regeneração.

O Fruto do Espírito pode ser comparado a uma laranja, que, sendo apenas uma, é, no entanto, formada por diversos gomos, ou partes. Neste sentido, sim, Paulo menciona nove Virtudes constantes da natureza de Deus, presentes no Fruto do Espírito. Paulo menciona, apenas, nove, embora não se possa afirmar quantas são, ao todo, porque Deus não pode ser limitado, pois é infinito.

3. A formação do Fruto do Espírito na vida do crente

A formação do Fruto do Espírito na vida do crente requer uma vida de entrega nas mãos do Senhor, vida no Altar, vida de renúncia, de consagração, vida de dedicação à Obra de Deus, vida cheia do conhecimento de Sua Palavra. É assim que o Fruto do Espírito vai sendo produzido – num longo processo de maturação. Por isto, é o Fruto do Espírito que credencia um homem de Deus a ser respeitado, e ouvido. Há crente que por ter um Dom Espiritual, quase sempre o de Profecia, julga-se no direito de ser ouvido e até de dirigir a Igreja, passando por cima do Pastor. Igreja não se dirige com os Dons Espirituais; Igreja tem que ser dirigida com a Palavra de Deus. Por isto é preciso conhecê-la.

É bom que um obreiro tenha os Dons Espirituais; porém, é necessário que tenha o Fruto do Espírito em bom estágio de desenvolvimento. Certamente que Paulo pensava assim, pois disse que o neófito, ou o novo convertido, não deveria ser separado para o Ministério – “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo” (1Tm.3:6). É sabido que o novo convertido, ou neófito, pode receber os Dons Espirituais, mesmo antes do Batismo nas Águas; contudo, isso não o credencia para o Ministério. Para o Ministério é necessário amadurecimento espiritual; isto só se consegue através da formação do Fruto do Espírito na vida da pessoa. É, pois, o Fruto do Espírito que testifica acerca da pessoa – ele reflete a imagem do crente conforme ele realmente é.

4. Andar no Espírito (Gl.5:16)

“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”

“Andar no Espírito” é uma expressão que indica viver corretamente em humildade, submissão e santidade; é deixar que o Espírito assuma o controle de nossa vida; é ter comunhão com o Espírito; é tomar decisões à luz da sua santidade; é estar ocupado com Cristo, pois o ministério do Espírito é ocupar o crente com o Senhor Jesus.

Quando andamos no Espírito, a carne, ou a vida do meu eu, é considerada morta. Não podemos nos ocupar com Cristo e o pecado ao mesmo tempo. Somente pelo Espírito de Deus podemos caminhar em santidade.

Se nós entregamos o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele infalivelmente produzirá em nós o Seu Fruto em uma colheita contínua e abundante. O Espírito Santo produzirá o fruto espiritual em nós quando nos rendemos sem reservas a Ele; isso abrange nosso espírito, alma e corpo e todas as faculdades que os constitui.

II. DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE O FRUTO E OS DONS DO ESPÍRITO

Os Dons espirituais e o Fruto do Espírito têm a sua origem numa mesma fonte – o Espírito Santo - e ambos glorificam a Cristo, mas se trata de elementos diferentes.

1. Diferença

Os Dons espirituais é diferente do Fruto. O Fruto do Espírito é gerado pela ação do Espírito Santo, e se desenvolve dentro da pessoa, o “homem interior”; ele passa a fazer parte da personalidade do novo homem. Sendo gerado dentro da pessoa, o Fruto testifica das qualidades da pessoa, conforme ensinou o Senhor Jesus – “Ou fazei a árvore boa, e o fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore” (Mt.12:33). Sendo assim, então o Fruto do Espírito testifica das qualidades do ser humano, ou seja, como ele na verdade o é.

Já os Dons Espirituais vêm de fora, dado pelo Espírito Santo, o qual sendo Deus, no uso de sua Soberania, dá a quem Ele quer, e quando Ele quer – “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas repartindo particularmente a cada um como quer” (1Co.12:11). Sendo uma dádiva do Espírito, o Dom testifica das qualidades, ou virtudes do Doador, e a glória deve ser dEle e não do simples possuidor, como afirmou Paulo: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não do homem” (2Co.4:7). O Doador, segundo a Bíblia, é o Espírito Santo – “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”(1Co.12:7).

2. Os Dons na Igreja

Os Dons Espirituais são recursos extraordinários que o Senhor colocou à disposição da Igreja, os quais continuam sendo de grande importância para os dias atuais. Assim sendo, é da vontade de Deus que os crentes não ignorem os dons espirituais (1Co.12:1). Seu doador continua sendo o Espírito Santo. Ao Crente salvo Ele pode dar um, ou todos os descritos em 1Coríntios 12:1-11, pois, Ele reparte “particularmente a cada um como quer”, e sempre “para o que for útil”. Mas, não devemos confundir Dons espirituais com os Dons Naturais, que são virtudes, ou aptidões, que uma pessoa nasce com elas. Tomando apenas um exemplo, diríamos que ninguém será um grande músico, se não tiver nascido com o dom natural para a música. Quando a pessoa é convertida a Cristo, ela não perderá esse Dom, e ele será de grande valia, se colocado à disposição do Senhor. Para um maior conhecimento sobre a importância e atualidade dos dons espirituais, veja a Aula anterior.

III. O ESPÍRITO SE OPÕE À CARNE

A vida cristã é um campo de batalha. Trava-se nesse campo uma guerra sem trégua entre a carne e o Espírito. O Espírito e a carne têm desejos diferentes, e é isso o que gera os conflitos. A carne tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizades contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de triunfar sobre esses apetites é andar no Espírito. Se alimentarmos a carne, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esse apetite desenfreados da carne.

O apóstolo Paulo identificou dois grandes perigos que atacavam as igrejas da Galácia: o primeiro é passar da liberdade para a escravidão (Gl.5:1); e o segundo implica transformar a liberdade em licenciosidade. Nos versículos 13 a 15, Paulo enfatizou que a verdadeira liberdade cristã se expressa no autocontrole, no serviço de amor ao próximo e na obediência à lei de Deus. A questão agora é: como agora essas coisas são possíveis? E a resposta é: pelo Espírito Santo. Só Ele pode manter-nos verdadeiramente livres.

1. O legalismo

Legalismo significa pôr as regras acima de Deus e das necessidades humanas. É o estilo de vida de pessoas que acreditam que o cumprimento das regras torna o indivíduo merecedor do favor e da salvação divina. Esse pensamento não é Bíblico e foi condenado por Cristo (cf.Lc.18:11-14; Mt.12:9-12; Gl.4:8,9; Ef.2:8-10).

Há dois extremos perigosos com respeito à liberdade: o legalismo de um lado e a licenciosidade de outro. Há aqueles que querem regular a liberdade apenas por regras exteriores; esses caem na armadilha do legalismo e privam as pessoas da verdadeira liberdade em Cristo. Porém, há aquele que, em nome da liberdade, sacodem de si todo o jugo da lei e querem viver sem nenhum preceito ou limite. Esses confundem liberdade com licenciosidade e caem na prática de pecados escandalosos.

William Hendriksen ilustra esse fato dizendo que “a vida cristã é semelhante a atravessar uma pinguela que cruza sobre um lugar onde se encontram dois rios contaminados: um é o legalismo e o outro é a libertinagem. O crente não deve perder o equilíbrio para não cair dentro das faltas refinadas do judaísmo nem nos grosseiros vícios do paganismo”. Concordo com John Stott quando diz que “o cristianismo não é escravidão, mas um chamamento da graça para a liberdade”. A liberdade cristã, porém, não é liberdade para pecar, mas liberdade de consciência, liberdade para obedecer. O cristão salvo pelo sangue de Cristo é livre para viver em santidade.

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor” (Gl.5:13).

A palavra “liberdade” está profundamente desgastada. Muitos defendem a liberdade do amor livre, a prática irrestrita do aborto, o uso indiscriminado das drogas e o homossexualismo. Isso, porém, não é liberdade, é escravidão. Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, fomos chamados para uma vida nova e não para viver com o pescoço na coleira do pecado. A liberdade cristã não é uma licença para pecar, mas o poder para viver em novidade de vida. A liberdade cristã não é licenciosidade, mas deleite na santidade. A liberdade cristã não é a liberdade para pecar, não uma liberdade irrestrita para chafurdar em nosso egoísmo, é uma liberdade irrestrita para aproximar-se de Deus como seus filhos. A licenciosidade desenfreada não é liberdade alguma, é outra forma mais terrível de servidão, uma escravidão aos desejos de nossa natureza caída. Jesus disse que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (João 8:34). Paulo disse que o homem antes da sua conversão é escravo de toda a sorte de paixões e prazeres (Tt.3:3).

O sistema legalista que os opositores de Paulo, os judaizantes (Gl.2:14), ensinavam nas igrejas da Galácia, era egocêntrica, motivado pela carne e gerava competição espiritual que resultou em desavença (Gl.5:15).

“Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl.5:15,16).

O legalismo, pois, conduz invariavelmente a controvérsias. Foi o que aconteceu na Galácia. A lei exigia que amassem ao seu próximo, no entanto, acontecia o contrário. Esse comportamento surge da carne, à qual a lei cede espaço e sobre ela atua.

Somos livres para amar e servir uns aos outros, e não para devorar e destruir uns aos outros. Nas igrejas da Galácia, os dois extremos – os legalistas e os libertinos – destruíram a comunhão. Devemos agir como irmãos, e não como feras ou como cães e gatos sempre envolvidos em conflitos. É o Espírito da vida que habita em nós, e não o instinto da morte.

2. A Carne e o Espírito

a) O que é a carne?  “Carne” (gr. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm.8:6-8,13; Gl.5:17,21). Ela representa o que somos por nascimento natural. Ela é a sede dos apetites carnais (Mt.26:41). Ela é tremendamente maligna. O apostolo Paulo, escrevendo à Igreja em Roma, assim se expressa afirmando a malignidade da carne:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm.7:18,19).

Aqui, “carne”, obviamente, não significa “corpo”; “carne” descreve nossa situação antes de sermos salvos, refere-se a nossa velha natureza. A verdade é que a velha natureza não é aniquilada na conversão, ela ainda habita em nós.

Embora a “carne” não tenha poder legal de nos dominar, muitas vezes ela revela quão fracos somos. Ela tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizade contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de se triunfar sobre os apetites da carne é andar no Espírito. Se alimentarmos a “carne”, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos os apetites desenfreado da carne.

b) O que é o Espírito? A palavra espírito no grego é pneuma. Este termo significa sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito que habita no homem o qual foi soprado por Deus (Gn.2:7). Também, o “espírito” representa o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. Logo, percebemos que esta palavra tem diferentes significados.

Em Gálatas 5:16, “Espírito” refere-se à terceira Pessoa da Trindade. Ele está em constante conflito com a carne, e isto continuará até o Dia em que Deus nos levará para si. O que o crente deve fazer é deixar ser guiado pelo Espírito Santo. Nenhum cristão autêntico está dependente dos próprios esforços. É o Espírito, e não o cristão, que resiste às moções do mal que está dentro dele. Ser guiado pelo Espírito também significa ser elevado acima da carne e ser preenchido pelo Senhor. Quando alguém é preenchido dessa maneira, já não pensa na carne.

3. Os vícios (Gl.5:19-21)

Depois de falar do conflito entre a “carne” e o “   Espírito” na vida do crente, o apóstolo Paulo passa a falar sobre as obras da carne na vida daqueles que não herdarão o Reino de Deus. Há outras listas de pecados semelhantes a essa nos escritos de Paulo (cf. Rm.1:18-32; 1Co.5:9-11; 6:9; 2C.12:20,21; Ef.4:19; 5:3-5; Tt.3:3,9,10). Essa lista, embora extensa, não é exaustiva, pois não esgota todas as obras da carne, uma vez que Paulo conclui dizendo: “.... e coisas semelhantes a estas” (Gl.5:21).

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl.5:19-21).

O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “Gálatas, a Carta da liberdade Cristã”, classifica essas obras da carne em quatro grupos. Vejamos:

a) Os pecados sexuais – “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia” (Gl.5:19). John Stott diz que a nossa velha natureza é secreta e invisível, mas as suas obras, as palavras e atos pelos quais ela se manifesta são públicos e evidentes. Estes três primeiros pecados (prostituição, impureza, lascívia) são suficientes para mostrar que todas as ofensas sexuais, sejam elas públicas ou particulares, “naturais” ou “anormais”, entre pessoas casadas ou solteiras, devem ser classificadas como obras da carne.

b) Os pecados religiosos. “... idolatria, feitiçarias...” (Gl.5:20a). Estes dois pecados falam de ofensa a Deus, pois são uma perversão do culto a Deus.

c) Os pecados sociais - “... inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas...” (Gl.5:20b,21a). Estes oito pecados envolvem transgressões ligadas aos relacionamentos.

d) Os pecados pessoais – “... bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas...” (Gl.5:21b). Estes dois últimos pecados têm a ver com a intemperança ou o abuso e a falta de domínio próprio na área de comida e bebida.

CONCLUSÃO

Todas as virtudes do Fruto do Espírito emanam do amor divino; ele é a base para ativação do Fruto em nossas vidas. Em Gálatas 5:22 o apóstolo Paulo apresenta nove virtudes do Fruto: Amor, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade, Bondade, Fidelidade, Mansidão, Temperança. O Amor - visa o interesse dos outros; a Alegria – é o amor em estado de contentamento; A Paz – é o amor em estado de quietude; a Paciência – é o amor esperando; a Benignidade – é o amor agradando; a Bondade – é o amor ajudando; a Fidelidade (Fé) – é o amor confiando e com lealdade; a Mansidão – é o amor pacificando; a Temperança – é o amor equilibrando.

Portanto, cada Fruto vem condicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor.

Podemos, ainda, apresentar estas virtudes em três dimensões:

  • Dimensão vertical – relação com Deus: Amor, Alegria e Paz
  • Dimensão horizontal - relação com o próximo: Paciência, Benignidade e Bondade.
  • Dimensão Interior – relação consigo mesmo: Fidelidade, Mansidão e Temperança.


A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

 

Texto Base: 1Corintios 12:1-11

24/01/2021

Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co.12:4).

 

1Corintios 12:

1.Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

2.Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.

3.Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

8.Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9.e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos dons espirituais que o Espírito Santo dispõe à Igreja. Eles são uma realidade na Igreja ao longo de sua história. Os cessacionistas pregam que eles só foram disponibilizados no princípio da Igreja; porém, a Bíblia e o testemunho da história da Igreja garantem que os dons espirituais sempre estiveram no Corpo de Cristo em maior ou menor incidência. Os dons espirituais são recursos indispensáveis para o Corpo de Cristo; eles contribuem sobremaneira para a expansão e edificação da Igreja; são sempre concedidos aos crentes visando um propósito específico, a saber, a edificação de todos os membros do Corpo. Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que crentes, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado.

I. NECESSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

Os Dons Espirituais não foram dados à Igreja para projeção humana nem como para medir o grau da espiritualidade de uma pessoa. Os Dons foram dados para a edificação do Corpo de Cristo. Pelo exercício dos Dons a Igreja cresce de forma saudável. Assim, os Dons são importantíssimos e vitais para a Igreja. Eles são os recursos que o próprio Espírito Santo concedeu à Igreja para que ela pudesse ter um crescimento saudável e venha suprir as necessidades espirituais dos seus membros.

1. Exortação a conhecer os dons (1Co.12:1)

“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”.

Aparentemente, os crentes de Corinto haviam pedido que Paulo respondesse a questão “acerca dos dons espirituais”. Os dons espirituais são concedidos gratuitamente por Deus a fim de capacitar as pessoas a entender às necessidades do Corpo de crentes e permitir-lhes realizar uma obra extraordinária para Deus. Paulo não queria que os crentes fossem ignorantes sobre esses dons, mas que os entendessem e usassem para a glória de Deus.

2. O que são os dons espirituais?

Os dons espirituais são dotações e capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à sua Igreja, visando a expansão universal da sua obra e a edificação dos santos. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define os dons espirituais como “capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”.

O crente que crê na operação do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho é um crente que crê no Evangelho completo, pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo, e que é preciso nEle crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder, através do batismo no Espírito Santo e, depois, dos Dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fogo do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina. Esses dons podem ser concedidos pelo Espírito Santo em qualquer fase da experiência cristã, no início da fé (At.19:5,6) ou ao longo da vida cristã (1Tm.4:14).

3. Pneumatikós e chárisma

Alguns críticos das doutrinas paracletológicas alegam que a expressão “dons espirituais” não consta da Bíblia. Todavia, o termo “pneumatikós” (literalmente, “espiritualidades” ou “coisas espirituais”) pode ser traduzido por “dons espirituais”, uma vez que esta tradução é respaldada pelo seguinte contexto: “há diversidade de dons” (1Co.12:4); “dons de curar” (1Co.12:9,28); “dom de curar” (1Co.12:30); “procurai com zelo os melhores dons” (1Co.12:31). Em 1Coríntios 12:31, “dons” é “charisma”, mas em 1Coríntios 14:1 é pneumatikós. Apesar disso, os termos são perfeitamente intercambiáveis, à luz do contexto. Ambas as formas se referem aos dons espirituais. Estes fazem parte das ministrações do Espírito Santo na Igreja e manifestam a glória divina.

Os dons espirituais edificam os crentes e atraem os pecadores. São capacidades, dotações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo, com o propósito principal de edificar a igreja (1Co.14:3,4,5,12,26; Ef.4:11-13). Através deles, o Senhor revela poder e sabedoria aos seus servos.

O termo “chárisma” é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de "dons do Espírito", concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta charismata, utilizado em 1Coríntios 12:4,9,28,30,31, que tem o sentido de "dons da graça".  

Os Dons espirituais são chamados, no original grego, de "charismata", palavra que significa "graças", ou seja, os Dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos crentes que estão dispostos a servi-lo e que, por obediência, já alcançaram o batismo no Espírito Santo. A verificação do significado da palavra "charismata" é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual.

O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus - "Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”(1Co.12:11).

Muitos são os que acham que os portadores de Dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20). Jesus não aprovou essa conduta, típica dos judeus formalistas e descrentes (Mt.12:38,39).

II. A FUNÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Os Dons espirituais são mencionados como sendo repartidos particularmente pelo Espírito Santo, segundo a Sua vontade, para utilidade dos crentes, e para a edificação espiritual dos crentes (1Co.12:4-11)

1. As listas dos dons

É comumente afirmado entre os evangélicos pentecostais que os dons espirituais são nove, afirmação esta que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, mais comumente em 1Co.12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado).

Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove.

Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.

É bom enfatizar que, na relação dos dons espirituais, não há o chamado “dom de revelação” ou “dom de visão”, “dons” que são constantemente mencionados e considerados no meio de alguns integrantes do povo de Deus que não têm o costume de ler e meditar na Palavra de Deus.

O “dom de revelação”, na verdade, é o dom da palavra da ciência, não podendo ser confundido com verdadeiras adivinhações que têm perturbado o povo de Deus em muitas igrejas locais. Deus não tem qualquer propósito de fazer com que alguns de Seus servos sejam “adivinhos”, pois Ele abomina a adivinhação, típica operação maligna. A revelação de fatos ocultos tem tão somente o propósito de edificar o povo de Deus, jamais de envergonhar quem quer que seja.

Já o chamado “dom de visão” não tem qualquer respaldo bíblico. Verdade é que existe a operação de visão, uma operação divina em que Deus mostra algo para algum servo Seu, mas também com o propósito de proporcionar a edificação de quem vê ou da igreja, jamais para devassar a intimidade ou envergonhar alguém.

2. Classificação teológica

Tomando-se a relação mais minudente das Escrituras Sagradas, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:

a) dons de poder - fé, dons de curar e operação de maravilhas. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.

b) dons de ciência - palavra da sabedoria, palavra da ciência e dom de discernir os espíritos. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.

c)  dons de elocução ou de fala - variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Observemos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial, desvencilhando-se, pela manifestação do poder divino na sua vida, de todo o embaraço que tão de perto o rodeia (Hb.12:1) e, assim, não venha a se envolver com as coisas desta vida, agradando, assim, ao Senhor (2Tm.2:4).

Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1Co.2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1Co.2:2).

É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão propagada e nunca explicada “nova unção”.

3. O propósito divino para os dons (1Co.12:7)

O apóstolo Paulo afirma: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co.12:7). Na Almeida Revista e Atualizada está assim escrito: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (1Co.12:8).

Os dons têm um propósito - eles são dados visando a um tipo proveitoso, ou seja, a edificação da Igreja. O benefício não é próprio da pessoa, mas endereçado à coletividade, é para a edificação da Igreja.

De modo geral, todos os dons são dados à igreja para o que for útil (1Co.12:7; 14:28). E, por isso mesmo, não devemos ignorá-los ou desprezá-los (1Co.12:1; 1Ts.5:19,20; At.19:1-7). É o Senhor quem nos concede essas dádivas, “segundo a graça” (Rm.12:6). E, como essas dotações são, especialmente, para a edificação do povo de Deus (1Co.14:26), não devem ser mal utilizadas, sem decência e ordem, no culto genuinamente pentecostal (1Co.14:37-40).

III. OS DONS REVELAM A UNIDADE NA DIVERSIDADE

Na Igreja de Corinto, os dons espirituais haviam se tornado símbolos do poder espiritual, provocando rivalidade na igreja, porque alguns pensavam ser mais “espirituais” do que outros. Essa era uma forma extremamente errada de usar esses dons porque o seu propósito sempre foi ajudar a igreja a funcionar mais eficientemente, e não a dividir. Podemos gerar divisões se insistirmos em usar os dons de acordo com os nossos próprios desejos, sem nos preocuparmos com os outros. Nunca devemos usar esses dons como uma forma de manipular alguém, ou para promover os nossos próprios interesses. (1)

1. Diferentes dons (1Co.12:4-6)

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

Precisamos entender que são diferentes os dons da graça concedidos conforme a medida da fé dos filhos de Deus. Paulo afirma: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé” (Rm.12:6).

O povo de Deus recebe muitos tipos de dons, e nenhum dom é melhor do que o outro. Veja que o apostolo Paulo, em 1Co.12:4-6, apresenta três classes de manifestações dos dons, as quais revelam a atuação do Deus trino: diversidade de dons, atribuído ao Espírito Santo (1Co.12:4); diversidade de ministérios [ou serviços], relacionados ao Filho de Deus (1Co.12:5); e diversidades de operações, como a ação do Pai (1Co.12:6). Todos eles vêm de uma única fonte – o Espírito Santo -, e devem ser usados com um único propósito: a edificação do Corpo de Cristo.

Também, nestes textos de 1Co.12:4-6, podemos classificar o dom em uma tríplice natureza: (2)

a)    Quanto à origem dos dons eles são charismata. Paulo afirma: “Ora, há diversidade de dons”(1Co.12:4). A palavra “charismata” vem de “charis”, que significa graça. Assim, Paulo está falando da origem dos dons. O dom espiritual procede da graça de Deus. Nenhuma pessoa tem competência para distribuir dons espirituais. Essa não é uma competência humana. Os dons são originados na graça de Deus e são ministrados, doados e distribuídos pelo Espírito Santo de Deus.

b)    Quanto ao modo de atuar, o dom é diaconia. Paulo prossegue: “E há diversidade de ministérios[serviços] (1Co.12:5). A palavra “serviços” no grego é “diaconia”. Isso se refere ao modo de atuação do dom que é prontidão para servir. Os dons são dados não para projeção pessoal, mas para o serviço. O dom é diaconia, é para o serviço. Deus nos dá dons para servirmos uns aos outros e não para tocarmos trombeta exaltando nossas virtudes ou habilidades. Um indivíduo jamais deveria acender as luzes da ribalta sobre si mesmo no exercício do dom espiritual. A finalidade do dom espiritual não é a autopromoção, mas a edificação do próximo.

c)     Quanto à sua finalidade os dons são energémata. Paulo concluiu: “E há diversidade de operações” (1Co.12:6). A palavra “energémata” vem de energia, de obras exteriores. É a energia de Deus operando nos cristãos e transbordando para a vida da comunidade. O dom espiritual tem uma finalidade, que é a exteriorização de um ato, de um trabalho, de alguma realização. O dom espiritual é para ajudar alguém, fazer algo para alguém, trabalhar por alguém e realizar alguma coisa por alguém. Não é uma espiritualidade intimista e subjetiva. O dom sempre está se desdobrando em trabalho, ação e realização em benefício de alguém. A finalidade do dom é a realização de alguma obra e ajuda concreta e alguém.

2. Unidade

Os crentes de Corinto haviam pedido que Paulo respondesse à questão “acerca dos dons espirituais” (1Co.12:1), e a resposta de Paulo às perguntas dos coríntios foi focada na unidade entre os crentes, a ordem na Igreja e a exaltação de Jesus Cristo. Portanto, no que concerne aos dons espirituais, Paulo estava com receio de que a dedicação dos coríntios a algum dom particular, como as “línguas” ou o discurso estático, pudesse dividi-los. Paulo disse: “há diversidade de dons...há diversidade de ministérios...há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1Co.12:4-6).

Paulo mostra que, apesar de haver vários dons do Espírito Santo na Igreja, existe uma unidade básica, constituída de três partes, que abrangem as três Pessoas do Ser divino.

-Primeiro, os dons são diversos, mas o Espírito Santo é o mesmo (1Co.12:4). Os crentes de Corinto agiam como se houvesse apenas um dom, a saber, o dom de línguas. Paulo diz: “não é assim; sua unidade não se baseia na existência de um dom comum, mas em possuírem o Espírito Santo que é a fonte de todos os dons”.

-Em seguida, o apóstolo ressalta que “há diversidade nos serviços” na Igreja (1Co.12:5). Os cristãos servem de formas diferentes. Temos em comum, porém, o fato de servirmos somente a um Senhor e procurarmos servir aos outros (e não a nós mesmos).

-Ademais, apesar de haver “diversidade nas operações” ou atividades no tocantes aos dons espirituais, o mesmo Deus é quem dá poder a todos os crentes. Se um dom parece mais eficaz, espetacular ou poderoso que outros, não se pode atribuir isso a alguma superioridade de quem o possui. O poder é provido por Deus.

CONCLUSÃO

Aprendemos aqui que os dons são dádivas do Espírito Santo. Eles não podem ser ganhos como uma forma de pagamento, e não são concedidos aos crentes que pedem algum dom específico para a satisfação de desejos pessoais. Eles não são escolhidos pelas pessoas. Somente Deus administra os dons entre o seu povo. Deus, e não os crentes, é quem controla esses dons. Portanto, cabe a cada crente, além de buscar os dons espirituais, procurar a orientação de Deus para descobrir os seus dons naturais particulares e então descobrir a melhor forma de usá-los, de acordo com os propósitos divinos.