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O MINISTÉRIO DE PASTOR


 Texto Base: João 10:11,14; Tito 1:7-11; 1Pedro 5:2-4
"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (João 10:11).


João 10:

11.Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

14. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.

Tito 1:

7. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;

8.mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante,

9.retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes.

10.Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão,

11.aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância.

1Pedro 5:

2. apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;

3.nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.

4.E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do ministério de Pastor. Ele é considerado um despenseiro, que cuida do principal bem: o rebanho do Senhor. Muitas são as demandas internas e externas da Igreja Local, entre elas o cuidado do rebanho, visita a enfermos, questões relacionadas a administração eclesiástica e o constante desafio de se dedicar à oração, à pregação e ao ensino da Palavra de Deus. Não é uma função para gente preguiçosa, pois exige todo esforço, todo empenho e todo zelo. Concordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro “De: Pastor A: Pastor”, quando afirma que “ser pastor é cruzar um deserto escaldante, em vez de pisar os tapetes aveludados da fama. Ser pastor é a arte de engolir sapos e vomitar diamantes. Ser pastor é estar disposto a investir a vida na vida dos outros sem receber o devido reconhecimento. Ser pastor é amar sem esperar a recompensa, é dar sem esperar receber de volta. Ser pastor é saber que o nosso galardão não nos é dado aqui, mas no Céu”.

I. JESUS, O SUMO PASTOR

Assim como o sumo é um líquido extraído de algumas substâncias vegetais ou animais, como o vinho, o sumo Pastor é o mais alto ou elevado, supremo; é aquele de quem emana poder superior ou sobrenatural; é excelente, excelso, poderoso, extraordinário, grande; é o cimo, o cume. 

1. Jesus é o Pastor Supremo

“Ora, assim que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imperecível coroa da glória! Conselhos, votos e bênção final” (1Pd.5:4).

Jesus Cristo é o Senhor da Igreja, o Seu único Mediador, o Seu Intercessor e Sumo Sacerdote. Ele é o único que está de forma absoluta, espiritual e hierarquicamente acima de qualquer líder da Igreja. Nenhum líder possui o direito de ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, à semelhança de um “pontífice” entre Deus e os seres humanos, isto é, como uma espécie de “ponte” entre Deus e os discípulos. Esse tipo de posição na hierarquia religiosa ocorria no Antigo Testamento na pessoa dos sacerdotes do Templo, os quais tinham a função de mediar o encontro entre o pecador confesso e Deus, a fim de que ocorresse o recebimento do seu perdão ou o derramamento de bênçãos; mas, essa representação era uma figura de Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, por meio do qual toda e qualquer bênção o ser humano poderá alcançar. Assim, não há qualquer ministério eclesiástico humano que deva ser reconhecido como espiritualmente superior ao restante dos membros da Igreja, e por meio do qual os seguidores de Cristo recorram para que as bênçãos lhes sejam derramadas. Só Jesus Cristo é o Pastor Supremo!

2. O pastor conhece as suas ovelhas

Jesus como bom Pastor conhecia suas ovelhas. Ele disse: ”Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (João 10:14). Na Palestina, as ovelhas eram criadas para produzir lã, sendo tosquiadas de ano em ano. Desta feita, o pastor as mantinha sob seus cuidados durante muitos anos e entre eles se desenvolvia um relacionamento de confiança e intimidade. O pastor sabia até o nome de cada uma delas e as chamava pelo nome (João 10:3). Era esta certamente a relação existente entre Jesus e seus discípulos. Ele conhecia pessoalmente as suas ovelhas. Assim como no Antigo Testamento Jeová chamava Abraão, Moisés, Samuel, Elias, Josué e outros pelo nome, assim Jesus conhecia e chamava as pessoas individualmente. Quando Ele viu Natanael se aproximando, e lhe disse: "eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo!", Natanael perguntou-lhe, atônito: "donde me conheces?" (João 1:47,48). Tal conhecimento e confiança entre Jesus e seus seguidores é comparado ao relacionamento entre Jesus e o Pai - “Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai”. Portanto, a mesma união, comunhão, intimidade e o mesmo conhecimento que há entre o Pai e o Filho também existe entre o pastor e as ovelhas. Jesus nos conhece por nome. O bondoso Salvador conhece a sua Igreja por inteiro, e se relaciona com cada membro (João 10:4,14). Creia nisso!

3. O Pastor dá a vida pelas ovelhas

Disse Jesus: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). O Novo Testamento descreve Jesus como grande Pastor, o supremo Pastor e o bom Pastor. Como o grande Pastor, Ele vive para as ovelhas; como o supremo Pastor, Ele voltará para as ovelhas; como o bom Pastor, Ele deu sua vida pelas ovelhas. Estas três verdades podem ser vistas também nos Salmos 22, 23 e 24. O Salmo 23 aponta Jesus como o grande Pastor, que vive para cuidar de suas ovelhas; o Salmo 24 aponta Jesus como o supremo pastor, que voltará gloriosamente para buscar as suas ovelhas; o Salmo 22 aponta Jesus como o bom Pastor, que deu Sua vida em favor das Suas ovelhas.

Jesus é o Pastor que deu Sua vida, é o Cordeiro que se ofereceu por nós. Seu amor não foi proclamado do alto de uma cátedra, mas do alto da cruz; para libertar-nos da escravidão do pecado, sofreu o castigo da Lei, fez-se pecado por nós; para livrar-nos da maldição, fez-se maldição por nós; e para livrar-nos da morte, suportou o golpe da morte em nosso favor.

O Salmo 22, profeticamente, revela-nos que Jesus, o bom Pastor, não veio para explorar as ovelhas e oprimi-las, mas para morrer por elas e dar-lhes a vida eterna. Ele não é como o mercenário que foge ao ver o lobo e deixa as ovelhas entregues aos predadores; ao contrário, ele as protege, as perdoa e as conduz a uma vida maiúscula, abundante e bem-aventurada.

Em Israel, no Antigo Testamento, a principal reclamação de Deus contra os líderes de Israel era esta: "Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?" (Ez.34:2; Jd.12). Jesus mesmo deu a vida pelas Suas ovelhas. Não agiu como um empregado ou um mercenário, que faz o trabalho por dinheiro. Ele cuidou delas genuinamente, a ponto de morrer por elas. Seu grande amor se revelou em sacrifício e serviço, sacrificando a si mesmo para servir aos outros.

Um dos diversos cuidados que o bom pastor tem é fortalecer as ovelhas que são fracas, curar as doentes, atar as feridas das que estão machucadas e buscar as que se encontram extraviadas. É desse amor sacrificial - que serve -, que os pastores precisam hoje, pois muitas vezes os seres humanos, assim como as ovelhas, podem se desviar do caminho.

II. AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO PASTOR

O verdadeiro pastor de uma Igreja Local deve possuir características ímpares que o colocam como um legítimo representante do Senhor Jesus Cristo. É claro que existem muitas outras qualidades que um líder deve ter, mas nós citaremos apenas as seguintes:

1. Um caráter íntegro

“Caráter é o conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a concepção moral” (Aurélio).

Caráter é diferente de reputação. A reputação é a fama da pessoa, o que os outros acham quem ela é; já o caráter é a essência real da pessoa, quem realmente ela é. Veja o exemplo do pastor da Igreja de Sardes. Jesus disse assim sobre esse pastor: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Ap.3:1). Esta frase ilustra perfeitamente a diferença importante entre reputação e caráter. O líder da Igreja de Sardes teve a reputação de ser ativo e famoso, mas Jesus sabia que estava morto espiritualmente. A boa fama não ocultou dos olhos do Senhor a verdadeira natureza desse pastor, e da congregação que ele liderava. O problema dessa Igreja, reflexo do caráter do seu pastor, não foi a ausência total de obras, mas a falta de integridade delas. É possível defender, diante da congregação, a doutrina de Deus sem amar ao Senhor; é possível obedecer, diante da congregação, a mandamentos de Deus sem inteireza de coração (2Cr.25:2); é possível fazer coisas certas com motivos errados. Os homens podem ver as obras, mas Deus vê, também, os corações. As pessoas podem ver somente por fora, mas Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por ninguém.

Um pastor que não é íntegro em sua vida pessoal não é um verdadeiro líder. A integridade do pastor é o fundamento sobre o qual ele constrói seu ministério. Sem vida íntegra não existe pastorado. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser sincero, e esta sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações, no agir, nas finanças, no serviço. Infelizmente, hoje, assistimos com tristeza a muitos pastores gananciosos que mercadejam a Palavra de Deus e vendem sua consciência no mercado do lucro. Há obreiros que são rigorosos com os crentes, mas vivem de forma frouxa em sua vida pessoal. Há pastores que apascentam a si mesmos, e não o rebanho. Amam a sua própria glória, em vez de buscar a honra do Salvador.

Concordo com o pastor Elinaldo Renovato quando diz que “uma das piores queixas que se pode ouvir acerca de um ministro é que sua palavra pastoral não se coaduna com a sua vida. Como pode o líder falar sobre honestidade e ser desonesto? De simplicidade e mostrar-se esbanjador? De humildade e comportar-se soberbo? A melhor palavra pastoral é a vida do pastor em sintonia com a mensagem do Evangelho que ele proclama”.

Veja o que Jesus disse a respeito daqueles que têm reputação e não tem caráter íntegro: “Aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt.7:26,27). Atentem, também, o que Jesus disse a respeito do caráter dos escribas e fariseus, em Mateus 23:2-36).

Portanto, não nos preocupemos com os prodígios e maravilhas que alguém venha a fazer, mas, sim, com a presença do caráter cristão na sua vida. Não nos preocupemos com a vestimenta que alguém está usando, mas com a presença do caráter cristão na sua vida. É pelos frutos que reconhecemos quem é crente e quem não o é, pois Jesus disse que aquele que não produzisse fruto seria lançado fora da videira verdadeira (João 15:2).

2. Exemplo para os fiéis e os infiéis

Os requisitos para ocupar uma posição de liderança na Igreja exigem mais excelência moral que intelectual. Embora o pastor exerça o seu ministério entre os domésticos da fé, seu testemunho transborda além das fronteiras da Igreja. Sua vida fora dos portões não deve ser diferente daquela vivida dentro da família e da Igreja. Disse o apóstolo Paulo: “Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo” (1Tm.3:7).

O apóstolo Paulo, em 1Tm.3:2,3, exorta que o pastor não deve ser dado ao vinho, espancador, cobiçoso de torpe ganância, contencioso ou avarento. Estes são os melhores pré-requisitos para se indicar um pastor à liderança de uma Igreja Local. Então, por que não se aplica isto na hora de escolher uma pessoa ao ministério eclesiástico? Como bem diz o pr. Elinaldo Renovato, a Igreja Local precisa contemplar em seu pastor sinais claros do fruto do Espírito, tais como domínio próprio, mansidão, bondade e amor (Gl.5:22). Estas características denotam idoneidade moral e maturidade espiritual, as quais devem transparecer, também, àquelas pessoas que ainda não são do nosso meio (1Tm.3:7).

3. Exemplo para a família

O apóstolo Paulo exorta que o pastor, o líder da Igreja, ”governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?)” (1Tm.3:4,5).

O primeiro rebanho do pastor é sua família. Se ele fracassa em cuidar de sua casa, está desqualificado para cuidar da Casa de Deus. Se não cria os filhos no temor do Senhor, não é capaz de exortar os filhos dos demais crentes. Se os próprios filhos não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente a Igreja Local onde ele exerce liderança lhe obedecerá e respeitará sua liderança.

John Stott diz corretamente que “o pastor é chamado a exercer liderança em duas famílias, a dele e a de Deus, e a primeira é onde ele é treinado para poder atuar na segunda"(Stott, John. A mensagem de 1Timóteo, Tito e Filemon).

Hans Bürki alerta que, “se as famílias, mesmo as famílias nucleares de nosso tempo, não forem mais centros espirituais e locais de treinamento do amor experimentado de Deus, as igrejas se tornarão desertas, apesar de todo o ativismo. Por isso, cuidar das igrejas significa construir antes de tudo famílias saudáveis na fé” (Bürki, Hans. Cartas a Timóteo).

III. O MINISTÉRIO PASTORAL

O verdadeiro pastor não se ufana no pedestal, revestido de orgulho, pela posição que exerce diante de uma comunidade cristã, como se isto fosse uma conquista profissional à semelhança do mundo secular. A função de pastor não tem caráter profissional, é uma autorização dada pelo Espírito Santo a alguém para ser o despenseiro de Cristo na Terra. Não é uma profissão, é uma missão. 

Muitos olham para o cargo de pastor como uma posição de honra a ser cobiçada. Buscam o destaque e desejam a honra diante dos homens. Ao invés de agir humildemente como pastores do rebanho local (veja 1Pd.5:1-3), apresentam-se em todo lugar com o “título” de pastor. Em outras palavras, “amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens” (Mt.23:6-7). O verdadeiro pastor é uma pessoa chamada por Deus; seu ministério não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, mas celestial.

1. A missão do pastor

O verdadeiro pastor tem uma árdua missão, ela é múltipla, pois o pastor cuida desde os assuntos espirituais até os mais terrenos. Veja algumas atividades exercidas:

a) Ele guia com amor e respeito as ovelhas de Cristo. É solene responsabilidade do pastor guiar as “ovelhas” de tal forma que seja seguro para elas o seguirem. Ou seja: o pastor tem de ser para as pessoas(“ovelhas”) um exemplo coerente e confiável. Convém lembrarmos que Jesus introduziu no mundo um novo estilo de liderança, a saber, a liderança pelo serviço e pelo exemplo, e não pela força. O apóstolo Pedro compreendeu isto e o ecoou em seus ensinos: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós... não como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho “(1Pd.5:2,3). Com efeito, por bem ou por mal, quer gostem ou não, as “ovelhas” vão segui-lo.

b) Ele alimenta as ovelhas. O alimento, claro, é a a Palavra de Deus, a boa doutrina. Jesus, na qualidade de bom Pastor, foi sobretudo um Mestre; Ele alimentou os seus discípulos com a boa comida da sua instrução. O bom pastor fortalece espiritualmente o rebanho de Cristo por meio do ensino da sua Palavra, sendo este o seu principal empreendimento. Na pregação, a tarefa principal do pastor não é ser brilhante ou profundo, mas é ministrar a verdade de Deus.

O pastor é, acima de tudo, um mestre. Esta é a razão para duas qualidades de um pastor: Primeiro, ele deve ser "apto para ensinar" (1Tm.3:2). Segundo, ele deve reter “firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt.1:9). Estas duas qualificações andam juntas. O pastor deve ter o dom de ensinar e, ao mesmo tempo, ser fiel ao ensino da Palavra de Deus. E, quer estejam ensinando a uma multidão ou a uma congregação, a um grupo ou a um só indivíduo (Jesus mesmo ensinou nestes três contextos), o que distingue o seu trabalho pastoral é que este é sempre um ministério da Palavra.

c) Ele protege o rebanho do Senhor. O pastor preserva o rebanho dos perigos auxiliando-o quanto aos obstáculos em sua peregrinação à glória, envolvendo-se ativamente no resgate dos doutrinariamente “desgarrados”, mantendo-se atento para “defender”, por meio da apologética cristã e da oração persistente, a união e a unidade das ovelhas. Sua função é descrita como a de um “vigia” que, servindo sob o “estado de vela”, permanece em constante exercício, espreitando a favor de seu rebanho.

d) Ele cuida das ovelhas com ternura. O verdadeiro pastor cuida das ovelhas com zeloso amor e compaixão, entregando-se totalmente às suas demandas. O apóstolo Paulo tinha esta qualidade. Ele afirmou: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1Ts.2;7). Paulo tratou os crentes de Tessalônica carinhosamente como uma ama que acarecia seus filhos. A ênfase da mãe é a gentileza e a ternura. Paulo era como uma mãe afetuosa cuidando do seu bebê. Ele demonstrou pelos seus filhos na fé amor intenso, cuidado constante, dedicação sem reserva, paciência triunfadora, provisão diária, afeto explícito, proteção vigilante e disciplina amorosa. Muitos obreiros lideram o povo de Deus com truculência e rigor despótico; são ditadores implacáveis, e não pastores amorosos; esmagam as ovelhas com sua autoridade autoimposta, em vez de conduzir o rebanho com a ternura de uma mãe.

e) Ele cuida de si mesmo antes de cuidar do rebanho de Deus. A vida do pastor é a vida do seu pastorado. Há muitos obreiros cansados da obra e na obra, porque procuram cuidar dos outros sem cuidar de si mesmos. Antes de pastorear os outros é preciso pastorear a si mesmos. Antes de exortar os outros é preciso exortar a si mesmos. Antes de confrontar os pecados dos outros é preciso confrontar os seus próprios pecados. O pastor não pode ser um homem inconsistente. Sua vida é a base de sustentação do seu ministério. O sermão da vida é o mais eloquente sermão pregado pelo pastor. O sermão mais dificil de ser pregado é aquele que pregamos para nós mesmos.

O pastor cuida de si mesmo para não praticar o que condena. O ministério de pastor não é uma apólice de seguro contra o fracasso espiritual. Há um grande perigo de o pastor acostumar-se com o sagrado e perder de vista a necessidade de temer e tremer diante da Palavra. Os filhos de Eli carregavam a Arca da Aliança com uma vida impura. A Arca não os livrou da tragédia.

Há pastores vivendo na prática de pecados e ainda mantendo a aparência. Há muitos pastores que navegam no lamaçal de sites pornográficos para, depois, subir ao púlpito e exortar o povo à santidade. Essa atitude torna os pecados do pastor mais graves, mais hipócritas e mais danosos que os pecados das demais pessoas.

Segundo Hernandes Dias Lopes, há pastores que causaram mais males com seus fracassos do que benefícios com seu trabalho. Se um pastor perder a credibilidade, perde também o seu ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra. Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Pense nisso!

f) Ele é um despenseiro. Além dessas responsabilidades, o pastor age como o bom conciliador e administrador eclesiástico dos bens materiais, patrimoniais, das finanças e recursos humanos disponíveis para toda boa obra da Igreja Local.

2. O cuidado contra os falsos pastores

Lamentavelmente, existem falsos pastores no meio do povo de Deus. Existiu no Antigo Testamento e existe no Novo Testamento. Quando Deus levantou Jeremias e Ezequiel como profetas de Judá, Ele ordenou-lhes que repreendessem os pastores infiéis da nação.

No período do Antigo Testamento, todos os que tinham responsabilidades de lideranças, como os profetas, os sacerdotes e os reis, eram considerados pastores do povo de Israel. Quanto ao Rei, a sua missão era aconselhar e guiar o povo de Deus (1Sm.9:16; ler Dt.17:14-20); quanto ao Sacerdote, sua missão era santificar o povo, oferecer sacrifícios pelo povo e interceder pelos transgressores (Hb.5:1-3; ler Lv.10:8-11;16; 21:1-24); quanto ao Profeta, sua missão era preservar o conhecimento e manifestar a vontade do único e verdadeiro Deus (Ez.2:1-10; ler Dt.18:20-22). Deus se indignou contra os pastores que não respeitavam as ovelhas que lhe foram confiadas. Deus falou aos líderes de Judá que eles eram culpados de negligenciar e maltratar o rebanho dele. Disse Deus (Jr.23:1-4):

1. Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. 2. Portanto, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor. 3. E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão e se multiplicarão. 4. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor”.

Preste atenção nos termos que Ele usou para descrever a conduta desses pastores: destruir, dispersar, afugentar não cuidar. Pastores devem juntar, alimentar, cuidar, guiar e proteger. Mas, os pastores de Israel faziam tudo ao contrário. Uma coisa marcante aqui é a maneira que Deus fala do rebanho. Ele o descreve como “o meu povo”, “as ovelhas do meu pasto” e “as minhas ovelhas”. A linguagem dEle mostra o problema raiz do comportamento errado dos líderes. Eles não amavam o povo como Deus o amava. Para eles, ser pastor era uma posição de destaque, honra e privilégio. Mas, para Deus, ser pastor era e é uma posição de responsabilidade, sacrifício e amor.

Também, à época de Ezequiel, Deus foi contra os pastores infiéis de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes e profetas (Ez.34:2-6):

2. Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? 3. Comeis a gordura, e vos vestis da lã, e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.  4. A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. 5. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam.  6. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque”.

Nota-se que as palavras do Senhor dirigidas aos líderes de Israel são de condenação absoluta desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções executadas por eles, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves consequências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem.

Estas palavras, realmente duras da parte do Senhor, são motivadas pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus, e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e de forma abusiva. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo Pastor (cf. 1Pd.5:4).

CONCLUSÃO

O Dom Ministerial de Pastor é sobremodo importante, mas aqueles que aspiram ao pastorado precisam estar conscientes de que um pastor é alvo de grandes oposições e sofrimentos. O apostolo Paulo disse a Timóteo o seguinte: “Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” (1Tm.3:1). Concordo com Hernandes Dias Lopes, quando afirma que “precisamos de pastores que amem a Deus mais do que seu sucesso pessoal. Precisamos de pastores que se afadiguem na Palavra e tragam alimento nutritivo para o povo. Precisamos de pastores que conheçam a intimidade de Deus pela oração e sejam exemplo de piedade para o rebanho. Precisamos de pastores que deem a vida pelo rebanho em vez de explorarem o rebanho. Precisamos de pastores que tenham coragem de dizer “não” quando todos estão dizendo “sim” e, dizer “sim”, quando a maioria diz “não”. Precisamos de pastores que não se dobrem ao pragmatismo nem vendam sua consciência por dinheiro ou sucesso. Precisamos de pastores fiéis e não de pastores populares. Precisamos de homens quebrantados e não de astros ensimesmados” (Rev. Hernandes Dias Lopes. De: Pastor a: Pastor”). Amém!

O MINISTÉRIO DE EVANGELISTA

Texto Base: Atos 8:26-35; Efésios 4:11

"Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério" (2Tm.4:5).

Atos 8:

26.E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto.

27.E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração,

28.regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.

29.E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.

30.E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês?

31.E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.

32.E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca.

33.Na sua humilhação, foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.

34.E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo ou de algum outro?

35.Então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus.

Efésios 4:

11.E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do tema: “O Ministério de Evangelista”. Existe uma grande confusão feita em torno deste ofício no contexto das Assembleias de Deus no Brasil. Seria o "Evangelista" um oficial da Igreja, ou alguém dotado do "Dom Espiritual de Evangelista", independentemente de ser ou não um oficial (aquele que exerce um ofício eclesial)? A maioria dos estudiosos das Escrituras Sagradas considera que o Evangelista não é um cargo oficial da Igreja à luz da Bíblia. Muitos dizem que sim e citam Efésios 4:1. Mas, se o é, então, por qual razão "profetas" e "mestres" não o são? Se "Evangelista" é um cargo oficial à luz da Bíblia, por qual razão as Escrituras não prescrevem os pré-requisitos para o cargo (ou ofício), como nos casos de diáconos, presbíteros e bispos (1Tm.3:1-13; Tt.1:5-9)?

Estêvam Ângelo de Souza, em sua obra "Os Dons Ministeriais" (CPAD, 1993, p. 43), afirma que "devido a incorreta concepção do ministério de evangelista, vemos, às vezes, um 'Evangelista' ocupado com uma pequena igreja, completamente fora de sua função, ou mesmo, sem qualquer evidência deste dom ministerial. É evangelista simplesmente porque alguém o determinou ou porque lhe deram este nome. Isto nada tem a ver com o verdadeiro ministério de evangelista; isto não tem nenhum fundamento bíblico". Afirma ainda Estevam Ângelo: "Não temos informação de que Filipe fora ordenado como evangelista para Samaria", e que "[...] o poderoso dom de evangelista não é comum a todos os crentes; no entanto, a responsabilidade de pregar o Evangelho a toda a criatura é comum a todos os salvos, a quantos amam a Deus e a sua obra!" (Ibid., p. 48).

Nos dias dos Apóstolos, os Evangelistas eram missionários pátrios que efetuavam a missão evangelizadora da Igreja entre os judeus e depois aos gentios, em posição subordinada aos Apóstolos (Lc.10:1-17; Atos 8:4;11, 19). A missão primordial dos Evangelistas era a pregação das boas novas do Reino de Deus. Os Apóstolos e Profetas lançaram o fundamento da Igreja, e os Evangelistas edificaram sobre esse fundamento, ganhando os perdidos para Cristo. Cada membro da Igreja deve ser uma testemunha de Cristo (Atos 2:41-47; 8;4; 11:19-21), mas há pessoas a quem Jesus dá o Dom especial de ser um Evangelista, como ocorreu com o diácono Filipe.

No início da Igreja, o trabalho dos Evangelistas era uma obra itinerante de pregação orientada pelos Apóstolos, e parece ser justo chamá-los de a Organização Missionária da Igreja. O fato de não termos esse Dom não nos desobriga de evangelizar. Temos de Jesus a ordem para pregar o Evangelho, e em sua multiforme sabedoria Deus dispõe para a Igreja o poder necessário para proclamar o Evangelho com ousadia.

I. JESUS ENVIA OS SETENTA (Lc.10:1-20)

1.E, depois disso, designou o Senhor ainda outros setenta e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.

2.E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.

3.Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.

4.E não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho.

5.E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa.

6.E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.

7.E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casa.

8.E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante.

9.E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus.

10.Mas, em qualquer cidade em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei:

11.Até o pó que da vossa cidade se nos pegou sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já o Reino de Deus é chegado a vós.

12.E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade.

13.Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco de pano grosseiro e cinza, se teriam arrependido.

14.Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no Dia do Juízo do que para vós.

15.E tu, Cafarnaum, serás levantada até ao céu? Até ao inferno serás abatida.

16.Quem vos ouve a vós a mim me ouve; e quem vos rejeita a vós a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.

17.E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.

18.E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.

19.Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum.

20.Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus.

Este é o único relato nos evangelhos do Senhor enviando os setenta discípulos para pregar as boas novas. É bem semelhante à comissão dos Doze em Mateus 10. Todavia, ali os doze discípulos foram enviados às áreas do Norte, enquanto os setenta foram enviados ao Sul, ao caminho que o Senhor seguia a Jerusalém. Enquanto o ministério e o serviço dos Setenta foram somente temporários, as instruções do Senhor a esses homens sugerem muitos princípios de vida que se referem aos cristãos de todas as épocas.

1. São poucos os que anunciam

Quando Jesus enviou os trinta e cinco grupos de duas pessoas para alcançar as muitas cidades e aldeias que Ele ainda não tinha alcançado, Ele asseverou: “Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos” (Lc.10:2). Para se ter uma Seara é necessário ter obreiros no campo. Assim, muitas pessoas precisam ouvir a mensagem, mas há poucos obreiros dispostos a reuni-los. Embora Jesus tivesse enviado os Doze, e agora os Setenta, Ele lhes disse: “rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”. No serviço cristão, não há espaço para o ócio. Nenhum crente deve ficar sentado a olhar os outros trabalhar, porque a Seara é grande. Na Seara do Senhor a necessidade é sempre maior que a provisão de trabalhadores. Numa Organização, como é a Missionária, nem todos fazem a mesma coisa, mas todos trabalham, dentro de seu campo de atuação, visando um alvo comum. Se você não pode ir, você deve orar e contribuir financeiramente; se você não pode ir e nem contribuir, você deve orar pedindo ao Senhor para que outros possam ir e outros contribuam financeiramente. O importante é que todos participem!

2. Enviados para o meio de lobos

A Seara envolve um trabalho intenso e de inevitáveis perigos. Disse Jesus: “Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos” (Lc.10:3). Esses setenta discípulos estavam sendo enviados a um mundo que não era um lugar agradável, era um ambiente hostil. Jesus ordenou que eles fossem – “eu vos mando” -, explicando que eles iriam como “cordeiros ao meio de lobos”. O uso da palavra “cordeiros” se refere à sua vulnerabilidade, que poderia fazer com que eles dependessem mais de Deus. Aparentemente, eles estão sem defesa, como “cordeiros” no “meio de lobos”. Eles não podem esperar ser tratados bondosamente pelo mundo contrário à mensagem do Reino de Deus, mas, antes, ser perseguidos e até mortos.

A história da Igreja nos mostra que inúmeras pessoas pagaram com a vida por professar a fé em Cristo e pregar o Evangelho. Muitos evangelistas enfrentarão ainda muitas perseguições, sobretudo em países dominados por religiões anticristãs e fundamentalistas; nesses lugares, eles são comparados a cordeiros que se dirigem para o meio dos lobos. Nas últimas décadas, mais cristãos foram mortos no mundo que em qualquer outra época da história da Igreja, principalmente nos lugares onde há predominância da religião mulçumana, que prega morte aos cristãos e judeus. Enquanto muitos pregam que a glória é a insígnia de todo cristão, Paulo afirma que a marca distintiva do crente é a cruz – “E em nada vos espanteis... Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele...” (Fp.1:28,29). O sofrimento por causa do evangelho não é acidental, mas um alto privilégio. A cruz dignifica e enobrece.

Jesus fazendo menção a Paulo, logo após a sua conversão no caminho para Damasco, disse a Ananias: “pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:16). O apóstolo Pedro disse aos cristãos destinatários de sua Epístola: “mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome” (1Pd.4:16). Portanto, no ministério de Evangelista ninguém espere amenidades.

3. Os sinais e as maravilhas confirmam a Palavra

Os setenta discípulos completaram a sua missão em várias cidades e aldeias (Lc.10:1) e retornaram com alegria, porque até os demônios se submeteram a eles – “Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam” (Lc.10:17). Evangelização com milagres, sinais e prodígios são características do ofício Evangelista. Assim como os Doze Apóstolos receberam "poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda enfermidade e todo o mal" (Mt.10:1), os setenta evangelistas também estavam investidos da mesma autoridade espiritual. Jesus quer que seus seguidores lutem contra as forças do mal, expulsando os espíritos malignos e curando os enfermos. Essa demonstração de autoridade divina no conflito espiritual é a continuação da manifestação do reino de Deus na Terra.

Os discípulos ficaram muito contentes pelos sinais e as maravilhas que eles operaram. Trouxeram um relatório positivo da missão e cheios de alegria porque os demônios lhes sujeitaram. Porém, Cristo os advertiu para não fazerem do poder sobre os demônios, ou do sucesso da missão, uma fonte fundamental da sua alegria; deviam alegrar-se, sim, por estar os seus nomes escritos nos céus (Lc.10:20). Isso é uma grande lição para todos nós hoje que exercemos algum ministério no reino de Deus!

II. A GRANDE COMISSÃO (Mt.28:19,20; Mc.16:15-20)

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt.28:19,20).

A Grande Comissão é, sem sombra de dúvidas, a suprema tarefa da Igreja. As palavras de Jesus Cristo, relatadas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, apontam para alvo e objetivo que a Igreja deva alcançar. Templos, escolas, orfanatos, asilos para idosos, creches e hospitais, devem ser encarados no contexto da Igreja Local como acessórios; entretanto, a evangelização dos povos deve ocupar a primazia dos recursos financeiro e pessoal. A Igreja pode fazer tudo aqui na terra, mas se não fizer missões evangelísticas, não fez nada. Missões é urgente e essencial!

1. O alcance da Grande Comissão

Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do Reino de Deus (Atos 1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja:

ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt.28:19,20).

Nota-se que Jesus ordenou que o Evangelho fosse pregado a “todas as nações” ou a “todo o mundo” (Mc.16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (2Co.9:16).

A ordem do Senhor de ir “por todo o mundo” lembra-nos de que a evangelização é feita sem qualquer discriminação, sem qualquer parcialidade ou preferência deste ou daquele lugar, desta ou daquela nacionalidade.

  • Ir (proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura).
  • Ensinar (tanto aos novos convertidos como aos maturados na fé, tornando-os fiéis seguidores de Cristo).
  • Batizar (integrar os novos convertidos na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento por intermédio da ação do Espírito Santo em sua vida, e desfrute sempre da comunhão dos santos).

Estes são os grandes imperativos da Grande Comissão, que alcançam todo o mundo, a toda a criatura humana, independentemente da nacionalidade, etnia, sexo ou condição socioeconômica do homem (Gl.3:28).

2. O mundo está dividido em dois grupos

“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc.16:16).

Aqui, o Evangelho de Marcos destaca que há dois grupos de pessoas diante da mensagem de Jesus: os que creem e os que não creem. A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra.

Toda a humanidade é carente da graça de Deus e precisa decidir o seu futuro eterno crendo ou não no Evangelho. Não cabe à Igreja dizer a quem deve, ou não, ser pregada a Palavra. O Senhor foi enfático em dizer que toda criatura deve ouvir a mensagem do Evangelho, seja esta pessoa quem for. Nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo daquele tempo; mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo; e nós, o que estamos a fazer?

3. A Grande Comissão hoje

Sem dúvida, nestes últimos dias da Igreja do Senhor na Terra, a Grande Comissão ordenada por Jesus Cristo ainda é uma tarefa inacabada. O imperativo de Jesus continua tão forte como no dia em que foi proferido pela primeira vez, logo após a sua ressurreição.

O santo Evangelho continua sendo apresentada ao ser humano; a mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando-lhe, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna, continua em pleno vigor.

A Igreja hoje tem um enorme desafio a enfrentar ao alcance das almas perdidas, em face do isolamento social implementado pelos governos em todo mundo por causa do Covid-19. A fé de muitos está arrefecendo diante de tudo que está acontecendo. Em muitos lugares o número de cristãos está diminuindo, como está ocorrendo na Europa; neste continente, segundo informa o pr. Elinaldo Renovato de Lima, “cerca de 1.500 templos cristãos foram transformados em mesquitas, restaurantes, bibliotecas e casas de shows; recentemente, na Alemanha, cerca de 340 igrejas fecharam as portas; em Portugal, quase 300. A Holanda e a Inglaterra são países considerados ‘pós-cristãos’. Se a Igreja na Europa não experimentar um real e poderoso avivamento espiritual, em poucas décadas esse continente se tornará muçulmana ou o cristianismo não mais influenciará”.

Hoje, apesar dessa pandemia que alastra o mundo inteiro, há inúmeras meios de exercermos o ministério evangelístico: evangelização pessoal, evangelização por filmes, evangelização pelo rádio, pela televisão, pela internet, pela música, pelas mídias sociais usuais, etc. A Igreja fundada por Jesus Cristo é um organismo vivo, dinâmico e atuante neste mundo de miséria e pecado; nada a impede de cumprir a Grande Comissão.

III. O DOM MINISTERIAL DE EVANGELISTA

 “... outros para evangelistas...”(Ef.4:11).

1. O conceito de Evangelista

Os textos bíblicos que mencionam o ministério e a pessoa do evangelista são:

ü "No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista (que era um dos sete, ficamos com ele" (Atos 21:8).

ü "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres" (Ef.4:11).

ü "Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério" (2Tm.4:5).

O termo "evangelista" deriva do verbo grego “euangelizo”, que significa transmitir boas novas (do evangelho). Como Dom, refere-se àquele que é chamado para pregar o Evangelho. Na Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD, 1995, p. 1815), lemos o seguinte:

"No Novo Testamento, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, isto é, as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm.1:16).

O evangelista é essencial no propósito de Deus para a Igreja. A Igreja que deixa de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. A Igreja que reconhece o Dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (Atos 2:14-41)".

Carlos Alberto R. de Araújo, na obra: "A Igreja dos Apóstolos (CPAD, 2012, 206-208), afirma que o evangelista se enquadra na condição de um ministério itinerante, exercido para a proclamação do evangelho aos incrédulos, e que se enquadra entre os ministérios de liderança (Ef.4:11). Diferente dos Apóstolos que viajavam de cidade em cidade, os evangelistas exerciam um ministério local, contribuindo para a pregação do evangelho na região onde congregavam (Atos 20:1-3; 6,7,11,17; 21:8,9). Araújo, porém, não classifica os evangelistas como "oficiais" da Igreja.

No entendimento do Pr. Altair Germano, não há consenso ou firmeza em declarar que o "evangelista" era um "oficial" da Igreja. O cargo (oficial) não existe na grande maioria das denominações evangélicas e, quando existe, como no caso das Assembleias de Deus, uma grande confusão é feita em torno do mesmo. Por exemplo:

a)    O evangelista, na grande maioria dos casos, é um cargo conferido a alguém desprovido das características bíblicas necessárias (amor pelas almas, habilidade para pregar o Evangelho; sinais sobrenaturais no seu ministério, poder em sua mensagem, etc.).

b)    O cargo de evangelista ocupa uma posição hierárquica abaixo do pastor, o que não se sustenta exegeticamente. Esta hierarquia consiste numa "escadinha hierárquica" na seguinte ordem: auxiliar local, auxiliar oficial, diácono, presbítero, evangelista e pastor (e agora, em algumas convenções estaduais, "bispo" e "apóstolo"). Em razão disto, muitos evangelistas preferem (ou são chamados), pelas mais diversas razões, pelo título de "pastor". Muitos são os que em seus cartões, em cartazes de eventos e em outras ferramentas de identificação, divulgação ou publicidade, usam a designação de "pastor" em vez de "evangelista".

c)     Muitos evangelistas dirigem Igrejas, função exclusiva do pastor, deixando dessa forma de fazer o que lhe compete, que é o de pregar o evangelho aos perdidos. Acabam sendo criticados, e por vezes até hostilizados pela própria Igreja e companheiros de ministério.

d)    O cargo de evangelista é "dado" (também, pelas mais diversas razões) a quem não tem o Dom, enquanto muitos que tem o "dom espiritual de evangelista" nem oficiais da Igreja são, ou ocupam as funções de auxiliares, diáconos e presbíteros.

Segundo o Pr. Altair Germano, se o ofício de "evangelista" pudesse se fundamentar biblicamente, no mínimo, deveria ser praticado em nossas Igrejas de forma bíblica. Desta maneira, o comentário de Severino Pedro, no livro "A Igreja e as Sete Colunas da Sabedoria”, é bastante pertinente: ‘Nos dias atuais parece haver muitos avivalistas e poucos evangelistas. Existem Igrejas superlotadas de pregadores, mas vazias de ganhadores de almas. E, além disso, a verdadeira função do evangelista, é que ele deve ser visto mais fora da Igreja do que dentro dela [me refiro aqui Igreja local], isto é, que ele não seja somente visto numa função local; mas que sempre avance na direção das almas perdidas sem Cristo; fundando novas Igrejas e comunidades’.

2. O papel do Evangelista

Como Dom, o papel do Evangelista é pregar o Evangelho. Foi concedido por Deus para que, através da mensagem centralizada na cruz de Cristo, ganhasse pessoas para o Reino de Deus. Uma das maiores características de um evangelista é a sua paixão por pregar às pessoas; não importa o número, se uma pessoa, se dezenas, centenas ou milhares, o que importa é pregar Jesus, o crucificado e ressurreto.

Diferentemente dos “apóstolos” que, em geral, viajavam para uma cidade, e permaneciam evangelizando ali a fim de organizarem uma nova Igreja Local (Atos 20:1-3, 6,7,11,17; 21:8,9), os “evangelistas” possivelmente auxiliavam na proclamação do Evangelho aos incrédulos junto às Igrejas já construídas, qual Filipe, o evangelista que residia na cidade de Cesaréia (Atos 21:8). Ou seja, os evangelistas proclamavam a Palavra na região onde estavam congregados. Paulo, cônscio da importância deste Dom, disse a Timóteo: “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm.4:5).

3. A finalidade do ministério do Evangelista

Como Dom, o Ministério do Evangelista tem como finalidade cumprir a Grande Comissão determinada por Jesus Cristo - ganhar almas para Cristo e instruí-las nas doutrinas fundamentais da vida espiritual (Hb.6:1,2), a fim de que, superada a fase inicial, possam prosseguir por conta própria na caminhada para o Céu.

O Evangelista é o anunciador das boas-novas da salvação; é aquele que está na linha de frente do “ide” de Jesus; ele tem habilidade especial para diagnosticar a condição do pecador, sondar sua consciência, encorajar a decisão por Cristo e ajudar o convertido a encontrar segurança na Palavra de Deus.

Portanto, o Ministério de Evangelista não é para exercer cargo na Igreja, e sim cumprir a Grande Comissão ordenada por Jesus. Segundo o Pr. Altair Germano, “o cargo de evangelista não se fundamenta com muita clareza à luz das Escrituras; se há alguma insistência com relação a este mister, isso se sustenta basicamente à luz da ‘tradição’ da Igreja, mas não das Escrituras Sagradas”.

CONCLUSÃO

Nestes últimos dias da Igreja na Terra, precisamos ver cada vez mais evangelistas escolhidos pelo Senhor, que sejam cheios do Espírito Santo, conheçam profundamente as Escrituras Sagradas, operem sinais e maravilhas, despertem a fé e contribuam sobremaneira para a preparação dos santos à obra de Deus. Que Deus nos conceda evangelistas como John Wesley, Jonathan Edwards e David Wilkerson, homens que impactaram o mundo com a proclamação do Evangelho e o testemunho de amor ao próximo.