Texto Áureo: I Co. 10.23 – Texto Bíblico: I Co. 10.1-13
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos um dos assuntos mais controvertidos no contexto de uma sociedade pluralista e relativista, a ética cristã. Nesta aula nos voltaremos para os fundamentos, inicialmente para o conceito de ética cristã, e em seguida, para os fundamentos dessa ética. Ao final, destacaremos, como também o faremos ao longo das lições, que essa é uma ética que diz respeito àqueles que vivem em Cristo, alicerçados na Sua Palavra.
1. ÉTICA QUE É CRISTÃ
A palavra ética vem do grego ethos, e remete aos tempos de Aristóteles, filósofo que amplamente discutiu o tema. O conceito de ética costuma ser confundido com o de moral, a primeira palavra é de origem grega, enquanto que a segunda é de origem latina. A ética, na perspectiva filosófica, diz respeito aos fundamentos dos comportamentos humanos, enquanto que a moral está associada aos costumes propriamente ditos. A ética diz respeito aos pressupostos, às razões pelas quais alguém é e age, a moral, por sua vez, é a expressão concreta da ética. A ética que é cristã, como a própria terminologia explicita, tem como pressuposto os ensinamentos de Cristo. As bases que determinam, ou pelo menos que deveriam determinar, o agir dos cristãos deveriam está alicerçados nas palavras de Jesus. A esse respeito, é preciso ter cuidado para não confundir a Ética Cristã com uma Ética Evangélica. Há tradições no seio da religiosidade cristã, mesmo entre as doutrinas evangélicas, que necessariamente não estão fundamentadas em Cristo. Um exemplo prático desse equívoco ocorreu quando passagens do Antigo Testamento, sem uma interpretação apropriada, foram usadas a fim de legitimar o preconceito racial em alguns países. A ética que é cristã precisa se fundamentar em Cristo, e não depende de pressupostos humanos, antes dAquele que se fez carne, e habitou no meio de nós (Jo. 1.1,14).
2. OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ
De certo modo, antecipamos no tópico anterior que a base da ética que é cristã é o próprio Cristo. Existem muitos pressupostos éticos na sociedade, a maioria deles se fundamenta na racionalidade, no materialismo, ou mesmo na tradição. O pluralismo e relativismo ético se sustentam porque o ser humano decidiu viver a revelia de Deus. Por causa disso, temos testemunhado muitas atrocidades na sociedade, tendo em vista que o próprio Deus entregou o gênero humano a sua própria dissolução (Rm. 1.26). Por esse motivo, temos testemunhado nas diversas esferas sociais a maldade que se prolifera em todos os contextos, desde os familiares até os políticos. O homem moderno “matou” Deus em seus corações, alguns deles até acreditam que Ele existe, mas vivem como se não existisse. Na medida em que o tempo passa, a sociedade está serrando o galho sobre o qual ela mesma esta sustentada. O tombo sobrevirá de repente, e as consequências serão drásticas. Os cristãos, fundamentados na Palavra de Deus, devem alertar em relação aos riscos, mas não podemos impor nossa visão sobre a sociedade. Precisamos também ter cuidado para não eleger alguns pecados em detrimento de outros. Alguns evangélicos se posicionam com veemência contra a sexualidade fora dos padrões bíblicos, mas não fazem o mesmo em relação à injustiça social.
3. NÓS, PORÉM...
O fundamento ético para os cristãos é a Palavra de Deus, faz-se necessário que essa seja interpretada apropriadamente, a fim de evitar excessos e pressupostos a priori. Toda Escritura é divinamente inspirada, é Palavra de Deus (II Tm. 3.16), mas nem todos os textos têm o mesmo valor revelacional. Jesus é a chave-hermenêutica das Escrituras, Ele mesmo afirmou que essas serão compreendidas a partir dEle (Lc. 24.32). A utilização indevida de passagens bíblicas, algumas delas sem fundamento doutrinário, e em alguns casos descontextualizadas, pode resultar em posicionamentos éticos que não se sustentam biblicamente. Em I Co. 10.1-13, por exemplo, Paulo faz um contraponto entre a ética que é cristã - a maneira como os cristãos devem viver - e a ética daqueles que se apartaram de Deus. O Apóstolo faz a diferença entre “nós” – os cristãos que devemos viver a partir da Palavra – e “eles” – os israelitas que seguiram seus próprios caminhos, e não atentaram para a orientação divina. Semelhantemente, nós os cristãos devemos ser sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13-16), vivermos como cidadãos dos céus e súditos do reino de Cristo (Mt. 5-7). A ética que é cristã impõe mais responsabilidade sobre aqueles que seguem a Cristo, considerando que nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt. 5.20).
CONCLUSÃO
A sociedade contemporânea, regida pela natureza pecaminosa, está envolvida em uma confusão ética, uma verdadeira torre de Babel (Gn.11). Cada um segue seu rumo, de acordo com aquilo que acha que é melhor, ninguém se entende (Jz. 21.25). Nós, porém, não devemos nos apartar das Sagradas Letras, pois elas nos farão sábios para a salvação, e nos conduzirão à santificação (II Tm. 3.14-17), atentando para os sadios princípios interpretativos, tendo Cristo com a chave-hermenêutica.
BIBLIOGRAFIA
HAYS, R. B. The moral vision of the New Testament. New York: HarperOne, 1996.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016.