MIQUÉIAS – A IMPORTÂNCIA DA OBEDIÊNCIA


Textos: I Sm. 15.22 – Mq. 1.1-5; 6.6-8


INTRODUÇÃO: Uma das declarações comumente repetidas da Bíblia se encontra em I Sm. 15.22 “eis que obedecer é melhor do que o sacrificar”. Miquéias, através da mensagem profética, chama a atenção a esse respeito. Para aprendermos a respeito desse assunto, estudaremos esta semana, sobre a importância da obediência. Inicialmente apontaremos os aspectos contextuais de Miquéias, em seguida sua mensagem, e por último, a aplicação para a igreja contemporânea.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS: Miquéias, cujo nome significa “quem é como Deus?”, natural de Moresete, nas proximidades de Gate, cerca de 32 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, profetizou para Israel (Reino do Norte) e Judá (Reino do Sul). Miquéias foi contemporâneo do profeta Isaias, o estilo inclusive assemelham-se. O propósito central do seu livro é mostrar ao povo que o julgamento de Deus estaria próximo, bem como o perdão divino para aqueles que se arrependessem dos seus pecados e se dispusessem a obedecer a Palavra do Senhor. O versículo-chave do livro se encontra em Mq. 6.8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?”. O livro foi escrito por volta de 742 a 687 a. C., durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, em um período de prosperidade sem precedentes, mas politicamente conturbado, registrado em II Rs. 15-20 e II Cr. 26-30. Israel e Judá viviam com base na ostentação, davam pouco interesse a Deus. Enquanto isso Tiglate-Pileser III (745-727) expandia o território da Assíria, que viria a se tornar uma potência mundial. A mensagem é caracteristicamente poética, constituindo-se em um clássico da literatura hebraica, repleta de paralelismos. O livro pode ser assim dividido: 1) o julgamento que virá sobre o povo e a liderança (Mq. 1-3); 2) a restauração que virá através do reino do Messias (Mq. 4-5); e 3) dois apelos ao arrependimento e a promessa de salvação de Deus (Mq. 6,7).

2. A MENSAGEM DE MIQUÉIAS: O profeta inicia sua mensagem descrevendo o julgamento que sobreviria sobre Samaria, a capital de Israel. Ainda que este seja temível, deveria ser visto como parte da justiça divina, pois Seus atos são corretos (M1.1.1-16). Um dos pecados do povo era social, pois os ricos defraudavam os mais pobres, arrebatavam as suas terras, causando fome e necessidade (Mq. 2.1-5). Os falsos profetas se levantaram contra o profeta de Deus, motivados por interesses financeiros, já que recebiam salários dos líderes corruptos (Mq. 2.6-11). Essa liderança corrupta, juntamente com os religiosos, ignorava a justiça divina, e proclamava uma paz aparente (Mq. 3.1-12). Mesmo assim, o juízo de Deus sobreviria sobre a nação, mas Ele não permitiria que Seu povo fosse totalmente destruído. Haveria esperança, pois no futuro haverá um mundo onde reinará a verdadeira paz, em que não haverá mais guerra (Mq. 4.1-4). Um Rei, que nasceria em Belém (Mq. 5.1-4), triunfará, depois que o povo for purificado pelo castigo, uma alusão ao período da Tribulação (Mq. 5.5-15). Esse Rei é Jesus, que nasceu em Belém (Lc. 2.4-7), e que no futuro virá como o Príncipe da Paz (Is. 6.9; Ap. 19-22). Antes disso Israel precisará se arrepender dos seus pecados (Mq. 6.1-2), fazer o bem e andar humildemente diante do Senhor (Mq. 6.3-8), pois Deus não terá o culpado por inocente (Mq. 6.9-16). Miquéias lamentou a derrota de Israel e a corrupção da sociedade na qual vivia (Mq. 7.1-7), mas concluiu com uma mensagem de esperança, pois um dia a nação se voltará para o Senhor (Mq. 7.11-17). O Deus de Israel é compassivo e perdoador, e fiel para cumprir as Suas promessas (Mq. 7.18-20).

3. PARA HOJE: Miquéias tem muito a dizer para a igreja destes dias, a começar pelo seu nome: Quem é igual a Deus?. Essa é uma pergunta que as igrejas cristãs precisam fazer constantemente. De vez em quando esquecemos que Deus exige exclusividade, e O substituímos por ídolos (Mt. 4.10). As seduções do presente século estão conquistando muitas igrejas, que estão se distanciando dos princípios bíblicos (Gl. 1.7-9). A corrupção está invadindo muitas igrejas, a liderança, a fim de tirar proveito financeiro, está fazendo concessões com a verdade (Ap. 2.10,15). A mensagem de Deus continua sendo a mesma, por isso não podemos deixar de fazer o bem (Gl. 6.9). Esta geração volúvel precisa aprender a se manter firme e constante na obra do Senhor, ciente que tudo o que fazemos para Ele não é vão (I Co. 15.58). A sociedade moderna endeusou o dinheiro, não busca outra coisa senão a prosperidade financeira (Mt. 6.24). Mas a igreja, em obediência à Palavra de Deus, deve ser rica perante Deus (Lc. 12.16-21), e não se fundamentar nas riquezas materiais (Ap. 3.17,18). Ao invés de pactuar com a corrupção, deverá denunciá-la, somente assim estará cumprindo seu ministério profético (I Tm. 3.15). O reino da igreja não é deste mundo, pois Jesus, o Rei dos reis, que nasceu em Belém, já governa sobre seus súditos (Jo.18.36). Ele também é o Bom Pastor, pois entregou Sua vida pelas ovelhas, e as conhece individualmente, chamando-as pelo nome (Jo. 10.11-14). Suas ovelhas O obedecem, pois escutam a Sua voz, nela se comprazem, sabem que nEle há vida abundante (Jo. 10.4,10).

CONCLUSÃO: O Senhor é o nosso Pastor, por isso de nada temos falta, Ele nos é suficiente (Sl. 23.1). Essa agradável revelação nos motiva à obediência, não como um fardo pesado a ser carregado, mas por amor (Jo. 14.21). A obediência a Deus é resultado de um andar constante com Deus, por meio do qual o Espírito Santo produz o Seu fruto (Gl. 5.22). Aqueles que seguem por esse caminho não estão imunes ao pecado, mas quando pecam, se arrependem e o confessam, buscando o Senhor, que é misericordioso para perdoar (I Jo. 1.9; 2.1). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

JONAS – A MISERICÓRDIA DIVINA


Textos: Jn. 3.10 – Jn. 1.1-3,15,17; 3.8-10; 4.1,2


INTRODUÇÃO: A misericórdia de Deus incomoda a muita gente, os religiosos não admitem que um Deus condescendente com o pecador. Há até cristãos que não conseguem conviver com a graça – o favor imerecido de Deus – aos pecadores. No estudo desta semana, a partir de Jonas, aprenderemos a aceitar o princípio da misericórdia. A princípio trataremos a respeito de alguns aspectos do livro, em seguida, sua mensagem, e por último, sua aplicação para hoje.

1. ASPECTOS CONTEXTUAIS: Jonas, o filho de Amitai, o “profeta patriota”, residente em Jerusalém, um dos profetas de Deus em Israel, chamado para profetizar contra Nínive, a capital do império Assírio. O propósito do seu livro é mostrar a extensão da misericórdia (Deus não trata o pecador como merece) e da graça divina (Deus oferece ao pecador o que não merece). A data provável do livro é 785 – 760 a. C., no tempo de Jeroboão II (II Rs. 14.25), época em que a Assíria era o maior inimigo de Israel e conquistou a nação em 722 a.C. O versículo-chave se encontra em Jn. 4.11 “E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”. Esse livro apresente uma característica especial em relação aos outros profetas, ele traz apenas uma mensagem profética, que se encontra em Jn. 3.4. Trata-se, portanto, de um gênero narrativo, mas que não deixa de ter um caráter profético, pois revela a mensagem de Deus em relação aos pecadores, independentemente da nação. Alguns teólogos argumentam que a narrativa de Jonas seria apenas uma parábola, por conseguinte, não conteria fatos históricos. Mas não existem evidências que comprovem tal afirmação. O testemunho de Cristo a respeito da história de Jonas mostra que se trata de uma história verídica (Mt. 12.38-42). O livro apresenta a seguinte estrutura: Deus comissiona Jonas para ir a Nínive, e este O desobedece, sendo engolido por um grande peixe, (Jonas 1,2); Deus reenvia Jonas para Nínive, a cidade se arrepende dos pecados, por isso o profeta fica amargurado (Jn. 3,4).

2. A MENSAGEM DE JONAS: Jonas recebeu a missão de Deus para pregar em Nínive, mas foge e segue para Tarsis (Jn. 1.1-4). Por causa da fuga, o navio no qual o profeta se encontra é ameaçado por terrível tempestade. Diante de tal ameaça, Jonas testemunha da sua relação com o Deus de Israel e sugere que seja lançado ao mar (Jn. 1.5-16). Eles obedecem a orientação do profeta, mas depois que está na água, Jonas é engolido por um grande peixe, este preparado por Deus (Jn. 1.17). Do interior do animal, denominado por ele de “ventre do abismo” (Jn. 2.2), Jonas ora a Deus e se rende, reconhecendo sua desobediência, e lembrando-se do Senhor (Jn. 2.7), e propondo-se a obedecê-lo (Jn. 2.9). Após sua oração de rendição, por ordem soberana de Deus, o peixe lança Jonas em terra seca (Jn. 2.10). Em obediência a Deus, mesmo contra a vontade própria, Jonas segue para Nínive, por onde caminha anunciando a destruição iminente da cidade (Jn. 3.1). O profeta não desejava que as pessoas se arrependessem, pois se tratavam de inimigos de Israel. Mas o povo, atemorizado com a mensagem, se volta para Deus, o próprio rei decreta jejum (Jn. 3.3.5-9). Acontece justamente o que Jonas temia, o povo deu ouvido à palavra de Deus, o profeta patriota ficou amargurado, pois por causa do arrependimento dos ninivitas Deus exerceu misericórdia (Jn. 4.1-4). Enquanto Jonas se encontra fora da cidade, Deus ordena a uma vinha que cresça para dar sombra ao profeta (Jn. 4.5,6). Mas no outro dia um verme consome a planta, fazendo com que o profeta fique deprimido, desejoso de morrer (Jn. 4.7,8). Deus dá uma lição a Jonas, revelando Sua misericórdia aos pecadores (Jn. 4.9-11).

3. PARA HOJE: Os cristãos receberam do Senhor uma missão, na verdade, uma Grande Comissão, da qual não podem fugir, a de fazer discípulos de todas as nações (Mt. 28.19-20). Uma igreja genuinamente cristã não foge da responsabilidade de testemunhar do evangelho de Jesus Cristo até aos confins da terra (At. 1.8). O evangelho de Cristo é a verdade de que a salvação vem do Senhor, pois Jesus é a salvação dos pecados (Mt. 1.9,21). Ciente dessa missão, devemos levar adiante a palavra de Deus, que é mais afiada que espada de dois gumes, que penetra nas divisões da alma e do espírito, juntas e medulas, e que julga os pensamentos e atitudes do coração (Hb. 4.12). Não poucas vezes queremos colocar Deus dentro do nosso escopo, queremos que Ele julgue de acordo com nossas vontades. Jesus se deparou com esse problema na religiosidade da sua época. Os fariseus não admitiam que Ele estivesse entre os pecadores (Lc. 5.30-32). Aqueles religiosos achavam que apenas eles eram dignos de Deus, mas Jesus os surpreende afirmando que publicanos e prostitutas o precederiam no Reino dos céus (Mt. 21.32). Esse é o principal entrave da religião humana, ela está fundamentada na auto justiça, não atenta para a verdade evangélica de que todos são pecadores, necessitados salvação pela graça divina (Rm. 3.23; Ef. 2.8,9). As pessoas que pensam que são boas perante Deus, e que por isso não precisam de arrependimento, tendem à hipocrisia (Lc. 18.11; 23.27-28). E esta, por sua vez, pode fazer com que as pessoas não se apercebam dos seus pecados, convivam com eles como se tudo estivesse normal, mesmo dentro das igrejas (Ap. 3.17,18).

CONCLUSÃO: A mensagem do evangelho de Jesus Cristo é de salvação, devemos levá-la a todos, indistintamente, arrebatando-os do fogo (Jd. 23). Deus, em sua misericórdia, não tem em conta o tempo da ignorância, antes anuncia a todos, em todo lugar, que se arrependam (At. 17.30). Mas devemos também lembrar que não há nenhum justo, nenhum sequer, portanto, todos se fizeram inúteis perante Deus (Rm. 3.10-12). Por isso, tenhamos cuidados para não agir como os fariseus, e deixarmos de exercitar a misericórdia (Mt. 23.23), pois graças a esta podemos nos aproximar de Deus (Ef. 2.3-5; I Tm. 1.13-16; Hb. 4.16). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!