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ÉTICA CRISTÃ E SUICÍDIO


Texto Áureo: Jo. 10.10   – Texto Bíblico: I Sm. 31.1-6

INTRODUÇÃO
A sociedade moderna considera o suicídio um tema bastante desafiador, e esse não pode ser desconsiderado pela igreja cristã. Na aula de hoje trataremos a respeito desse assunto, ressaltando, inicialmente, sua complexidade, seu enfoque bíblico, e o mais importante, a atuação da igreja diante do suicídio. É preciso ressaltar, a princípio, que a igreja não pode antecipar o julgamento, e não pode afirmar que determinada pessoa foi ou não para o céu, por ter praticado suicídio.

1. O PROBLEMA DO SUICÍDIO
O suicídio é um desafio de proporção sociológica, e que tem preocupado as autoridades, em virtude da sua alta incidência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressaltou que o número de mortes por suicídio aumentou 60% nas últimas décadas. O suicídio não alcança apenas as camadas mais baixas – em termos socioeconômicos, países com índice de desenvolvimento elevado estão no topo das ocorrências. Existem fatores diversos para o suicídio, dentre eles, as próprias condições climáticas. Existem sociedades que têm maiores propensões ao suicídio, por causa da vergonha ou mesmo de frustração diante do fracasso. Não podemos negar que vivemos em uma sociedade adoecida, marcada pela competitividade, e descaso em relação aos mais vulneráveis. Estamos fomentando a cultura do desespero, a ausência de expectativas em relação ao futuro pode levar pessoas a optar pelo suicídio. O índice de suicídio está relacionado, por exemplo, à perda repentina de bens materiais. O secularismo, e o apego às coisas materiais, faz com que as pessoas percam as esperanças quanto ao futuro. Em 1929, em decorrência da queda brusca da bolsa de valores nos Estados Unidos, várias pessoas cometeram suicídio, por terem perdido quantias vultosas em dinheiro. Mas existem outros fatores que não podem ser desconsiderados, tais como doenças mentais que estão acometendo várias pessoas ultimamente, tanto fora quanto dentro das igrejas. É recomendável ter cautela, e evitar generalizações em relação as causas do suicídio, bem como das suas implicações eternas.

2. O SUICÍDIO NO TEXTO BÍBLICO
Não existem textos bíblicos que tratem doutrinariamente a respeito do suicídio, podemos apenas nos valer de alguns casos nos livros históricos, que tão somente constatam que pessoas, diante de situações adversas, apelaram para essa prática. Podemos citar o caso de Saul que se lançou sobre a espada, a fim de não ser morto pelos seus inimigos, o que seria considerado uma vergonha (I Sm. 31.4,5). Há outros casos, tais como o de Aitofel, conselheiro de Absalão, que não suportou a rejeição (II Sm. 17.23) e o rei Zinri, que foi derrotada e ficou apavorado, tirando a própria vida (I Rs. 16.18,19). No Novo Testamento, Judas Iscariotes é o caso mais emblemático, que depois de ter traído Jesus, e ser tomado pelo sentimento de remorso, lançou-se de um penhasco, tendo suas entranhas derramadas (At. 1.18). Esse é o único caso que atestamos de suicídio no Novo Testamento, e não há menção direta a respeito do assunto, nos posicionarmos a respeito sempre a partir de inferências de outras passagens bíblicas. Se assumirmos uma posição honesta em relação ao tema, a partir de uma visão bíblica, reconheceremos que temos poucas passagens para fazer qualquer avaliação em relação ao futuro daquele que o cometeu. Costuma-se apelar para Ex. 20.13, a fim de determinar que o suicídio é um tipo de assassinato, e aplicar a eles todas as penalidades decorrentes. A discussão, no entanto, recairá no campo semântico, a fim de avaliar até que ponto o suicídio pode ser considerado especificamente um assassinato. E se assim for, do mesmo jeito que existem casos nos quais o assassinato é justificado, poderia-se dizer o mesmo a respeito de alguns casos de suicídio?

3. A IGREJA DIANTE DO SUICÍDIO
A igreja cristã se equivoca ao fazer juízo antecipado em relação ao futuro daquele que cometeu suicídio. Inicialmente, devemos deixar bem claro que não devemos ser favoráveis a essa opção, muito menos defender que esse solucionará o problema. Afirmar que as pessoas foram para o céu ou para o inferno porque comentaram suicídio também não fará muita diferença, principalmente no contexto de uma sociedade que se torna cada vez mais secularizada, e cada vez menos acredita que esses existam. O suicídio se instaurou na sociedade por causa da cultura da morte que predomina, tendo em vista que as pessoas estão cada vez mais destituídas de alguma esperança. Os cristãos podem contribuir para diminuir a onda de suicídio, mas para isso precisam se engajar na cultura da vida, considerando que o próprio Jesus é a Vida Abundante (Jo. 10.10). Devemos fazer eco às propostas sociais que estão lutando pela vida, inclusive ao Setembro Amarelo, levando a mensagem de esperança que se encontra no Evangelho de Cristo. Mais uma vez, criminalizar ou mesmo julgar em relação ao suicídio aumenta mais do que resolve o problema. Com isso não defendemos ir ao outro extremo, o de defender que aqueles que o cometem também estão salvos. Na verdade, nada podemos dizer a esse respeito, podemos apenas silenciar e “chorar com os que choram”, compete somente a Deus avaliar, e julgar soberanamente cada caso, até porque nunca saberemos, com propriedade, o que levou determinada pessoa a cometer esse ato.

CONCLUSÃO
Há alguns anos, o filho do pastor americano Rick Warren, autor do aclamado Uma Vida com Propósitos, depois de várias tentativas frustradas, conseguiu uma arma e pôs fim a sua vida. Ao invés de fazer qualquer julgamento a respeito daquele ato, a igreja decidiu apoiar aquele casal, e ajudar a atenuar a dor daquela perda tão traumática. Esse é o papel da igreja, e isso é o que significa ser igreja, precisamos ser as mãos de Cristo, estendidas para ajudar os que sofrem.

BIBLIOGRAFIA
KAISER JR, W. C. O cristão e as questões éticas da atualidade. São Paulo: Vida Nova, 2015.
PLATT, D. Contracultura. São Paulo: Vida Nova, 2016.