ATUALIDADE DOS ÚLTIMOS CONSELHOS DE TIAGO


Textos:  Tg. 5.7-20


•INTRODUÇÃO
Tiago conclui sua Epístola apresentando vários conselhos aos seus ouvintes. No estudo desta semana atentaremos para esses conselhos, ressaltando sua atualidade para a igreja contemporânea. O primeiro deles diz respeito à importância da paciência, precisamos aprender a suportar as aflições e esperar em Deus. O segundo está relacionado às orações, devemos interceder por aqueles que estão aflitos, e confiar na eficácia da oração. O terceiro orienta quanto à restauração dos desviados, e também da unção com óleo.

•1. A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA
Em uma sociedade imediatista as pessoas não têm mais paciência para esperar. A mensagem de Tiago, a esse respeito, é bastante pertinente. Devemos aguardar, sobretudo, a volta do Senhor Jesus, sem perder a esperança (Tg. 5.7-11). Nos atuais há aqueles que não mais aguardam a vinda do Senhor, tornaram-se tão secularizados que são incapazes de se voltarem para as verdades espirituais. Essa esperança nos coloca em uma posição ética, principalmente no uso da língua, tendo o cuidado de não fazer juramentos inapropriados (Tg. 5.19). A paciência do agricultor deve servir de inspiração para todos os cristãos, considerando  que somos desafiados pela Palavra a ter esperança, mesmo diante das adversidades. O agricultor não tem controle do tempo, por isso entrega-se ao Deus da providência que, ao Seu tempo, enviará a chuva. Como cristãos, somos advertidos a frutificar, devemos ser produtivos na fé (Lc. 13.6-9; Gl. 5.22,23). Os profetas de Deus nos deixam o exemplo de paciência, pois mesmo sendo vituperados, não se distanciaram da Palavra de Deus. Estevão, em seu sermão, lembrou o sofrimento dos profetas, que se sacrificaram na defesa da revelação que receberam de Deus (At. 7.52). As perseguições, conforme nos ensinou Jesus, não devem nos distanciar da verdade, muito pelo contrário, somos bem-aventurados por sofrer por causa do Senhor (Mt. 5.11,12). Paulo deixa claro, pera seu filho na fé Timóteo, que todos aqueles que querem viver piamente padecerão perseguição (II Tm. 3.2). O fundamento da nossa esperança está na Palavra de Deus, pois tudo o que nela está escrito serve para constância e consolação, para não perdermos a esperança (Rm. 15.4).Tiago lembra que Jó foi um homem que padeceu muitas aflições, mesmo assim, não perdeu a esperança diante das adversidades, antes glorificou o Senhor (Jó. 13.15). Deus tem Seus propósitos, e para isso permitirá que sejamos afligidos, com vistas à maturidade espiritual do crente (Jó. 42.5).

•2. A EFICÁCIA DA ORAÇÃO DO JUSTO
Diante da provação, devemos encontrar conforto não apenas na Palavra, mas também na oração. Ao invés de murmurar, precisamos nos voltar para a oração, buscando consolo na presença do Senhor. Através da oração Deus, de acordo com Sua soberana vontade, pode modificar as situações. Quando Deus não muda o curso da adversidade, nos dá através da oração, a força para enfrentá-la (II Co. 12.7-10). Através da meditação na palavra e na oração Deus alegra o coração do crente, dando-lhe poder para superar os momentos de aflições (Tg. 5.13). A maturidade cristã é medida pela capacidade do crente enfrentar as aflições com fidelidade (Hb. 11). Mesmo diante do sofrimento o cristão pode cantar hinos de louvores a Deus (Jó. 35.10), como fizeram Paulo e Silas na prisão (At. 16.25). Devemos orar pelos nossos irmãos, sentindo suas necessidades, intercedendo pelas suas dificuldades, inclusive cura das enfermidades. Inicialmente destacamos que os cristãos não estão imunes às doenças, conforme apregoam alguns adeptos da teologia da saúde. O cristão pode ser afligido por doenças, considerando que estamos em um mundo caído, portanto estamos sujeitos às mesmas intempéries pelas quais passam os descrentes. Nem todas as doenças são resultantes de pecados, algumas delas servem para que o Senhor seja glorificado (Jo. 9.3,4). Mas existem casos específicos de enfermidades que decorrem de pecado, são doenças que se alojam no corpo e na alma por causa de práticas pecaminosas (Tg. 5.15,16). Em tais casos, os presbíteros da igreja devem ser chamados, e o pecador deve confessar seu pecado em arrependimento, e Cristo, o Paracleto, perdoará os pecados, podendo também restituir a saúde (I Jo. 1.9). Em tais casos os presbíteros deverão orar impondo as mãos sofre o enfermo, e a oração da fé, em conformidade com a vontade de Deus, será eficaz na cura do doente (I Jo. 5.14,15). Os presbíteros também devem ungir o enfermo com óleo, e ouvir a confissão daquele que se encontra em pecado. A confissão, no contexto de Tiago, tem um valor terapêutico, através das palavras, o pecador recebe não apenas o perdão de Deus, mas também se desfaz do fardo da culpa.  Não devemos desprezar a oração, pois essa é poderosa em seus efeitos, podemos realizar muito para o Senhor, se dependermos dEle através da oração (Tg. 5.17,18). Tiago nos lembra do exemplo de Elias, que era um homem sujeitos as mesmas fraquezas que temos, mas que confiou em Deus, e teve resposta das suas orações em momento oportuno (I Rs. 18.41-46). A instrução em oração pelos desviados é uma tarefa importante para os cristãos, em amor devemos conduzi-los ao caminho da verdade (Lc. 22.32). Uma das missões dos cristãos é arrebatar do fogo aqueles que se encontram em condição de risco ao longo da jornada da fé (Jd. 23).

•3. A UNÇÃO COM ÓLEO
A unção com óleo não é uma assunto simples de ser tratado, e tem gerado variadas controvérsias teológicas ao longo da história da igreja cristã. Tiago recomenda a unção com óleo, pelos presbíteros, àqueles que os chamam, para confessarem seus pecados, e obterem saúde, através da oração (Tg. 5.14). É preciso deixar bem claro o que está revelado nesse texto, inicialmente a unção deve ser dada indistintamente, sem que a pessoa tenha solicitado. Não há qualquer respaldo bíblico para a unção de objetos, como acontece em algumas igrejas evangélicas. A unção com óleo não deve ser entendida como um sacramento, como o fazem algumas igrejas, defendendo que essa é necessária para que a pessoa seja salva. A unção com óleo não é suficiente para que alguém seja salvo, a salvação depende da graça de Deus, demonstrada em fé com arrependimento de pecados (Ef. 2.8.9). A unção com óleo, no texto de Tiago, nada tem a ver com extrema unção, trata-se de uma intervenção não para morte, mas para a vida. Devemos compreender o texto também no contexto da época, o óleo era um componente medicinal entre os judeus, associado ao tratamento de algumas enfermidades. Com base nesse princípio, temos respaldo para consultar os médicos, e fazer o tratamento conforme nos é orientado, ao mesmo tempo em que confiamos na intervenção divina, o próprio Jesus lembrou que os doentes precisam de médicos (Mt. 9.9-13). A instrução pra que os presbíteros da igreja orem pelos enfermos, ungindo-os com óleo é uma orientação comum, que nada tem de especial. O próprio óleo em si mesmo não tem poder, independentemente da sua procedência, seja do Brasil ou de Israel. Diante dos excessos que temos testemunhado em algumas igrejas, precisamos manter o equilíbrio espiritual a esse respeito. Não devemos proibir a unção com óleo, mas precisamos reprovar os exageros, compreendendo que sua função principal é restaurar a saúde física, sobretudo espiritual do enfermo.

•CONCLUSÃO
Tiago desafia os cristãos a viver uma vida cristã autêntica, sobretudo, equilibrada, que se fundamente em extremismos. Seus conselhos são práticos, e nos orientam para uma fé que seja manifesta através de obras. Mesmo diante das adversidades, devemos manter a fé firme no Senhor, que prometeu que retornaria para buscar Sua igreja (Jo. 14.1). Enquanto isso não acontece, devemos resistir às tentações, e ser fortes diante das provações. Na comunidade de fé precisamos ajudar uns aos outros, orando por aqueles que se encontram em condição de fragilidade, restaurando-lhe ao caminho da verdade (Jo. 14.6). PENSE NISSO!

Deus é Fiel e Justo!

PECADOS DE OMISSÃO E DE OPRESSÃO

Textos: Tg. 5.1-6


•INTRODUÇÃO
Vivemos em mundo dominado por Mamom, o deus das riquezas, a adoração a essa divindade tem ceifado muitas vidas. No estudo desta semana veremos a respeito desse assunto, ressaltando os perigos de se dobrar diante do dinheiro (Mt. 6.24). Quando se trata de dinheiro, nem sempre os cristãos estão conscientes que podem pecar tanto por omissão quanto por opressão. Por isso, destacaremos neste estud que há um processo de naturalização desse tipo de pecado, de forma que as pessoas julgam normal a opressão, principalmente dos mais pobres.

•1. O PECADO E O PERIGO DAS RIQUEZAS
O mundo jaz no maligno, e o dinheiro pauta as decisões, regidas por Mamom, o deus das riquezas (Mt. 6.24). Há aqueles que querem atenuar o papel do dinheiro nesta sociedade, admitindo que esse é bom. No entanto, a visão de Jesus, em relação às riquezas, é negativa (Mt. 6.19-21), bem como a de Paulo (I Tm. 6.10). Qualquer pessoa sóbria reconhecerá que o dinheiro tem trazido mais mal do que bem à humanidade. Diariamente vidas são ceifadas por causa da busca desenfreada pelas riquezas (Pv. 11.28). Os ricos estão ficando cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. Entre os cristãos há aqueles que admitem essa realidade como se isso fosse normal. Existem até aqueles que se envolvem em negócios escusos, e querem justificar tais procedimentos como se fosse benção do Senhor. Os recursos que deveriam ser investidos nas necessidades básicas da  população, tais como saúde e educação, são desviados para benefício de poucos, resultando em enriquecimento ilícito. As igrejas tem sido cúmplice dessa realidade, considerando seu pecado de omissão. Existem até líderes  que se beneficiam economicamente das alianças políticas. Na medida em que esses auferem lucros por meio da política corrupta, estão contribuindo para a manutenção de  um sistema opressor, que desfavorece os mais pobres. É uma tristeza chegar aos hospitais públicos, e também atestar as dificuldades pelas quais passa a educação do nosso país. Os filhos dos mais abastados frequentam escolas particulares, nem sempre de boa qualidade, enquanto que as escolas públicas se encontram em condição precária. Se refletirmos a respeito dessa condição, chegaremos à conclusão de que somos todos culpados. Nesses dias que antecedem as eleições, precisamos avaliar bem nossos candidatos. Não adianta votar em um candidato apenas porque é cristão, é preciso ponderar sobre seu compromisso social. A agenda moralmente cristão também não é critério suficiente, devemos também averiguar seu preparo para lidar com as demandas dos mais necessitados.

•2. PARA OS PECADOS DE OMISSÃO
Tiago destaca o pecado da ilicitude no trato do dinheiro, especialmente quando pessoas são oprimidas (Tg. 5.1). No meio cristão a famigerada teologia da ganância, geralmente denominada de prosperidade, serve de fomento para propagar a desigualdade social. Existem cristãos que acham normal ver os pobres passar por carências. Os fundamentalistas tentam até encontra justificativas morais, argumentando que as pessoas são pobres porque se distanciam de Deus. Antigamente se explicava a imponência americana com base em sua formação cristã. Mas o que dizer da China, que nunca teve um compromisso com a fé cristã, por também desfruta de prosperidade? A relação entre prosperidade e riqueza é falaciosa, não tem qualquer fundamentação bíblica. Existem pessoas simples nas igrejas, que não dispõem de condição financeira favorável, mas que são verdadeiros servos e servas de Deus. Por outro lado, há alguns que têm contas bancárias vultosas, mas que vivem de maneira descompromissada com a palavra de Deus. Os ricos, tanto aqueles que estão dentro das igrejas, quanto os que estão do lado de fora, irão prestar contas diante de Deus (Tg. 5.4). Ter recursos financeiros é mais do que um privilégio, é também uma responsabilidade. Ecoando as palavras de provérbios, Tiago lembra que existem aqueles que se enriquecem usufruindo das carência dos pobres (Pv. 22.16,22). Desde a Antiga Aliança Deus já havia advertido ao povo de Israel para que esse não se aproveitasse dos mais pobres (Dt. 24.14,15; Lv. 19.13). Tiago denuncia o pecado da ostentação, os ricos pecam quando vivem regaladamente, gastam seu dinheiro em coisas supérfluas, apenas para mostrar seu poder de compra (Tg. 5.4). Até mesmo o tráfico de influência é condenado por Tiago, os juízes serão penalizados pelo Senhor, aqueles que se vendem na coorte, para retirar o direito do mais necessitado (Tg. 5.6). Através do profeta Isaias o Senhor chama a atenção dos juristas que criam leis injustas, tão somente visando o desfavorecimento dos pobres (Is. 10.1). Deus já havia orientado os juízes para que não fossem gananciosos (Ex. 18.21), muito menos parciais (Lv. 19.15), e que não aceitassem suborno (Dt. 19.16-19).

•3. PARA OS PECADOS DE OPRESSÃO
Amós é um exemplo de profeta que não pactua com os pecados de omissão, e denuncia os pecados de opressão (Am. 5.12,13). De igual modo, Tiago chama a atenção daqueles que acumulam riquezas como um fim em si mesmo. Evidentemente isso nada tem a ver com o cuidado previdente, associado à manutenção da família (II Co. 12.14; I Tm. 5.8; Mt. 25.27). Mas devemos ser cautelosos para não confiarmos nas riquezas, o cristão não pode colocar seu coração no dinheiro. Jesus censurou o rico insensato que pensou ser o dono da própria vida (Lc. 12.15-21). A vida é passageira, e as riquezas não podem garantir vida eterna (I Tm. 6.17). Tiago lembra que as riquezas são passageiras (Tg. 5.2,3), com Paulo assume que nada trouxemos para esse mundo, e que dele nada levaremos (I Tm. 6.7). Portanto, devemos investir na piedade com contentamento (I Tm. 6.6). Há pessoas que estão sendo devoradas pelas próprias riquezas, a paixão pelos bens do presente século está correndo as suas almas (Tg. 5.3). Patrões, sejam eles evangélicos ou não, prestarão contas a Deus quanto à maneira que trataram seus empregados. Os empregadores cristãos têm a responsabilidade de tratar com justiça seus empregados. Eles não podem abusar financeiramente dos seus trabalhadores, atentando para as normas trabalhistas do nosso país. Ao invés de exercitar a ganância, somos orientados pela Palavra a viver com generosidade (II Co. 6.10). E mais que isso, devemos também trabalhar para modificar as estruturas sociais arraigadas neste país. Não podemos acatar com naturalidade práticas que são consideradas normais. Existem pessoas que não fizeram opção pela pobreza, elas se encontram em tal condição por causa da injustiça social. Os cristãos devem dar o exemplo, não apenas “dando o peixe”, mas também “ensinando a pescar”. E quando necessário, denunciar atitudes que cerceie o direito dos pobres e necessitados.

•CONCLUSÃO
O pecado é uma realidade, em sua etimologia grega, a palavra significa “errar o alvo”. Fato é que todos pecaram, e por isso foram destituídos de Deus (Rm. 3.23). Mas a graça de Deus, em Jesus Cristo, nos dá gratuitamente a vida eterna (Rm. 6.23). A salvação em Cristo nos impele à responsabilidade social, não podemos nos furtar da defesa pelos mais pobres.  A naturalização da injustiça pode nos conduzir à omissão, e se não estivermos atentos, à opressão. Como cristão, devemos fazer a diferença na sociedade, auxiliando aos mais necessitados, e contribuindo para a melhoria e funcionamentos das estruturas sociais, para o bem da coletividade. PENSE NISSO! 

Deus é Fiel e Justo!