Textos: Jo. 14.23 – Sl. 119.41-50
irmaoteinho@hotmail.com
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OBJETIVO: Mostrar que a verdadeira igreja de Cristo tem a Bíblia por fundamento, e a ela se submete em todas as coisas.
INTRODUÇÃO: Um dos problemas cruciais, ao longo da história da igreja, foi a identificação do papel que a Bíblia deveria ocupar em relação à igreja. Ciente dessa problemática, analisamos, no estudo desta semana, a relação entre a Igreja e a Bíblia. A princípio, mostraremos como o Catolicismo Romano abordou essa questão, em seguida, veremos o posicionamento adotado pela Reforma Protestante. Ao final, refletiremos a respeito da importância do resgate a esse princípio reformado, restaurando, à igreja, a condição de serva da Palavra de Deus.
1. A IGREJA E O CÂNON DA BÍBLIA: Ao longo da história da igreja houve uma tensão entre a autoridade eclesiástica e a bíblica, e essa se tornou mais intensa na constituição do cânon. A palavra “cânon” significa “vara de medir”, “regra” e “norma”. No sentido teológico, refere-se à identificação dos livros que de fato foram inspirados pelo Espírito Santo para a instrução e salvação em Jesus Cristo (II Tm. 3.16,17). A igreja, no ano de 397 d. C., a partir de determinados critérios, entre eles, a autoridade do autor do livro e a evidência interna de inspiração, elegeu os livros que deveriam compor a Bíblia. A canonicidade, por conseguinte, é determinada pela inspiração, não pela igreja. É Deus, e não a igreja, quem valida a autoridade da Bíblia. O sentido de “cânon” é aplicado, às Escrituras, em sua acepção ativa, isto é, a Bíblia, e somente esta, é a norma de fé e prática da Igreja. A verdade transmitida pelas Escrituras Sagradas, e por nenhum outro meio, é que constituiu cânon ou fundamento das verdades da fé. Os 29 livros do Antigo Testamento, e os 27 do Novo, que atualmente compõem a Bíblia, baseados em critérios, prioritariamente internos (no texto bíblico), e posteriormente, externos (no contexto eclesiástico), fundamentados na inspiração do Espírito Santo, perfazem os 66 livros da Bíblia.
2. CATOLICISMO: A BÍBLIA SERVA DA IGREJA: Ainda que a Igreja Católica Romana dê certa proeminência à Bíblia, seus teólogos, freqüentemente, a subordinam à tradição. O Concílio Vaticano II afirmou que tanto a Escritura quanto a tradição são sagradas e têm, ambas, procedência divina. Nessa concepção, a Igreja está investida com autoridade para determinar o que deva ser crido, ainda que uma determinada crença esteja em desacordo com a Bíblia. Como resultado dessa posição, muitos dogmas surgiram, ao longo da história do catolicismo romano, que não se coadunam com a revelação bíblica, basta citar, como exemplos, a Assunção de Maria e a Infalibilidade Papal. No período da Idade Média, o conceito de Escritura, dentro do Catolicismo, foi ampliado a fim de abranger não só os escritos bíblicos, bem como os apócrifos e os textos dos país da igreja que eram considerados normativos.
3. REFORMA: A IGREJA SERVA DA BÍBLIA: A Reforma Protestante não rejeitou a tradição cristã, mas a subordinou ao crivo da Escritura. A máxima Sola Scriptura – somente a Escritura – norteou o pensamento dos reformadores, principalmente diante do embate teológico com a Igreja Romana. De acordo com Lutero, “a igreja de Cristo não tem poder para estabelecer qualquer artigo de fé, nunca estabeleceu e jamais estabelecerá qualquer um deles”. O teólogo protestante Karl Barth afirmou, com bastante propriedade, que “a Escritura está nas mãos da igreja, mas não debaixo do poder da igreja”. De modo que, para o pensamento reformado, a igreja deva interpretar a Bíblia sob a direção do Espírito Santo, pois é Ele quem aprofunda, amplia e ilumina a verdade bíblica para a igreja (I Co. 2.10-14). A igreja precisa ter cautela para não impor a sua agenda ao Espírito e a Escritura, manipulando textos em conformidade com seus interesses.
4. A SUBMISSÃO DA IGREJA À PALAVRA: Seguindo o princípio reformado, a Igreja busca na tradição bíblica o alicerce para sua fé e prática. O compromisso da igreja cristã é com a verdade, não aquela resultante de meras discussões humanas, mas da Palavra de Deus (II Co. 4.1,2). A exposição da Bíblia, nos púlpitos das igrejas evangélicas, precisa se tornar prática comum. Essa atitude é necessária porque, em virtude dos movimento pós-pentecostais (denominados por alguns de neopentecostais) estão colocando a experiência acima da Palavra. É tarefa da igreja a proclamação da mensagem do evangelho de Jesus Cristo conforme testemunhado por profetas e apóstolos (Mt. 28.19,20; Mc. 16.16). Faz-se necessário também que se retorne à exposição bíblica, isto é, a prática de ler um texto, melhor ainda, um livro da Bíblia, fazer um explanação versículo por versículo, deixando que Deus fale e aplica a Palavra às igrejas. Algumas igrejas usam a Bíblia, mas a transformam numa “colcha de retalhos”, certos pregadores coletam os versículos bíblicos de acordo com seus interesses pessoais. A submissão à Palavra de Deus se dá através da leitura e exposição textual, sem deixar de considerar o estudo exegético, e, ao mesmo tempo, sem deixar de dar liberdade ao Espírito para falar aos corações.
CONCLUSÃO: A igreja de Jesus não se deixa levar por tradições humanas, não é escrava da razão ou dos interesses subjetivos de quem quer que seja. Ela se dobra diante da Palavra de Deus, é a Bíblia, e não qualquer outro livro ou pensamento, que dita as regras de fé e prática daqueles que estão em Cristo. Toda igreja genuinamente evangélica prima pela exposição bíblica a fim de ouvir o que o Espírito tem a dizer e a obedecê-LO (Ap. 2.7,11.16). PENSE NISSO!