Textos: Ap. 5.10 – Ex. 28.1-11
INTRODUÇÃO
A escolha dos sacerdotes, na família de Arão, tinha o propósito do serviço, eles também tinham a responsabilidade de representar a Deus diante do povo. No estudo desta semana atentaremos para a importância do serviço sacerdotal diante de Deus e do Seu povo. Ao final, mostraremos que esse ofício deveria ser exercitado com temor ao Senhor, e que, no Novo Pacto, formos escolhidos para sacerdotes, ministros na igreja de Cristo.
1. SACERDÓCIO: SERVIÇO PARA DEUS
A expressão “para que me ministre”, nesse texto, ocorre cinco vezes, ressaltando a relevância do ofício sacerdotal. Antes de ministrar ao povo, os sacerdotes deveriam ministrar, isto é, servir, diante de Deus. Essa é uma valiosa lição para aqueles que ministram na igreja de Cristo, não podem se esquecer de que estão diante de Deus. A burocratização na administração eclesiástica tem feito com que muitos obreiros deixem de levar o ministério cristão. Isso acontece principalmente no contexto de igrejas que são tratadas como empresas, e em alguns casos, como grandes negócios. A escolha de Arão, e da sua família, para ministrar como sacerdotes, foi um ato gracioso de Deus. Ele é soberano, e escolhe as pessoas para o Seu trabalho, conforme Lhe apraz (Jo. 15.16). Após a morte de Arão, Eleazar tornou-se seu sucessor (Nm. 20.22-29), o trabalho prossegue, as pessoas passam, mas a obra continua. Ninguém deve se achar insubstituível, mesmo depois do cativeiro babilônico, os descendentes de Itamar deram continuidade ao ministério sacerdotal (Ed. 8.1,2). Nós, obreiros e obreiras no trabalho do Senhor, devemos buscar, primordialmente, agradá-Lo. Como escreveu Paulo a Timóteo, não devemos ter do que nos envergonhar, manejando bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15). O Amor ao Senhor deve ser o grande crivo na escolha de obreiros para a seara do Senhor, isso porque antes de partir, Jesus perguntou a Pedro se esse O amava, responsabilizando-o para o ministério (Jo. 21.17). Há obreiros que amam a obra, o dinheiro que obra dar, até as pessoas da obra, mas não amam a Deus, por isso fracassam. Quando amamos a Deus, tudo o mais flui naturalmente, não precisamos fazer esforço, acabamos parecendo artificial (Mt. 22.34-40) Em relação às vestes sacerdotais, essas tinham um papel importante na identificação do serviço. As vestimentas davam dignidade e glória (Ex. 28.1), distinguindo-os do restante do povo, o uso daquelas roupas os colocava em posição de risco, caso as instruções não fossem obedecidas (Ex. 28.35,43). Como cristãos, devemos estar revestidos da justiça de Deus em Cristo (Gl. 3.27,28), para nos apresentarmos diante de Deus de acordo com Sua vontade.
2. SACERDÓCIO: SERVIÇO PARA O POVO
As peças da vestimenta sacerdotal não eram meros adereços, elas tinham uma simbologia própria, representavam o ministério diante do povo. As peças de roupas eram sete: calções (Ex. 28.42,43), uma túnica branca (Ex. 28.39), e por cima desta uma sobrepeliz azul, com campainhas e romãs na orla (Ex. 28.3-35); a estola sacerdotal, que era composta por uma veste sem mangas, feita de ouro, estofo azul, púrpura e carmesim e presa por ombreiras incrustadas de joias, e um cinto; e um peitoral com joias, colocado por cima da sobrepeliz com correntes de ouro presas às ombreiras (Ex. 28.9-30), com uma lâmina de ouro em que estava escrito: “Santidade ao Senhor” (Ex. 28.36). A estola era uma veste simples de linho, sem mangas, que ia até os calcanhares. Juntamente com o cinto era feita de linho branco, bordado com estofo azul, púrpura e fios carmesins. Nas ombreiras da estola tinha os nomes de seis tribos de Israel, de acordo com sua ordem de nascimento, gravados em uma pedra ônix. Isso mostra que o sumo sacerdote entrava na presença do Senhor em nome do povo. As duas pedras de ônix revelam a importância do povo, uma lição primorosa para os líderes eclesiásticos. Parece redundante, mas o povo de Deus a Ele pertence, e a Ele prestaremos contas da forma como conduzimos o rebanho (At. 20.28-31). Não apenas os líderes, mas toda a igreja está no mundo para servir ao Senhor, e também às pessoas, Cristo é o maior exemplo de liderança servidora (Lc. 22.27; Jo. 13.12-17). O peitoral era um pedaço de tecido quadrado e duplo, com muitos bordados, que tinha um palmo de cumprimento, e um de largura, localizado no peito do sacerdote, pendurado por duas correntes de ouro. Nesse peitoral havia doze pedras, cada uma delas representando uma tribo de Israel. O sacerdote, por conseguinte, carregava o povo no peito, próximo ao coração. Os obreiros do Senhor devem ter o povo no coração, amá-lo como fez Cristo, e se necessário, entregar a vida por ele (I Jo. 3.16-18), como também fez Paulo (Fp. 1.7). Como as pedras eram diferentes, as pessoas da igreja também as são, e devem ser respeitadas na sua diversidade. Ainda dentro do peitoral ficavam o Urim e o Tumim, que quer dizer “luzes e perfeições”, eram usadas para determinar a vontade de Deus. Não existem informações detalhadas como elas eram utilizadas, mas era de responsabilidade do sacerdote identificar a revelação de Deus através delas (Ex. 28.30). O Urim e o Tumim da igreja do Senhor é a Sua palavra (Sl. 119.105), ela revela a vontade de Deus, a qual deve ser obedecida (J. 7.17; Sl. 25.8-11; Rm. 12.1,2).
3. SACERDÓCIO: NO TEMOR DO SENHOR
A sobrepeliz azul, usada por baixo da estola, não tinha costuras, representando a perfeição. O colarinho em torno da abertura para a cabeça era tecido de modo que não se rasgasse, isso diz respeito à reputação do sacerdote, ninguém poderia desabonar sua conduta. Na orla de suas vestes existiam romãs, feitas de estofo azul, púrpura e carmesim, que ficavam dependuradas. Essas romãs apontavam para a abundância de frutos, que deveriam ser produzidos pelos sacerdotes. Junto a essas romãs ficavam as campainhas, que indicavam a ministração do sacerdote no Lugar Santo. As campainhas indicam que devemos demonstrar ao mundo que estamos ministrando não para nós mesmos, antes para o Senhor, e para o povo. A mitra era usada pelo sumo sacerdote, os demais sacerdotes usavam apenas turbantes de linho, com a mensagem: “Santidade ao Senhor”. Essa é uma mensagem na qual devemos meditar, muitos cristãos atualmente pensam que foram chamados para serem felizes. Mas, na verdade, o chamado de Deus para nós é para a santificação (Lv. 11.44,45), esse ensinamento foi enfatizado por Pedro aos cristãos do Sec. I, e serve também para nós hoje (I Pe. 1.15,16). O sacerdote carregava a mitra para demonstrar seu temor diante da santidade de Deus, o sacrifício de Cristo nos torna aceitável diante do Senhor (I Pe. 2.5). Os sacerdotes morreriam se não observassem as orientações de Deus em relação as vestes, sobretudo a purificação (Ex. 28.35,43). Como cristãos devemos demonstrar reverência ao Senhor, e santo temor (Hb. 12.28). Isso não significa que devemos estar tristes, muito pelo contrário, o temor a Deus deve nos conduzir à alegria (Sl. 2.11). Temor nada tem a ver com medo, é bem verdade que estremecemos diante da grandeza de Deus, mas podemos nos aproximar dEle, pelo caminho que Cristo nos consagrou (Hb. 9.1-14).
CONCLUSÃO
A igreja do Senhor Jesus é, neste mundo, sacerdócio santo, e um sacerdócio real, adquirido pelo Seu sangue, derramado na cruz (I Pe. 2.5,9). Para tanto, deve ser fiel na proclamação das virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pe. 2.9). Como cristãos no mundo, devemos ministrar às pessoas, debaixo da orientação da Palavra, e conduzidos pelo Espírito, com temor e tremor (Fp. 2.12). O mundo precisa do sacerdócio da igreja, ainda que não saiba, e a igreja, não pode se identificar com o mundo, sob pena de deixar de ser sal e luz (Mt. 5.13,14). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!