Textos: I Co. 2.4,5 – I
Co. 12.4-11
INTRODUÇÃO
Os dons de poder são classificados dentro dessa categoria
porque estão relacionados à manifestação de curas e milagres, através de uma fé
sobrenatural. Como é peculiar dos milagres, dizem respeito à realização de
maravilhas, cuja causa é Deus, que tem todo poder sobre a natureza, sendo Ele
mesmo Seu Criador. No estudo desta semana aprenderemos sobre os seguintes dons de poder
com base em I Co. 12.4,9,11: dom de fé, dons de curar e dom de operação de
maravilhas.
1. O DOM DE FÉ
A fé, de acordo com o autor da Epístola aos hebreus, “é a certeza
de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb. 11.1), e
vai mais além, afirma que “sem fé é impossível agradar a Deus” (v. 6). Mas essa
fé (gr. pistis) não é a fé enquanto dom, trata-se da fé enquanto aspecto do
fruto do Espírito. Em Gl. 5.22, essa fé é traduzida em algumas versões como
fidelidade. É uma segurança plena em Deus, mesmo diante das situações mais
adversas. De modo que Moisés abandonou o Egito e não ficou amedrontado com a
cólera do rei; antes permaneceu firme como quem vê Aquele que é invisível (Hb.
11.27). Essa fé também deve ser diferenciada daquela para a salvação, tendo em
vista que a fé vem pelo ouvir, pela Palavra de Deus (Rm. 10.17; Ef. 2.8). A fé
denominada salvífica opera para a salvação, que resulta em uma confiança na
suficiência do sacrifício de Cristo (Jo. 3.16). Ainda existe a fé como conjunto
de crenças, a doutrina defendida pela igreja, a ortodoxia que se diferencia da
heterodoxia (I Tm. 1.19; II Tm. 2.18). A fé como dom é uma operação
sobrenatural, geralmente instantânea, com vistas à operação de alguma cura ou
milagre. Quando o cristão de verdade recebe essa fé, tudo se torna possível, grandes coisas
podem acontecer (Mc. 9.23). Essa fé independe da atuação humana, pois é
totalmente dependente de Deus. Em alguma circunstância, quando Deus quer
operar, Ele libera uma porção de fé sobre o cristão de verdade. Quando isso acontece, os
cristãos de verdade são instrumentalizados com poder, para alterar o curso natural da
realidade (Mt. 14.30; Lc. 17.3-6). Foi com essa fé que Jesus ressuscitou Lázaro
(Jo. 11) e libertou a filha de uma mulher Cananéia (Mt. 15.22-28). Existe uma
relação muito próxima entre a fé dom e a cura (Mt. 9.22). Jesus ressaltou, em
várias ocasiões, que a fé de uma determinada pessoa resultou em cura (Mt. 8.13;
9.26-29; Mc. 5.34). Paulo também observou essa fé miraculosa, através da qual
Deus fez que um paralítico andasse (At. 14.8-10). É esse tipo de fé pela qual devemos orar, pedindo
a Deus, a fim de que possamos fazer proezas para Deus (Lc. 17.3-5).
2. DONS DE
CURAR
Os dons de curar (gr. charismata iamaton) são
apresentados no plural no Novo Testamento grego, ressaltando, assim, que se
trata de uma diversidade, mesmo entre as possiblidades de curas. Não podemos
esquecer que o Espírito distribui os dons como lhe apraz. Por conseguinte, nem
todos recebem os dons, e mesmo entre os que recebem os dons de cura, esse não
sana todas as enfermidades. Por isso não é apropriado ao cristão afirmar que
possui o dom de curar, pois, na verdade, o que acontece é o uso de Deus, para a
cura de determinadas enfermidades. Jesus curou muitas pessoas pelo dom do
Espírito Santo, mas não curou a todos e nem todas as enfermidades (Mt.
20.30-34), um exemplo disso é a cura do paralítico próximo ao tanque de Betesda
(Jo. 5.1-9). A cura do corpo precisa ser percebida dentro de uma perspectiva
teológica mais ampla, que envolve a glorificação do corpo, que se dará no
futuro, na dimensão escatológica (I Co. 15.51-54). Ela aponta também para o
passado, quando Cristo, na cruz, carregou nossas transgressões (Is. 53.4,5).
Mateus, em seu relato evangélico, reafirma essa doutrina, reconhecendo que Jesus
tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças (Mt. 8.16,17).
Para evitar equívocos e extremos em relação às doenças e enfermidades, e não as
associarmos com os pecados das pessoas, tal como fizeram alguns discípulos de
Jesus (Jo. 9.1,2), precisamos saber que estamos em mundo caído (Rm. 5.12). Por
essa razão estamos sujeitos às enfermidades, como qualquer pessoa que habita
essa terra. Existem casos de doenças decorrentes do pecado (Tg. 5.14-16), mas não
podemos fazer generalizações, tal como os amigos de Jó, afirmando que ele
adoeceu por causa do pecado, tal pensamento foi repreendido por Deus (Jó. 42.7).
Há também enfermidades causadas por operações malignas, mas isso também não é
regra geral (Lc. 13.16; At. 10.38). Em termos práticos, o dom de cura pode ser
manifesto por meio da oração da pessoa enferma, dos membros da igreja (Tg.
5.16), e pela imposição de mãos (Mc. 16.18). Reafirmamos, como temos feito ao
longo destes estudos, que os dons de curar nada têm a ver com técnicas
medicinais. Por outro lado não devemos nos apor à intervenção médica, o próprio
Jesus ressaltou a importância dos médicos para os doentes (Mc. 2.17). Ninguém
deve ser estimulado a abandonar um tratamento médico sem que a cura seja
clinicamente atestada. Esse cuidado evita frustrações posteriores,
principalmente escândalos dentro e fora da igreja. Ao mesmo tempo, enquanto
oramos pelos enfermos, entregando-os nas mãos de Deus, para serem curados,
assumimos, com fé, que Jesus é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb. 13.8).
3. DOM DE
OPERAÇÃO DE MARAVILHAS
O dom de operação de maravilhas (gr. energemata
dynameon) está relacionado à operação de milagres. Este, por sua vez, é um
evento ou efeito no mundo físico, que não se coaduna às leis da natureza ou que
sobrepuja o conhecimento de tais leis. Os milagres de Jesus chamavam a atenção
daqueles que os testemunhavam (Mt. 9.33; Mc. 4.41). O Senhor enviou Pedro ao
mar, para fisgar um peixe, e ao abri-lo, em conformidade com a palavra, retirou
uma moeda da boca do peixe (Mt. 17.27). Paulo também foi usado por Deus para
realizar maravilhas, as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos
malignos se retiravam das pessoas oprimidas (At. 19.11,12). Os milagres são
sinais, eles apontam para o caráter messiânico de Cristo, para demonstrar que
Ele é o Senhor, principalmente o Salvador da humanidade. Os milagres não são
espetáculos, não devem ser usados para ganhar dinheiro, muito menos para fazer
publicidade. O objetivo central dos milagres é a glorificação de Deus, no Seu
filho Jesus Cristo (Jo. 14.12,13). ). Lucas testemunha que o ministério de Cristo
foi aprovado por Deus com milagres, prodígios e sinais (At. 2.22). Quando os
milagres apontam para Cristo, as pessoas glorificam a Ele, se voltam para
adorá-LO, reconhecendo-O como Senhor e Salvador (Lc. 19.37). Os missionários
experimentam com poder a operação de maravilhas, os sinais tendem a acompanhar
aqueles que se dedicam à evangelização (Mc. 16.15,16). Por isso Deus, pelas
mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários (At. 19.11). Os milagres, durante
a vida ministerial, comprovam que o Pai está em Cristo, e que Cristo está
conosco (Jo. 10.38). O espanto decorrente dos milagres pode servir para que as
pessoas se voltem para Deus (Mc. 7.37), assim ocorreu quando Jesus ressuscitou
o filho da viúva de Naim (Lc. 7.11-16). Muitos creram no Senhor por meio dos
milagres realizados pelos apóstolos (At. 9.32-32). A pregação do reino de Deus
deve anteceder a ministração da cura, nunca o contrário como fazem alguns
pregadores televisivos (Mt. 10.7,8).
CONCLUSÃO
As igreja cristãs de verdade que pregam a verdade escrito da Palavra de Deus, precisa despertar para o valor
desses dons de poder: fé para realizar milagres, dons de curar para libertar os
enfermos e operações de maravilhas. Todos esses dons têm como objetivo precípuo
a adoração a Deus, glorificar o Filho, Jesus Cristo, por meio de quem
realizamos proezas para Deus, também nos dias atuais (Jo. 14.12). Para tanto,
devemos pedir ao Senhor uma fé sobrenatural, a fim de que possamos realizar
grandes coisas para Deus. PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!