Textos: Ef. 3.10 – Ef. 3.8-10; I Pe. 4.7-10
•INTRODUÇÃO
Os dons espirituais e ministeriais são dados à igreja com vistas à edificação dos santos. Para tanto, conforme veremos no estudo desta semana, devem ser utilizados como graça, não como merecimento. A partir desse fundamento, ninguém se colocará sobre os demais na igreja, reconhecendo que somos um, em Cristo. O alicerça do uso apropriado dos dons espirituais é o amor-agape, sem o eles não passarão de metal que soa ou címbalo que retine (I Co. 13.1).
•1. MULTIFORMIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Os dons do Espírito são dádivas de Deus, distribuídos para a igreja como LHE apraz, com vistas à edificação do Corpo de Cristo (I Co. 12.7; 14.4,12). Há um problema quando o cristão pensa ser proprietário de determinado dom. Isso porque os dons pertencem ao corpo de Cristo, à coletividade, para a unidade dos membros (I Co. 12.14-30). Cada dom é importante quando percebido na totalidade, e se algum deles, como o de profecia, é considerado melhor, é justamente pela funcionalidade, a possibilidade de edificação de toda a igreja (I Co. 14.1). É importante destacar que os dons são de propriedade do Espírito Santo, que distribui de acordo com as necessidades da igreja, para o que for útil (I Co. 12.11). A manifestação dos dons espirituais na igreja, em conformidade com I Co. 12-14, deve ser normatizada, a fim de evitar excessos e desordens no cultuar (I Co.14.40). Ninguém deve confundir dons espirituais com espiritualidade, isso quer dizer que uma igreja pode ser fervorosa, mas pouco espiritual, e às vezes, carnal (I Co. 3.3). A espiritualidade depende do amor-agape, que exime a igreja de carnalidades, ainda que essa seja dotada de vários carismas (I Co. 13). Em Ef. 4.11 nos deparamos com os dons ministeriais, que são diferentes dos dons espirituais de I Co. 12 e 14. Os dons ministeriais são também denominados de dons da ressurreição, ou dons de Cristo. Isso porque em Ef. 4 Paulo revela que Cristo, ao ressuscitar, deu pessoas-dons à igreja. Essas pessoas-dons atuam no ministério: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres e doutores. Essas pessoas servem na/para igreja, a fim de que os cristãos cresçam em maturidade (Ef. 4.15,16). Ao longo do livro de Atos que não tem fim, identificamos várias manifestações desses dons, tanto os espirituais quanto os ministeriais. À luz desse livro é possível compreender a função desses dons não apenas para a igreja primitiva, mas também para a igreja dos dias atuais. Uma igreja poderosa depende do poder do Espírito Santo para cumprir sua missão na terra (At. 1.8). Esse mesmo Espírito possibilita que os cristãos sejam usados nos seguintes dons: profecia, línguas, interpretação, fé, milagres, curas, sabedoria, conhecimento e discernimento de espíritos. Cristo, o Senhor da igreja, presenteia a igreja com ministérios, pessoas que servem a igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres e doutores.
•2. A GRAÇA E SABEDORIA DE DEUS NOS DONS
A graça de Deus se há manifestado em Cristo, trazendo salvação para todos aqueles que buscam justificação em Seu sacrifício (Tt. 2.14). Ele é o Maior dom de Deus entregue à humildade, trata-se de uma demonstração do amor divino (Jo. 3.16). Paulo reconhece que Deus prova Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm. 5.8). Devemos sempre dar graças a Deus pelo Seu Dom Inefável, que é o próprio Cristo, expressão da salvação de Deus, do Seu favor imerecido (II Co. 9.15). Se não merecíamos a salvação, e fomos alcançados pela graça de Deus, devemos agir de igual modo em relação aos dons a nós disponibilizados. Por causa do sacrifício de Cristo somos agora coerdeiros com os judeus das riquezas espirituais que Deus nos deu na aliança com Abraão (Gl. 3.29). O mistério de Deus nos foi revelado, nos tornamos membros de um mesmo corpo (Ef. 4.4). Cristo é o Cabeça desse corpo (Ef. 5.22), os membros são participantes uns dos outros, para o serviço (Ef. 4.10-13). Os dons disponibilizado para igreja, sejam eles espirituais ou ministeriais, fazem parte das riquezas insondáveis de Cristo (Ef. 3.8), também o que Paulo denomina de “suprema riqueza” (Ef. 2.7). Mas isso é parte de uma revelação maior, que haverá de ser manifestada na eternidade, quando receberemos as dádivas prometidas por Deus (II Co. 5.10). Devemos trabalhar para o Senhor, buscar com zelo os melhores dons (I Co. 12.31), e rogar ao Senhor da seara, para que envie obreiros para o ministério (Mt. 9.37). Aqueles que são agraciados com tais dons, ou com qualquer favor de Deus, devem agir como Paulo, assumindo que “é o menor entre os santos” (Ef. 3.8). A manifestação dos dons na igreja não deve ser motivo de orgulho, como estava acontecendo entre os coríntios, e também em algumas igrejas cristãs da atualidade. A multiforme sabedoria de Deus, que outrora esteve oculta no Senhor, tornou-se manifesta, inclusive aos anjos. Paulo diz que “os principados e potestades” tornaram-se conhecedores desse maravilhoso mistério (Ef. 3.10). Os anjos não são oniscientes, por isso a revelação da igreja, em Cristo, foi-lhes uma surpresa. Através da igreja o Senhor mostra aos anjos, e a todos os povos, sua disposição para aceitar os pecadores, independentemente da condição étnica. Coube a Paulo, o Apóstolo dos Gentios, tornar-se despenseiro dessa grande verdade (Ef. 3.9).
•3. AMOR, GRAÇA E EXPECTAÇÃO NO USO DOS DONS
Os dons espirituais e ministeriais fazem parte de uma dimensão escatológica. Devemos exercitá-los na igreja na expectação. As promessas em relação à vinda de Jesus continuam firmes (II Pe. 3; Ap. 22.20). Muitas igrejas abandonaram o ensino a respeito do retorno de Cristo, talvez porque algumas delas se tornaram por demais secularizadas. Mas não podemos esquecer a bendita esperança da igreja, o dia em que Cristo virá para arrebatar e ressuscitar aqueles que dormem (I Ts. 4.13-17). Por outro lado essa esperança não deve conduzir os cristãos à paralisia (II Ts. 3.6), muito pelo contrário, Pedro admoesta seus leitores à vigilância na oração, utilização dos dons, sobretudo que mantenham o amor (I Pe. 4.7,8). O amor-agape é o fundamento de qualquer atitude cristã, isso porque através deste é manifesto o fruto do Espírito (I Co. 13). Entre os aspectos do fruto elencados por Paulo em Gl. 5.22 o amor é o primeiro deles, mostrando que esse deve ser a base das relações cristãs. É por meio do amor que o cristão é reconhecido neste mundo, não pela manifestação dos dons espirituais (Jo. 13.34,35). Pedro cita Pv. 10.12, ao declarar que “o ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”. Isso quer dizer, com base em Tg. 5.20 e I Co. 13.4,7, que aqueles que amam não se alegram com o pecado dos outros. Enquanto Cristo não volta, devemos ser instrumentos de Deus para a graça, vivermos não para nós mesmos, mas para os outros. Isso implica em uma disposição para o amor, a tratar as pessoas com a mesma graça com a qual fomos agraciados. O amor-agape na igreja deve mover os cristãos à unidade, como o Senhor Jesus expressou, devemos orar para que todos sejam um (Jo. 17.21). Esse amor-agape é o vínculo da perfeição que promove a paz (Ef. 4.3; Cl. 3.14).
•CONCLUSÃO
Os dons espirituais e ministeriais, e também os títulos eclesiásticos, são favores de Deus para a igreja, com vistas à edificação do Corpo de Cristo. Esses dons são provenientes da Trindade: Pai-Filho-Espírito. A igreja deve colocar-se em posição de humildade, debaixo da autoridade Cristo, que é o Cabeça da igreja. Os dons e títulos eclesiásticos não podem ser motivo de arrogância ou prepotência, mas de serviço em humildade, tendo Cristo como maior exemplo. Esses dons estão em uma dimensão escatológica, apontando para a manifestação de Cristo, que nos fará conhecedores das suas riquezas insondáveis. Somos gratos a Deus pelos dons espirituais, pelas pessoas-dons, e também pelos títulos eclesiásticos. Nossa maior riqueza, no entanto, é o Seu Dom Inefável: Jesus Cristo (Jo. 3.16). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!