Textos: Tg. 3.13-18
• INTRODUÇÃO
É comum
às pessoas desta geração buscarem informações, algumas delas ainda se
interessam por conhecimento, mas poucas querem realmente sabedoria. No estudo
desta semana atentaremos para a verdadeira sabedoria, como demonstração de
temor a Deus, demonstrada em obediência. Mostraremos, a princípio, a partir das
orientações de Tiago, o que é a verdadeira sabedoria, em seguida, destacaremos
que essa se manifesta na prática, e por fim, que é evidência de uma vida cristã
autêntica.
• 1.
A VERDADEIRA SABEDORIA
A fonte
da verdadeira sabedoria é o próprio Deus, considerando que os homens, pelas
suas investigações, são incapazes de obtê-la. Por isso Tiago pergunta: Quem é
sábio e tem entendimento? A concepção de sabedoria em Tiago é bastante parecida
com aquela do autor dos Provérbios (Pv. 8.1-21). Para esses a sabedoria é muito
mais que mero acúmulo de conhecimento, trata-se de uma compreensão da vontade
de Deus, e de uma prática condizente com essa revelação. Os gregos antigos se
vangloriavam de sua sophia – sabedoria, por isso faltava-lhes humildade. Como
diz Paulo, ao escrever aos Romanos, os intelectuais, dizendo-se sábios,
tornaram se loucos e trocaram a glória de Deus imortal por imagens (Rm.
1.22,23). Os sábios segundo o mundo precisam ser mais humildas, reconhecerem que
necessitam de Deus, e que não sabem de tudo, admitirem que são ignorantes em
relação a muitas coisas, principalmente no que tange às de Deus (Sl. 111.10). A
prepotência do neoateismo tem distanciado muitas pessoas de Deus, a falta de
humildade e senso de ignorância, conduz o ser humano a pensar que é maior que o
Criador. Ser ateu significa fechar-se ao mistério, à possibilidade da revelação
divina, a assumir-se dogmático em relação à existência de Deus, a acreditar na
eternidade da matéria, mesmo sem ter fundamento científico. Há intelectuais que
têm muito conhecimento, graduam-se, fazem seus mestrados e doutorados, por
causa disso perdem a singeleza de coração. Isso resulta, no contexto da
Epístola de Tiago, em soberba, e dificuldade para manter relacionamentos
duradouros e saudáveis (Tg. 3.13,14). A razão dessa condição está na fonte
dessa sabedoria, que é da terra, não do céu. A verdadeira sabedoria vem do
alto, não é uma empreitada humana, tal como foi a torre de Babel (Gn. 11.9).
• 2. MANIFESTA-SE NA PRÁTICA
Essa
sabedoria humana se caracteriza por: 1) ser terrena (Tg. 3.15), portanto é
deste mundo (I Co. 1.20,21), proveniente da mera razão humana; 2) ser animal,
ou mais propriamente, física (Tg. 3.15), ou natural ( Co. 2.14); e 3) ser
demoníaca (Tg. 3.15), por se respaldar nas mentiras do diabo (Rm. 1.18-25),
pois ele é o pai da mentira (Jo. 8.44). A verdadeira sabedoria, a que vem do
alto, portanto de Deus, é fruto de oração (Tg. 1.15), é recebida quando alguém
a busca, e se predispõe a se apropriar dela, é uma dádiva do Senhor (Tg. 1.17),
A manifestação concreta dessa sabedoria é o próprio Cristo, nEle repousa a
sophia tou theou – a sabedoria de Deus (I Co. 1.13), os tesouros da sabedoria
são encontrados nEle (Cl. 2.3). A maneira de conhecermos essa sabedoria é
através da Palavra de Deus, pois são as Escrituras que nos tornam sábios para a
salvação (II Tm. 3.15). A sabedoria humana se manifesta: 1) por meio de inveja
amargurada (Tg. 3.14,16), busca apenas a autopromoção, rouba a glória de Deus
(I Co. 1.23-31); 2) um sentimento faccioso (Tg. 3.14,15), é o partidarismo, na
busca pela satisfação dos interesses particulares (Fp. 2.3); 3) fundamentada na
mentira (Tg. 3.14), se alimenta da vaidade, e não respeita limites para
adquirir fama (I Co. 4.5). Mas a verdadeira sabedoria, que se manifesta na
prática, é pura (Tg. 3.17), está livre da ambição e dos sentimentos de
vangloria; é pacificadora (Tg. 3.17) não semeia contendas entre os irmãos,
estimulando a competitividade (Tg. 4.1,2); é ponderada (Tg. 3.17), não se lança
precipitadamente, principalmente para tirar vantagem dos mais fracos. A
verdadeira sabedoria também é tratável, se deixa persuadir com facilidade,
demonstra abertura para o aprendizado. Há pessoas nas igrejas que, assim como
procedeu Nabal, não conseguem maturidade espiritual, pois são intratáveis (I
Sm. 25.3,17). A sabedoria do alto também é cheia de misericórdia (Tg. 3.17),
não lida com as pessoas demonstrando inclemência, muito pelo contrário, sabem
que foram alcançados pela graça de Deus, por isso demonstram amor e compaixão.
Essa é uma sabedoria que produz frutos dignos de arrependimento, está
fundamentada nas virtudes do Espírito (Gl. 5.22), por isso não mostra
parcialidade, principalmente em relação aos mais pobres (Tg. 3.17), e não se revela
fingida, com hipocrisia, visando apenas benefícios particulares.
• 3.
DA VIDA CRISTÃ AUTÊNTICA
A vida
cristã dever ser marcada pela autenticidade, nela não há lugar para
fingimentos, ou palavras frívolas. Os fariseus do tempo de Jesus eram pessoas
que se pautavam em uma religiosidade aparente (Mt. 23). Eles foram denunciados
por Jesus porque não levavam a sério sua crença em Deus, e mais que isso, se
gloriavam das suas exterioridades, em detrimento dos valores interiores. Nestes
dias, nos quais as igrejas evangélicas buscam apenas aumentar o número dos seus
adeptos, carecemos de uma fé cristã autêntica, diferente do fermento dos
fariseus e saduceus, que busca crescimento a qualquer custo (Mt. 6.6,7). A vida
cristã autêntica é uma escolha, que se fez apesar de tudo e de todos, uma
entrega incondicional, uma disposição a confiar na Palavra de Deus (Rm.
11.8-12). Por esse motivo, os cristãos, em todos os tempos, precisam decidir,
se viverão a partir da sabedoria da terra ou do céu. As opções que o mundo oferece
são as mais diversas, as obras da carne se apresentam como uma alternativa
atraente (Gl. 5.17). Mas não estamos determinados a nos conduzir pela natureza
pecaminosa, para isso é preciso investir na vida espiritual, na sabedoria
praticada, concretizada na disciplina. O hedonismo tem influenciado muitos
cristãos a entregarem-se aos desejos pecaminosos. Há aqueles que não fazem mais
a diferença entre o que é certo e o que é errado, estão com as mentes
cauterizadas (I Tm. 4.1,2). Um pensador disse, expressando a visão deste mundo,
que a melhor maneira de vencer uma tentação é entregar-se a ela. Até mesmo os
cristãos estão esquecendo a sabedoria do alto, e se voltando para os prazeres
como um fim último. As consequências da falta de sabedoria do alto são desastrosas,
de acordo com Tiago, resultam em desordem, e em todo tipo de prática vil. Por
outro lado, a sabedoria do alto, traz colheita de justiça. Como bem lembrou
Paulo aos Gálatas, e bastante apropriado aos cristãos de hoje, aquilo que o
homem plantar, isso também ceifará (Gl. 6.7). Deus não se deixa escarnecer,
portanto, sejamos cautelosos em relação às sementes que estamos colocando na
terra (Pv. 22.8).
• CONCLUSÃO
Há
cristãos que desprezam a sabedoria de Deus, o autor de Provérbios nos lembra
que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Salomão, após ter
passado pela juventude, e ao se encontrar em idade avançada, lembrou que o
melhor é viver para o Criador. Esse é o dever de todo homem e mulher que deseja
agradar ao Senhor, e viver autenticamente para Ele (Ec. 12.13). Essa sábia
opção, além de satisfazer a Deus, nos faz bem, pois a vontade do Senhor, em Sua
sabedoria, não é para o nosso mal, antes para bem (Rm. 12.1,2). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!