Texto: I Co. 10.14 – Ex. 20.4-6; Dt. 4.15-19
INTRODUÇÃO
Estudaremos o segundo mandamento, que diz respeito à interdição da idolatria à verdadeira adoração. Conforme estudamos na lição anterior, há apenas um Deus, e Esse revelou o modo que deveria ser adorado. Inicialmente destacaremos a gravidade do pecado de idolatria, em seguida, meditaremos a respeito do fundamento evangélico para a genuína adoração a Deus: em espírito e em verdade.
1. IMAGENS E IDOLATRIA
O povo de Israel estava rodeado de falsos deuses, isso se intensificaria após a entrada na Terra Prometida. No Egito, e entre as nações com as quais Israel iria se relacionar, o culto aos deuses através de imagens de esculturas era bastante comum. Os egípcios adoravam Apis, Horus, Anubis, entre outros deuses, e todos eles eram representados por meio de figuras de animais. Mas o Deus que havia tirado Seu povo do Egito, e o libertado da escravidão, não admitia ser comparado a qualquer imagem de escultura (Ex. 32.6). Esse ensinamento deveria ser observado pelo povo escolhido de Deus. No período da Reforma, principalmente entre os seguidores de João Calvino, essa doutrina foi retomada ímpeto, a fim de contrapor-se ao uso de imagens pelo Catolicismo Romano. Os reformadores argumentavam, com propriedade e fundamentação bíblica, a rejeição da adoração de imagens. O ídolo – pessel em hebraico – é terminantemente proibido na religiosidade judaica (Dt. 4.15-31). O fundamento para essa interdição estava no fato de Deus ter se revelado de modo que o povo não identificou uma forma física – temunah em hebraico - quando o Senhor se revelou em Horebe (Dt. 4.15). As consequências da idolatria no meio daquele povo seria uma abominação, que o levaria à destruição (Dt. 4.26). Deus havia estabelecido um concerto com Seu povo, a construção de ídolos e a adoração a eles significaria uma ruptura desse pacto (Dt. 4.31). Os profetas de Israel e Judá chamariam a atenção do povo, advertindo-o quanto ao perigo da idolatria (Is. 43.16), e reclamando a adoração ao Único e Verdadeiro Deus (Is. 44.9-20).
2. O PECADO DA IDOLATRIA
A adoração aos ídolos representava, por conseguinte, um perigo para o povo de Israel, isso porque se tratava de um pecado. O Deus que tirou os israelitas do Egito não poderia ser assemelhado a qualquer imagem, do céu e muito menos da terra. Prostrar-se diante de uma imagem de escultura sempre foi considerada uma transgressão à revelação do Senhor, que se manifesta na Palavra, na Torah. As religiões das imagens costumam substituir a palavra pelos ícones, ou mesmo pelos ídolos. Mas a igreja cristã não pode se distanciar da Palavra de Deus, ninguém deve fundamentar sua adoração a Deus com meio visíveis. Existe uma tentativa de atenuar esse pecado trocando a palavra “adorar” por “venerar”, mas essa substituição não têm diferença semântica. Dobrar-se diante de uma imagem de escultura é pecado, ao longo da Bíblia os escritores se opõem a esse tipo de idolatria (Sl. 115). No Novo Testamento, o ídolo também é reprovado, e sua adoração terminantemente proibida (I Co. 10.14; I Jo. 5.21). Em consonância com a revelação do Antigo Testamento, o Deus que se revela na Palavra é zeloso – qanna em hebraico – e por ser único não admite ser confundido com outros deuses, muito menos ser representado em semelhança de coisas terrestres. Esse pecado seria punido, dentro da expressão de fé judaica, até a “terceira e quarta geração” (Ex. 20.5; Dt. 5.9). Evidentemente essa declaração não pode ser interpretada literalmente, trata-se de uma figura de linguagem hebraica (Am. 1.3-13; Pv. 30.15-29). Esse pecado pode ser perdoado, contanto que o idólatra reconheça sua transgressão e se volte para o Senhor, que é misericordioso (Ex. 20.6; Dt. 5.10).
3. A VERDADEIRA ADORAÇÃO
A adoração a Deus deve está fundamentada na revelação, ninguém pode se prostrar diante de um deus estranho. Somente o Deus das Escrituras é digno de honra, glória e louvor, não há outro além dEle (Is. 44.8). A adoração a imagens de esculturas é um reflexo da queda do ser humano, que se nega a cultuar a Deus espiritualmente. Quando se afasta da Palavra de Deus, o homem acaba por construir seus ídolos, de acordo com seus interesses pessoais. Jesus declarou que Deus é Espírito, portanto deve ser adorado espiritualmente (Jo. 4.24). O espírito não é uma substância material, não tem carne nem ossos (Lc. 24.39). Trata-se de uma Deus Invisível, e por conseguinte, somente pode ser adorado espiritualmente (Cl. 1.15; I Tm. 1.17). Mas é preciso ter cuidado pois esse Deus também é verdadeiro, por isso somente pode ser adorado por meio da Verdade. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo. 14.6), a Palavra de Deus é a Verdade (Jo. 17.17). Por isso, a adoração a Deus não pode ser mero misticismo, muitas pessoas reconhecem que Deus é Espírito, mas querem adorá-Lo sem fundamentação escriturística. É preciso ressaltar que Deus busca adoradores, e os adoradores que Ele busca, sabem que se trata de uma adoração pessoal (Jo. 4.23). A adoração espiritual e verdadeira acontece por meio da revelação das Escrituras a respeito de Jesus Cristo (Hb. 1.1,2). Essa adoração independe de lugares, não é o espaço e a condição física que determina a adoração, mas a verdade bíblica e a disposição espiritual.
CONCLUSÃO
A adoração a Deus não depende de imagens de escultura, ou de qualquer construção humana, mesmo que essa seja mental. Algumas pessoas não adoram ídolos feitos de material físico, mas acreditam em um deus que não passa de uma representação mental. O Deus da Bíblia é Espírito, portanto deve ser adorado como Tal. Para adorá-lo, devemos seguir os passos de Cristo, que é a Verdade, nEle nossa adoração é real, e aceita por Deus, que se compraz no Seu Filho (Mt. 3.17).