Texto Áureo: Mt. 12.29 – Texto Bíblico Básico: Gn. 1.1; Dt. 6.4
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje daremos continuidade ao estudo das doutrinas fundamentais da fé cristã, com destaque, nesta aula, para a doutrina de Deus, considerando que Ele é verdadeiramente o Criador e Sustentador de todas as coisas. Inicialmente trataremos a respeito da Sua existência, destacando algumas das principais teorias a esse respeito. Em seguida, mostraremos algumas crenças equivocadas a respeito de Deus. E ao final, alguns dos seus atributos e características.
1. A EXISTÊNCIA DE DEUS
É sabido que os autores bíblicos não se empenharam, em qualquer lugar das Escrituras, em provar a existência de Deus. Eles partem do pressuposto básico de que Deus existe e ocupam-se em descrever Suas ações e Seu caráter (Gn. 1.1; Hb. 11.3). Contudo, em virtude do racionalismo que minou a fé de muitas pessoas nesses últimos tempos, alguns pensadores se esforçaram para apresentar algumas provas da existência de Deus. A existência de Deus, na Bíblia, é declarada, é um fato auto evidente, por isso, aquele que não acredita em Sua existência é chamado de “néscio” (Sl. 14). Como muitas pessoas estão no terreno da razão, é preciso, em algumas situações, apelar para tal recurso a fim de mostrar-lhes que a existência de Deus é algo racional, vejamos, portanto, alguns argumentos: 1) Argumento antropológico (Tiele) – nunca existiram povos ateus, o ateísmo é um fenômeno individual; 2) Argumento ontológico (Anselmo) – o conceito de Deus implica sua existência necessária; 3) Argumento cosmológico (Aquino) – cada movimento tem uma causa motriz, Deus é a causa não-criada; o motor imóvel que tudo move; 4) Argumento da aposta (Pascal) – quando se compara perdas e ganho potenciais de acreditar ou não na existência de Deus, quem acredita sai ganhando; 5) Argumento teleológico (Paley) – o universo tem um propósito, isso demonstra a existência de Deus; 6) Argumento moral (Kant) – a necessidade da existência de Deus, como legislador e juiz, é o fundamento da ordem moral. Na Bíblia, há o testemunho da existência de Deus: 1) como o Criador (Sl. 19.1-4; At. 14.15-17); 2) na consciência (Rm. 1.20; 2.15); 3) na fé do crente (Hb. 11.1-6); na revelação em Cristo e nas Escrituras (Jo. 1.1,14; II Tm. 3.16); no viver diário do cristão (Rm. 12.1)
2. CRENÇAS EQUIVOCADAS A RESPEITO DE DEUS
2.1 Agnosticismo – nega a capacidade humana de conhecer a Deus, a Bíblia, porém, nos dia que Deus se fez conhecer, ainda que, em parte (Ex. 33.20; Jó.11.17; Rm. 11.33,34; I Co. 13.9-12); 2.2 Politeísmo – baseia-se na ideia de que o universo é governado, não por uma força só, mas por muitas, as Escrituras mostram que essa é uma consequência do paganismo (Rm. 1.25); 2.3 Panteísmo – é o sistema de pensamento que identifica Deus com o universo, mas em Rm. 1.20-23, Paulo nos ensina que não podemos confundir a criatura com o Criador; 3.4 Materialismo – nega que haja qualquer influência ou manifestação espiritual na matéria, mas Jesus justamente nos mostra que Deus é Espírito (Jo. 4.24); 3.5 Deismo – admite que a existência de Deus, mas não sua em sua intervenção, tudo estaria à mercê de leis naturais, esquecem que Deus é tanto transcendente (Is. 6.1) quando imanente (At. 17.28; Ef. 4.6). O Deus da Bíblia se interessa pela sua criação, na verdade, Ele intervém na história. Desde a revelação hebraica, Ele é Aquele que se revela como o SENHOR, o YHWH, Aquele que se tornou conhecido. Os nomes de Deus, ao longo das Escrituras, manifestam Seu poder, e mais que isso, Seus atributos. A partir do Shemá, de Dt. 6.4, compreendemos que Ele é ÚNICO, Ele é um SÓ, que se manifesta em três: Pai, Filho e Espírito Santo. A doutrina trinitária é bíblica, ainda que não encontremos o termo Trindade nas Escrituras. A esse respeito Paulo dá o seguinte testemunho, diante dos ouvintes atenienses: “Ele é o Deus que fez o mundo, e tudo que nele há... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At. 17.24-28).
3. A NATUREZA E OS ATRIBUTOS DE DEUS
Em relação à natureza de Deus, isto é, aos seus atributos incomunicáveis ao ser humano, Deus é apresentado na Bíblia como infinitamente perfeito (Dt. 18.13; Mt. 5.48), Sua obra é, portanto, perfeita (Dt. 32.4) bem como os Seus caminhos (Sl. 18.30). Deus é Santo por natureza enquanto que o homem somente pode sê-lo por participação (Rm. 1.4; II Co. 7.1; I Ts. 3.13). Esse Deus, que tudo pode (Jó. 42.2), somente faz o que lhe apraz (Sl. 115.3). Existem apenas algumas coisas que o Onipotente não pode fazer: 1) mentir (Nm. 23.19; Tt. 1.2; Hb. 6.18); 2) negar-se a si mesmo (II Tm. 2.13); 3) fazer injustiça (Jó. 8.3; 34.12; Sl. 145.17); 4) fazer acepções de pessoas (II Cr. 19.7; Rm. 2.11). Os atributos naturais de Deus são: 1) Onipresença – Deus se relaciona com tudo e com todos ao mesmo tempo (Sl. 139.7-10); 2) Onisciência – conhece todas as coisas (Mt. 10.30; Is. 46.9,10); e 3) Onipotência – tudo pode fazer (Ap. 4.1,2; Gn. 17.1). Esses atributos revelam a grandeza de Deus, e nos direcionam a nos dobrar perante Ele, reconhecendo Sua supremacia e soberania não apenas sobre nossas vidas, mas também sobre terra, céus e mares. Contudo, não podemos deixar de ressaltar que Esse é também um Deus que se aproxima dos seres humanos, e que um dos mais importantes atributos é o AMOR, pois está escrito que “Deus é amor” (I Jo. 4.8). Esse atributo nos é comprovado na pessoa de Cristo, pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas que tenha vida eterna (Jo. 3.16). Deus prova seu amor para conosco pelo fato de ter nos amado, sendo nós ainda pecadores e de andarmos à revelia da Sua vontade (Rm. 5.8).
CONCLUSÃO
O Deus Único e Verdadeiro revelou-se como o eterno e autoexistente “Eu sou”, o Criador dos céus e da terra, e o Redentor da humanidade. Ele também se revelou como aquele que incorpora os princípios de relação e associação como Pai, Filho e Espírito Santo (Dt. 6.4; Is. 43.10,11; Mt. 28.19; Lc. 3.22). Segundo Paulo, Ele é “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém” (I Ts. 6.16). E mais que isso, Ele é Aquele que nos ama (Ap. 1.5).
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, J. R. A. O Cremos da Assembleia de Deus. São Paulo: Reflexão, 2017.
SOARES, E. A razão da nossa fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.