Texto áureo: Lc. 5.14 – Leitura Bíblica: Lv. 13.1-8
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, com base no livro de Levíticos, iremos destacar a função social dos sacerdotes. Mostraremos também que a atuação social desses aponta para o serviço de Cristo, que se envolveu em questões sociais, e inspirou a Igreja a fazer o mesmo. Concluiremos a aula mostrando que a Igreja Primitiva, ainda no primeiro século, preocupava-se com os problemas sociais, sobretudo no contexto da própria igreja.
1. A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES
Os sacerdotes tinham várias funções sociais, uma delas era a de inspecionar clinicamente o povo. A lepra era uma das doenças mais temidas pelo povo, principalmente por causa do contágio (Lv. 13.2; Dt. 7.14). Era competência do sacerdote inspecionar, e quando a doença fosse identificada, deveria separa o enfermo da comunidade, para evitar o contágio. O sacerdote também tinha função sanitarista, seria uma espécie de especialista em saúde pública, por isso deveria inspecionar as casas e roupas de Israel (Lv. 14.34-57). O objetivo seria evitar qualquer tipo de contaminação, principalmente em relação à lepra, considerando que essa doença resultaria em outros tipos de moléstias (Dt. 24.8). O sacerdote também tratava das questões jurídicas, em relação à proteção da família, proibindo o sacrifício infantil (Lv. 20.2), as relações incestuosas (Lv. 18.6-9), o abuso sexual doméstico (Lv. 18.10), a exposição das filhas à prostituição (Lv. 19.29), a homossexualidade e práticas semelhantes (Lv. 18.22,23). Além disso, deveriam zelar pelo direito da propriedade privada, mas sem esquecer do cuidado com os pobres (Lv. 23.22), bem como com a preservação do meio ambiente (Lv. 25.3,4). Outra função social do sacerdote era de proteger a vida, para tanto deveria inspecionar a edificação das casas (Dt. 22.8), a criação de animais (Ex. 21.36), a preservação da mulher grávida e do filho no ventre (Ex. 21.22). Essas atribuições são compreensíveis no contexto da sociedade teocrática israelita, mas não se aplicam mais à igreja, devemos saber que há instituições públicas, que tratam dessas especificidades.
2. A FUNÇÃO SOCIAL NO MINISTÉRIO DE JESUS
No Evangelho segundo Lucas, Jesus é Aquele que tem poder sobre as doenças e a morte. Há passagens em sua narrativa que explicam o poder do Senhor sobre a doença e a morte. Em Lc. 4.38, Jesus curou a sogra de Simão, que estava enferma com muita febre, de modo que essa pode começar a servi-LO. Indo a cidade chamada Naim, Jesus encontrou uma mãe angustiada, com a morte de seu único filho, sendo esta também viúva. Jesus, movido de íntima compaixão, a consolou, em seguida tocou o esquife, e ressuscitou o seu filho (Lc. 7.11-13). Em Lc. 8 lemos a respeito de Jairo, um oficial da sinagoga, que sofria com a doença e possibilidade de morte da sua filha, de apenas doze anos (Lc. 8.40). Mesmo sendo uma autoridade, Jairo se humilhou aos pés de Jesus, implorando para que Ele resolvesse sua situação (Lc. 8.40-42). Ao mesmo tempo, uma mulher que estava próxima de Jesus, tinha uma doença, que causava sangramento, e que duravam doze anos (Lc. 8.43). A situação dessa mulher era de desespero, ela já havia gastado muito dinheiro com os médicos, nenhum deles havia conseguido curá-la (Mc. 5.26; Lc. 8.43). Aquela enfermidade a tornava impura, por causa do cerimonial de purificação judaico. Mesmo assim, ela decidiu tocar em Jesus, e encontrou cura nEle. Jairo também recebeu a providência divina diante da doença da sua filha, ainda que o pensamento humanista da época, dizia que o Mestre não deveria ser incomodado, pois a menina já estava morta (Lc. 8.49,50). Mas Jesus, que tem poder sobre as doenças e a morte, ressuscitou a menina (Lc. 8.51-53). Jesus não curou a todos que se aproximaram dEle, mas os tratou com dignidade, não apenas aos doentes, mas aos pobres e marginalizados. A forma como Jesus tratou as pessoas socialmente vulneráveis deve motivar os cristãos a fazerem o mesmo.
3. A FUNÇÃO SOCIAL DA IGREJA
Há um profeta no Antigo Testamento que denunciou a injustiça social, se opondo aos pecados de opressão (Am. 5.12,13). De igual modo, Tiago chama a atenção daqueles que acumulam riquezas como um fim em si mesmo. Evidentemente isso nada tem a ver com o cuidado previdente, associado à manutenção da família (II Co. 12.14; I Tm. 5.8; Mt. 25.27). Mas devemos ser cautelosos para não confiarmos nas riquezas, o cristão não pode colocar seu coração no dinheiro. Jesus censurou o rico insensato que pensou ser o dono da própria vida (Lc. 12.15-21). A vida é passageira, e as riquezas não podem garantir vida eterna (I Tm. 6.17). Tiago lembra que as riquezas são passageiras (Tg. 5.2,3), com Paulo assume que nada trouxemos para esse mundo, e que dele nada levaremos (I Tm. 6.7). Portanto, devemos investir na piedade com contentamento (I Tm. 6.6). Há pessoas que estão sendo devoradas pelas próprias riquezas, a paixão pelos bens do presente século está correndo as suas almas (Tg. 5.3). Patrões, sejam eles evangélicos ou não, prestarão contas a Deus quanto à maneira que trataram seus empregados. Os empregadores cristãos têm a responsabilidade de tratar com justiça seus empregados. Eles não podem abusar financeiramente dos seus trabalhadores, atentando para as normas trabalhistas do nosso país. Ao invés de exercitar a ganância, somos orientados pela Palavra a viver com generosidade (II Co. 6.10). E mais que isso, devemos também trabalhar para modificar as estruturas sociais arraigadas neste país. Não podemos acatar com naturalidade práticas que são consideradas normais. Existem pessoas que não fizeram opção pela pobreza, elas se encontram em tal condição por causa da injustiça social. Os cristãos devem dar o exemplo, não apenas “dando o peixe”, mas também “ensinando a pescar”. E quando necessário, denunciar atitudes que cerceie o direito dos pobres e necessitados.
CONCLUSÃO
Os sacerdotes exerceram sua função social no Antigo Testamento, no contexto da Aliança com Israel. Nós os cristãos da Novo Testamento devemos imitar o modelo de Cristo, que se aproximou de todos, inclusive daqueles que foram acometidos de lepra. A identificação de Jesus com os mais vulneráveis inspirou a igreja primitiva, para que também se preocupasse com os necessitados. As igrejas evangélicas precisam investir mais em obras sociais e atentar mais para os marginalizados, especialmente entre os domésticos na fé (Gl. 6.10).
BIBLIOGRAFIA
TIDBALL, D. The message of Leviticus. Leicester: Interversity-Press, 2005.
WIERSBE, W. Be holy: Leviticus. Colorado Springs: David Cook, 2010.