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PARÁBOLA: UMA LIÇÃO PARA A VIDA

Texto Áureo: Mc. 4.34 – Leitura Bíblica: Mt. 13.10-17

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos as parábolas de Jesus, nesta primeira aula definiremos a parábola no contexto bíblico. Em seguida, destacaremos que as parábolas nos trazem lições para a vida cristã, com vistas à maturidade espiritual. E ao final, apontaremos a necessidade de uma interpretação adequada das parábolas de Jesus, a fim de evitar equívocos e interpretações indevidas. Esses estudos contribuirão para que possamos compreender o teor da mensagem do Senhor, para a edificação do Reino de Deus.

1. DEFINIÇÃO DE PARÁBOLAS
O termo parábola vem do hebraico masal, que também é usado para designar um provérbio ou um enigma, mas seu significado básico é o de comparação. No grego o termo é parabolê, tendo sido amplamente utilizadas por Jesus, para fins de instrução. A parábola pode ser comparada com outras formas bíblicas, dentre elas, os provérbios (Lc. 4.23), metáforas (Mt. 15.13), símiles (Mt. 10.16), comparações curtas (Mt. 13.31,32), analogias implícitas mais amplas (Lc. 11.5-8), declarações figurativas (Lc. 5.36-38). É importante diferenciar a similitude, a parábola e a alegoria, considerando que as duas primeiras possuem fortes semelhanças, pois cada uma mantém certo paralelismo literal, a fim de enfatizar a ideia central. A similitude, porém, é uma comparação mais direta, com um ou mais verbos no presente, com destaque para experiências comuns. Jesus recorreu às parábolas para ensinar verdades espirituais, pois como destaca o evangelista, “dirigia-lhes a palavra com muitas outras parábolas como essas, e não lhes ensinava sem usar parábolas” (Mc. 4.33,34). As histórias têm um apelo às pessoas, na medida em que essas podem se identificar com as narrativas. O profeta Natan, quando denunciou o pecado de Davi, contou-lhe uma parábola, a fim de que o monarca percebesse a gravidade do que havia feito (II Sm. 12.4-7). Essas narrativas de Jesus, dependendo do contexto nos quais foram proferidas, tinham objetivos distintos e pretendiam, ao mesmo tempo, revelar e ocultar o mistério do reino de Deus, para que as pessoas, dependendo da disposição espiritual, pudessem compreender ou não a mensagem (Mc. 4.11,12).

2. AS LIÇÕES DAS PARÁBOLAS DE JESUS
As parábolas de Jesus trazem lições importantes para a igreja, pois tratam-se de orientações para a vida. Algumas características podem ser identificas nas parábolas: 1) concretude – têm relações com o cotidiano (moeda, ovelha e filho perdido), a natureza (semente de mostarda, joio e trigo), do mundo animal (pássaros, lobos e ovelhas), da agricultura (semeador, vinhedo, ovelha), do comércio (moedas, mordomo) realeza (casamento), hospitalidade (o bom samaritano); 2) concisão – abordam temas de maneira simples e sem muita complicação, com poucos personagens, e um enredo de fácil assimilação. Um exemplo pode ser a parábola do filho pródigo, que trata a respeito de dois filhos, sendo que um pede a herança, enquanto o pai ainda vivia, e segue para uma terra distante; 3) aspectos importantes – a narrativa parabólica tem desdobramentos, mas é preciso identificar os pontos mais importantes da parábola, evitando, assim, que aspectos menos importantes tenham ênfase. Algumas parábolas apresentam alegorias, mas não podem ser alegorizadas, é arriscado abordar uma parábola enfatizando seus aspectos secundários; 4) repetição – há uma estrutura narrativa nas parábolas, apresentando uma introdução, desenvolvimento, com um clímax, e a conclusão, trazendo, ao final, uma lição espiritual. Alguns estudiosos tentarem categorizar as parábolas por temas, o que não é uma tarefa muito fácil, mesmo assim, reconhecemos que, de acordo com o evangelista (Mateus, Marcos e Lucas, já que as parábolas são predominantes nos sinóticos), a parábola tem ênfase diferenciada. Em Mateus, por exemplo, o foco é no reino dos céus, enquanto que em Lucas a ênfase é posta na graça de Deus aos perdidos.

3. A INTERPRETAÇÃO DAS PARÁBOLAS
É importante ter cautela na interpretação das parábolas de Jesus, historicamente esse gênero bíblico foi mal interpretado. Um dos exemplos mais famosos do que não se deve fazer na interpretação de uma parábola é o que Agostinho fez com a parábola do bom samaritano. Para ele, Jerusalém é a cidade celestial, Jericó significa nossa mortalidade, o samaritano é Jesus Cristo, o homem que descia de Jerusalém é Adão e a raça humana, os ladrões é o diabo e seus anjos, o sacerdote e o levita é o sacerdócio do Antigo Testamento, o retorno do samaritano é a ressurreição do Senhor, a hospedaria é a igreja, o animal no qual o samaritano colocou o homem é a carne de Cristo, os dois denários são os mandamentos do amor, o hospedeiro é o apóstolo Paulo, a cura das feridas e o azeite é o perdão dos pecados. Ainda que haja certa engenhosidade em tal interpretação, ela não passa de um recurso alegórico, bastante comum nos tempos de Agostinho, por causa da influência grega. As orientações mais ortodoxas para a interpretação das parábolas devem considerar: 1) o cenário no qual a parábola se encontra, se essa responde a alguma pergunta; 2) os pontos principais da parábola, diferenciando-os dos secundários; 3) se outras passagens bíblicas contribuem para a compreensão do texto; e 4) as aplicações legítimas da parábola com base na intenção de Jesus, no contexto no qual essa foi proferida. As parábolas continua sendo verdades espirituais com profundidade e aplicação para a vida dos cristãos. Uma interpretação apropriada desses textos pode servir para que possamos, por exemplo, compreender o grande amor de Deus pelos perdidos, bem como a expansão do reino de Deus, que se dá de maneira sutil, sem que as pessoas se apercebam.

CONCLUSÃO
A história da interpretação das parábolas de Jesus serve como lição para os riscos de uma análise alegórica dessas comparações, deixando de atentar para o objetivo central de Jesus ao declará-las aos seus ouvintes imediatos. Faz-se necessário, portanto, que estejamos espiritualmente abertos à revelação da mensagem do Senhor, que alcança de maneira graciosa àqueles que ouvem com os ouvidos espirituais. Decerto que as coisas espirituais se discernem espiritualmente, diferentemente do homem natural, que não atenta para as profundezas de Deus, que se encontram em Cristo (I Co. 12.12-14).

BIBLIOGRAFIA
OSBORNE, G. R. A espiritual hermenêutica. São Paulo: Vida Nova, 2009.
SNODRASS, K. R. Compreendendo todas as parábolas de Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.