Texto Áureo: Lc. 15.7 – Leitura Bíblica: Lc. 15.3-10
INTRODUÇÃO
O capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas é uma resposta aos religiosos moralistas dos tempos de Jesus. A palavra “perdido” é bastante significativa nesse contexto, considerando que a mensagem do Mestre nessas parábolas é a de ressaltar o amor de Deus, e Seu interesse por aqueles que se desgarraram. Na aula de hoje estudaremos a respeito das três parábolas do amor de Deus pelos perdidos: a ovelha perdida, a dracma perdida e o filho perdido.
1. A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA
Essa parábola responde aos escribas e fariseus, que consideravam apenas os publicanos e pecadores como perdidos. Em sua narrativa, Jesus conta a respeito de um pastor que tinha cem ovelhas, e que uma delas se desgarrou do rebanho (Lc. 15.3-7). O fato de o pastor da parábola ir após a ovelha perdida é uma demonstração do amor de Deus pelas pessoas individualmente. Vivemos em uma sociedade que somente conhece as pessoas pelo quantitativo, não se importa pelas vidas daquelas que se encontra em condições mais vulneráveis. Os religiosos moralistas somente veem pecados nos outros, são incapazes de perceberam sua decadência espiritual. Há quem considere de maior importância os pecados sexuais, pessoas são disciplinadas rapidamente por causa das suas transgressões nessa área, mas o mesmo não acontece com indivíduos que se entregam dissolutamente às práticas pecaminosas espirituais. A corrupção na esfera política, a ostentação em detrimento dos mais pobres, o orgulho da religião desumana são pecados tão graves quanto os sexuais. Aqueles que professam a fé cristã devem cuidar para não se tornarem meros fariseus, como aqueles dos tempos de Jesus, que buscavam converter as pessoas, para torna-las piores do que eles mesmos (Mt. 23). Quando isso acontece, a religião se torna um fardo terrível que as próprias pessoas que o impõe sobre os outros não é capaz de carregar. Por isso Jesus destacou que seu fardo era leve e seu jugo suave, diferentemente daqueles dos religiosos do seu tempo (Mt. 11.28).
2. A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA
A pobre ovelha, da parábola que destacamos anteriormente, se perdeu por sua falta de direção, mas a dracma foi perdida pelo descuido de alguém. Na cultura antiga, quando uma moça judia se casava, começava a usar na cabeça um diadema com dez moedas de prata, isso servia para indicar que a partir de então ela não era mais uma menina, havia se tornado uma mulher casada. Quando se perdia uma dessas moedas, a condição era de desespero, pois se constituía em uma tragédia, a situação tornava-se ainda mais problemática porque as casas na palestina eram bastante escuras, dificultando, assim, que a moeda fosse encontrada. Essa é outra parábola apresentada a fim de mostrar o amor de Deus pelos pecadores, algo que escandalizou os fariseus legalistas daquele tempo. A concepção de Deus daqueles religiosos era equivocada, há pessoas que constroem uma imagem de um deus iracundo, diferente daquele retratado nos Evangelhos, em conformidade com os ensinamentos de Jesus. Existem arquétipos da divindade, inclusive no meio dos cristãos, que não passam de projeções subjetivas. Existem pessoas que passaram a fazer parte das igrejas, mas que não foram transformadas pelo evangelho. Existem pessoas que se aproximam de igrejas, sobretudo daquelas mais legalistas, apenas para dar vazão aos seus ressentimentos. Esses ambientes se tornam doentios, o nome de Deus é usado a fim de ferir, não para propagar amor, graça e misericórdia.
3. A PARÁBOLA DO FILHO PERDIDO
Há outra parábola contada por Jesus que revela a grandeza do amor de Deus, e ao mesmo tempo, o perigo do legalismo religioso. Um filho perdido, ou mais comumente conhecido como pródigo, que significa esbanjador, partiu para uma terra distante. Essa parábola poderia muito bem ser denominada de Parábola do Pai Amoroso, pois põe em evidência o amor de Deus por aqueles que são desprezados pelo moralismo religioso. O filho mais jovem recebeu a herança do seu pai ainda quando esse estava vivo, em busca de uma vida dissoluta, totalmente entregue ao pecado. Mas o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23), e conduz o ser humano a uma vida de escravidão (Jo. 8.34). Depois de perder tudo que tinha, e se encontrar em condição deplorável, o filho esbanjador resolve retornar para casa do Pai, tendo a pretensão de ser aceito tão somente como um empregado (Lc. 15.17-19). Ele admitiu que era um pecador, necessitado da graça e do perdão do pai a quem havia abandonado. O arrependimento é condição necessária ao recebimento do perdão divino (At. 11.18). Muitas vezes, nos voltamos apenas para a primeira parte da parábola, e silenciamos em relação à segunda parte, que trata a respeito do filho que ficou. Através deste Jesus quis desvelar a insensibilidade dos religiosos do seu tempo. Os escribas e fariseus diziam fazer a vontade de Deus, mas na verdade serviam apenas a eles mesmos. Eles não reconheciam a graça amorosa de Deus, pautavam-se apenas em regras humanas, estabelecidas por eles mesmos.
CONCLUSÃO
É bastante expressivo, nessas parábolas dos perdidos, a alegria nos céus por aqueles que se arrependem, e se voltam para Deus em arrependimento. Lucas aponta que “há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc. 15.10). Devemos atentar para essa verdade, sem deixar de atentar para a graça maravilhosa de Deus, atrai para Si todos aqueles que reconhecem sua condição de dependência dEle. Apenas aqueles que se aferram à mera religiosidade, deixam de desfrutar desse amor incondicional, cujo fundamento é o próprio Deus.
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The parables of Jesus. LaSalle Boulevard: Moody Publishers, 1983.
KENDALL, R. T. The parables of Jesus. Grand Rapids: Chosen Books, 2004.