SISTEMA DE RÁDIO

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AS PROFECIAS DESPERTAM E TRAZEM ESPERANÇA

 

Texto Base: Jeremias 1:4-10; Joel 1:1-3; Apocalipse 1:1-3

 

“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap.1:3).

Jeremias 1:

4.Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:

5.Antes que te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.

6.Então disse eu: Ah, Senhor JEOVÁ! Eis que não sei falar; porque sou uma criança.

7.Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.

8.Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor.

9.E estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca;

10.Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e para edificares e para plantares.

Joel 1:

1.Palavra do SENHOR que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.

2.Ouvi isto, vós, anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossos dias? Ou também nos dias de vossos pais?

3.Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos, a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração.

Apocalipse 1:

1.Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu, servo,

2.O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto.

3.Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da mensagem profética no Antigo e no Novo Testamento. A mensagem profética tinha o propósito de gerar despertamento, arrependimento, fortalecimento da fé e da esperança. No Antigo Testamento existem 17 livros proféticos; no Novo Testamento apenas o livro de Apocalipse é classificado como profético; embora haja profecias em quase todos os livros do Novo Testamento, somente o Apocalipse pode ser considerado um documento rigorosamente profético. 

No Antigo Testamento, o profeta era o "porta-voz" de Deus (Êx.7:1; 4:10-16). Era alguém que falava em nome do Senhor: "Serás como a minha boca" (Jr.15:19). Deus escolheu, preparou e inspirou seus servos, os profetas, para admoestar seu povo. Eles se utilizavam de métodos variados para transmitir a mensagem de Deus (Os.12:10; Hb.1:1). Eram educadores ungidos pelo Senhor para ensinar ao povo a viver em santidade, tornando-lhe conhecida sua revelação e desvendando-lhe as coisas futuras (Nm.12:6; 1Rs.19:16; Jr.18:18). Eles não hesitavam em enfrentar reis desobedientes, governadores, sacerdotes ou qualquer tipo de liderança que não obedecesse à Palavra de Deus (1Rs.18:18). Tinham, ainda, como missão: lutar contra a idolatria, zelar pela pureza religiosa, justiça social e fidelidade a Deus. Suas mensagens deveriam ser recebidas integralmente por toda a nação como Palavra de Deus (2Cr.20:20). Além de instruir o povo de Israel, os profetas do Antigo Testamento, também, vaticinaram a vinda do Profeta por Excelência, Jesus Cristo, o Messias prometido.

No Novo Testamento, no princípio da Igreja, o Ministério Profético, em conjunto com o Ministério Apostólico, teve um papel fundamental: lançar o fundamento do Edifício (a Igreja), tendo como Pedra Angular o Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo disse: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” (Mt.16:18). A Bíblia afirma que os concidadãos dos santos e da família de Deus estão edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas - “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef.2:20). Esses “profetas” “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pd.1:21), mas isto não significa que eles nem os apóstolos foram o fundamento da Igreja. Cristo é o Fundamento da Igreja (1Co.3:11), porém, foram eles que lançaram o fundamento através das doutrinas que ensinaram sobre a Pessoa e obra do Senhor Jesus.

Esses “profetas” foram mestres inspirados a quem veio a Palavra de Deus, os quais a transmitiram a outras pessoas fielmente. Era um pequeno grupo de mestres inspirados, associados aos apóstolos, que juntos davam testemunho de Cristo e cujo ensino era fruto da revelação (Ef.3:5).

I. OS PROFETAS MAIORES

Os profetas considerados “maiores” são: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. São cinco os Livros por eles escritos, visto que Jeremias escreveu dois. Eles são chamados de "maiores" por causa do volume do seu conteúdo literário. Os três mais volumosos são: Isaías, Jeremias e Ezequiel.

1. Os profetas e a profecia

Profeta. A palavra "profeta" significa "aquele que fala por alguém". Profeta é, portanto, a pessoa que fala por Deus, podendo, ou não, predizer o futuro. No hebraico, três são as palavras utilizadas para profeta, a saber: "nabi", "roeh" e "hozeh", palavras que aparecem reunidas em 1Cr.29:29. "Nabi" é a palavra mais comum nas Escrituras hebraicas e tem o mesmo significado do grego "profeta", ou seja, "anunciador", "declarador". Já "roeh" e "hozeh" significam "aquele que vê", ou seja, "vidente", como está traduzido na versão em língua portuguesa, que era, segundo 1Sm.9:9, a antiga denominação dos profetas, querendo com isto dizer aquele que tem uma visão sobrenatural, aquele que Deus dá a enxergar algo que outras pessoas não veem. Apesar dos esforços dos estudiosos, é difícil estabelecer se havia alguma diferença entre estes termos no início da vida de Israel e, em caso positivo, em que consistiria esta diferença.

Nos chamados tempos bíblicos do Antigo Testamento, o povo de Deus aprendeu a ouvir e crer nos profetas. O conselho era: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas e prosperareis” (2Cr.20:20). Este era o grande segredo: crer em Deus e nos seus profetas. Estes se tornaram tão importantes entre os judeus, que eram consultados pelo povo e pela classe dominante. Deus os considerava tanto que disse que não faria coisas alguma sem antes revelar aos seus servos, os profetas – “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am.3:7).

Profecia. Segundo o Dicionário Vine, “profecia” significa “descrição antecipada da vontade de Deus, quer com referência ao passado, quer do presente ou futuro” (Gn.20:7; Ap.1:19). Profecia bíblica é a história escrita antes que aconteça; ela parte do próprio Deus Todo-Poderoso, que tem uma visão panorâmica das eras e as estabeleceu em Seu plano divino. A Bíblia registra que Deus falou muitas vezes e de várias maneiras por meio dos profetas (Hb.1:1).

2. Os profetas Isaías e Jeremias

Profeta Isaías. Este profeta viveu entre 765 a.C. e 681 a.C., durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, sendo contemporâneo da destruição de Samaria pela Assíria e da resistência de Jerusalém ao cerco das tropas de Senaqueribe, que sitiou a cidade com um exército de 185 mil assírios em 701 a.C. Isaías escreveu o livro profético mais extenso da Bíblia. O nome Isaías significa “o Senhor é salvação”.

A tradição judaica afirma que Isaías era de linhagem real. Ele foi chamado para exercer seu ministério em aproximadamente 739 a.C., no ano em que morreu o rei Uzias. O relato bíblico não informa se antes disso Isaías já pregava publicamente. Também não é possível saber com exatidão quanto tempo durou seu ministério profético, tanto de forma oral como de forma escrita. Alguns estudiosos sugerem que ele tenha profetizado por cerca de 60 anos.

O relato de sua convocação para profetizar é um dos mais extraordinários registrados no Antigo Testamento. Na ocasião, Isaías teve uma visão do trono de Deus, e contemplou serafins que proclamavam a santidade de Deus. Diante de tamanha glória, o profeta assumiu sua própria pecaminosidade. Ele se considerou impróprio para a função de profeta ao dizer: “sou um homem de lábios impuros” (Is.6:5). Mas, um dos serafins tocou sua boca com uma brasa viva e lhe purificou. Depois disso, o profeta escutou a voz do Senhor que dizia: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”. O profeta então respondeu: “Eis me aqui, envia-me a mim” (Is.6:8).

O profeta Isaías foi contemporâneo do profeta Miqueias (cf. Isaías 1:1; Miqueias 1:1). É bem possível que ambos estivessem familiarizados com a mensagem um do outro, já que o texto de Isaías 2:2-4 e Miquéias 4:1-3 são muito semelhantes.

O ministério do profeta Isaías foi precedido pelo ministério do profeta Amós e pelo ministério do profeta Oseias; apesar de que Oséias também foi seu contemporâneo durante algum tempo. Amós e Oséias profetizaram, principalmente, sobre o Reino do Norte. Já Isaías e Miquéias se concentraram mais no Reino do Sul.

A mensagem do profeta Isaías mesclou repreensões e anúncios de maldições pela infidelidade do povo, com conforto e esperança pela restauração futura. Desse modo, o profeta Isaías pregou sobre a importância da fidelidade ao Senhor.

Na época dos pais da Igreja o profeta Isaías era conhecido como o “evangelista do Antigo Testamento”. Tal designação se dá pelo modo detalhado e completo com que ele descreveu a pessoa e obra do Messias.

Muitos julgamentos profetizados por Isaías foram cumpridos no ministério de Jesus (cf. Is.53:4-6; 2Co.1:15; Hb.9:26). Além disso, o profeta Isaías apresentou Jesus como “o Servo” que traria justiça às nações; que iluminaria os gentios (no sentido de prover salvação a eles); que expiaria o pecado de seu povo e, finalmente, ressuscitaria dos mortos (Is.42:1-7; 49:1-7; 52:13-53:12).

É por isso que as profecias do profeta Isaías, registradas em seu livro, são as mais referenciadas no Novo Testamento, quando o objetivo é apontar sobre como a pessoa de Jesus cumpre com perfeição todas as promessas do Antigo Testamento em relação ao Messias prometido.

Profeta Jeremias. Jeremias era filho de um homem chamado Hilquias, de uma família de sacerdotes. Um dia, Deus falou com Jeremias e disse que o tinha escolhido como profeta. Jeremias se sentia muito novo para ser profeta, mas Deus garantiu que estaria sempre com ele e lhe daria as palavras certas (Jr.1:6-8). Deus avisou a Jeremias que o povo era rebelde e iria rejeitar sua mensagem. Mas Deus lhe daria força para enfrentar toda a oposição e perseguição sem desistir (Jr.1:17-19).

Como profeta, Jeremias não teve uma vida fácil. Deus ordenou que ele não se casasse nem formasse família, porque as crianças nascidas nessa época não teriam futuro (Jr.16:2-4). Ele também não participava de festas nem ia a funerais, como sinal que Deus havia abandonado seu povo. A vida de Jeremias foi muito solitária.

Por causa de sua mensagem de castigo e destruição, Jeremias foi considerado um traidor, que estava tentando desmoralizar o povo. Ele foi preso várias vezes por causa de suas pregações; foi maltratado e algumas pessoas até tentaram matá-lo! (Jr.20:1-2; 26:8-9). Mas no meio desse sofrimento todo, Deus protegeu a vida de Jeremias.

Quando Jeremias começou seu ministério, o rei Josias estava fazendo reformas, tentando levar o povo a adorar a Deus novamente. Mas o coração das pessoas estava virado para a idolatria e não houve verdadeira transformação. Por isso, Deus usou Jeremias para avisar que o castigo era iminente. Quando Josias morreu em combate, Jeremias escreveu um lamento por ele (2Cr.35:25).

Jeremias continuou avisando o povo do castigo que estava chegando ao longo dos reinados dos próximos três reis. Mas esses reis não eram como Josias. Eles eram idólatras e não temiam a Deus. Em vez de ouvirem Jeremias, eles o viam como uma ameaça. O povo continuou na idolatria e no pecado, ignorando a mensagem de Jeremias.

Jeremias viu o cumprimento de suas profecias. Ele estava em Jerusalém quando Nabucodonosor a conquistou e destruiu (Jr.52:12-14). Ele viu o castigo do povo e sofreu muito com isso, porque se importava com sua nação. Mas, mesmo depois de ver o cumprimento das profecias, o povo continuou a ignorar os avisos do profeta. Mesmo assim, Jeremias não desistiu e continuou repreendendo o povo por seus pecados. Ele os chamava ao arrependimento, para o perdão dos pecados. Jeremias também profetizou que, depois de 70 anos, Deus iria trazer restauração (Jr.29:10). Ele anunciou a restauração do remanescente (Jr.50:19,20) e a chegada de Cristo como um Renovo de justiça (Jr.33:15). Ele também profetizou sobre uma nova aliança, que um dia Deus iria estabelecer no coração das pessoas (Jr.31:33-34). Essa profecia foi cumprida em Jesus.

3. Os profetas Ezequiel e Daniel

Profeta Ezequiel. Foi um dos grandes profetas de Israel. Seu ministério foi durante a época do exílio na Babilônia, uma fase muito difícil na história de Israel. Aos 30 anos de idade, Ezequiel teve uma visão da glória de Deus e foi chamado para ser profeta (Ez.1:1-3). A partir daí ele iria profetizar para o povo de Israel espalhado pelo império babilônico.

No livro de Ezequiel, o profeta avisou sobre a destruição de Jerusalém, mas também anunciou a restauração do povo de Deus. Na sua época, Nabucodonosor conquistou o reino de Judá, obrigando o rei a se submeter ao império babilônico. Nessa invasão, Nabucodonosor deportou vários sacerdotes, oficiais e membros da nobreza judaica para a Babilônia. Ezequiel, com cerca de 25 anos, foi um dos exilados. Como Jeremias, ele era de uma família de sacerdotes, mas também não teve a oportunidade de servir no templo.

Por ordem de Deus, Ezequiel fez vários gestos simbólicos para ilustrar o que iria acontecer com o povo de Judá. Por exemplo, ele construiu uma miniatura de Jerusalém e a cercou, para mostrar que a cidade iria ser sitiada. Ezequiel também racionou sua comida, simbolizando a falta de comida durante o cerco de Nabucodonosor. Os atos que Ezequiel realizava em público eram proféticos (Ez.24:24).

Certo dia, Deus avisou a Ezequiel que ele ia perder sua esposa. Nesse mesmo dia a esposa de Ezequiel morreu (Ez.24:15-18). Mas Ezequiel não fez luto por sua amada. Sua perda foi sinal de uma perda muito maior que iria acontecer: a destruição de Jerusalém e a morte de muitos judeus. Algum tempo depois, a profecia se cumpriu.

Como Jeremias, a vida de Ezequiel não foi fácil. Muitas de suas mensagens eram de condenação de destruição e o povo não queria aceitar o que dizia. No entanto, Ezequiel se manteve fiel e obedeceu a tudo que Deus lhe mandou fazer e não deixou de pregar para o povo. No fim, Ezequiel recebeu a esperança de uma futura restauração, em que Deus iria cuidar de seu povo (Ez.37:26-28).

Profeta Daniel. Foi o quarto dos chamados “Profetas Maiores”; ele foi o personagem principal do livro de Daniel presente no Antigo Testamento. Nada se sabe sobre sua vida além do que é relatado no livro que traz seu nome. Sabemos que ele foi um israelita de linhagem nobre e real (Dn.1:3), levado cativo de Judá para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor, em aproximadamente 605 a.C., no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá (Dn.1:1).

Na Babilônia, juntamente com outros companheiros com qualidades semelhantes a ele, Daniel foi educado para o serviço no Império Babilônico, sendo instruído sobre a língua e a civilização dos caldeus (Dn.1:4). Dentre os companheiros de Daniel na Babilônia, o relato bíblico destaca três nomes: Hananias, Misael e Azarias, também conhecidos por seus nomes babilônicos Sadraque, Mesaque e Abednego, respectivamente. Conforme o costume babilônico que atribuía nomes que faziam referências as suas deidades, Daniel também recebeu outro nome, no caso Beltessazar. A Bíblia diz que Deus concedeu a estes quatro jovens conhecimento e inteligência em todas as letras, e sabedoria, mas a Daniel Deus também deu entendimento em toda a visão e sonhos (Dn.1:17). O Profeta Daniel ganhou reputação inicialmente interpretando os sonhos do rei Nabucodonosor (Capítulos 2 e 4).

Entre os capítulos 7 e 12, estão registradas as próprias visões do Profeta Daniel, as quais, entre outras coisas, predizem principalmente o triunfo do reino messiânico. Tais visões também são lembradas nos mais intensos debates teológicos acerca da escatologia bíblica. O Profeta Daniel teve sua última visão registrada em seu livro, nas margens do rio Tigre, durante o terceiro ano do reinado de Ciro. Ele entendeu que o cativeiro duraria 70 anos (Dn.9:2), e passou a clamar pelo seu fiel cumprimento (Dn.9:19). Como resposta, Deus lhe revelou o tempo da restauração da nação de Judá, a vinda de Cristo, o advento do Anticristo e o Julgamento Final (Dn.9:24-27).

No Novo Testamento, Jesus, em Seu Sermão Escatológico, cita a profecia do Profeta Daniel acerca do “abominável da desolação” (Dn.9:27; 11:31; 12:11 cf. Mt.24:15; Mc.13:14), que historicamente se referia à profanação promovida por Antíoco IV Epifânio. Também sobre essa profecia, a maioria dos estudiosos concorda que tais eventos tipificam de alguma forma o Anticristo escatológico, que surgirá após o arrebatamento da Igreja (2Ts 2:3).

O profeta Daniel foi uma pessoa íntegra e justa, temente a Deus acima de qualquer coisa. Ele nunca aceitou se corromper, por maior que fosse o tesouro que lhe oferecesse. Daniel era fiel a Deus mesmo que isso custasse sua vida. Ele também nos mostra como é possível buscar a Deus mesmo em uma terra estranha e mergulhada no paganismo. Provavelmente ele alcançou os 90 anos de idade, vivendo até aproximadamente 536 a.C., no terceiro ano do reinado de Ciro.

II. OS PROFETAS MENORES

A designação “profeta menores” deve-se ao pequeno volume dos seus respectivos livros em comparação aos dos profetas maiores, e não quanto à qualidade da inspiração divina. Os profetas ditos menores são divididos em dois grupos: (a) profetas pré-exílicos: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque e Sofonias; (b) profetas pós-exílicos: Ageu, Zacarias e Malaquias.

Os profetas pré-exílicos são subdivididos entre aqueles que profetizaram: (a) para Judá: Joel, Miqueias, Habacuque e Sofonias; (b) para Israel: Amós e Oseias; (c) para outras nações: Jonas e Naum: Assíria; Obadias: Edom.

Os profetas que viveram após a experiência do cativeiro babilônico entregaram suas profecias para Judá, pois o Reino do Norte já havia sido destruído pelos Assírios em 722 a.C.

Os profetas menores profetizaram do oitavo ao quinto século antes de Cristo. Podemos dizer que eles eram homens piedosos e corajosos, com profunda visão espiritual e zelo religioso. Eles possuíam uma posição independente, sem qualquer tipo de relação com os poderes políticos e religiosos vigentes; em alguns momentos, entravam em rota de colisão com estes poderes instituídos, denunciando a corrupção, a hipocrisia, a injustiça e o descaso para com a Lei por parte dos reis e sacerdotes, e de toda a nação. Eles falavam com ousadia e autoridade.

1. Os profetas do Reino do Norte

Destacadamente, os profetas do Reino do Norte foram: Oseias e Amós. Oseias ficou conhecido como o primeiro "profeta da graça" ou o "evangelista de Israel". Seu nome vem da forma hebraica "Hoshea", que no original procede da mesma raiz da palavra "Jesus" ou "Josué". Como Jeremias, foi um homem quebrantado; é considerado o "Jeremias do Reino do Norte". Ambos empregaram a analogia do casamento para falar da relação de Deus com Israel (Jr.2:2; Os.2:16) e utilizaram a linguagem metafórica do divórcio para expressar a tristeza de Deus em executar o juízo (Jr.3:8; Os.2:2-7). À semelhança de Ezequiel, Oseias ilustrou sua mensagem com a própria vida - enquanto Ezequiel tornou-se viúvo e por meio de sua vida realizou vários atos como um sinal para sua geração, Oseias perdeu sua mulher para a prostituição e a perdoou, retratando o amor de Deus por Israel, um povo infiel.

Oseias profetizou nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel (Os.1:1). Foi um período de instabilidade política e declínio moral que culminou com a destruição do Reino do Norte pela Assíria. Oseias nos ensina que enquanto a apostasia provoca o juízo, a restauração é resultado direto do imensurável amor de Deus pelo seu povo (1Pd.1:10; 2Pd.1:21).  Apesar dos nossos pecados, Deus continua sempre disposto a nos amar, pois a base do amor de Deus não é nosso mérito, mas seu próprio amor, visto que sua essência é amar (Rm.5:8). 

O profeta Amós. Este profeta, que era pecuarista e cultivador de figos (Os.1:1), foi enviado ao povo de Israel com uma palavra contundente contra a idolatria, que havia se tornado uma "praga" no meio do povo de Deus.  Ele também fez graves denúncias contra as injustiças sociais. Amós profetizou quando Israel vivia grande prosperidade (Am.6:1), mas o livro de Amós nos mostra que a prosperidade de Israel foi a causa de suborno, corrupção e injustiça da nação (Am.2:6-8; 5:11). Infelizmente, algumas pessoas, ainda hoje, depois de prosperarem se esquecem do Senhor e das ordenanças da sua Palavra.

As prédicas de Amós foram precisas e alcançaram o âmago da nação israelita. Contudo, ele não apenas assinalou o pecado, mas advertiu o povo a buscar o arrependimento, pois Deus é bom e misericordioso – “Piedoso é o SENHOR e justo; o nosso Deus tem misericórdia” (Sl.116:5).

Apesar das mensagens destemidas e contundentes desses dois profetas, Israel não se arrependeu dos seus maus caminhos. Como consequência, as 10 tribos do reino do Norte foram conduzidas ao cativeiro pela Assíria (Os.9:3). Todavia, ambos os profetas anunciaram que Deus prometeu restaurar o povo (Am.9:14; Os.14:4).

2. Os profetas Pré-exílio

Os profetas pré-exílicos, que destacadamente profetizaram no reino do Sul, foram: Joel, Miqueias, Habacuque e Sofonias.

- Profeta Joel. Joel iniciou sua pregação a partir do anúncio de que alguns desastres naturais viriam: praga de gafanhotos vinda do deserto, seca, fome, incêndios, invasões militares e desastres nos céus. A terra, outrora dada pelo Senhor, seria ferida com uma devastação jamais vista. Os desastres eram uma forma de punição pelos pecados cometidos pelo povo de Judá. O profeta revela ao povo os acontecimentos futuros e o que eles deveriam fazer para que as catástrofes não os atingissem. Ele os advertiu dizendo: "Convertei-vos a mim de todo o vosso coração" (Jl.2:12). Somente um arrependimento sincero e verdadeiro poderia fazer com que o povo de Deus escapasse de um terrível juízo.

Joel também nos mostra que a bênção espiritual vem acompanhada de bênção material e ambas são ativadas pelo arrependimento sincero. Que jamais venhamos nos esquecer do ensinamento de Joel: Deus é santo e pune o pecado com justiça! Contudo, Ele é bondoso e misericordioso e capaz de liberar o perdão diante de um arrependimento sincero.

O profeta não ficou limitado às dificuldades do presente, à tragédia natural ou ao indiferentismo religioso, mas transportou sua visão para uma época vindoura e enxergou o derramar do Espírito Santo sobre toda a carne (Jl.2:28).

- Profeta Miqueias. Miqueias foi um profeta do campo que vivia em uma pequena aldeia e que trouxe uma mensagem de advertência aos líderes de Israel e Judá. Ele foi contemporâneo de Isaías, Jonas, Oseias e Amós. O profeta revelou que o Deus de Israel não era e não é uma divindade de uma única nação; Ele é o Senhor de toda a terra. Por isso, o profeta apresenta o Todo-Poderoso como o Supremo Juiz que zela pela justiça das nações (Mq.1:2). Miqueias profetizou a queda de Samaria pela Assíria e o cativeiro de Jerusalém pela Babilônia (Mq.1:5-9; Jr.26:17-19); também profetizou a restauração de Judá (Mq.3:12; 4:10).

Na época do profeta Miqueias, os religiosos cumpriam eficazmente o ritual levítico, porém, os ritos eram feitos de forma mecânica, sem vida. Enquanto a liturgia era bem cumprida, a obediência, a justiça, a misericórdia e a humildade eram desprezadas pelo povo; os pobres eram explorados. Apesar de praticarem injustiças sociais, as pessoas se reuniam regularmente para "adorar ao Senhor". Miqueias denunciou a falsa espiritualidade (Mq.2:11; 3:11). Ele foi um homem corajoso que não teve receio de condenar tais pecados (Mq.3:8). Proveniente da zona rural e de uma família humilde, ele sentiu na pele as desgraças do povo pobre do interior que vivia sob fortes opressões. Como um verdadeiro arauto da verdade, expôs o erro e desafiou seus compatriotas a se arrependerem praticando uma religião honesta diante de Deus e justa diante dos homens.

- Profeta Habacuque. Este profeta reclamou da violência, do litígio e da sentença distorcida (Hc.1:1-4); vaticinou que Deus usaria os babilônios para punir a nação (Hc.1:6). Ele profetizou em Judá e o tema central do seu livro é na verdade a grande indagação de todo cristão: "Onde está Deus, quando os seus filhos sofrem?". Habacuque não conseguia entender como os babilônios, que ignoravam as leis de Deus, saqueavam as nações, violentavam as mulheres e matavam tantas pessoas, seriam usados para punir o povo do Senhor por seus pecados.  Muitas vezes, em nossa limitação, não conseguimos compreender o agir de Deus. Contudo, precisamos confiar no seu operar, na sua misericórdia e justiça.  Com Habacuque aprendemos que Deus é soberano e Ele jamais perde o controle de toda e qualquer situação. Nós temos é que confiar, pois "o justo, pela sua fé, viverá" (Hc.2:4).

- Profeta Sofonias. Sofonias trouxe uma mensagem contundente a respeito da destruição de Judá e das nações vizinhas (Sf.1:1), e a restauração dos remanescentes (Sf.3:13). O livro de Sofonias trata a respeito da punição por causa do pecado. Temos um Deus amoroso, justo, santo e que pune o pecador, caso não haja um arrependimento sincero. Cremos que assim como o juízo divino veio contra Judá, um dia o Senhor também julgará o pecado das nações. Acreditamos no Juízo Final, no acerto de contas da humanidade com o seu Criador. Não sabemos quando se dará esse dia, por isso, somos exortados pelas Escrituras Sagradas a vivermos em obediência e a aproveitarmos o tempo da graça.

3. Os profetas Pós-exílio

Dos doze profetas menores, apenas três desenvolveram seus ministérios após o cativeiro babilônico, são eles: Ageu, Zacarias e Malaquias.

- Profeta Ageu. Ageu foi o primeiro a profetizar após o exílio, sendo contemporâneo de Zacarias. A profecia de Ageu teve como objetivo incentivar os judeus que retornaram do exílio a reconstruírem o Templo (Ag.1:1).  Ele persuadiu o povo a reconstruir o Templo (Ag.1:2-6), e Deus prometeu prover os recursos da construção (Ag.2:8), e assegurou que a glória desse Templo seria maior do que a do primeiro (Ag.2:9). O templo era o símbolo visível da aliança de Deus com os descendentes de Abraão, por isso, motivou seus compatriotas a não desanimarem no trabalho da obra de Deus. Em uma época em que os judeus se mostravam indiferentes, Ageu ensinou-lhes que eles deviam dar a Deus a prioridade em suas vidas.

Por intermédio da mensagem do profeta aprendemos importantes lições para a nossa vida: A primeira é que não devemos focar no passado e permitir que o saudosismo nos domine. Precisamos erguer nossos olhos com expectativa para o futuro. A fé precisa suplantar o saudosismo. A segunda lição é que Deus atentava para a reconstrução do Templo, um lugar de adoração, comunhão. O culto oferecido ao Senhor não poderia e não pode ser de qualquer jeito. A terceira lição é que as lutas e provações devem ser vista como oportunidade para nos aproximar mais de Deus. Em meio às dificuldades precisamos aprender a olhar para o céu e confiar na promessa divina de que todas as situações, por mais adversas que sejam, contribuem para o nosso bem (Rm.8:28).

- Profeta Zacarias. Zacarias desenvolveu o seu ministério para o primeiro grupo que retornou à Jerusalém após o decreto assinado por Ciro em 538 a.C., o qual autorizou a repatriação dos judeus exilados. Cinquenta mil judeus, sem contar as mulheres e crianças retornaram sob a liderança do príncipe Zorobabel e do sumo sacerdote Josué. O propósito era reconstruir o Templo. Com a oposição dos samaritanos, muitos desanimaram e o projeto acabou sendo abandonado. Assim como Ageu, Zacarias animou o povo e Zorobabel a concluírem o Templo, com a mensagem: “não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito” (Zc.4:6); e anunciou a vinda do Messias, como o renovo do Senhor (Zc.3:8).

Podemos extrair do livro de Zacarias três importantes lições para a Igreja do Senhor na atualidade: A primeira é que os servos de Deus devem colocar todas as suas competências, talentos e dons espirituais a serviço do Senhor. Os dons espirituais, assim como os talentos, jamais devem ser escondidos ou negligenciados, mas usados para a glória do Todo-Poderoso. A segunda lição é que o jejum continua valendo para os dias atuais. Jesus ratificou a prática do jejum, contudo temos que ter o cuidado para que tal prática não se torne apenas um ato ritualístico. O jejum precisa ser visto pelo crente como uma forma voluntária de adoração ao Senhor (Zc.8:19). A terceira lição é que Jesus Cristo na sua primeira vinda ao mundo, veio em carne, foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria, nasceu como um bebê para morrer na cruz por nossos pecados; porém, em sua segunda vinda, Ele voltará em glória como um Rei vitorioso, e Juiz para julgar as nações.

- Profeta Malaquias. Ele foi contemporâneo de Neemias. Demonstrou sua fidelidade e devoção a Deus combatendo práticas pecaminosas que eram consentidas em seu tempo. No tempo de Malaquias, os judeus já haviam retornado para Jerusalém há cem anos aproximadamente, e com o tempo, foram se tornando apáticos na prática da fé. Malaquias chegou a denunciar a adoração hipócrita, bem como a corrupção do sacerdócio (Ml.1:7-2.9). Os judeus declinavam na sua vida espiritual.  Sua profecia condenou a idolatria (Ml.2:10-12), os divórcios e os casamentos mistos (Ml.2:11-15), o abandono da guarda do sábado (Ml.2:8,9) e o fracasso dos dízimos por conta do egoísmo material (Ml.3:8-10). O Templo já tinha sido construído, porém estava sendo ignorado pelo povo.

O Senhor busca aqueles que o adoram em espírito e em verdade. Ele deseja do seu povo uma adoração sincera, resultado de um coração devotado e cheio de amor. A adoração a Deus em Judá não era sincera, pois o relacionamento do povo com o Senhor havia sido interrompido devido ao pecado. Contudo, se houvesse arrependimento, as bênçãos do Senhor seriam derramadas sobre todos.

4. Os demais profetas

Os demais profetas não descritos acima são: Jonas, Naum e Obadias. Vamos analisar suscintamente cada um.

- Profeta Jonas. Jonas recebeu a ordem de Deus para levar a mensagem do Senhor aos assírios. A ordem de Deus era: "Levanta-te e vai à grande cidade de Nínive" (Jn.1:2). A Assíria era uma espécie de Sodoma e Gomorra reerguida naqueles dias. Era o epicentro mundial da violência, tortura, feitiçaria, idolatria etc. O profeta Naum chama Nínive de "a cidade sanguinária" (Na.3:1). A deusa Ishtar - da guerra e do sexo - era a principal divindade adorada na Assíria. Violência e imoralidade eram as marcas constitutivas daquele povo. Eles tinham o costume de decepar as mãos, orelhas e narizes, vazar os olhos e esfolar vivos os seus inimigos. Até crianças eram queimadas vivas. Eles desconheciam a palavra misericórdia.

Jonas não desejava que esse povo fosse perdoado, por isto, recusou cumprir a missão. Somos hábeis em condenar pessoas por crimes e atos vis, todavia, até o criminoso mais cruel, por mais difícil que seja de entendermos, tem direito de experimentar o perdão e o amor de Deus (Lc.23:43). Deus ama até quem nós detestamos (Rm.5:8; 1Tm.1:15). Nós, como os ninivitas, também não merecíamos o perdão e a misericórdia do Senhor, mas Ele nos amou e enviou seu Filho para morrer em nosso lugar. Nossos pecados podem ser vis e execráveis, porém jamais serão maiores do que o perdão e o amor de Deus. Estas dádivas divinas estão disponíveis a todos os seres humanos via arrependimento, até aqueles indivíduos que reputamos como os mais desprezíveis deste mundo. Deus ama a todos, inclusive àqueles a quem abominamos.

- Profeta Naum. Naum foi um profeta de Judá e sua mensagem apresenta uma promessa divina: a punição da Assíria por sua crueldade (Na.1:1). Nínive havia provado da graça de Deus na pregação de Jonas. Com o arrependimento dos ninivitas, o Senhor suspendeu o juízo. O tempo passou e após um pouco mais de um século uma nova geração preferiu a iniquidade ao invés da retidão. Suas obras foram cruéis, perversas e infectadas de malignidade. Tal comportamento acendeu a ira de Deus. Não podemos esquecer que o amor de Deus caminha ao lado de sua justiça. Naum anunciou a Nínive o juízo divino. Deus estava cheio de furor e não trataria o culpado como inocente. Não podemos nos esquecer de que Deus é misericordioso e tardio em irar-se, contudo Ele é justo e "ao culpado não tem por inocente" (Na.1:3).

- Profeta Obadias. Obadias trouxe uma mensagem de advertência para o povo de Edom, descendentes de Esaú. Eles seriam punidos pelo Senhor pela crueldade e orgulho contra Judá (Ob.1:8-11). Por essa razão, Deus os condenava à destruição (Ob.1:15,16), enquanto Judá seria restaurada (Ob.1:17).

É provável que o profeta estivesse em Jerusalém durante um período em que a cidade foi atacada. Os edomitas foram cruéis durante esta invasão. Obadias narrou os acontecimentos no estilo de uma testemunha ocular (Ob.1:11-14). Ele era um homem piedoso, que seguia a ortodoxia judaica e acreditava na justiça divina. Ao ver a maldade dos edomitas, anunciou impelido pelo Espírito de Deus o juízo que estava por vir sobre esta nação. Vale destacarmos que outros profetas também anunciaram o juízo sobre Edom (Jr.49:7-22; Ez.25:12-14; Am.1:11,12).

O profeta Obadias nos mostra que o ódio e o orgulho não devem ter espaço em nosso coração. Então, pare agora e faça um autoexame. Como está seu coração? Ele continua humilde, quebrantado, puro e confiante em Deus? Esperamos que sim. Contudo, é importante ressaltar que só há uma maneira de guardarmos os nossos corações de sentimentos detestáveis aos olhos do Senhor, como por exemplo, a soberba: permanecer olhando para Jesus e seguindo seus passos; só o Salvador pode nos conduzir a uma vida de amor, humildade, perdão e de santidade.

III. O LIVRO DO APOCALIPSE

O Livro do Apocalipse é o único livro profético do Novo Testamento; é uma profecia (Ap.1:3; 22:7,10,18-19) que assegura a vitória de Cristo e da Igreja sobre todos os seus adversários; é a “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo. Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap.1:1,3).

1. Autoria, propósito e destinatários

- Autoria. O próprio livro nos diz que o autor é o apóstolo João (Ap.1:1,49;22:8), e que escreveu por ordem do Senhor Jesus Cristo. Evidências externas antigas, fortes e abrangentes confirmam a identificação do autor com o apóstolo João, filho de Zebedeu, que trabalhou durante muitos anos em Éfeso (na Ásia Menor, região onde ficavam as sete igrejas mencionadas nos capítulos 2 a 3). Apocalipse foi escrito durante uma época de perseguição, provavelmente durante o reinado de Domiciano (81-96 d.C.). João foi exilado pelo imperador Domiciano na ilha de Patmos, onde escreveu as visões que o Senhor lhe concedeu. Posteriormente, voltou a Éfeso, onde morreu em idade bastante avançada. Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, Hipólito, Clemente de Alexandria e Orígenes atribuem o livro de Apocalipse a João.

- Propósito. Apocalipse foi escrito com o propósito de advertir, consolar os cristãos, e “mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer” (Ap.1:1), e confortar a Igreja militante em seu conflito contra as forças do mal. O livro de Apocalipse está cheio de consolações para os crentes afligidos. A eles é dito: que Deus vê suas lágrimas (Ap.7:17; 21:4); suas orações produzem verdadeiras revoluções no mundo (Ap.8:3-4); sua morte é preciosa aos olhos de Deus (Ap.14:13); sua vitória é assegurada (Ap.15:2); seu sangue será vingado (Ap.6:9; 8:3); seu Cristo voltará em breve (Ap.22:17). Outro propósito: corrigir as distorções doutrinárias e desvios de conduta das igrejas da Ásia Menor. Antes de Jesus manifestar seu juízo ao mundo, ele manifestou-o à sua Igreja (1Pd.4:17); por isso, Jesus mostrou seu julgamento às sete igrejas (Ap.1-3) antes de mostrá-lo ao mundo (Ap.4-22). Todas as cartas enviadas às sete igrejas têm basicamente a mesma estrutura: apresentação, apreciação, reprovação e promessas.

- Destinatários. O livro é dirigido a sete igrejas da Ásia Menor (Ap.1:4,11), uma área que, atualmente, é parte da Turquia ocidentalA situação espiritual das igrejas, destinatárias do Livro de Apocalipse, não era muito boa. Então, Cristo convocou seus membros para que se comprometessem a viver de modo justo. Há muitos males que atacam a Igreja: esfriamento, perseguição, heresia, imoralidade, presunção e apatia. Mas Cristo se apresenta para cada Igreja como o remédio para o seu mal. Cristo não apenas está no meio da Igreja (Ap.1:13), Ele está também andando, em ação investigatória, no meio da Igreja (Ap.2:1); Ele sonda a Igreja, pois Seus olhos são como chama de fogo (Ap.2:18).

ü  Para a igreja de Éfeso, que havia perdido o seu primeiro amor, Jesus se apresentou como aquele que anda no meio da igreja, segurando a liderança na mão, como o Seu pastor superior. Ele está dizendo, "eu vejo tudo e conheço tudo".

ü  Para a igreja de Esmirna, que estava passando pelo sofrimento, perseguição e morte, enfrentando o martírio, Jesus se apresentou como aquele que esteve morto e tornou a viver. O Jesus que venceu a morte é o remédio para alguém que está enfrentando a perseguição e a morte.

ü  Para a igreja de Pérgamo, que estava se misturando com o mundo e perdendo o senso da verdade, Jesus se apresentou como aquele que tem a espada afiada de dois gumes, que exerce juízo e separa a verdade do engano. Pérgamo estava em conflito entre a verdade e o engano (Ap.2:14).

ü  Para a igreja de Tiatira, que estava tolerando a impureza e caindo em imoralidade, Jesus se apresentou como aquele que tem os olhos como chama de fogo, que tudo sonda e conhece e tem os pés semelhantes ao bronze polido e que é poderoso para julgar e vencer os inimigos.

ü  Para a igreja de Sardes, que tinha a fama de ser uma igreja viva, mas estava morta, Jesus se revelou como aquele que tem os sete espíritos de Deus, a plenitude do Espírito, o único que pode dar vida a uma igreja morta. A igreja tinha fama, tinha aparência de vida, mas não realidade estava morta.

ü  Para a igreja de Filadélfia, uma igreja que tinha pouca força, mas era fiel, Jesus viu muitas oportunidades à sua frente e disse a ela que Ele tem a chave de Davi, que abre e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá.

ü  Para a igreja de Laodicéia, uma igreja sem fervor espiritual, morna, rica financeiramente, mas pobre espiritualmente, Jesus se apresentou como aquele que é constante fidedigno no meio de tantas mudanças.

Cada Igreja recebeu repreensões e encorajamentos de acordo com a sua condição espiritual (Ap.2:1-3:22). Houve muita perseguição sobre alguns cristãos (Ap.1:9; 2:9,13) e haveria mais pela frente (Ap.2:10; 13:7-10). Oficiais romanos tentariam forçar os cristãos a adorar ao imperador. Ensinamentos heréticos e fervor decrescente tentariam os cristãos para que se envolvessem com a sociedade pagã (Ap.2:2,4, 14-15, 20-24; 3:1-2,15,17).

O livro de Apocalipse, portanto, assegura aos cristãos que Cristo conhece as suas condições e que ele os chama para permanecerem firmes contra todas as tentações. A vitória dos cristãos já foi assegurada pelo sangue do Cordeiro (Ap.5:9,10; 12:11). Cristo virá em breve para derrotar Satanás e todos os seus agentes (Ap.19:11-20:10), e o povo de Cristo desfrutará da paz eterna em sua presença (Ap.7:15-17; 21:3,4).

2. Uma mensagem de esperança

O Apocalipse é um livro de esperança, e a mais sublime esperança do povo de Deus é a volta de Jesus Cristo (Ap.1:7). O apóstolo João, testemunha ocular de Jesus, proclamou que o Senhor vitorioso iria, com toda certeza, retornar para defender os justos e julgar os pecadores. Mas, o Apocalipse também é um livro de advertências e consolações. O seu estudo incentiva-nos à santidade, encoraja-nos no sofrimento e nos leva a adorar Àquele que está no trono (2Pd.3:12).

Chamado equivocadamente desde o século IV de “Apocalipse de São João” (na verdade, porém, é “Revelação de Jesus Cristo” [Ap.1:1]), o livro de Apocalipse é o ponto culminante necessário da Bíblia, pois nos mostra qual será o desfecho de todas as coisas. Até mesmo uma leitura rudimentar funciona como advertência severa aos incrédulos para se arrependerem e como encorajamento ao povo de Deus para perseverarem. Uma mensagem importante de Apocalipse é que Satanás será derrotado (Ap.20:10), o pecado será banido e aqueles que vencerem herdarão a Nova Jerusalém (Ap.21:2-4). Desse modo, Apocalipse nos ensina a viver com Deus no presente, a fim de participar da eternidade com Ele. Por isso, somos encorajados a clamar: “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).

“Os cristãos da Igreja Primitiva, como os primeiros a receber o Apocalipse, devem ter ficado maravilhados com as suas profecias. Embora tantos séculos já tenham se passado, o livro continua a merecer atenção e estudo, pois bênçãos são prometidas a todos os que guardam a sua mensagem. Suas profecias centralizam-se em Jesus e nos últimos tempos, revelando o clímax e o triunfo final do plano divino [...]” (HORTON, Stanley M. Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer).

CONCLUSÃO

O profeta era um porta-voz, um embaixador de Deus entre os homens. Um contraste nítido entre o sacerdote e o profeta podia ser facilmente identificado: enquanto o sacerdote era um representante do povo diante de Deus, o profeta representava Deus diante do povo; era identificado como "o homem de Deus" (Dt.33:1; 1Rs.13:1; 2Rs.4:9).

A voz dos profetas era a voz de Deus. Eles falavam em nome do Criador, geralmente por meio da célebre frase: "Assim diz o Senhor". Deus havia condenado as práticas adivinhatórias cananitas (Dt.18:9-14), mas permitiu que os profetas fossem consultados (1Sm.9:9). Por quê? Não se tratava de uma consulta meramente movida por adivinhação futurística, mas de instrução prática para uma vida santa. Deus se preocupa conosco e deseja nos orientar para que vivamos segundo sua vontade, que é sempre boa, perfeita e agradável (Rm.12:2).

AS HISTÓRIAS E AS POESIAS FALAM AO CORAÇÃO


 Texto Base: Deuteronômio 6.20-25; Salmos 119.105-108


 “Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra” (Sl.119:107).

Deuteronômio 6:

20.Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?

21.Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o Senhor, com mão forte, nos tirou do Egito;

22.E o Senhor, aos nossos olhos, fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda sua casa;

23.E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.

24.E o Senhor nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao Senhor nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje.

25.E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado.

Salmos 119:

105.Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.

106.Jurei, e o cumprirei, que guardarei os teus justos juízos.

107.Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.

108.Aceita, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, ó Senhor; ensina-me os teus juízos.

INTRODUÇÃO

Dando prosseguimento ao estudo das Sagradas Escrituras, veremos nesta Aula uma visão panorâmica dos livros históricos e poéticos; trataremos das experiências e das instruções relatadas nesses livros, cuja mensagem fortalece os nossos corações.

Os estudiosos cristãos das Escrituras dividiram o Antigo Testamento em quatro partes: a Lei (idêntica à Torah judaica); Livros Históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester), Livros Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares); e Livros Proféticos (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Ageu, Sofonias, Zacarias e Malaquias). Em razão desta classificação é que foi feita a disposição dos livros em nossa Bíblia. Os livros históricos valem-se da literatura chamada de “narrativa” para contar as histórias do povo de Deus. Os livros poéticos e de sabedoria recorrem ao “texto lírico” com o propósito de despertar sentimentos. Os escritos bíblicos em prosa e poesia revelam a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário; essas mensagens servem de bom remédio e conservam saudável o nosso espírito, alma e corpo (Pv.17:22).

I. AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO

As histórias da Bíblia dão testemunho da fidelidade e misericórdia divinas.

1. Os livros históricos

Os Livros históricos são os registros da experiência das pessoas da Antiga Aliança que tiveram com Deus, e da posse da Terra Prometida. O pr. Douglas, citando Gordon Fee, enfatiza que as narrativas históricas da Bíblia não são meramente das pessoas que viveram no período da Antiga Aliança, mas são, antes de tudo, narrativas históricas acerca daquilo que Deus fez para aquelas pessoas e através delas.

Os livros históricos são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estes livros retratam a história de Israel desde a entrada em Canaã (cerca de 1.400 a.C.) até o tempo de Esdras e Neemias (cerca de 400 a.C.). O Livro de Josué encabeça o rol desses livros históricos. A narrativa desse Livro relata a história da nação, desde a travessia do Jordão (Js.3:14-17) até a morte de Josué aos 110 anos de idade (Js.24:29).

Josué, sem dúvida alguma, é o personagem que predomina na fase da conquista da terra prometida, tendo sido fiel na sua incumbência de substituir Moisés na liderança do povo; embora fosse uma missão bastante árdua, o Senhor esteve com ele desde quando foi chamado (Dt.31:7,8; 34:7-12; Js.1:1-11). Já no início da conquista, Deus confirma o chamado de Josué aos olhos de todo o povo ao parar as águas do Jordão para que Israel atravessasse em seco para o lado ocidental da terra de Canaã (Js.3:1-7, 15-17), bem defronte de Jericó. Esta cidade era a primeira a ser conquistada, e mais uma vez o Senhor mostra o seu poder ao entregá-la milagrosamente nas mãos de Israel (Js.6:20,21,24,25). Nesse período, Israel experimentou, dentre outros, a fidelidade divina ao desfrutar da promessa feita aos patriarcas (Gn.17:3-8; Êx.3:13-17). A providência divina como na travessia do Jordão e na queda de Jericó (Js.4:7; Js.6:20), a proteção e a vitória sobre os inimigos (Js.24:1), dentre outros relatos, demonstram que Deus controla o curso da história e cumpre as suas promessas (Js.21:45).

2. As histórias dos Juízes

As histórias dos juízes são relatadas no livro de Juízes. Nele são contadas as histórias dos filhos de Israel à época em que se estabeleceram na terra de Canaã após a morte de Josué até o nascimento de Samuel (aproximadamente 1400 a.C.–1000 a.C.). Além da curta narrativa do livro de Rute, Juízes fornece o único relato bíblico desse período. O Livro descreve um ciclo que se repetiu inúmeras vezes durante o reinado dos juízes. Como os israelitas não conseguiram acabar com as influências iníquas da terra prometida, envolveram-se em pecados e foram conquistados e afligidos por seus adversários. Após os israelitas clamarem ao Senhor pedindo ajuda, Ele enviou juízes para libertá-los de seus inimigos. No entanto, os israelitas logo voltaram a pecar, e esse ciclo se repetiu (ver Juízes 2:11–19) - ciclos de pecado da nação, servidão a estrangeiros, súplica ao Senhor e salvação através de libertadores (os juízes).

Israel havia mergulhado na anarquia (Jz.17:6; 21:25) e na desobediência. Nessa época, não havia rei em Israel (Jz.18:1), e cada um andava como queria (Jz.21:25). Por essa razão, a nação entrou em declínio espiritual e fez o que parecia mal aos olhos do Senhor (Jz.3:7). Como resultado, os israelitas foram subjugados pelas nações vizinhas (Jz.3:8,12; 6:1; 10:7). Apesar disso, mediante o arrependimento do povo, Deus levantava libertadores para resgatar Israel da opressão (Jz.3:9,15; 6:7; 10:10). Os juízes eram muito mais do que julgadores, eles eram libertadores (Jz.2:16,19; 3:9) usados por Deus para que a nação não fosse totalmente destruída durante aquele período. Essas histórias apontam para a fidelidade e a misericórdia divinas (2Tm.2:13).

O primeiro juiz que encontramos no livro de Juízes é Otiniel; o último foi Sansão, totalizando o número de 12 juízes. São eles: Otiniel; Eúde; Sangar; Débora (e Baraque); Gideão; Tola; Jair; Jefté; Ibsã; Elom; Abdom; Sansão. O nome de Abimeleque não é contado por ter sido um usurpador (cf. Jz.cap.9). Entretanto, se considerarmos os juízes além do período do livro, teremos os nomes de Eli (1Sm.4:18) e de Samuel (1Sm.7:15), sendo este último, não somente juiz, mas também profeta e sacerdote. O nome de Samuel faz parte da transição entre os juízes e a monarquia e é considerado como o último e o maior dos juízes.

3. As histórias dos Reis

As histórias dos reis de Israel, que começa com a história do rei Saul, estão descritas em vários livros, a saber: 1Sm.10:1-31; 2Samuel; 1 e 2 Reis; 1 e 2 Crônicas. Vale lembrar que a maior parte dos profetas canônicos, exceto seis deles (Daniel, Ezequiel, Obadias, Ageu, Zacarias e Malaquias), profetizaram durante a época dos reis; portanto, estes livros correspondem a esta época e possuem dados importantes sobre este período. Soma-se a isto, o fato de 73 dos Salmos serem de autoria de Davi e 1 de Salomão. Os livros de Provérbios, Cantares e Eclesiastes também correspondem ao período dos reis de Israel, pois foram escritos pelo rei Salomão.

O período dos reis se divide em duas partes, a saber: a) Reino unido, quando Israel ainda não havia se dividido em reino do norte e reino do sul. Neste período reinaram Saul, Davi e Salomão; b) Reino dividido, quando Israel foi divido em duas partes; o reino do Norte ficou com dez tribos e o reino do Sul com duas tribos.

Por volta do ano 1050 a.C., o primeiro rei de Israel, Saul, foi ungido por Samuel (1Sm.10:1, entretanto, sua confirmação perante o povo aconteceu em Mispa (1Sm.10:17-27) e a proclamação definitiva ocorreu em Gilgal (1Sm.11:14,15). Saul era o rei que o povo escolheu; Deus lhes deu um rei segundo a vontade deles - de boa aparência e grande estatura (1Sm.10:23,24). Seu reinado foi bom apenas no primeiro ano, mas logo começou a mostrar o seu coração. Sua queda começou quando decidiu oferecer sacrifícios em Gilgal, ao invés de aguardar a chegada de Samuel, conforme lhe fora ordenado. Por não ser sacerdote, isto não era da sua competência. Saul foi desobediente a Deus e a Samuel; foi impaciente e decidiu fazer as coisas da sua própria maneira e não conforme os mandamentos do Senhor, sendo, portanto, rejeitado o seu reinado pelo Senhor (1Sm.13:13,14). Deus escolheu outro para ser rei (1Sm.13:14). Davi foi escolhido como seu substituto (1Sm.8:5; 9:17).

Davi saiu do exílio ao Trono de Israel. Ele estava em Ziclague, último “estágio” do seu exílio, quando o exército de Saul foi abatido diante dos filisteus (cf. 2Sm.1:1). De lá, após a morte de Saul, ele dirigiu-se a região de Judá; antes, porém, ele consultou o Senhor se Ele aprovava a sua decisão; e ele foi instruído pelo Senhor a ir para Hebrom, que ficava cerca de trinta quilômetros a sudoeste de Jerusalém (2Sm.1:1) - “E sucedeu, depois disso, que Davi consultou ao SENHOR, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? E disse-lhe o SENHOR: Sobe. E disse Davi: Para onde subirei? E disse: Para Hebrom”. Em Hebrom, os seus habitantes se ajuntaram e “ungiram a Davi rei sobre a casa de Judá” (2Sm.2:4) - “Então, vieram os homens de Judá e ungiram ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2Sm.2:2-4).

Por sete anos e seis meses, Davi reinou somente sobre a tribo de Judá, tendo Hebrom como sua capital. Ele aceitou ser rei de uma única tribo, até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Davi não se precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão difícil, buscava o Senhor (2Sm.2:1).

Sete anos e meio mais tarde, Davi tornou-se rei da nação inteira (2Sm.5:1-5); reinou sobre as doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2Sm.5:4,5). Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território prometido a Abraão (ver Gn.15:18) - “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá” (2Sm.5:4,5).

Após a morte de Davi, Salomão, seu filho, assumiu o trono, e após a sua morte, o reino foi dividido em duas partes - Reino do Norte e Reino do Sul. Com o passar do tempo, ambos os reinos rebelaram-se contra Deus, e por causa disso Deus os levou para o exílio. Em 722 a.C., Israel foi conquistado pelos Assírios. Em 586 a.C., Judá caiu diante da Babilônia. Contudo, em 539 a.C., cumprindo sua promessa, Deus restaurou o trono de Davi. E, do reino de Judá, a esperança messiânica se cumpriu em Jesus (Lc.1:32,33). Essas narrativas mostram que os planos do Senhor não podem ser frustrados (Jó 42:2).

II. OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO TESTAMENTO

1. Os livros sapienciais e poéticos

Como já foi dito na introdução desta Aula, os atuais estudiosos da Bíblia Sagrada dividem os livros do Antigo Testamento em: livros da lei, livros históricos, livros poéticos e livros proféticos. Segundo o pr. Caramuru Afonso, o grupo dos livros poéticos são chamados assim porque são "poesias", ou seja, escritos que têm como ponto-de-vista o mundo interior do autor. Ora, na mente do escritor, basicamente temos dois tipos de faculdades: a sensibilidade e o entendimento. Desta forma, os "livros poéticos" traduzem tanto ensinamentos (resultado do entendimento, da reflexão), como sentimentos (resultado da sensibilidade, das emoções e sensações). Não é de se admirar, portanto, que, no grupo dos livros poéticos, tenhamos tantos livros de ensinamentos (os chamados "livros de sabedoria" ou "livros sapienciais”) como livros de louvores e cânticos.

Os "livros poéticos" são cinco, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Destes, três são sapienciais - Jó, Provérbios e Eclesiastes; e dois são livros de louvores e cânticos - Salmos e Cantares de Salomão. Entre os hebreus, todos eles estão classificados entre os "Ketuvim" (outros escritos), que constitui na última parte do cânon judaico, que se inicia, precisamente, com os Salmos. Jesus fez menção a esta parte do cânon judaico: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc.24:44).

2. Eclesiastes, Provérbios e Jó

- Eclesiastes. “Eklesiastes”, significa "orador de uma assembleia convocada"; deriva do termo “eklêsia”, que é a palavra do Novo Testamento para "igreja". Aparentemente, Salomão, já perto do fim de uma vida desperdiçada em busca das coisas deste mundo, foi levado ao arrependimento pela repreensão do Senhor (1Rs.11:9-13). Muito provavelmente, foi nesta ocasião que ele escreveu, sob a inspiração do Espírito Santo, a respeito da futilidade de suas buscas materialistas e seus esforços para encontrar paz alegria nas coisas temporais. A perspectiva de Salomão na época em que ele escreveu é a chave para entender o livro de Eclesiastes de modo apropriado, e para explicar o seu pessimismo geral. Salomão escreve do mesmo ponto de vista em que tinha vivido a maior parte da sua vida, a de alguém "debaixo do sol" (Ec.1:3,30).

A aplicação deste livro à vida cristã é vista pelo fato de que Salomão está advertindo aqueles fiéis que tinham sido atraídos pelos valores, riquezas e filosofias deste mundo a retornarem de seus caminhos esbanjadores. Os que não são crentes são advertidos pelo próprio exemplo de Salomão, de que a vida, sem Cristo, na melhor das hipóteses, é apenas vaidade. No final do livro Salomão dá o célebre conselho: “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec.12:14).

- Provérbios. Segundo Hernandes Dias Lopes, este Livro é um manual de sabedoria para a vida. Sabedoria divina, e não sabedoria deste século. Sabedoria do alto, e não sabedoria da terra. Sabedoria que nos toma pela mão e nos conduz em segurança por caminhos aplanado de sanidade e santidade, justiça e misericórdia, fidelidade e amor. Provérbios abrange todas as áreas da vida. Trata da vida pessoal e familiar. Aborda o trabalho e o lazer. Enfatiza o relacionamento com Deus e com as pessoas. Destaca a necessidade de sermos justos e também misericordiosos. Estabelece a necessidade de sermos criteriosos com as ações e as motivações, com as palavras e os pensamentos.

- Jó. O livro de Jó é um belo exemplo de poesia hebraica, ainda que, na verdade, nem todo o livro tenha forma poética. O prólogo (Jó 1; 2) e o epílogo (Jó 42:7-16) estão escritos em prosa. O drama do sofrimento de Jó, o estilo majestoso e a natureza das discussões ajudaram a tornar o livro de Jó universalmente aceito como uma obra-prima literária. O propósito do livro é mostrar a sabedoria insondável da providência e benevolência de Deus, até mesmo nas provações trazidas aos seus filhos. Ele também explica por que o Senhor permite que as pessoas justas sofram: para expor a sua fragilidade e o seu caráter pecaminoso, para fortalecer a sua fé, e para purificá-las. A perspectiva espiritual do relato e o fato de que o Eterno exerce controle total sobre Satanás incentivam a confiança completa em Deus.

3. Salmos e Cantares de Salomão

- Salmos. O livro de Salmos é uma coletânea das obras de, pelo menos, seis autores. Os títulos dos salmos creditam a Davi a autoria de setenta e três salmos, e dois outros são atribuídos a ele nas páginas do Novo Testamento (Salmo 2, cf. At.4:25; Salmo 95, cf. Hb.4:7). Asafe foi o autor de doze salmos (Salmos 50; 7 a 83), ou, pelo menos, é o responsável pela preservação deles. Os filhos de Cora escreveram onze (Salmos 42; 44 a 49; 84; 85; 87; 88); Salomão escreveu dois (Salmos 72 e 127); o salmo 89 é atribuído a Etã; Moisés é o autor do salmo 90 (e possivelmente do salmo 91).

Os salmos transmitem poderosamente os sentimentos que são comuns aos crentes de todas as eras. Eles são intimamente pessoais, pelo fato que exploram todo o campo das emoções humanas: do profundo desespero ao prazer extasiado; de um desejo por vingança a um espírito de humildade e perdão; de uma súplica fervorosa a Deus, pedindo proteção, ao louvor jubiloso pela sua libertação. O princípio geral que pode ser visto em todos os salmos é o de que os autores têm uma confiança serena na orientação e na provisão de Deus.

Myer Pearlman expressa assim acerca do Livro de Salmos:

O livro dos Salmos é uma coletânea de poesia hebraica inspirada pelo Espírito Santo; descreve a adoração e as experiências espirituais do povo de Deus no Antigo Testamento. É a parte mais íntima e pessoal deste testamento, pois nos mostra como era o coração dos fiéis naquele tempo, e a sua comunhão com Deus.

Nos livros históricos da Bíblia, Deus fala acerca do homem; nos livros proféticos, Deus fala ao homem, e nos Salmos, o homem fala a Deus. A alma do crente pode ser comparada a um órgão cujo executor é Deus. Nos Salmos, percebe-se como Deus toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até hoje, não foi achada linguagem melhor para que nós nos expressemos diante de Deus. As palavras dos Salmos são a linguagem da alma” (PEARLMAN, Myer. Salmos: adorando a Deus com os filhos de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.5).

- Cantares de Salomão. Cantares de Salomão é parte de uma coletânea de livros do Antigo Testamento conhecida como os "Megilloth" (pergaminhos). Os outros livros incluídos neste grupo são Rute, Ester, Eclesiastes e Lamentações. Cantares de Salomão é importante na tradição judaica porque partes dele eram entoadas na Festa anual da Páscoa. Mas, este Livro tem sido o livro mais mal interpretado de todas as Escrituras. Talvez isto seja pelo fato de que é o único livro da Bíblia em que o enredo principal é sobre o "amor humano".

- Alguns interpretam o livro como um retrato literal e histórico do amor humano e do casamento puro. Eles sugerem que nunca se teve em mente um significado figurado ou alegórico. A este grupo pertencem os que dizem que Salomão estava apenas escrevendo um livro sobre o amor profano e cânticos de casamento que têm pouco ou nenhum valor espiritual.

- Outra interpretação do livro é a de que o seu significado é alegórico, e que tudo o que ele diz é figurado. Os que defendem esta teoria dizem que Salomão escreveu sob a inspiração do Espírito Santo, para mostrar o amor do Senhor por Israel e o amor de Cristo pela igreja e por cada crente. Como "esposa" de Cristo, os crentes devem retribuir este amor como obrigados por votos de casamento. A interpretação típica reconhece o cenário histórico, mas crê que os personagens e os relacionamentos são tipos de Cristo e da igreja.

- Alguns sugerem que Cantares de Salomão falam apenas de Salomão e a mulher sulamita, uma interpretação raramente respaldada. Em contraste, muitos acreditam que há três pessoas envolvidas na narrativa: Salomão, a sulamita e o pastor amante (Ct.1:7; 4:7-15). A perspectiva histórica é importante pelo fato de que Salomão e a sulamita estão descrevendo as ramificações do amor puro, ao passo que o pastor está tentando desviar o coração da mulher de Salomão. A ênfase do pastor é mostrar que a mulher foi tirada de sua pátria para o palácio do rei Salomão, como sua esposa, mas ela preferiria estar em casa com o pastor, perto de tudo o que é precioso para ela. O aspecto típico dos personagens diz respeito ao relacionamento de Deus com o seu povo. Salomão representa Deus e Cristo, e a mulher sulamita (como a esposa) representa o seu povo escolhido (Is.54:5,6; Jr.2:2; Ef.5:23-25). Finalmente, o pastor e amante é um retrato do mundo e suas ciladas, que buscam destruir o elo formado entre Deus e o seu povo.

- Segundo o pr. Douglas, o livro de Cantares ilustra o compromisso, a intimidade e o amor que deve existir no casamento. Refere-se ao plano original de Deus acerca do relacionamento conjugal. O versículo-chave sintetiza o ideal da fidelidade entre o marido e a sua mulher: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (Ct.6:3).

III. UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO

1. Uma mensagem de soberania

Nas histórias do povo de Deus da Antiga Aliança sobressaem a soberania de Deus; esta soberania é a garantia de que as promessas de Deus jamais falham, e isto é importantíssimo para o fortalecimento de nossa fé. Ao longo da história da humanidade, houve tentativas humanas e diabólicas para impedir os planos de Deus, mas todas elas foram frustradas, haja vista que a vontade de Deus é soberana e nada, absolutamente nada, pode mudar o rumo daquilo que previamente foi estabelecido por Deus para acontecer. Satanás usou todas os seus ardis para que as promessas divinas não fossem cumpridas, inclusive a promessa da encarnação de Cristo, prometida por Deus logo após a queda do homem (Gn.3:15). Satanás foi vencido e Deus cumpriu a sua Promessa, formando um novo povo, a Igreja, através da morte expiatória de Cristo na cruz do Calvário.

Mas, para que o Filho de Deus, o Salvador do mundo, fosse encarnado Deus prometeu escolher um povo dentre todos os povos; esse povo seria Israel, oriundo das entranhas de Abraão. O povo de Israel foi formado, mas logo que herdou a Terra Prometida se desviou do Senhor seu Deus. Na sua obstinação em desobedecer aos ditames de Deus, Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:5-11), numa escalada já prevista na lei de Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus que chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (2Cr.36:15-21), sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (cf. 2Rs.17:1-18). No entanto, apesar de todos os seus pecados, em Israel sempre houve um remanescente fiel, ou seja, pessoas que, ainda que anônimas e despidas de poder político, social ou econômico, serviam a Deus com sinceridade, obedecendo à Sua Palavra. Em determinado tempo, Deus resgatou da Babilônia o remanescente de Judá conforme a promessa feita a Davi (Ed.9:13). Deus conservou a nação de Judá e assim preparou o caminho para a vinda do Messias prometido (Atos 13:17-23). Assim sendo, nosso coração deve se aquietar, porque Deus é soberano, Ele age na história e nada acontece fora da sua vontade (Mt.10:29,30). Glórias a Deus!

2. Uma mensagem de sabedoria

Sabedoria, segundo a Bíblia, é a capacidade para fazer boas escolhas e distinguir o que é bom do que é ruim. De acordo com a Bíblia, a verdadeira sabedoria só pode ser alcançada através do Espírito Santo e de uma vida dedicada a Deus. A sabedoria que vem de Deus vale muito mais que a sabedoria do mundo. Segundo a bíblia, o sábio é aquele que conhece e teme a Deus. Não adiantaria termos todo conhecimento do mundo e perdermos a salvação de nossas almas por não caminhar com aquele que criou todas as coisas.

Salomão, na sua cosmovisão, falando do valor da sabedoria, disse: “Porque melhor é a Sabedoria do que joias e, de tudo o que se deseja, nada se pode comparar com ela” (Pv.8:11). O ser humano corre sofregamente atrás de prata, ouro, joias e riquezas. Investe seu tempo, usa sua energia, devota sua inteligência e emprega seus talentos para amealhar riquezas. Muitos chegam a alcançar sucesso nessa empreitada, porém deixam para trás os destroços de sua busca insaciável. Há aqueles que destroem o casamento e a família para atingirem o topo da pirâmide social. Acumulam bens, mas perdem a família. Ajuntam tesouros, mas perdem a alma. A Sabedoria divina nos adverte: a Sabedoria é melhor do que joias; e nada neste mundo, nem as riquezas nem os prazeres, podem ser comparado à sabedoria. O néscio ajunta tesouros julgando que essa riqueza lhe dará felicidade e segurança, porém, esses tesouros acabam se transformando no combustível de sua própria destruição. Quando alguém busca conhecimento e sabedoria em vez de correr atrás de bens materiais, encontra segurança e felicidade.

Infelizmente, hoje, o mundo tem muito conhecimento, porém, pouca sabedoria. Somos considerados a sociedade do conhecimento; avançamos em ciência, tecnologia e comunicação; temos satélites e a internet, e sabemos que muito mais novidade vem por aí. Mas, o mesmo conhecimento que nos trouxe conquistas e conforto, trouxe-nos guerras e morte. Tanto não alcançamos felicidade pelo livre e pleno exercício da razão, como multiplicamos alternativas emocionais, hedonistas, utilitárias e egocêntricas para a vida comum. Distanciamo-nos uns dos outros; estranhamo-nos; isolamo-nos. Nossos índices de drogadição, alcoolismo, acidentes de trânsito, conflitos e dissoluções familiares aumentaram drasticamente.

Diante desse quadro, eis uma conclusão: temos muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Conhecimento é domínio da informação que se refere ao objeto de interesse; sabedoria é a capacidade de utilizar o conhecimento em prol da vida e dos relacionamentos. O sábio não é, necessariamente, aquele que tem muito conhecimento, mas aquele que canaliza adequadamente para as ações e decisões do dia-a-dia todo o conhecimento que tem. Assim, um morador da periferia, um profissional artesão, um administrador de negócio próprio sem formação acadêmico, uma dona de casa ou um jovem que trabalha no campo podem ser mais sábios que um doutor ou um professor universitário. Com certeza, nossa geração é a geração do conhecimento, mas carece de uma sabedoria que a ajude a encontrar veredas de vida e paz.

Deus é a fonte da sabedoria (Pv.2:6), e o propósito da sabedoria é agradar a Deus (Pv.3:5). Desse modo, segundo o pr. Douglas, todo o conselho prático está subordinado à sabedoria divina. Dentre eles, citamos: andar retamente (Pv.2:7); fugir da luxúria (Pv.2:16); não ser preguiçoso (Pv.6:6); manter boa reputação (Pv.22:1); tomar cuidado no falar (Ec.5:2); não confiar no dinheiro (Ec.5:10); viver com alegria (Ec.9:7); remir o tempo (Ec.12:1); manter a integridade (Jó 1:22); aceitar a repreensão (Jó 5:17); confiar no Senhor (Jó 19:25); e desfrutar do verdadeiro amor (Ct.8:7). No entanto, essas ações não devem ser observadas de forma legalista, elas devem ser o resultado do toque divino no coração humano (Pv.4.:3).

3. Uma mensagem de adoração

De acordo com a Bíblia, a adoração está associada com a ideia de culto, reverência, veneração, por aquilo que Deus é (Santo, Justo, Amoroso, Soberano, Misericordioso etc.), ou seja, independente do que Deus faz, fez ou fará, nós devemos adorá-lo, pois Ele é Deus. É dever de cada criatura inteligente adorar a Deus. Os anjos O adoram (Ne.9:6); os Seus santos O adoram; e todos os seres são chamados a dar glória a Deus e adorá-Lo (Salmos 148), e dentro em breve tudo que há sobre a terra O adorará (Sf.2:11; Zc.14:16; Sl.86:9).

Um dos livros poéticos que mais expressam mensagens de adoração é o Livro de Salmos. Todos os livros da Bíblia aprofundam a compreensão de nosso relacionamento com Deus, mas os Salmos, incomparavelmente, enriquecem a experiência desse relacionamento; eles possuem a peculiaridade de expressar as mais profundas emoções do coração humano, tais como: medo, angústia e tristeza (Sl.116:3); força, segurança e alegria (Sl.118:14).

Sem dúvida o Livro de Salmos é o mais subjetivo dos livros da Bíblia; ele expressa realidades intimas vivenciadas por aqueles que amam a Deus; ele tem formado a oração e a adoração dos santos de todas as épocas. Crentes têm aplicado individualmente os Salmos para conforto e inspiração, e encontram neles modelos para oração e adoração pessoal. Toda emoção humana tem seu eco no livro de Salmos, e a maravilhosa mensagem deles é que Deus se importa não somente com as circunstâncias externas de nossas vidas, mas com cada reação à variadas experencias da vida.

Nas palavras do pr. Douglas, nos Salmos, destacam-se, entre outros retratos da vida espiritual: o coração que confia (Sl.3:3); o coração contrito (Sl.6:1); o coração que glorifica (Sl.8:1), o coração agradecido (Sl.30:1), o coração arrependido (Sl.51:1). O salmista, a fim de manter a verdadeira adoração em todas as circunstâncias da vida, descreveu a conduta por ele adotada: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl.119:11).

CONCLUSÃO

Os livros históricos são narrativas da história de Israel desde a morte de Moisés até a salvação do povo judeu no reinado de Assuero, quando quase foram totalmente destruídos; trata-se do mais pormenorizado e completo relato histórico de um povo da Antiguidade, que nos prova quanto Deus vela pelo Seu povo e para o cumprimento de Suas promessas. Os livros poéticos e sapienciais revelam a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário; suas mensagens alegram o nosso coração, servem de bom remédio, e conservam saudável o nosso espírito, alma e corpo (Pv.17:22). Enfim, as histórias e as poesias da Bíblia falam ao coração do ser humano.