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JESUS, O DISCIPULO E A LEI


 Texto Base: Mateus 5:17-20


“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Mateus 5:

17.Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.

18.Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

19.Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.

20.Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da relação de Jesus com a Lei de Deus escrita por Moisés e o que Ele deseja de seus discípulos. Depois de libertar Israel da servidão do Egito, Deus conduziu o seu povo por uma jornada de fé até a Terra Prometida, a fim de fazer cumprir a promessa feita a Abraão. No entanto, no início desta jornada, ao falar com Moisés no Monte Sinai (Êx.19:1-20), o Senhor relembrou aos israelitas a necessidade de eles guardarem o concerto firmado (Êx.19:5) e de obedecerem aos seus estatutos. Para tanto, Deus entregou a Moisés a Lei (hb. Torah, que significa ensinamento) com as condições e regras de convivência que os filhos de Israel deveriam observar como sinal de lealdade. A Lei completa se encontra em Êxodo 20 a 31, Levítico e Deuteronômio, apesar de sua essência estar incluída nos Dez Mandamentos.

A Lei não foi dada como meio de salvação (Atos 13:39; Rm.3:20a; Gl.2:16,21; 3:11), mas com a intenção de mostrar ao povo sua pecaminosidade (Rm.3:20b; 5:20; 7:7; 1Co.15:56; Gl.3:19), e então encaminhá-lo a Deus para a graciosa salvação oferecida por Ele. Foi dada à nação de Israel, mas, contém princípios morais válidos para o povo de Deus de qualquer época (Rm.2:14,15).

No Sermão do Monte, Jesus mudou o relacionamento dos seus seguidores com a Lei; Ele mostrou que o mais importante é o caráter, a conduta moral, a atitude do coração, não as cerimônias exteriores. Ele reforça os mandamentos divinos e centraliza-os no amor a Deus e ao próximo, rejeitando o sistema formal e legalista da sua época. Por isso, Paulo pronunciou que o mandamento é santo, justo e bom (Rm.7:12).

I. JESUS CUMPRIU TODA A LEI

1. Um compromisso com o passado

Em seus discursos, Jesus nunca teve a intenção de desvalorizar o passado relativo aos ensinos da Lei e dos profetas. A maioria dos líderes revolucionários se desfaz de todas as ligações com o passado e repudiam a ordem tradicional em questão, mas o Senhor Jesus Cristo não; Ele sustentou a Lei de Moisés e insistiu em que ela tinha de ser cumprida. Jesus deixou bem claro que “nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mt.5:18). O “i” é a menor letra do alfabeto hebraico; o “til” é um pequeno sinal que serve para distinguir uma letra da outra. Jesus acreditava na inspiração literal da Bíblia, mesmo que fosse aparentemente um detalhe insignificante. Nada nas Escrituras Sagradas, mesmo o menor til, existe sem significado. Tudo o que foi proferido na Lei de Deus será cumprido, e os seus propósitos serão alcançados. Tudo se cumprirá, portanto!

2. Jesus não veio destruir a Lei

No Sermão do Monte, o Senhor Jesus afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei [...]” (Mt.5:17). Talvez alguém pergunte: “mas Jesus curou em dia de sábado”. É óbvio que a Lei que Jesus “quebrou”, como curar em dia de sábado, não foi a Lei de Deus, mas a tradição dos escribas, que distorcia e desfigurava a Lei de Deus. Os escribas e fariseus se apresentavam como os grandes guardiões da Lei e acusavam Jesus de violá-la, mas eram os fariseus que deturpavam a Lei, tanto por meio de suas tradições como por intermédio de uma vida hipócrita. Eles desobedeciam à Lei que afirmavam proteger. Para corrigir esse mal-entendido, Jesus deixa claro que não veio destruir a Lei e os profetas. A Lei, como verdade de Deus, não contém erros nem pode falhar. Os céus e a terra passarão, mas os detalhes da Lei se cumprirão à risca. Violar a Lei de Deus e ensiná-la aos homens com deturpações é considerado um grave pecado, porém observá-la e ensiná-la traz grande recompensa (Mt.5:19).

3. Jesus cumpriu e aperfeiçoou a Lei

No Sermão do Monte, o Senhor Jesus afirmou: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir” (Mt.5:17). Com essas palavras, Jesus afastou a acusação dos fariseus de que estivesse subvertendo os mandamentos divinos, e comprova que tudo o que dEle estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos, deveria se cumprir dentro do seu plano redentor (Lc.24:44). Conforme a Bíblia de Estudo Palavras-Chave, nesta passagem de Mateus 5:17 a palavra cumprir tem o sentido de concluir, satisfazer ou aperfeiçoar; significa dizer que somente Cristo foi capaz de satisfazer as exigências da Lei, pois o fim da Lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que crê (Rm.10:4).

O pastor Hernandes Dias Lopes argumenta que a Lei é a promessa; Jesus é o cumprimento da promessa. A Lei era a sombra; Jesus é a realidade. Jesus não veio para desautorizar a Lei, mas para cumpri-la; não veio para refutar os profetas, mas para ser a essência de tudo o que eles disseram. Jesus cumpriu a Lei em seu nascimento, em seus ensinamentos, em sua morte e em sua ressurreição.

A Lei mosaica funcionava como um “aio” (tutor) temporário até que Cristo viesse (Gl.3:22-26). Assim, ao se entregar em sacrifício como o cordeiro imaculado e incontaminado (1Pd.1:19), Jesus deu a Lei por concluída, pois era a sombra dos bens futuros (Hb.10:1). Com efeito, na Nova Aliança, os salvos em Cristo não estão mais debaixo da Lei assim como estava o povo de Israel, tendo em vista que, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também a mudança da Lei (Hb.7:12).

Quer dizer, então, que a Lei não tem mais nenhum valor para os cristãos? Claro que tem, afinal ainda se encontra em vigor os preceitos morais e os referenciais éticos estabelecidos por Deus de forma universal e atemporal para o ser humano. Mas, até mesmo esta parte da Lei recebeu um novo significado em Cristo, que lhe deu sentido e expressões mais plenas. Nove dos Dez Mandamentos são repetidos no Novo Testamento, com uma distinção importante: não foram dados como lei (atrelados a uma penalidade), mas como treinamento para a justiça ao povo de Deus (2Tm.3:16b). O único mandamento não repetido é a lei do sábado; ao povo de Deus da Nova Aliança nunca são ensinados guardar o sábado.

O Senhor Jesus cumpriu a Lei e deu a ela um novo significado, enfatizando o amor a Deus e ao próximo. Jesus cumpriu tanto a Lei moral quanto a Lei cerimonial. A Lei moral de Deus continua perfeita e válida para nós hoje e deve ficar gravado em nossos corações (Hb.8:10). As regras exteriores da Lei cerimonial sempre apontaram para o que mais importava: o interior. Essas regras foram revogadas, porque Jesus cumpriu a Lei, purificando nosso coração de forma direta e perfeita. Portanto, a pessoa que confia em Jesus não está mais sob a Lei, está sob a graça (Rm.6:14); a pessoa agora está morta para Lei por intermédio da obra de Cristo. A penalidade da Lei foi paga uma única vez; já que Cristo pagou a pena, o crente não precisa pagá-la. É nesse sentido que a Lei perdeu o brilho para o crente (2Co.3:7-11). A Lei era um preceptor até a chegada de Cristo; após sua morte e ressurreição, este preceptor não é mais necessário (Gl.3:24,25).

II. A LETRA DA LEI, A VERDADE DO ESPÍRITO

1. O que a expressão “letra da lei” significa?

Em algumas Epístolas de Paulo verifica-se que “letra da lei” diz respeito aos preceitos da Antiga Aliança direcionada ao povo de Israel. Em 2Co.3:6 o apóstolo Paulo chegou a dizer que “a letra [da Lei] mata”. Ao afirmar isto, Paulo se refere ao ministério da Lei. A Lei condena todos aqueles que não guardam seus preceitos sagrados - “Pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm.3:20); “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las” (Gl.3:20).

Colin Kruse, em seu livro “II Coríntios: Introdução e Comentário”, interpreta a expressão de 2Co.3:6 da seguinte maneira: “a Lei mata quando usada de modo impróprio, isto é, como um sistema de regras que devem ser observadas a fim de estabelecer a auto-retidão do indivíduo (Rm3:20). Usar a Lei dessa forma inevitavelmente conduz à morte, visto que ninguém pode satisfazer às suas exigências e, portanto, todos ficam sob sua condenação. O ministério do Espírito é completamente diferente; é o ministério sob a Nova Aliança, sob a qual os pecados são perdoados para nunca mais serem lembrados, e as pessoas são motivadas e capacitadas pelo Espírito a fim de realizar aquilo que a aplicação imprópria da lei jamais poderia conseguir (Jr.31:31-34; Ez.36:25-27; Rm.8:34)”.

Pr. Hernandes Dias Lopes afirma que o problema não é a Lei; ela é santa, justa e boa (Rm.7:12-14). Contudo, o homem é rendido ao pecado, é escravo do pecado, e não pode satisfazer as demandas da Lei. A Lei é inflexível em não inocentar o culpado (Êx.34:7). Segundo a Lei, a alma que pecar, essa morrerá (Ez.18:4). A Lei exige perfeita obediência e pronuncia a sentença de morte para o desobediente. Em Romanos 7:10, o apóstolo Paulo diz: “e o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. Embora Levítico 18:5 possa prometer vida a quem guardar a Lei, Paulo sabia que ninguém conseguiria guardá-la, e que a Lei só poderia pronunciar um veredicto de morte sobre o transgressor. Warren Wiersbe esclarece que “Paulo, em sua epístola aos Gálatas, ressalta as deficiências da Lei: ela não é capaz de justificar o pecador (Gl.2:16), não tem poder de conceder o Espírito Santo (Gl.3:2), de dar uma herança (Gl.3:18), de dar vida (Gl.3:21) nem de dar liberdade (Rm.4:8-10). A glória da Lei é, na verdade, a glória de um ministério de morte”.

Infelizmente, em muitas igrejas locais, principalmente no meio dos crentes pentecostais, desenvolveu-se a ideia de que "a letra mata", e de que o crente não deve estudar a Palavra de Deus, porque "o Espírito Santo dará a palavra necessária no momento certo". Só que esse ensinamento não tem qualquer respaldo bíblico. A Bíblia afirma-nos que o Espírito Santo nos fará lembrar da Palavra do Senhor (João 14:26); ora, como se poderá lembrar o que não se aprendeu, o que não se leu? Outrossim, mesmo uma pessoa indouta como era Pedro, em sua última mensagem à Igreja, é bem claro ao afirmar que devemos crescer "na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (1Pd.3:18), mostrando, assim, a necessidade de meditarmos e refletirmos na Palavra do Senhor, como, aliás, fazia o próprio Pedro em relação às cartas de Paulo (1Pd.3:15). Se não meditarmos na Palavra do Senhor, se não buscarmos conhecer a Deus em Sua Palavra, corremos o sério risco de virmos a ser destruídos espiritualmente, assim como ocorreu com o povo de Israel do reino do norte (Os.4:6). Aliás, o próprio Jesus nos ensinou, na prática, que a principal e única arma com que podemos vencer as tentações é a Palavra de Deus (Mt.4:1-11). Inobstante, muitos são os que, descuidadamente, têm usado suas bíblias apenas como adereço quando vão aos cultos (pois nem mesmo as leem durante eles), desperdiçando uma oportunidade rica e preciosa que o Senhor lhes tem dado para melhor conhecerem a Deus e desfrutarem de uma intimidade, de uma verdadeira comunhão com o Senhor. O resultado é que, cedo, são sufocados pelo adversário de nossas almas, quando não levados por ventos de doutrinas, exatamente porque não há maturidade espiritual nessas pessoas que se dizem crentes, pela falta de conhecimento da Palavra de Deus; por não se encontram alicerçados na rocha, que é Cristo, a Palavra de Deus (João 1:1; Ap.19:13).

2. A perspectiva teológica da Lei

A Lei que Deus entregou à nação de Israel continha preceitos morais para uma vida santa e piedosa em relação a Deus e ao próximo. Tais preceitos estão sintetizados no Decálogo, os Dez Mandamentos proferidos pelo Senhor no Sinai (Êx.20:1-17), que também foram escritos em duas tábuas de pedra (Êx.31:18; 34:28). A lei servia ainda para regular a ordem jurídica e a vida em sociedade de Israel enquanto nação organizada, com normas civis, penais, trabalhistas, sanitárias, ecológicas e afins (Êx.21; 23; Lv.19; 20; Dt.19-22; 24). Por último, a Lei previa regras cerimoniais, que tratavam dos ritos e cerimônias de adoração, oferta de sacrifícios e serviços do Tabernáculo (Lv.1-7). Enfim, para os judeus a Lei apresentava sua completude por meio de uma tríplice divisão: moral, judicial e cerimonial. Tinha os seguintes objetivos: prover um padrão de justiça, segundo o modelo de moralidade para o caráter e a conduta do ser humano (Dt.4:8; Rm.7:12); identificar e expor a malignidade do pecado (Rm.5:20), apontando o caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram oferecidos no Tabernáculo (Lv.cap.4-7); e, por fim, revelar a santidade de Deus (Êx.24:15-17; Lv.19:1,2), para conduzir a humanidade a Cristo (Rm.10:4).

3. A Lei e a verdade do Espírito

A Lei possuía a função claramente definida de revelar o pecado (Rm.3:20). Era gloriosa pelo fato de construir uma demonstração das exigências santas de Deus. No entanto, foi dada apenas até o tempo de Cristo, pois Ele é o cumprimento da Lei para a justiça de todo aquele que crê (Rm.10:4). Era uma sombra, enquanto Cristo é a substância. Era uma imagem de coisas melhores por vir que se concretizavam no Salvador do mundo. Se a Lei teve esse caráter glorioso, “como não será de maior glória o ministério do Espírito? “(2Co.3:8). A expressão “o ministério do Espírito” refere-se ao evangelho. O Espírito de Deus opera por meio da pregação do evangelho e, ao mesmo tempo, é ministrado por aqueles que recebem as boas-novas de salvação.

Deus jamais teve a intenção de usar a Lei como meio de dar vida, salvação. Antes, ela foi criada parta trazer conhecimento e convicção do pecado. Na Nova Aliança, porém, o ministério do Espírito Santo traz vida, porque na Nova Aliança o pecador é substituído por Cristo, e, em Cristo, ele recebe o perdão de seus pecados. O Filho de Deus veio ao mundo como nosso representante e fiador; quando Ele foi à cruz, Deus lançou sobre Ele a iniquidade de todos nós (Is.53:6). Ele foi ferido e traspassado pelas nossas transgressões. Quando estava suspenso entre a terra e o céu, o próprio sol cobriu o seu rosto e houve trevas sobre a terra. Nem mesmo o Deus Pai quis ampará-lo. Naquele momento, Ele bebeu sozinho todo o cálice da ira de Deus contra o pecado. Então, vitoriosamente, pegou o escrito de dívida que era contra nós, rasgou-o, anulou-o, encravou-o na cruz e bradou: “está consumado” (João 19:30). Cristo morreu a nossa morte, para vivermos sua vida. Pela morte de Cristo temos vida abundante e eterna. O ministério do Espírito é aplicar em nós os benefícios da redenção de Cristo. Como diz o pr. Osiel Gomes, “o Espírito Santo traz vida em Cristo e grava a vontade de Deus em nossa consciência e coração (Rm.8:2; 1Co.15:45; 1Tm.1:5)”.

4. Qual é o propósito da Lei para os discípulos de Cristo?

Em Mateus 5:17 Jesus afirma que Ele veio para cumprir a Lei. Então, há propósito da Lei para os seguidores de Cristo? A Lei de Deus precisa estar dentro de nossos corações; quem ama a Deus quer fazer o que é certo. Jesus sempre ensinou que o mais importante é o nosso coração. Não basta não adulterar, querer adulterar também é pecado (Mt.5:27-28). O pecado vem do coração e só depois é refletido nas atitudes exteriores (Mc.7:21-23). Jesus cumpriu toda a Lei, tanto a Lei moral quanto a Lei cerimonial, mas os princípios da Lei moral de Deus continuam válidos para nós hoje, e devem ficar gravados em nossos corações (Hb.8:10).

Com relação à Lei do sacrifício, Deus instituiu muitas regras de pureza cerimonial; essas regras exteriores serviam para lembrar os judeus que eles precisavam ser purificados por dentro; portanto, elas sempre apontaram para o que é mais importava: o interior. Essas regras foram revogadas, porque agora Jesus cumpriu a Lei e purificou nosso coração com o seu sangue remidor. Agora, em Jesus, não precisamos mais de regras exteriores. Jesus nos purifica por dentro (Rm.2:28,29). Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo, implanta no interior do crente o verdadeiro sentido e propósito da Lei (Gl.4:3-7).

A Lei cerimonial também separava os judeus de todos os outros povos, mostrando que eram diferentes. Agora não há mais separação (Ef.2:13-16); todos que aceitam Jesus como seu salvador pertencem à família de Deus. A verdadeira diferença está em nosso coração, separando-nos do pecado.

Certa feita Jesus disse a um intérprete da Lei, que queria experimentá-lo, que destes dois grandes mandamentos dependem toda a Lei e os profetas: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt.22:37,39,40). Ou seja, amar a Deus e ao próximo é a chave para a compreensão dos mandamentos do Altíssimo após o advento de Cristo. Eles são a essência dos mandamentos divinos. Conforme o Comentário Bíblico Pentecostal, “estes dois mandamentos sobre o amor são a ‘constituição’ do Reino, a partir do qual todas as outras leis serão julgadas e todas as aplicações da lei consideradas apropriadas ou não. Estes dois mandamentos garantem que a Lei inteira se conformará ao espírito do Reino”.

III. A JUSTILA DO REINO DE DEUS

1. Quem é grande no Reino de Deus?

“Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus” (Mt.5:19).

Aqui, Jesus foi claro: aqueles que são fiéis e cumpridores de toda a Lei de Cristo são considerados grandes no reino de Deus. O Pr. Hernandes Dias Lopes argumenta que os escribas e os fariseus torciam a Lei em nome da Lei. Eles deturpavam seu sentido para ostentarem uma espiritualidade de faixada. Vangloriavam-se ao mesmo tempo que violavam a Lei e ensinavam ao povo preceitos de homens, em vez de ensinar com fidelidade a Lei. Violar a Lei é quebrá-la. Ensinar a Lei de maneira errada é ser falsa testemunha de Deus. Violar a Lei traz consequências graves para o transgressor. Ensinar esses desvios traz desdobramentos terríveis para quem ouve esse falso ensino. A Lei não é para ser quebrada, mas obedecida; não é apenas para ser guardada, mas também para ser transmitida. Com isso, Jesus está mostrando que a prática deve preceder a pregação. O líder do povo de Deus deve viver a doutrina antes de ensiná-la aos outros. Os escribas e fariseus falavam, mas não praticavam; pregavam, mas não faziam (Mt.23:3). Se a quebra da Lei e o ensino errado da Lei trazem um apequenamento ao transgressor travestido de mestre, a observância da Lei e de seu ensino fiel proporciona grande honra: “.... esse será considerado grande no reino de Deus” (Mt.5:19).

Portanto, os seguidores de Cristo devem observar até os menores mandamentos que estão incluídos na Lei (a Lei moral) e nos Profetas. Além disso, se algum líder influenciar os outros para negligenciar, infringir, remover, violar o menor dos mandamentos de Deus e não atentarem para sua instrução, quer por omissão, quer por transgressão, ele será considerado o menor no Reino de Deus. Como a Lei e os Profetas apontam na direção de Jesus e dos seus ensinos, aquele que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino de Deus.

2. A justiça do Reino de Deus

“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Aqui, Jesus ensinou aos seus discípulos e aplica-se a todos nós cristãos, que a nova justiça no Reino de Deus não é exterior, mas manifesta-se no interior da pessoa; é moral e espiritual, e não se trata mais daquela velha justiça exterior, cerimonial e legalista praticada pelos escribas e fariseus. Por isso, Jesus disse que se a justiça dos seus seguidores “não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt.5:20).

Os israelitas haviam transformado os mandamentos de Deus em um conjunto de regras e imposições legalistas, baseados em ritos e aparência exterior. A tradição humana havia subvertido a essência da Lei. Em sua missão terrena, Jesus resgata o propósito primordial da Lei e enfatiza a necessidade do seu cumprimento de forma livre e espontânea, dando-lhe novo significado, cujo padrão de retidão opera de dentro para fora. Entretanto, esse novo sentido dado por Cristo parece ser ainda mais exigente; afinal, depois de afirmar o que estava escrito na lei mosaica (“ouvistes o que foi dito”, Mt.5:21,27,31,33,43), Ele introduz um padrão ainda mais elevado (“Eu, porém, vos digo”). Eis o motivo pelo qual afirma Jesus que a justiça dos discípulos deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt.5:22).

Em seu Sermão, Jesus deixa claro que os escribas e fariseus que torciam a Lei e oprimiam o povo com um discurso legalista, ostentando uma santidade aparente e uma justiça apenas exterior, estavam fora do Reino de Deus. Hernandes Dias Lopes afirma que para entrar no Reino de Deus é necessário não ostentar, mas ser humilde de espírito; é necessário não se gabar de sua justiça, mas chorar pelos seus pecados; é necessário não defender seus direitos, mas ser manso; é necessário ter fome não de prestígio, mas de justiça; é necessário não oprimir os órfãos e as viúvas, mas ser misericordioso; é necessário não agasalhar hipocritamente toda sorte de imundícia no coração, mas ser limpo e coração; é necessário não ferir as pessoas com  seu legalismo pesado, mas ser pacificador; é necessário não criar contendas e odiar as pessoas em nome de Deus, mas se dispor a sofrer por causa da justiça. Essa é a justiça do Reino de Deus, que excede em muito a justiça dos escribas e fariseus.

CONCLUSÃO

Refletir sobre a Lei divina para os dias atuais é uma necessidade premente, pois ela nos fornece valores e princípios imutáveis, firma nossos passos e proporciona garantia de comunhão com Deus. A Lei de Deus precisa estar dentro de nossos corações. Quem ama a Deus quer fazer o que é certo. Não cumprimos as regras de Deus para sermos salvos; cumprimos as regras porque são regras justas. Claro, estamos debaixo da graça, e não da Lei mosaica, mas este padrão não nos isenta de obedecermos aos mandamentos de Deus (Rm.6:15). Precisamos entender, contudo, que, em Jesus Cristo, a observância da Lei moral do Reino não é um mérito pessoal conquistado pelo esforço próprio, mas algo que parte de um coração regenerado e transformado interiormente. Hoje, vivemos a Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus (Rm.8:2). Glorifiquemos a Deus por isso!