SISTEMA DE RÁDIO

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A MISSÃO DA IGREJA DE CRISTO


 Texto Base: Marcos 16:14-20; Atos 2:42-47
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (Atos 2:42).

Marcos 16:

14.Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.

15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

16.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17.E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18.pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

19.Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.

20.E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles 0 Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!

Atos 2:

42.E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.

43.Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

44.Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.

45.Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.

46.E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,

47.louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor ã igreja aqueles que se haviam de salvar.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, trataremos da Missão multifacetada deixada por Cristo à Sua Igreja. Veremos não apenas a missão de proclamar a Palavra, mas também a missão de nutrir e fortalecer espiritualmente, assim como a missão de praticar a comunhão fraternal.

O mandato de proclamar o Evangelho e instruir nos caminhos do Senhor ecoa como uma das colunas fundamentais da missão da Igreja. Nesse cenário, desvendaremos não somente a importância da proclamação das Boas Novas, mas também a necessidade vital de guiar os corações sedentos pela verdade, estabelecendo um alicerce sólido na fé e no conhecimento do evangelho.

A adoração transcende os momentos sagrados; é um estilo de vida que se desdobra em cada ato e respiração da comunidade de fé. Ao explorarmos esta vertente da missão, contemplaremos não apenas os rituais de adoração, mas também a edificação espiritual contínua entre os membros da Igreja. Descobriremos como a adoração genuína e a edificação espiritual se entrelaçam para formar uma base sólida e um crescimento espiritual duradouro.

A Igreja, também, é mais do que um agrupamento de indivíduos; é uma família espiritual. Ao estudarmos a missão relacionada à comunhão e socialização, mergulharemos na essência vital do compartilhar, do cuidado mútuo e do fortalecimento mútuo. Entenderemos como a verdadeira comunhão vai além das interações superficiais, nutrindo laços profundos que fortalecem e sustentam a jornada espiritual de cada membro da família de fé.

Espero que nesta Lição haja não apenas um estudo teórico, mas uma jornada prática de vivência da missão da Igreja. Espero que os alunos e professores explorem não somente os conceitos, mas também abracem a experiência transformadora de serem agentes ativos na proclamação, no fortalecimento espiritual e no cultivo de relacionamentos autênticos entre os irmãos em Cristo. Que esta Lição nos conduza não apenas ao entendimento intelectual, mas à vivência fervorosa e dinâmica da missão que nos foi confiada, impulsionando-nos a um compromisso renovado com o propósito maior que nos une como Corpo de Cristo.

I. PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO

1. Proclamando as Boas-Novas

A proclamação das Boas-Novas ou do Evangelho é um dos pilares fundamentais da missão da Igreja, conforme estabelecido pelo próprio Cristo. Essa missão foi reforçada pelo próprio Jesus após a sua ressurreição, quando ele comissionou os discípulos a pregarem o Evangelho, como registrado em Marcos 16:14-20. O uso do termo grego "Keryssó" por Marcos, traduzido como "pregar" ou "proclamar", enfatiza a natureza ativa e pública da proclamação do Evangelho. Esse verbo carrega consigo a ideia de anunciar com autoridade e urgência a mensagem de salvação e reconciliação com Deus por meio de Jesus Cristo.

A missão da proclamação das Boas-Novas não apenas significa comunicar verbalmente a mensagem, mas também vivê-la de forma coerente, demonstrando amor, graça e verdade em ação. É uma chamada para proclamar o Evangelho não somente por palavras, mas também através de ações que refletem o amor e a compaixão de Cristo.

Portanto, a proclamação das Boas-Novas não se trata apenas de comunicar informações, mas de transmitir a mensagem transformadora do Evangelho que oferece esperança, perdão e salvação, convidando as pessoas a terem um relacionamento restaurado com Deus através de Jesus Cristo.

2. O objeto da pregação

Outro termo usado com muita frequência no Novo Testamento para se referir à Grande Comissão da Igreja é “euangelizô”. Este termo, comumente traduzido como "evangelizar" ou "pregar as Boas-Novas", é central no Novo Testamento em relação à missão da Igreja. Ele carrega a ideia de anunciar e proclamar as Boas-Novas, sendo o cerne desse anúncio não uma simples ideia ou doutrina, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Os primeiros cristãos, ao se envolverem na missão de evangelizar, estavam comprometidos em ensinar e anunciar Jesus Cristo. Isso não se limitava a divulgar uma mensagem abstrata, mas a apresentar a pessoa viva e ativa de Cristo ao mundo. O foco da pregação não era meramente transmitir informações sobre Jesus, mas proclamar que Ele é o Filho de Deus, o Salvador e Senhor da humanidade.

Essa perspectiva vai além de apenas falar sobre a vida terrena de Jesus ou seus ensinamentos. Pregar a Jesus Cristo implica anunciar a sua ressurreição, a sua divindade e a sua capacidade de salvar e transformar vidas. É a proclamação da mensagem central do Evangelho: que Jesus morreu pelos pecados da humanidade, ressuscitou e oferece salvação, perdão e vida eterna para todos que creem nele.

Anunciar a mensagem da cruz e do Reino de Deus em Cristo é compartilhar a esperança de uma nova vida, reconciliação com Deus e a oportunidade de fazer parte do seu Reino. Não se trata apenas de transmitir conceitos teológicos, mas de convidar as pessoas a um relacionamento pessoal com Jesus, a abraçar o seu senhorio e viver de acordo com os princípios do Reino que ele veio proclamar.

Portanto, a essência da pregação das Boas-Novas é proclamar Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida, convidando as pessoas a se renderem a Ele e experimentarem a vida abundante que ele oferece. É um convite para conhecer, seguir e viver para o Rei que inaugurou o Reino de Deus através do seu sacrifício na cruz e sua ressurreição gloriosa.

3. Discipulando os convertidos

A distinção entre "pregar" ou "proclamar" e "discipular" é crucial para compreender a missão abrangente da Igreja. Enquanto "pregar" se concentra na proclamação das Boas-Novas para aqueles que estão fora da Igreja, "discipular" está relacionado ao processo de instrução, treinamento e formação espiritual dos que já fazem parte da Igreja.

O verbo grego "matheteuo" (discipular) e o substantivo "mathetés" (discípulo) destacam a ideia de ser instruído, treinado e moldado em alguma área específica. Esse termo é usado em Mateus 28:19, conhecido como a Grande Comissão, onde Jesus instrui seus discípulos a irem e fazerem discípulos de todas as nações. Em essência, Jesus estava comissionando-os para irem e capacitarem outros a seguirem seus ensinamentos e viverem de acordo com seus princípios.

É vital compreender que a Igreja não é simplesmente composta por indivíduos que professam fé em Cristo, mas sim por discípulos comprometidos e engajados em aprender, crescer e reproduzir a mensagem do Evangelho. Ser um discípulo vai além de frequentar uma Igreja local; é uma jornada de comprometimento com a transformação pessoal, onde se aprende a viver conforme os ensinamentos de Jesus e se capacita para transmitir esses ensinamentos a outros.

Um verdadeiro discípulo não apenas absorve conhecimento teórico, mas também busca viver os princípios do Evangelho no seu cotidiano. Eles são capacitados a reproduzir e compartilhar o que aprenderam, capacitando outros a seguirem a Cristo de maneira semelhante.

Portanto, a missão da Igreja vai além de simplesmente atrair pessoas para dentro de suas portas; trata-se de capacitar e formar discípulos que estejam comprometidos em viver e pregar o Evangelho, influenciando suas comunidades e o mundo ao seu redor com a mensagem transformadora de Cristo.

II. ADORAÇÃO E EDIFICAÇÃO

1. Uma comunidade adoradora

O conceito de adoração na perspectiva bíblica vai muito além de um simples ato ou ritual realizado em momentos específicos de culto. Envolve, principalmente, a entrega total de nossas vidas a Deus, direcionando toda a nossa existência para glorificá-Lo e honrá-Lo em tudo o que fazemos.

Adorar a Deus não se limita a uma atividade realizada em um ambiente religioso; é um estilo de vida que reflete a devoção e a reverência a Ele em todas as esferas da vida diária. Significa reconhecer a grandeza, a soberania e a santidade de Deus, e render a Ele a glória e a adoração que Ele merece, não apenas através de palavras, mas também por meio de ações e atitudes que refletem um coração dedicado a Ele.

O termo grego "latreia", traduzido como "adorar", é fundamental na compreensão desse serviço prestado a Deus. É apresentar a Ele não apenas nossos momentos de culto, mas também nossos próprios corpos como um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm.12:1). Isso implica em viver de forma santa, separada para Deus, oferecendo a Ele não somente o que fazemos, mas também quem somos em nossa totalidade. O apóstolo Paulo, ao escrever aos Romanos, exorta os crentes a oferecerem seus corpos como um culto racional a Deus (Rm.12:1). Ele está enfatizando que a verdadeira adoração não se restringe a cerimônias, mas se manifesta na consagração de todo o nosso ser a Deus, em pensamentos, palavras e ações.

Portanto, a adoração genuína transcende os limites de um local específico ou de um momento designado. É uma atitude constante de entrega, devoção e serviço a Deus, refletida em nosso modo de viver diariamente. É viver de maneira consciente e integral, reconhecendo a soberania e a grandeza de Deus em todas as áreas da vida, buscando glorificá-Lo em tudo o que fazemos.

2. Uma comunidade edificadora

A metáfora da edificação, utilizando a palavra grega "oikodomé", é essencial para compreendermos o papel da Igreja como uma comunidade que não apenas cresce individualmente, mas também se fortalece e se edifica mutuamente.

A analogia de edificar um edifício é usada por Jesus em Mateus 7:24 para descrever a importância de uma fundação sólida, construída sobre a rocha, destacando a necessidade de alicerces firmes para resistir às adversidades. Isso é aplicado não apenas fisicamente, mas também espiritualmente, representando a necessidade de uma fé sólida e uma base consistente na vida cristã.

Na passagem de Efésios 4:12, o apóstolo Paulo enfatiza que Deus dotou a Igreja com diferentes dons ministeriais, como apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, com o propósito específico de edificar o Corpo de Cristo. Estes dons são concedidos para o crescimento espiritual e amadurecimento dos fiéis da Igreja, para que possam alcançar a unidade na fé e no conhecimento de Cristo.

Os dons espirituais são concedidos não apenas para o benefício individual, mas para a edificação coletiva da Igreja. Paulo também instrui que os crentes usem esses dons para edificar uns aos outros, encorajando, ensinando, exortando e fortalecendo mutuamente a comunidade cristã.

Em 1Coríntios 14, Paulo ressalta que, embora falar em línguas possa edificar o indivíduo, se não for compreendido pelos membros da Igreja, isto é, se não houver interpretação, não edifica a Igreja como um todo. Isso sublinha a importância de buscar a edificação mútua por meio da comunicação e compreensão dentro da congregação. Em 1Tessalonissenses 5:11, o apóstolo Paulo exorta os crentes a buscarem a edificar “uns aos outros”.

O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que “o crente não apenas edifica-se a si mesmo, ele é edificado por outros. O crescimento espiritual da Igreja depende da contribuição de cada um dos membros. Grande parte do nosso trabalho até a gloriosa volta do Senhor é confortar e encorajar uns aos outros. Precisamos encorajar uns aos outros com respeito à nossa gloriosa esperança. Nossa Pátria não está aqui. Nosso destino é a glória”.

Portanto, a edificação na Igreja vai além do crescimento individual. Ela envolve a construção de um Corpo coeso, fortalecido e maduro espiritualmente, onde cada membro contribui com seus dons e talentos para o crescimento mútuo, visando à unidade na fé, ao conhecimento de Cristo e ao fortalecimento da comunhão entre os crentes.

III. COMUNHÃO E SOCIALIZAÇÃO

1. A fé na esfera fraternal

A união e unidade na comunhão fraternal representavam pilares fundamentais na prática e na essência da Igreja Primitiva, como delineado em Atos 2:42 – “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.  Aqui, o termo grego "koinonia", traduzido como "comunhão", transcende uma mera interação social, denotando uma profunda parceria, participação e conexão espiritual entre os crentes. A centralidade dessa comunhão é enfatizada nas Escrituras (1João 1:7), ressaltando que, como seguidores de Cristo e andando na luz do Evangelho, é imperativo vivermos em unidade e em compartilhamento mútuo.

O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que uma Igreja cheia do Espirito Santo tem uma profunda comunhão. Nessa Igreja os irmãos se amam profundamente. Na Igreja de Jerusalém os irmãos gostavam e estar juntos (Atos 2:44). Eles apreciavam estar no templo (Atos 2:44). Havia um só coração e uma só alma. Onde desce o óleo do Espirito, aí há união entre os irmãos; aí ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre (Sl.133).

A ausência de comunhão entre os fiéis compromete não apenas a coesão da comunidade cristã, mas também a própria edificação sólida da Igreja. É essencial compreender que uma Igreja não pode ser verdadeiramente solidificada quando seus membros optam pelo isolamento e negligenciam o compromisso de manter vínculos de comunhão uns com os outros.

Assim, a plenitude da Igreja e a sua expressão mais genuína encontram-se na prática constante da comunhão fraternal, onde a partilha, a colaboração e o suporte mútuo entre os membros são fundamentais para o fortalecimento espiritual coletivo e para a proclamação efetiva dos ensinamentos do Evangelho.

2. Unidade e Fraternidade

A essência da Igreja descrita no Novo Testamento é marcada pela unidade e fraternidade entre seus membros, como evidenciado na passagem de 1João 1:3 - “o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”. A oração de Jesus pelos seus discípulos, registrada em João 17:21, ressalta a importância e a urgência da união fraterna entre os membros da Igreja Local.

No entanto, um dos desafios prementes enfrentados pela Igreja contemporânea é a divisão e a ruptura na comunhão entre os crentes, resultando em uma significativa fragmentação no Corpo de Cristo. É crucial reconhecer que a falta de comunhão cristã tem sido um dos males que minam a vitalidade da Igreja atual. Essa quebra na unidade não apenas obscurece a mensagem do Evangelho, mas também enfraquece a capacidade da Igreja em viver plenamente sua missão e propósito.

Portanto, é imperativo que nos esforcemos diligentemente para preservar e cultivar a comunhão cristã dentro das nossas Igrejas locais. A passagem de Hebreus 13:16 destaca a importância de ações que fortalecem essa comunhão, como o serviço mútuo e o compartilhamento, como elementos essenciais para manter a integridade e a saúde espiritual dos crentes.

Nesse sentido, o investimento contínuo na busca pela unidade, na prática do amor mútuo e na superação de divisões e conflitos são fundamentais para restaurar e fortalecer a comunhão dentro da Igreja Local, possibilitando que a ela seja um reflexo autêntico do amor e da graça de Cristo para o mundo.

3. A fé na esfera social

A fé cristã não se limita ao âmbito interno da Igreja, mas se estende à esfera pública, abrangendo um profundo compromisso social. O termo grego "koinonia", que denota comunhão, está intrinsecamente ligado ao verbo "koinoneo", usado por Paulo em Romanos 12:13, carregando o significado de assistência contributiva e compartilhamento. Exorta Paulo aos crentes de Roma: “Ajudem a suprir as necessidades dos santos. Pratiquem a hospitalidade”. Nesse contexto, Paulo exorta os cristãos a socorrerem os necessitados, especialmente os mais pobres, como uma expressão tangível do Evangelho.

Em Filipenses 4:15, Paulo reconhece a consciência da dimensão social dos crentes de Filipos inerente ao Evangelho. Essa consciência vai além do simples ato de prover necessidades materiais, pois não se trata apenas de suprir a fome física, mas de assegurar que os necessitados não sejam privados do conhecimento e da presença de Deus.

O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que na Igreja de Jerusalém os crentes eram sensíveis para ajudar os necessitados (Atos 2:44,45). Eles converteram o coração e o bolso. Tinham desapego dos bens e apego às pessoas. Encarnaram a graça da contribuição. John Stott afirma que a comunhão cristã e o cuidado cristão é compartilhamento cristão.

A integralidade da fé cristã se manifesta quando a Igreja, em sua prática e testemunho, não negligencia os mais carentes e desfavorecidos, como enfatizado por Jesus em Mateus 25:35,36. A preocupação com os menos favorecidos é um princípio central do Evangelho, e a sua negligência compromete a autenticidade do testemunho cristão. O pr. José Gonçalves firma que “Igreja não pode exercer sua fé da maneira bíblica esquecendo dos mais carentes ou mais pobres”.

É crucial, portanto, que a Igreja não se desvie desse chamado, pois quando persiste a disparidade entre aqueles que têm muito e os que têm pouco, questiona-se o modelo dessa Igreja que se estabeleceu. A exortação de Tiago em Tiago 2:15,16 ressalta a importância de agir em prol dos necessitados, alertando contra a inação diante das carências sociais.

Assim, a fé cristã se completa quando é vivenciada na prática de solidariedade, justiça e amor pelos menos favorecidos, sendo essencial para a Igreja refletir e agir como um agente de transformação social, alinhada com os valores e o propósito do Evangelho de Cristo.

 

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta Aula que a missão da Igreja é multifacetada, abrangendo não apenas a pregação do Evangelho, mas também o ensino da Palavra, a adoração mútua, a edificação dos fiéis e a comunhão fraterna. É uma chamada para ser tanto sal como luz: o sal que preserva e dá sabor ao mundo, compartilhando a mensagem redentora em uma sociedade corroída pelo pecado; e a luz que brilha nas profundezas das trevas, revelando Cristo em um mundo carente de Deus. Ao mostrar o amor e a verdade de Jesus, formar discípulos e conduzi-los à adoração, a Igreja cumpre sua missão de transformar vidas e ser um farol de esperança em um mundo perdido.

A IGREJA E O REINO DE DEUS

Texto Base: Marcos 1:14-17

“ [...] O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15).

Marcos 1:

¹⁴.E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus

¹⁵.e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho.

¹⁶.E, andando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.

¹⁷.E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens.

INDRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos da Igreja e o Reino de Deus. A Bíblia retrata Deus como um soberano supremo, comparado a um rei que governa com autoridade e domina sobre tudo o que existe. Ele exerce seu governo de forma absoluta, manifestando-se como o Rei acima de tudo (Salmo 47:6; 52:7; 22:8). O Reino de Deus é o âmbito onde Ele governa de maneira soberana e universal.

Ao examinar o Reino Divino, é fundamental compreender sua natureza abrangente e a forma como se manifesta tanto de maneira presente quanto futura. Ele abarca toda a criação e governa com supremacia e autoridade em todas as esferas da vida. Dentro desse contexto, a igreja desempenha um papel significativo, sendo considerada como integrante desse Reino estabelecido por Deus. A igreja é chamada a viver, proclamar e demonstrar a vida que emana do Reino de Deus.

Assim, a relação entre a igreja e o Reino de Deus é intrínseca. A igreja não apenas faz parte desse Reino, mas também é convocada a viver de acordo com seus princípios, a proclamar sua mensagem e a refletir a realidade do Reino no mundo. Deus estabeleceu a Igreja para ser um instrumento que manifesta e expande a vida do Reino de Deus, sendo um reflexo tangível da soberania e do amor de Deus na Terra.

I. A NATUREZA DO REINO DE DEUS

1. O Reino de Deus é Universal

As Escrituras revelam um aspecto crucial da natureza do Reino de Deus: sua abrangência universal. O Reino de Deus é caracterizado por sua universalidade, como destacado pelo salmista ao proclamar que "Deus é o rei de toda a Terra" (Salmo 47:7). Esse entendimento é reforçado por Daniel, que afirma que Deus exerce domínio sobre os reinos humanos (Dn.4:25).

Deus é o Rei supremo e universal, possuindo autoridade absoluta sobre toda a sua criação, sobre os reinos terrenos e sobre os governos humanos, além de exercer domínio sobre todas as hostes angelicais (Dn.4:35). Isso implica que nada nem ninguém está fora do Seu domínio (Dn.2:21).

A universalidade do Reino de Deus transcende fronteiras geográficas, governamentais ou espirituais. Ele reina sobre todas as nações, sobre todas as esferas da existência, influenciando e controlando tudo de maneira soberana. Não há limites para o seu governo e sua autoridade se estende a cada aspecto da vida e da criação.

Essa compreensão da universalidade do Reino de Deus é crucial para percebermos que nenhum domínio ou poder está além do alcance de Deus. Sua soberania abarca todo o universo, e sua vontade se realiza em todas as áreas da existência, desde os assuntos celestiais até os eventos terrenos. Essa universalidade reflete o poder e a majestade do Deus que reina sobre tudo e todos.

2. A soberania divina e os acontecimentos do mundo

A soberania divina é um conceito fundamental que destaca o controle absoluto de Deus sobre o mundo e o universo que Ele criou. Apesar de o mundo seguir seu curso, isso não significa que Deus perdeu seu domínio sobre ele. Um Deus que não detivesse controle absoluto não seria Deus. Entretanto, isso não implica que Deus seja a causa direta de tudo que ocorre no mundo.

A ideia de que Deus é soberano significa que Ele mantém supremacia e controle sobre todas as coisas, mas isso não nega a liberdade de ação dos seres humanos, nem a atuação de forças contrárias, como o Diabo e seus demônios, no mundo. Essas ações humanas ou malignas não anulam ou limitam a soberania de Deus. Ao contrário, a soberania divina se mantém acima de tudo e de todos, independentemente das circunstâncias. O Salmo 103:19 destaca que "O Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo". Isso ilustra o controle e a supremacia de Deus sobre toda a criação. Ele não apenas governa sobre o mundo visível, mas também sobre as esferas espirituais e celestiais.

A compreensão da soberania de Deus traz conforto e confiança, pois revela que, apesar das ações humanas ou das forças malignas, o plano soberano de Deus não pode ser frustrado. Sua vontade prevalece e Seu propósito final será cumprido. Assim, mesmo diante dos desafios, podemos confiar na sabedoria e na soberania de Deus para conduzir e governar todas as coisas conforme Seu plano perfeito.

3. O Reino de Deus, a nação de Israel e a Igreja

Quando Israel estava organizado como uma nação, em regime tribal, Deus reinava sobre ela de forma soberana, exercendo Seu governo teocrático sobre ela (Nm.23:21; Is.43:15). Israel foi estabelecido como uma nação sacerdotal (Êx.19:5-6), escolhida por Deus com o propósito de abençoá-la e, por meio dela, abençoar todos os povos (Gn.12:1-3; Is.45:21,22). O propósito de Deus para Israel se cumpriu na vinda de Jesus Cristo, o Messias, que foi descendente de Davi. Através de Sua morte e ressurreição, Jesus estabeleceu a Igreja (Ef.2:14; Gl.3:14; 4:28; 1Pd.2:9), que é formada por aqueles que creem em Jesus como Salvador, e vista como a continuação e o cumprimento das promessas feitas a Israel no âmbito espiritual.

Por meio de Jesus Cristo, o Messias prometido, Deus abriu as portas da salvação para todos os povos, não apenas para os descendentes físicos de Israel, mas para todas as nações. A Igreja é composta por judeus e gentios que aceitam a Jesus como Senhor e Salvador, tornando-se herdeiros das promessas de Deus feitas a Abraão e participantes da bênção prometida a todas as famílias da Terra.

Assim, a obra redentora de Jesus inaugurou uma nova fase na história da redenção, na qual a Igreja, através de Cristo, se torna o veículo pelo qual o Reino de Deus é proclamado e manifestado ao redor do mundo, cumprindo o propósito original de Deus de abençoar todas as nações.

II. A IGREJA E AS DIMENSÕES DO REINO DE DEUS

1. O Reino de Deus como realidade presente

O ensinamento de Jesus sobre o Reino de Deus enfatizava sua presença e realidade imediata. Nos relatos dos evangelhos, há ênfase na manifestação presente do Reino através das ações e discursos de Jesus. Um exemplo notável está registrado em Mateus, no momento em que Jesus liberta e cura um homem afligido por cegueira e mudez, possuído por espíritos malignos (Mt.12:22). Esta impressionante exibição de poder causou inveja e indignação entre os fariseus, que o acusaram de executar tal milagre através do poder de Belzebu, o líder dos espíritos malignos (Mt.12:24). A resposta de Jesus a essa acusação é reveladora: "Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, então é chegado a vós o Reino de Deus" (Mt.12:28). Com essa declaração, Jesus ressalta um aspecto crucial da natureza do Reino de Deus: sua presença efetiva e imediata. Ele indica que com Sua vinda, o Reino de Deus já está presente entre os seres humanos. De fato, Jesus proclamou que o Reino de Deus havia chegado (Mt.3:2). Portanto, o Reino de Deus não é algo apenas subjetivo, mas é uma realidade concreta e tangível.

Essa compreensão do Reino de Deus como uma realidade presente ressalta a manifestação do poder de Deus na vida das pessoas por meio de Jesus. Ele não apenas falava sobre o Reino, mas demonstrava seu poder por meio de curas, libertações e ensinamentos que ilustravam a chegada do Reino de Deus naquele tempo. Sua presença e ação evidenciavam a realidade do Reino, convidando as pessoas a se voltarem para Deus e a participarem dessa nova ordem divina que Ele trazia.

Assim, a mensagem de Jesus sobre o Reino de Deus não era apenas uma promessa futura, mas uma realidade presente, demonstrando que o poder e a autoridade de Deus estavam atuando no mundo por meio Dele.

2. Onde está o Reino de Deus?

O Reino de Deus como uma realidade presente não está restrito a um local geográfico específico, mas está intrinsecamente ligado à presença de Jesus. Onde quer que a presença de Jesus seja manifestada, ali se revela o Reino de Deus (Lc.17:20,21). Em outras palavras, sempre que vidas são transformadas (Atos 8:12), curadas, e libertadas do poder do pecado (Atos 8:6-7), o Reino de Deus se torna tangível e presente (Rm.14:17; 1Co.4:20).

Durante o ministério terreno de Jesus, o Reino de Deus estava presente de forma poderosa, pois Ele mesmo era a manifestação desse Reino. Através dos milagres, ensinamentos e demonstrações do amor de Deus, Jesus revelou a natureza e a autoridade do Reino divino.

Certa feita, quando João Batista, no cárcere, ouviu falar das obras de Cristo, mandou que seus discípulos fossem perguntar: Você é aquele que estava para vir ou devemos esperar outro? Então Jesus lhes respondeu: Voltem e anunciem a João o que estão ouvindo e vendo:  os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e aos pobres está sendo pregado o evangelho (Mt.11:2-5). Isto foi uma demonstração tangível da presença do Reino de Deus.

Esse Reino também estava presente no ministério apostólico da igreja em seu princípio, quando os discípulos proclamaram o evangelho, testemunharam milagres e transformações profundas nas vidas das pessoas. A manifestação do poder de Deus na igreja primitiva demonstrava a presença contínua do Reino de Deus naquele tempo.

Atualmente, o Reino de Deus continua presente por meio da igreja de Cristo. A igreja, composta por aqueles que seguem a Cristo, é chamada a manifestar os valores e princípios do Reino de Deus através da proclamação do evangelho, da demonstração do amor de Deus, do serviço ao próximo e do testemunho de vidas transformadas pela graça de Cristo.

Portanto, o Reino de Deus não está confinado a uma localização física específica, mas é revelado e manifestado através da presença de Jesus Cristo e da ação do Espírito Santo na vida daqueles que creem, impactando e transformando vidas em todo lugar onde o Evangelho é recebido e vivido.

3. O Reino de Deus como realidade futura

O Reino de Deus não se limita apenas à sua dimensão presente, mas também possui uma dimensão futura, que envolve aspectos escatológicos. O apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios, destaca os tipos de pessoas que não herdarão o Reino de Deus no futuro (1Co.6:9,10). Ele lista diferentes comportamentos pecaminosos que excluem essas pessoas do Reino vindouro, enfatizando a importância de viver de acordo com os princípios e valores do Reino de Deus.

Além disso, no Livro do Apocalipse, há menção ao milênio, um período de mil anos que faz parte da dimensão futura do Reino de Deus (Ap.20:1-5). Esse período é descrito como um tempo em que Cristo reinará sobre a Terra com Seus seguidores fiéis, após derrotar Satanás e estabelecer Seu governo (Ap.20:1-3). Durante esse período, haverá paz e justiça sob a autoridade direta de Cristo, representando uma manifestação mais completa do Reino de Deus na Terra.

Portanto, o Reino de Deus não se limita apenas ao presente, mas também tem uma dimensão futura que envolve a consumação final, onde a vontade de Deus será plenamente realizada e Seu Reino será estabelecido de forma completa e definitiva sobre toda a criação. Esse aspecto escatológico do Reino de Deus revela a esperança e a expectativa dos cristãos na vinda de Cristo e na realização final do plano redentor de Deus para a humanidade e o universo.

III. A IGREJA NO CONTEXTO DO REINO DE DEUS

1. A distinção entre Igreja e Reino de Deus

Há uma distinção entre a Igreja e o Reino de Deus. A Igreja não é o Reino de Deus em toda a sua expressão. O Reino de Deus refere-se à soberania, domínio e governo de Deus sobre todas as coisas. Ele é universal, transcendente e abrange toda a criação, não se limitando apenas à esfera terrena. Ele incorpora todo o povo de Deus tanto da Antiga quanto da Nova Aliança.

A igreja, embora esteja inserida na esfera do Reino, não existia no Antigo Testamento. Contudo, o Reino de Deus já estava presente na Antiga Aliança. Tal como sob o antigo pacto, onde Israel representava a comunidade do Reino (Êx.19:5,6), a Igreja representa a comunidade do Reino no novo pacto (1Pd.2:9). Ela é vista como um elemento do Reino de Deus na Terra, uma expressão visível do amor, justiça e reconciliação que fazem parte do governo divino.

Em resumo, enquanto o Reino de Deus é a soberania e presença universal de Deus sobre toda a criação, a Igreja é uma comunidade específica de pessoas regeneradas que reconhecem e buscam viver sob essa soberania, representando uma expressão terrena do Reino, mas não o limitando em sua totalidade.

2. A Igreja expressa o Reino de Deus

A Igreja foi idealizada e projetada por Deus para ser a expressão de seu Reino na plenitude dos tempos (Gl.4:4; cf. Ef.1:10). A concepção de que a Igreja foi concebida por Deus como uma expressão e instrumento do Seu Reino está fundamentada em várias passagens bíblicas. Ela não é uma mera consequência casual na história da salvação, mas foi planejada e escolhida por Deus como parte essencial do Seu plano redentor (Ef.1:4-6; 1Pd.1:2). Ela é considerada como a eleita de Deus para cumprir um papel significativo na manifestação do Seu Reino.

Sob o Novo Pacto, a Igreja recebe a missão de revelar o plano de salvação de Deus para a humanidade. Ela é vista como o veículo por meio do qual as riquezas de Cristo são proclamadas, inclusive diante de poderes e autoridades espirituais (Ef.3:10). A compreensão é que a Igreja desempenha um papel crucial na divulgação e demonstração do Reino de Deus na Terra. Através das ações, testemunho e proclamação dos seus membros, o Reino de Deus se torna conhecido e visível na sociedade. Essa perspectiva destaca a importância da Igreja como um instrumento designado por Deus para proclamar Seu Reino e promover a obra redentora de Cristo na Terra.

3. A Igreja e a mensagem do Reino de Deus

Pregar a mensagem do Reino de Deus é a sublime missão da Igreja (Atos 19:8). Ela é a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (Jo.14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade e dizer tudo o que tiver ouvido bem como anunciar o que há de vir, glorificando e anunciando tudo o que respeita a Cristo (Jo.16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro “mensageiro” divino além da Igreja enquanto durar a dispensação da graça.

Nos relatos dos Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, vemos essa ênfase na pregação e na conscientização sobre o Reino de Deus como uma parte crucial da mensagem do Reino de Deus.

·         Paulo, ao falar aos presbíteros de Éfeso e durante seu tempo em Roma, menciona explicitamente ter pregado o Reino de Deus (Atos 19:8; 20:25; 28:31). Isso destaca a centralidade desse ensinamento em sua missão evangelística.

·         Em Atos 14:22, vemos a ênfase em conscientizar os novos convertidos sobre a realidade do Reino de Deus. Isso mostra que essa mensagem não era apenas para os já estabelecidos na fé, mas também para os recém-chegados.

·         Tiago 2:5 também aponta o Reino de Deus como uma mensagem de esperança para aqueles que amam a Deus. Reforça a ideia de que essa mensagem é parte vital do ensinamento cristão e traz consigo a promessa de esperança para os crentes.

Portanto, a pregação da mensagem do Reino de Deus emerge como uma missão crucial da Igreja, proclamando essa mensagem de esperança, salvação e transformação para todos aqueles que creem em Cristo Jesus. Essa ênfase demonstra a importância de direcionar os esforços evangelísticos para compartilhar essa mensagem fundamental.

A compreensão clara do que é o Reino de Deus é fundamental para que a Igreja Local possa cumprir sua missão de maneira eficaz. Quando essa compreensão não está clara, a igreja corre o risco de se desviar de seu propósito central, que é proclamar a mensagem do Reino de Deus. O entendimento do Reino de Deus implica reconhecer a soberania divina e a natureza transcendente desse Reino. Jesus afirmou claramente que o Seu Reino não é deste mundo (João 18:36), indicando que Sua autoridade e domínio vão além das estruturas terrenas e políticas. Esse Reino é sobre a vontade de Deus sendo estabelecida na vida das pessoas, transformando corações e restaurando a relação entre Deus e a humanidade.

Quando a Igreja Local compreende e internaliza essa perspectiva do Reino de Deus, ela se concentra na proclamação dessa mensagem de transformação espiritual, reconciliação e redenção. Entretanto, se a compreensão do Reino de Deus se perde ou é distorcida, a igreja pode acabar desviando sua missão para outros caminhos que não estão alinhados com a essência dessa mensagem.

Portanto, é crucial para a Igreja Local ter uma compreensão clara do Reino de Deus para permanecer fiel à sua missão de proclamar essa mensagem, buscando a transformação espiritual e o bem-estar das pessoas à luz da soberania e do propósito divino.

CONCLUSÇÃO

Nesta Lição, aprofundamos nosso entendimento sobre o Reino de Deus. Como foi mencionado, é essencial compreender que a Igreja não se equipara plenamente ao Reino de Deus, uma vez que este transcende a sua abrangência; no entanto, a Igreja é o veículo atual do Reino e será herdeira desse Reino (2Pd.1:11). Dessa forma, o Reino de Deus, em sua totalidade ou em sua manifestação final, englobará todos os crentes, passados e futuros, que declararam ou declararão sua fé em Cristo, o Filho de Deus.

A NATUREZA DA IGREJA

 Texto Base: 1Corintios 12:12-27
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1Co.12:12).

1Corintios 12:

¹²Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

¹³Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.

¹⁴Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.

¹⁵Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?

¹⁶E, se a orelha disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; não será por isso do corpo?

¹⁷Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?

¹⁸Mas, agora, Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.

¹⁹E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?

²⁰Agora, pois, há muitos membros, mas um corpo.

²¹E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não tenho necessidade de vós.

²²Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários.

²³E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra.

²⁴Porque os que em nós são mais honestos não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela,

²⁵para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os membros igual cuidado uns dos outros.

²⁶De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.

²⁷Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. 

INTRODUÇÃO

A Natureza da Igreja de Cristo pode ser compreendida através de várias características fundamentais que a definem. Nesta Lição trataremos apenas de algumas delas como, por exemplos: (a) Fé e Fundamentação na Palavra de Deus - uma Igreja genuinamente cristã se baseia nos ensinamentos e na autoridade das Escrituras Sagradas. Ela reconhece a Bíblia como a fonte suprema de orientação espiritual e doutrinal, buscando sua direção e princípios para suas crenças e práticas; (b) Dimensão Local e Universal - A Igreja possui uma dualidade de natureza, sendo local e universal ao mesmo tempo. Localmente, é uma comunidade de fiéis que se reúnem em um lugar específico para adoração, comunhão e serviço mútuo. Universalmente, ela representa o Corpo maior de crentes em Cristo ao redor do mundo, transcendendo fronteiras geográficas e culturais; (c) Unidade e não Divisão - Uma Igreja verdadeira é caracterizada pela unidade entre seus membros, manifestada pelo amor mútuo, cooperação e busca pela harmonia. Ela busca evitar divisões e dissensões internas, reconhecendo que a verdadeira Igreja não é marcada por facções ou desunião. Estas e outras características essenciais mostram a identidade e a Natureza da Igreja de Cristo Jesus, que se fundamenta na fé, na comunidade e na unidade, refletindo os princípios e ensinamentos deixados por Cristo para seus seguidores.

I. A NATUREZA DA IGREJA EM SUA DIMENSÃO CONFESSIONAL

1. Fundamentada na Palavra

A base da Igreja é, inegavelmente, centrada em Jesus Cristo e fundamentada nas Escrituras Sagradas, a palavra inspirada. Jesus Cristo é considerado o fundamento da Igreja cristã, conforme mencionado em Efésios 2:20. Sua vida, ensinamentos, morte e ressurreição são a essência da fé cristã. Ele é o alicerce sobre o qual a Igreja é construída e é o modelo para a conduta e crenças dos fiéis. Além disso, as Escrituras Sagradas desempenham um papel crucial na vida da Igreja. Elas são consideradas a Palavra inspirada de Deus, como afirmado em 2Timóteo 3:15. A Bíblia é a fonte de autoridade para a fé, prática e ensinamentos da Igreja. Ela fornece orientação, sabedoria e discernimento para os cristãos em suas vidas individuais e coletivas.

O distanciamento ou abandono da Palavra de Deus pode levar a desvios doutrinários, heterodoxia e até mesmo à apostasia dentro da Igreja Local. Quando a doutrina bíblica é negligenciada, reinterpretada de maneira distorcida ou substituída por ideologias humanas, a base sólida sobre a qual a Igreja deveria se sustentar pode ser enfraquecida.

É importante, portanto, para uma Igreja Local manter-se fiel à Palavra de Deus e a Jesus Cristo como seu fundamento, seguindo os ensinamentos bíblicos e mantendo-os como a autoridade máxima em questões de fé, moralidade e prática cristã. Isso ajuda a preservar a verdade e a integridade da fé cristã, evitando desvios que possam comprometer a essência e a autenticidade da Igreja.

2. Habitada pelo Espírito Santo

A Igreja é habitada, dirigida e capacitada pelo Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, e sua presença na Igreja é vista como vital e transformadora. Portanto, a Igreja é:

  1. Habitada pelo Espírito Santo. A presença do Espírito Santo na Igreja é enfatizada como algo essencial. Quando alguém se torna cristão, o Espírito Santo passa a habitar nele ou nela, trazendo consigo os frutos do Espírito (amor, alegria, paz, paciência, bondade, bondade, fé, mansidão e autocontrole -Gl.5:22).
  2. Dirigida pelo Espírito Santo. Na vida da Igreja, a orientação do Espírito Santo é considerada fundamental. Ele é entendido como aquele que guia os líderes e os membros da Igreja, capacitando-os para compreender as Escrituras, para tomar decisões sábias e para viver de acordo com os princípios genuinamente cristãos.
  3. Capacitada pelo Espírito Santo. Além de habitar e guiar, o Espírito Santo é considerado aquele que capacita os crentes com dons espirituais. Esses dons são habilidades ou capacidades concedidas pelo Espírito para edificar e fortalecer a Igreja. Eles podem incluir dons como ensino, liderança, serviço, exortação, entre outros.

Em resumo, a presença do Espírito Santo na Igreja é crucial para a vida espiritual dos crentes e para a saúde e eficácia da própria Igreja. Sua habitação, orientação e capacitação são consideradas elementos essenciais para o crescimento espiritual e a missão da Igreja do Senhor Jesus.

3. Quem faz parte da Igreja anda no Espírito

Andar no Espírito é uma expressão que se refere ao modo como os crentes em Cristo vivem suas vidas diárias, permitindo que o Espírito Santo os guie, dirija e capacite. A Bíblia, no livro de Gálatas, capítulo 5, versículos 16 e 25, fala sobre esse conceito:

-Gálatas 5:16 (NVI): "Por isso, digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne".

-Gálatas 5:25 (NVI): "Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito".

Andar no Espírito, portanto, implica viver em sintonia com a orientação e a vontade do Espírito Santo, em oposição aos desejos egoístas ou carnais. Envolve:

  1. Submissão à direção do Espírito. Os crentes buscam viver em obediência ao Espírito Santo, permitindo que Ele os guie em suas decisões, conduta e relacionamentos.
  2. Frutos do Espírito. Andar no Espírito implica demonstrar os frutos do Espírito, ou seja, amor, alegria, paz, paciência, bondade, fé, mansidão e autocontrole, como mencionado em Gálatas 5:22.
  3. Renúncia à natureza pecaminosa. Significa resistir aos desejos da carne, como egoísmo, ódio, inveja, orgulho, entre outros, buscando viver de acordo com os princípios e valores que o Espírito Santo inspira.

Enfim, andar no Espírito é um convite para os crentes viverem em uma constante comunhão e dependência do Espírito Santo, permitindo que Ele os transforme interiormente e influencie suas ações e atitudes em conformidade com a vontade de Deus. Essa caminhada espiritual é considerada essencial para a vida cristã autêntica e para fazer parte da comunidade da Igreja que se identifica com os princípios do Evangelho.

II. A NATUREZA DA IGREJA EM SUAS DIMENSÕES LOCAL E UNIVERSAL

1. Local e Visível

Biblicamente, podemos falar da Igreja em relação à sua Dimensão Espacial, isto é, em relação ao local o ao espaço geográfico. Refere-se à Igreja como uma congregação física, visível e tangível, composta por pessoas que se reúnem em um local específico para adoração, comunhão, estudo bíblico e serviço comunitário. Esta dimensão da Igreja é facilmente identificável, com estruturas organizacionais, liderança visível, práticas rituais e uma presença palpável na sociedade. Ela desempenha um papel crucial na vida espiritual de seus membros, oferecendo um senso de comunidade, apoio e oportunidades para o crescimento espiritual e pessoal.

As Cartas escritas pelos apóstolos do Novo Testamento foram endereçadas a comunidades cristãs específicas em diferentes regiões geográficas. Assim, vemos os apóstolos escrevendo suas Cartas a determinadas Igrejas, situadas em diferentes locais. Por exemplo: “à Igreja de Deus que está em Corinto“(1Co.1:2); “aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1Pd.1:1).

Ao mencionar "a Igreja de Deus que está em Corinto" (1Co.1:2), o apóstolo Paulo se refere à comunidade cristã localizada na cidade de Corinto. Essa Carta foi escrita para abordar questões específicas, desafios e preocupações enfrentadas por essa congregação em particular. Da mesma forma, quando Pedro escreve sua Primeira Carta aos "estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia" (1Pd.1:1), ele está direcionando suas palavras a várias Igrejas locais que estavam espalhadas por diferentes regiões geográficas, chamadas de exílio espiritual, mas unidas pela fé em Cristo.

Essas referências indicam a Dimensão Local da Igreja, reconhecendo a presença física e organizada das congregações em áreas específicas. Elas evidenciam a preocupação dos apóstolos em se comunicar com as Igrejas Locais, oferecendo orientação espiritual, ensinamentos e encorajamento específicos para as situações que enfrentavam. Isso ressalta a importância da Dimensão Local da Igreja, onde as necessidades, contextos culturais e desafios específicos de cada Igreja são considerados e abordados nas Epístolas apostólicas.

2. As particularidades das Igrejas Locais

Pelo teor das Cartas escritas pelos apóstolos e enviada às Igrejas Locais, observamos que essas Igrejas possuíam suas particularidades. Elas oferecem uma visão detalhada das particularidades e peculiaridades das diferentes Igrejas locais da época. Cada uma dessas Igrejas tinha sua própria identidade, desafios, virtudes e necessidades específicas. Essas particularidades podem ser atribuídas a vários fatores, como o contexto cultural, social e histórico das regiões em que as Igrejas estavam localizadas, bem como às experiências e personalidades dos próprios membros das comunidades. Por exemplo, problemas específicos como desavenças entre membros (Fp.4:2,3) ou questões relacionadas ao trabalho e à sustentação (2Tes.3:11,12) refletiam os desafios enfrentados por essas Igrejas em suas situações particulares.

Apesar de todas as Igrejas estarem sob a supervisão apostólica, elas desfrutavam de uma autonomia relativa. Embora os apóstolos fornecessem orientação, ensinamentos e conselhos por meio das Cartas e visitas, as Igrejas Locais tinham sua própria dinâmica e tomavam decisões independentes em muitos aspectos de sua vida e organização interna. Essa autonomia permitia que as comunidades se adaptassem às suas circunstâncias específicas. Métodos ou abordagens que funcionavam bem em uma Igreja podiam ser ineficazes ou inadequados em outra devido às suas diferenças contextuais, culturais, composição dos membros e desafios particulares que enfrentavam.

Esse entendimento das particularidades das Igrejas Locais é relevante até os dias de hoje. As congregações cristãs contemporâneas também enfrentam desafios e têm características próprias, o que requer abordagens pastorais, métodos e soluções adaptadas à sua realidade específica, mantendo os princípios fundamentais da fé cristã.

Portanto, a compreensão das particularidades das Igrejas Locais no Novo Testamento destaca a importância da contextualização e da flexibilidade na aplicação dos princípios cristãos à diversidade de situações e necessidades encontradas em diferentes comunidades cristãs ao longo do tempo.

3. Universal e Invisível

Assim como a Igreja existe em sua Dimensão Local e Visível, existe também na sua Dimensão Universal e Invisível. Esta Dimensão da Igreja é frequentemente entendida como o Corpo místico de Cristo, composto por todos os crentes em Jesus Cristo, independentemente de sua afiliação denominacional, localização geográfica ou época histórica - é a “universal assembleia e Igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb.12:23). Esta perspectiva destaca a unidade espiritual dos seguidores de Cristo como um todo, transcendendo fronteiras físicas e temporais.

Passagens como Efésios 1:22,23 descrevem Cristo como a Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, plenitude daquele que preenche tudo em todas as coisas. Isso enfatiza a ideia de que todos os crentes formam um corpo espiritual unido em Cristo, independentemente das diferenças externas.

A Dimensão Universal da Igreja também está ligada à Grande Comissão, como mencionada em Mateus 28:19,20, onde Jesus instrui seus discípulos a fazerem discípulos de todas as nações, indicando que a mensagem do Evangelho é para todas as pessoas em todo o mundo.

Além disso, a invisibilidade da Igreja Universal se refere à sua natureza espiritual e transcendente. Não é limitada por estruturas físicas ou visíveis, mas está unida pelo Espírito Santo. Esta compreensão enfatiza a conexão espiritual entre os crentes em Cristo, independente das divisões visíveis que existem entre diferentes tradições denominacionais ou locais de adoração. Como bem diz o pr. José Gonçalves, “a Igreja é divina, as denominações são humanas. As denominações podem ser temporárias, a Igreja não. As denominações podem desaparecer, mas a Igreja é indestrutível (Mt.16:18). Convém dizer que nem todo o grupo que se diz cristão pode ser visto como fazendo parte da Igreja. Há grupos que se autodenominam ‘Igrejas’, contudo, são sinagoga de Satanás (Ap.3:9). Entretanto, o que fará com que uma Igreja ou denominação seja cristã, é a sua fidelidade a Cristo e às Escrituras Sagradas” (LBM).

Nesse sentido, a Igreja Invisível transcende as limitações físicas e se estende através do tempo e do espaço, unindo os crentes em Cristo como um Corpo espiritual.

Assim, a Dimensão Universal e Invisível da Igreja destaca a unidade espiritual e a comunhão entre todos os crentes em Cristo, independentemente de suas diferenças externas, proporcionando uma visão mais ampla e abrangente da comunidade dos fiéis em Cristo ao redor do mundo.

III. A IGREJA EM SUA DIMENSÃO COMUNITÁRIA

1. A Igreja é Una

Isso significa que a Igreja é indivisível. A analogia da Igreja como um Corpo, mencionada por Paulo nas escrituras, ilustra vividamente a importância da unidade dentro da Igreja. A ideia é que, assim como um corpo humano é composto por muitos membros interdependentes, a Igreja é formada por indivíduos com diferentes habilidades e funções, mas todos são essenciais para o funcionamento saudável do Corpo como um todo.

A unidade na Igreja é crucial, e as divisões internas podem ser prejudiciais para a sua saúde espiritual e seu propósito coletivo. O diabo, de fato, pode explorar as divisões e desavenças entre os membros da Igreja para enfraquecê-la. Portanto, é crucial que os membros da Igreja evitem o partidarismo, as preferências individuais e quaisquer atitudes exclusivistas que possam minar a unidade. Jesus disse que um Reino dividido não subsistirá (Mt.12:25). Esse princípio se aplica à Igreja também. O que o diabo não consegue contra a Igreja por meio da perseguição, ele tenta conseguir por intermédio da divisão.

O apóstolo Paulo, em Efésios 4:3, exorta os crentes a se esforçarem para preservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Isso significa buscar ativamente a paz, a harmonia e a unidade entre os membros da Igreja, superando diferenças e conflitos por meio do amor, do perdão e do entendimento mútuo.

Portanto, é crucial para a saúde espiritual e o testemunho da Igreja que seus membros estejam em comunhão, buscando a unidade e evitando tudo o que possa dividir ou enfraquecer a comunidade de fé.

2. A Unidade da Igreja

O apóstolo Paulo expressou claramente o seu desejo pela unidade na Igreja ao escrever aos cristãos de Filipos (Fp.2:2) - completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa”. Aqui, ele exorta os crentes a compartilharem do mesmo amor, do mesmo espírito e a terem uma mesma atitude, buscando a coesão e a unidade entre eles. Essa passagem enfatiza a importância da harmonia, do amor mútuo e da concordância entre os membros da Igreja. Assim como um corpo saudável funciona em unidade, cada parte contribuindo para o bem-estar do todo, a Igreja, como o Corpo de Cristo, é chamada a manter essa unidade para testemunhar o amor de Deus ao mundo.

Cada crente é incentivado a buscar ativamente essa unidade, pois isso não só promove a saúde espiritual da comunidade cristã, mas também reflete a natureza do próprio Cristo, que deseja que seus seguidores estejam unidos em amor e propósito.

Portanto, a unidade na Igreja é essencial não apenas para o fortalecimento da fé coletiva, mas também para a demonstração do amor de Cristo ao mundo, proporcionando um testemunho poderoso do poder transformador do Evangelho.

3. Diversidade na Unidade

A oração de Jesus registrada em João 17 é um retrato poderoso do desejo dele pela unidade dos seus discípulos. Nesse capítulo, Jesus expressa sua profunda intercessão, pedindo ao Pai por seus seguidores para que sejam um, assim como ele e o Pai são um. Ali há o que os teólogos chamam de “unidade de essência”. Este conceito teológico, que é observado na Trindade, destaca que, embora o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam distintos em pessoa, eles compartilham uma mesma essência, substância e propósito. Na Trindade, o pai, o filho e o Espírito Santo são pessoas diferentes, com uma mesma essência, possuindo a mesma substância e um só propósito. Da mesma maneira, os seguidores de Cristo são chamados a buscar essa unidade, que não se trata de uniformidade, mas sim de uma unidade na diversidade.

Os cristãos são diversos em termos de personalidades, habilidades, dons e abordagens para a vida e para o serviço cristão. No entanto, apesar dessas diferenças, a unidade em Cristo transcende essas diversidades. Isso significa que, embora tenhamos diferentes maneiras de agir, pensar e servir, nossa unidade em Cristo é o que nos une e nos capacita a perseguir o mesmo objetivo: a glória de Deus e a propagação do Evangelho.

Portanto, a unidade na diversidade destaca a beleza da Igreja, pois mesmo com variadas habilidades e perspectivas, os crentes são chamados a trabalhar juntos, respeitando as diferenças individuais, mas mantendo o foco comum em seguir a Cristo e viver de acordo com seus ensinamentos.

CONCLUSÃO

Através do estudo da Natureza da Igreja, compreendemos que não é suficiente rotular uma Igreja sem a presença de certos atributos essenciais. Fundamentalmente, a verdadeira Igreja Local se estabelece na base sólida da Palavra de Deus e se capacita através da orientação do Espírito Santo. Além disso, a Igreja não se limita a uma localidade específica, mas existe tanto em dimensão local quanto universal. Ela transcende tanto o tempo quanto o espaço, perdurando para a eternidade.