SENDO IGREJA DO DEUS VIVO

“Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef.5:32).

1Timóteo 3:

14.Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, 

15.mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. 

16.E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade:  Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.

Efésios 5:

25.Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 

26.para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 

27.para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. 

32. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Igreja do Deus vivo. A Igreja refere-se a todos os crentes nascidos de novo, independentemente de suas diferenças geográficas e culturais. Hoje, igreja comporta vários significados - refere-se frequentemente ao prédio onde os crentes se reúnem (por exemplo: estamos indo à igreja); pode indicar a nossa comunhão local ou denominação (minha igreja ensina sobre o batismo no Espírito Santo) ou um grupo religioso regional ou nacional (a igreja em Fortaleza). Mas seja como for, o significado bíblico de “igreja” refere-se primariamente não às instituições e culturas, mas sim às pessoas reconciliadas com Deus mediante a obra salvífica de Cristo e que agora pertencem a Ele.

Embora seja um organismo vivo, o Corpo de Cristo (1Co.12:27a), a Universal Assembleia e Igreja dos Primogênitos, que estão inscritos nos céus (cf. Hb.12:23a), a Igreja se apresenta sobre a face da Terra como uma reunião de igrejas locais, grupos sociais que têm tarefas a cumprir até a volta do Senhor Jesus para arrebatar os salvos e os levar para estar para sempre com Ele (João 14:3; 1Ts.4:16,17).

Embora seja o Templo do Espírito Santo, a Igreja local não está livre de influências nocivas que procuram enfraquecer sua identidade de representante de Cristo no mundo. E os efeitos do mundanismo são percebidos quando a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2Tm.3:1-5). Por isso, nesta Lição, é importante reafirmar a natureza da Igreja e destacar seu relacionamento com Cristo. Neste relacionamento que, como Igreja, nos afastamos do mundo, vivemos o propósito de Cristo na terra e nos livramos das influências hostis aos valores eternos da mensagem de Cristo. 

I. A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

1. A casa do Deus vivo

Uma verdade importante acerca da Igreja colocada em relevo é que ela é a morada do Deus vivo. Disse Paulo a Timóteo: “escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo” (1Tm.3:14,15).

A Igreja (não o templo físico) é a Casa de Deus, a morada do Altíssimo, o santuário do Espírito Santo. Deus habita na Igreja. Nós, povo de Deus, somos sua habitação (1Co.3:16; 6:19; 2Co.6:16). Aquele, que nem o céu dos céus pode contê-lo, habita em nós, frágeis vasos de barro.

No Antigo Testamento, Deus mandou fazer um santuário para habitar no meio do povo (Êx.25:8). Depois, o Templo foi edificado, e Deus habitou no Templo. Na plenitude dos tempos, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1:14). Agora, Deus habita na Igreja. A Palavra grega “oikos”, traduzida por “casa”, mostra que a igreja é uma família, a família de Deus (Ef.2:19); “corpo de Cristo” (1Co.12:27); “templo de Deus” (1Co.3:16). Se a Igreja não é um grupo de irmãos, então não é uma verdadeira igreja.

2. A coluna e firmeza [fundamento] da verdade

“¹⁵ mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15). 

Outra verdade importante acerca da Igreja do Deus vivo é que ela é “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:15b). A Igreja é fundamento da verdade na medida em que se baseia em Cristo, pois Ele é o fundamento da Igreja (1Co.3:11). O próprio Cristo é a Verdade (João 14:6).

O Pr. Hernandes Dias Lopes, citando William Barclay, explica que a palavra “coluna” tinha um significado muito importante na cidade de Éfeso, onde Timóteo era pastor. A maior glória de Éfeso era o templo de Diana (Atos 19:28). Esse templo era uma das sete maravilhas do mundo antigo; uma de suas características eram suas colunas. Havia nesse templo 127 colunas jônicas de mais de 18 metros de altura, cada uma das quais havia sido presente de um rei. Todas eram feitas de mármore, e algumas continham pedras preciosas incrustradas ou estavam cobertas de ouro.

Segundo pr. Hernandes Dias Lopes, a Igreja é comparada com uma coluna e um fundamento. Como a coluna sustenta o teto e como o fundamento sustenta toda a estrutura da casa, assim, a Igreja sustenta a gloriosa verdade do Evangelho no mundo. A Igreja sustenta a verdade por ouvi-la e obedecer-lhe (Mt.13:9), por usá-la corretamente (2Tm.2:15), por guardá-la no coração (Sl.119:11), por defendê-la (Fp.1:16), por proclamá-la (Mt.28:18-20).

John Stott, analisando essas duas metáforas - fundamento e coluna -, assevera que a Igreja tem dupla responsabilidade em relação à verdade. Primeiro, como fundamento, sua função é sustentar a verdade com firmeza, de tal forma que ela não caia por terra sob o peso de falsos ensinos. Segundo, como coluna, tem a função de mantê-la nas alturas, de modo que não fique escondida no mundo. Sustentar com firmeza a verdade é a defesa e a confirmação do evangelho; mantê-la bem alto é a proclamação do evangelho. A igreja é chamada para esses dois ministérios. Há uma estreita conexão entre a igreja e a verdade. A igreja depende da verdade para sua existência, e a verdade depende da igreja para sua defesa e proclamação. Se a verdade do Evangelho for corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt.5:13,14).

3. O mistério da piedade

A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (João 14:6). Nessa concepção, o apóstolo Paulo diz: “grande é o mistério da piedade” (1Tm.3:16a). Quando Paulo afirma “grande é o mistério da piedade”, ele não quer dizer que a verdade é misteriosa demais, mas que ela, antes desconhecida quanto à pessoa e à obra do Senhor Jesus, é extraordinária e maravilhosa. Veja a sequência do texto: “Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória”.

-“Deus foi manifestado em carne” - refere-se ao Senhor Jesus e particularmente à sua encarnação. A verdadeira “piedade” manifestou-se na carne pela primeira vez quando o Salvador nasceu como um bebê na manjedoura de Belém.

-“Contemplado por anjos” – Os anjos participaram efetivamente da vida e do ministério de Jesus, em seu nascimento, em sua tentação, em seu ministério, em sua agonia, em sua ressurreição e em sua ascensão. Do dia de Pentecostes em diante, Ele foi pregado entre os gentios. A proclamação não atingiu somente o povo judeu, mas as mais longínquas partes da terra.

-“Crido no mundo” – Porque Jesus foi pregado entre os gentios, pessoas de todas as tribos, raças, povos e línguas começaram a adorá-lo como seu Senhor e Salvador, como havia sido previsto (Sl.72:8-11,17; Gn.12:3; Am.9:11,12; Mq.4:12). Pessoas de todas as nações são transformadas à sua imagem e preparadas para seu serviço. Observe que não está escrito “crido pelo mundo”; embora a pregação tenha ocorrido em todo o mundo, sua aceitação tem sido apenas parcial.

-“Recebido em glória”. Isto se refere à ascensão de Jesus ao Céu depois de concluída a obra da redenção. “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef.4:10). O mesmo Jesus que ouviu os gritos ensandecidos da multidão: “crucifica-o, crucifica-o”, agora vê os céus abrindo seus portais para recebê-lo.

A Igreja, portanto, é a fiel portadora dessa verdade. Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos, entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de sermos Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar.

II. CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

1. Santificação e pureza

Disse Paulo: “...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito “ (Ef.5:25-27).

Santificar quer dizer separar. Quanto à sua posição, a Igreja já e santificada. Na prática ela é separada dia após dia; ela está passando por um processo de preparação moral e espiritual, semelhante ao ano de preparação pelo qual Ester passou antes de ser apresentada ao rei Assuero (Et.2:12-16). O apóstolo Paulo compara a relação de Cristo com a Igreja, com a do marido com a esposa (2Co.11:2). Assim, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap.21:2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2Ts.2:13).

O processo de santificação acontece “por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef.5:26); ou seja, a Igreja está sendo lavada no presente, não com água literal, mas com o agente de limpeza que é a Palavra de Deus. Em termos simples, isso significa que a vida do crente é purificada à medida que ele ouve as palavras de Cristo e obedece. Jesus falou aos seus discípulos: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado” (João 15:3). E Ele ligou a santificação à Palavra em sua oração sacerdotal: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Assim como o sangue de Cristo nos purifica de uma vez por todas da culpa e da penalidade do pecado, da mesma forma a Palavra de Deus nos purifica continuamente da corrupção e da poluição do pecado. Com afirma o pr. Douglas Baptista, a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1Pd.1:15; Hb.12:14). Esse processo é contínuo até a glorificação final no dia de Cristo (Rm.6:22; 8:30; Fp.3:21).

2. Gloriosa e irrepreensível

A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Paulo explica por que Cristo se entregou pela Igreja, a fim de torná-la santa – “para a apresentar a si mesmo gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante”. A “apresentação” retrata um casamento futuro; é como o período de noivado, que, para os judeus, estabelecia vínculos tão fortes como os do casamento.

Conforme afirma William Macdonald, no passado, o amor de Cristo se manifestou na nossa redenção; no presente, é visto na nossa santificação; no futuro, será exibido na nossa glorificação (Ap.19:7). Ele mesmo vai apresentar a si mesmo a Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.

Sem “mácula” e sem “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. Então a Igreja atingirá o clímax da beleza e da perfeição espiritual. Naquele Dia não haverá sinal algum de velhice na Igreja de Cristo - nenhuma ruga, nenhum defeito. Ele não admitirá nada que não lembre a flor de uma juventude eterna e a novidade de uma afeição que nunca se cansa nem se corrompe. A Igreja então será santa e sem culpa. Veja que a Igreja não torna a si mesma santa e irrepreensível; ao contrário, ela já foi feita assim através do sangue de Cristo.

III. AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

“Zelo e ensino pela verdade são duas das principais armas da Igreja do Deus vivo”.

1. O zelo pela verdade

Enfatizamos que a verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc.21:33; João 17:17), e a igreja é a “fiel depositária” dessa verdade (1Tm.3:15). Portanto, como cristãos em Cristo, entendemos que a Bíblia é a autoridade suprema em nossas vidas, e é através dela que conhecemos a verdade eterna de Deus.

Quando olhamos para passagens como Lucas 21:33 e João 17:17, vemos a clara afirmação de Jesus sobre a natureza duradoura e inalterável de Suas palavras. O Senhor também nos diz em João 14:6 que Ele próprio é o caminho, a verdade e a vida. Portanto, não há margem para dúvida: o Evangelho de Cristo é a única verdade que nos conduz à salvação e à comunhão com o Pai.

Também encontramos orientação na Primeira Epístola a Timóteo, capítulo 3, versículo 15, onde somos ensinados que a igreja é a "coluna e firmeza da verdade". Isso significa que a igreja tem um papel vital como guardiã e defensora da verdade bíblica. É nosso dever, como membros da igreja, preservar e proclamar o Evangelho, cumprindo assim a grande comissão que Jesus nos confiou (Mt.28:19,20).

Entretanto, devemos lembrar que ser "fiel depositária" da verdade não significa que a igreja local é infalível. Somos humanos e passíveis de erro, mas confiamos na direção do Espírito Santo para nos guiar na compreensão e interpretação correta das Escrituras. Também precisamos manter um coração humilde e aberto à correção, sempre voltando à Bíblia como nossa base final de fé e prática.

Quando vivemos de acordo com a verdade bíblica, experimentamos a alegria da salvação, a transformação de nossas vidas e a capacitação do Espírito Santo para vivermos de maneira que honremos a Deus. Portanto, todos os crentes em Cristo devem mergulhar na Palavra, aprofundarem seu relacionamento com Cristo e a contribuírem para a edificação do corpo de Cristo, a igreja, como fiéis depositários da verdade divina. Assim, a Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com fidelidade (2Tm.4:2).

2. O ensino da verdade

Deus constituiu líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef.4:11,12). E eles devem estar com habilidade e aptidão para ensinar (1Tm.3:2). Para isso, o líder precisa ter compromisso com a Palavra (Atos 20:20-27), ter a capacidade de compreender a Palavra, defender a ortodoxia, refutar as heresias (Tt.1:9), e esforçar-se na Palavra e no ensino (1Tm.5:17). Enfim, a verdade bíblica deve ocupar a primazia na igreja local (1Tm.4:13; 2Tm.2:15) onde o líder exerce a sua liderança.

O verdadeiro líder é um estudioso dedicado, que se esmera tanto no estudo como no ensino; e ensina tanto pela palavra como pelo exemplo, tanto com palavras como por obras. Faço minha as palavras do Pr. Douglas Baptista: “Não ensinar as Escrituras, relativizar suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale fazer a igreja refém do mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador (João 8:32)”.

CONCLUSÃO

Apesar dos ataques contumazes contra a Igreja de Cristo perpetrada pelo arqui-inimigo de Cristo, principalmente nestes últimos tempos difíceis da era cristã, a nossa fé não pode esmaecer; devemos, mais do que nunca, sermos Igreja do Deus vivo, e guardiã da Verdade que liberta (João 8:36). Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos, entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de ser Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar. Fazemos parte do Corpo de Cristo; portanto, não permitamos que a mensagem da cruz seja ressignificada; devemos, sim, honrá-la, pregá-la com destemor, buscarmos a santificação, a integridade e a irrepreensibilidade até a volta do Senhor.

 

CULTIVANDO A CONVICÇÃO CRISTÃ

 

“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1Ts.2:3).

1Tessalonicenses 2:

1.Porque vós mesmas, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã;  

2.mas, havendo primeiro padecido e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate. 

3.Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência; 

4.mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova o nosso coração. 

5.Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha. 

6.E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados; 

7.antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos. 

8.Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma; porquanto nos éreis muito queridos. 

9.Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus. 

10.Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes. 

11.Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos, 

12.para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos da convicção cristã. Convicção é a ação de convencer, isto é, ter uma ideia ou opinião sobre algo de modo pertinaz, crendo absolutamente naquilo que acredita e transmitindo isso para as outras pessoas. Ter convicção é o mesmo que ter a firme certeza sobre algo em que acredita, sendo esta segurança oriunda a partir de motivos ou provas de natureza particular. A origem da palavra "convicção" está no latim convictio, que significa "prova" ou "refutação". Este termo, por sua vez, deriva de convincere, que quer dizer "vencer" ou "superar decisivamente". Nesta Lição, veremos que todo crente em Jesus Cristo precisa cultivar uma profunda convicção espiritual, moral e social a fim de ser capaz de dar um verdadeiro testemunho neste mundo mergulhado em trevas. 

I. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

1. Poder do Espírito Santo

Na Segunda Viagem Missionária de Paulo (49-52 d.C.), por orientação divina, o evangelho de Cristo foi proclamado na Europa. Após ter sido impedido pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia e na Bitínia (Atos 16:6,7), o apóstolo teve uma visão em que um homem lhe dizia: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!” (Atos 16:9). A partir dessa revelação a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e depois em Tessalônica (Atos 16:10-12; 17:1). Paulo afirma que o evangelho chegou nesta região “não tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção...”(1Ts.1:5-ARA). Veja que Paulo afirma que o evangelho chegou nesta região de três formas gloriosas:

a) Em palavras. O apóstolo usou métodos inteligentes de abordagens para apresentar Jesus por meio das Escrituras. Ele arrazoou, expôs, demonstrou e anunciou (Atos 17:2,3).Todos esses métodos foram endereçados ao entendimento dos tessalonicenses. Porém, Paulo não dependeu de sua própria habilidade, eloquência e sabedoria. A pregação dele não foi meramente uma declaração, uma retórica vazia e sem coração. A pregação de Paulo não era um simples discurso. O evangelho não consiste em meras palavras. O pr. Hernandes Dias Lopes afirma que “Paulo pregava aos ouvidos e aos olhos. Ele falava e demonstrava. Ele tinha palavra e poder”.

b) Em poder, no Espírito Santo. A palavra utilizada por Paulo para “poder”, “dynamis”, é usada geralmente para denotar a energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia do próprio Deus. O evangelho não consiste de meras palavras. Palavras humanas seriam inúteis se a mensagem não fosse dada em poder. O evangelho é o poder de Deus que trabalha no coração do ser humano. Havia dinamite (dynamis) espiritual na mensagem de Paulo, explosivo suficiente para demolir os ídolos (1Ts.1:9).

Paulo estava convencido de que nenhum método era por si suficiente para alcançar os corações. Ele dependia totalmente do poder do Espírito Santo em sua pregação. Paulo não colocava o uso da razão como algo contrário à ação do Espírito; ele usava os melhores métodos e se esmerava na preparação da mensagem, mas confiava totalmente no poder do Espírito para aplicar a mensagem. Martyn Lloyd-Jones disse “que se não houver poder, também não haverá pregação. A verdadeira pregação, afinal de contas, consiste na atuação de Deus. A pregação é lógica pegando fogo. É teologia em chamas. Pregação é teologia que extravasa de um homem que está em chamas”.

c) Em convicção. Paulo tinha plena convicção do poder da mensagem que anunciava. Martyn Lloyd-Jones corrobora que “Paulo sabia que algo estava acontecendo, e tinha consciência disso. Ninguém pode ser cheio do Espírito Santo sem saber o que está acontecendo. Esse enchimento do Espírito Santo propicia clareza de pensamento, clareza e facilidade de expressão, um profundo senso de autoridade e confiança na pregação, além da certeza de um poder vindo do Alto, que se manifesta ardentemente por todo o nosso ser, com um senso indescritível de alegria. Nada provém de nosso próprio esforço; somos um mero instrumento, um canal, um veículo; o Espírito nos usa e contemplamos tudo com grande júbilo e admiração”.

O pr. Hernandes Dias Lopes, citando William Hendriksen, diz que “a convicção é um efeito imediato da presença e do poder do Espírito Santo nos corações dos embaixadores. A referência aqui é a plena convicção dos missionários à medida que pregavam a Palavra”. Como afirma o pr. Douglas Baptista, na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero intelectualismo humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas (Mt.7:29; 1Co.2:1-5).

2. Confiança em Deus

Antes de pregar em Tessalônica, Paulo pregou em Filipos, por ocasião de sua Segunda Viagem Missionária. Em Filipos foi espancado com varas e ultrajado. Diz o texto sagrado: “uma multidão revoltada se juntou contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que os dois fossem despidos e açoitados com varas. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu ordens para não os deixar escapar, por isso os colocou no cárcere interno, prendendo-lhes os pés no tronco” (Atos 16:22-24).

Apesar dessa severa provação, não esmoreceram, mas, impelidos pelo Espírito, vieram à Tessalônica e pregaram o evangelho com confiança em Deus. Na cidade, em meio às suas lutas, e com ousadia e confiança, anunciaram a Cristo. Apesar da severa oposição, Paulo diz que a sua fé não estava abalada: “Sabem como fomos maltratados e quanto sofremos em Filipos, antes de chegarmos aí. E, no entanto, com confiança em nosso Deus, anunciamos a vocês as boas-novas de Deus, apesar de grande oposição” (1Ts.2:2). Muitos poderiam tirar férias ou dar um tempo no ministério depois de tão violenta perseguição, mas Paulo se dispôs a pregar a Palavra de Deus ousadamente em Tessalônica.

Todavia, o Ministério de pregação em Tessalônica foi também em meio a uma luta agônica. Os críticos de Paulo queriam desacreditar sua pessoa, assacando contra ele pesadas e levianas acusações. Havia quem dizia em Tessalônica que Paulo tinha ficha policial e que não era mais que um delinquente que estava fugindo da justiça, e que obviamente não se poderia dar ouvidos a um homem dessa índole. Porém, assim como as trevas não podem prevalecer contra a luz e a mentira não pode triunfar sobre a verdade, as acusações mentirosas dos inimigos não puderam destruir a reputação do apóstolo de Cristo. Como afirma o pr. Douglas Baptista, “nessa perspectiva, somos encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas confiados em Deus, jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de morte.

3. Fidelidade na pregação

Deus confiou a Paulo a pregação do evangelho. Foi fiel e aprovado por Deus (1Ts.2:4). Paulo tinha não apenas a revelação, mas também aprovação. Foi aprovado porque ele pregava para agradar a Deus e não a homens. Ele não pregava o que o povo queria ouvir, mas o que o povo precisava ouvir. Ele não pregava para entreter os bodes, mas para alimentar as ovelhas. A pregação da verdade não é popular, mas é vital para a salvação.

Paulo assegura que o Evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1Ts.2:3a). Ele possuía o conteúdo glorioso do evangelho de Deus e uma vida reta diante do Senhor. Sua pregação era respaldada pela sua vida, e seu ministério foi plantado no solo fértil de uma vida piedosa. Vida com Deus precede ministério para Deus. A vida é a base do ministério e precede ao ministério. A maior prioridade do obreiro não é fazer a obra de Deus, mas ter comunhão com o Deus da obra (Mc.3:14). Vida com Deus é a base do trabalho para Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Por isso, “devemos viver de uma maneira que traga atenção positiva e a honra a Deus. Devemos sempre examinar a nós mesmos, para assegurar que as nossas vidas sejam dignas de nos identificar com Cristo, representar o seu caráter e transmitir a sua mensagem a outras pessoas. Só seremos capazes de fazer isto, confiando na graça e no poder de Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

II. CONVICÇÃO MORAL

1. Retidão nas ações

A conduta de retidão nas ações é uma virtude do crente regenerado. Disse o apóstolo Paulo aos crentes de Colossos: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens” (Col.3:23). Todo o trabalho é digno se o fizermos de forma honesta, com retidão, e todo o trabalho é espiritual se o fazemos para o Senhor.

A retidão nas ações de uma pessoa é um sinal clarividente que ela é convertida, pois a conversão, como ensina o pr. Douglas Baptista, opera a transformação moral na vida do crente salvo (2Co.5:17). Paulo foi um obreiro irrepreensível diante das pessoas. Escrevendo aos crentes de Tessalônica, ele reivindica a retidão das próprias ações ao afirmar: “A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus é testemunha” (1Tess.2:5). Aqui, ele menciona dois fatores da sua irrepreensibilidade:

a)    Ele não era um bajulador (1Ts.2:5a). A palavra “bajulação” usada por Paulo descreve a adulação que pretende ganhar algo, a lisonja por motivos de lucros. É o engano mediante a eloquência, para ganhar os corações das pessoas a fim de explorá-las. O bajulador é aquele que fala uma coisa e sente outra. Ele tem a voz macia como a manteiga e o coração duro como uma pedra. Ele tem palavras aveludadas e uma motivação ferina como uma espada. Havia plena sintonia entre o que Paulo falava e o que ele sentia. Paulo apresenta seu testemunho diante de todos: “[...] como sabeis (1Ts.1:5; 2:1,5,11; 3:3,4; 4:2; 5:2). E também dá seu testemunho diante de Deus: “Deus é testemunha” (1Ts.2:5). Somente o falso cristão é que busca poder e influência por meio da bajulação mentirosa (Rm.16:18).

b)   Ele não era mercenário (1Ts.2:5b).  Paulo não pregava para arrancar o dinheiro das pessoas, mas para arrancar-lhes do peito o coração de pedra, a fim de receberem um coração de carne. Paulo não buscava lucro, mas salvação. Sua recompensa não era dinheiro, mas vidas salvas. Os motivos de Paulo em fazer a obra de Deus eram puros. Ele não fazia do ministério uma plataforma para se enriquecer. Ele não estava atrás do dinheiro das pessoas, mas ansiava pela salvação delas.

Além destes fatores, a Bíblia orienta a deixar a mentira e falar a verdade (Ef.4:25), deixar o furto e ser honesto (Ef.4:28), não pronunciar palavras torpes e dizer apenas o que edifica (Ef.4:29).

2. Reputação ilibada

"Reputação ilibada" é uma expressão que se refere a uma reputação impecável, imaculada ou irrepreensível. Ela indica que uma pessoa ou entidade possui um histórico livre de qualquer tipo de mancha, má conduta, escândalo, atividade criminosa ou desonestidade. Ter uma reputação ilibada implica em ser reconhecido(a) como alguém que age de forma ética, honesta e respeitável em todos os aspectos de sua vida pessoal e profissional.

Com relação ao apóstolo Paulo, ele avalia sua reputação com esta frase: “Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros” (1Tes.2:6). Paulo não pregava para alcançar glória e prestígio humano, não andava atrás de lisonjas humanas. Ele não buscava prestígio pessoal nem glória de pessoas. Ele não dependia desse reprovável expediente, pois sabia quem era e o que devia fazer. Ele não precisava bajular nem receber bajulação. Sua realização pessoal não procedia da opinião das pessoas, mas da aprovação de Deus. É digno observar que em 1Tessalonicenses 1:5, Paulo não disse: “Eu cheguei até vós”, mas disse: “o nosso evangelho chegou até vós”. O foco não estava no homem, mas no evangelho. O culto à personalidade é um pecado. Toda a glória que não é dada a Deus é vanglória, é glória vazia. Aos coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se no Senhor e não em si próprio (1Co.1:29-31). A conclusão é clara: os que aspiram fama e prestígio caem em tentação e maculam o Evangelho. Nosso viver deve glorificar a Deus. A Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef.3:21).

3. Vida irrepreensível

O adjetivo “irrepreensível” é frequentemente usado para descrever indivíduos que são admirados por sua integridade e caráter exemplar, que seguem uma conduta ética consistente e que evitam qualquer tipo de comportamento prejudicial ou inadequado. Assim como no caso da "reputação ilibada", ter uma "vida irrepreensível" é considerado um atributo altamente valorizado, especialmente em contextos nos quais a confiança, a responsabilidade e a ética são fundamentais, como em liderança, cargos públicos ou atividades que envolvam relações de confiança e responsabilidade.

Uma "vida irrepreensível" refere-se a um estilo de vida ou conduta que é considerado sem falhas morais, éticas ou comportamentais. Significa viver de acordo com padrões elevados de moralidade, ética e integridade, evitando ações que possam ser julgadas como erradas, questionáveis ou condenáveis pela sociedade, pela lei ou por princípios pessoais.

Uma pessoa que leva uma vida irrepreensível geralmente é vista como alguém que age de maneira justa, honesta e respeitosa em todas as áreas de sua vida, seja em relacionamentos pessoais, profissionais ou comunitários. Nesse contexto, o apóstolo Paulo invoca a Deus e a igreja em Tessalônica como testemunhas de sua postura “santa, justa e irrepreensível” (1Ts.2:10). Como bem afirma o pr. Douglas, “essas designações implicam obediência nas questões morais, atitude de retidão exemplar e conduta sem motivo algum de reprovação (1Co.9:16-23); denotam o padrão de comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo mesmo (1Co.9:27)”.

Paulo viveu de forma irrepreensível (1Tess.2:10). A palavra “irrepreensível” tem a ver com o reflexo público da vida. Isso fala de uma relação correta com os outros. Os inimigos de Paulo podiam odiá-lo, acusá-lo, e até assacar contra ele pesadas e levianas acusações, mas não podiam encontrar nada para envergonhá-lo. Paulo era um obreiro irrepreensível. Ciente da influência que sua vida exercia sobre os fiéis, o apóstolo diz: “para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2Ts.3:9). Assim, o grau de comprometimento adotado pelo crente com os valores do Reino é o reflexo do nível de sua comunhão com Deus (1Co.10:32).

III. CONVICÇÃO SOCIAL

1. Bem-estar comum

O papel da igreja é o de proclamar o Evangelho (Mt.28:19) e aliviar o sofrimento promovendo o bem-estar social entre os irmãos (Tg.2:15-17). Paulo teve essa preocupação em seu ministério. Veja o que ele disse à Igreja de Tessalônica:

“Embora, como apóstolos de Cristo, pudéssemos ter sido um peso, tornamo-nos bondosos entre vocês, como uma mãe que cuida dos próprios filhos. Sentindo, assim, tanta afeição por vocês, decidimos dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a nossa própria vida, porque vocês se tornaram muito amados por nós” (1Tes.2:7,8).

Paulo foi como uma mãe para os crentes de Tessalônica. Uma mãe é aquela que quando tem apenas um pão para repartir fala para o filho que não está com fome. Uma mãe se dispõe a renunciar aos seus direitos a favor dos filhos. De modo semelhante, Paulo tinha o direito de exigir dos tessalonicenses o seu sustento, mas ele abnegada e voluntariamente abriu mão desses direitos para suprir as necessidades dos tessalonicenses como uma mãe carinhosa que acaricia os próprios filhos. Paulo não era um mercenário, mas um pastor. Ele não apascentava a si mesmo, mas o rebanho de Deus. Ele colocava a necessidade dos outros acima das suas necessidades.

Como uma mãe, Paulo cuidou dos seus filhos espirituais com sacrifício cabal (1Tes.2:8). Ele estava pronto a dar a própria vida pelos crentes de Tessalônica. O pastor verdadeiro, aquele que imita o supremo Pastor, dá a vida pelas suas ovelhas (João 10:11); ele não vive para explorá-las, mas para servi-las; seu ministério é de doação e não de exploração. Seu sacrifício é cabal, igual a uma mãe que está pronta a dar sua própria vida para proteger o filho; seu amor é sacrificial. Foi esse fato que permitiu ao rei Salomão descobrir qual mulher era a mãe verdadeira da criança sobrevivente (1Rs.3:16-28).

O procedimento de Paulo também se equipara ao procedimento de um pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos (1Ts.2:11b). Era assim que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à igreja (1Ts.2:11a). Um pai não deve apenas sustentar a família com trabalho e ensinar-lhe com exemplo, mas também deve ter tempo para conversar com os membros da família. Paulo sabia da importância de ensinar os novos crentes.

Paulo não era um pregador estrela que só gostava do glamour da multidão. Ele passava tempo com cada pessoa. Ele era um pai para quem cada filho tinha um valor singular e por quem estava pronto a dar sua própria vida. O propósito de Paulo ao ensinar os seus filhos na fé era que eles vivessem de modo digno diante de Deus. O alvo de Paulo era levar os crentes à maturidade espiritual; os tessalonicenses deveriam atingir a plenitude da estatura de Cristo.

Assim como fez Paulo, a Igreja de hoje deve agir na busca da maturidade cristã e espiritual, jamais olvidando o bem-estar comum das pessoas, quer seja crente ou descrente. Como diz o pr. Douglas, a dedicação exclusiva de uma parte em detrimento da outra não retrata o Evangelho de Cristo (Tg.4:17).

2. Dedicação altruísta

Altruísmo é um tipo de comportamento em que as ações voluntárias de um individuo beneficiam outros. No sentido comum do termo, é, muitas vezes, percebida como sinônimo de solidariedade. O apóstolo Paulo foi um dedicado altruísta que visava somente o bem das pessoas. Ele não mediu esforços para que o Evangelho de Cristo fosse propagado, pois visava que as pessoas saíssem das trevas da incredulidade, e viessem à luz de Cristo e fossem salvas (Atos 20:24).

Pela dedicação altruísta e exclusiva na evangelização, no discipulado e no pastoreado, Paulo tinha o direito de ser sustentado pela Igreja, mas ele decidiu nada receber (cf.1Ts.2:7). Desta feita, para prover o seu sustento, Paulo valeu-se de seu ofício de fabricante de tendas (Atos 18:3). Acerca disso, recordava aos irmãos do seu labor e fadiga; e de como, noite e dia laborava para não viver à custa de nenhum dos irmãos (1Ts.2:9). Para não se tornar um fardo para a igreja, ele se desgastou numa atividade laboral extenuante.

Embora a igreja de Filipos tenha enviado duas vezes dinheiro para ajudá-lo em Tessalônica (cf.Fp.4:15,16), embora fosse seu direito exigir sustento da igreja (1Ts.2:7), Paulo decidiu trabalhar para se sustentar (2Ts.3:6-12). Ninguém podia acusá-lo de ganância financeira (Atos 20:31; 2Co.12:14). Mesmo tendo o direito legitimo de exigir seu sustento (1Co.9:14; 1Tm.5:18), não dependia dele para fazer a obra de Deus. Paulo não usou dessa justa prerrogativa, porque conhecia a extrema pobreza da igreja de seu tempo (2Co.8:1,2); suportou as restrições financeiras para não criar obstáculo ao Evangelho (1Co.9:11,12), e que tudo fez para ganhar o maior número possível de pessoas para Cristo (1Co.9:19). Paulo não estava no ministério por causa de dinheiro. Sua motivação nunca foi o dinheiro, mas a glória de Deus, a salvação dos perdidos e a edificação da Igreja do Senhor Jesus.

Aprendemos com Paulo que o amor sacrificial, o trabalho voluntário e despreendido são essenciais para o crescimento do Reino de Cristo, e devem fazer parte de uma profunda convicção cristã como contraponto claro ao “espírito da Babilônia” que é o oposto do altruísmo cristão.

CONCLUSÃO

Sendo o apóstolo Paulo um paradigma à nossa maturidade cristã, moral e espiritual, concluímos esta Lição enfatizando a necessidade de cada crente manter firme a sua convicção cristã em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra. É imperioso que busquemos ter uma convicção espiritual resultante do poder do Espírito Santo (1Ts.2:4), uma convicção moral como reflexo do temor que temos a Deus (1Ts.2:5) e uma convicção social que deve ser demonstrada pela abnegação em servir (1Ts.2:9).