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UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO


Texto Áureo: Tg. 4.7 – Leitura Bíblica: Tg. 4.1-10

INTRODUÇÃO
A Epístola de Tiago foi escrita por volta do ano 45 d. C., sendo um dos primeiros textos apostólicos. Essa carta foi destinada aos primeiros cristãos dispersos, de origem judaica no contexto do império romano (Tg. 1.1). Esses crentes faziam parte do “movimento de Jesus”, e ainda se reuniam nas sinagogas, seu principal objetivo era integrar fé e obras, enquanto sabedoria prática, que provém do alto (Tg. 3.14,15).

1. ANÁLISE TEXTUAL
No texto em foco, a ênfase é posta na causa das guerras – pólemos -  e pelejas – machai, que também pode ser traduzido por disputas. Tiago diz que elas provém dos vossos deleites – hedonon, ou prazeres ou paixões, que guerreiam – strateomai – que entram em confronto – em vossos membros? (v. 1). Ao invés de pedir a Deus, e buscar o que edifica, muitos preferem cobiçar – epithumeite – desejar ardentemente, e isso leva a um tipo de frustação, por não ser capaz de alcançar – epithuchein. Ao invés de orar com sabedoria, e pedir as coisas que são do alto, as pessoas pedem mal, para gastar – depanesete – esse verbo expressa o desejo de consumir (v. 3). O grande problema é que as pessoas se deixam controlar pela filosofia deste mundo – kosmu – aqui se referindo aos padrões anti-Deus, que regem a esfera humana. O que tem neste kosmos é adultério – moichalides – não apenas no sentido sexual, mas também de se deixar contaminar com os valores desta era. Aqueles que se tornam amigos do mundo, acabam por se tornarem inimigos de Deus (v. 4). A Escritura é bastante clara, ao afirmar que o Espírito que habita no crente tem ciúmes - phthonos – tanto pode ter um sentido negativo, como ciúme e inveja, quanto positivo, que é o caso nessa passagem, com o sentido de zelo (v. 5). Há um paradoxo no texto, pois Deus dá graça – charin – aos humildes – tapeinos – no contexto de Tiago, aquelas pessoas que são marginalizadas, mas aos soberbos – huperefanois – arrogantes e orgulhosos, com base no que possuem (v. 6). A opção apresentada pelo apóstolo é sujeitar-se – hupotagete – colocar-se sob o controle – de Deus, e resistir – antistete – também se opor – ao Diabo, então esse fugirá de vós (v. 7). É preciso se chegar mais a Deus, e ele se chegar a vós, diz Tiago. E mais, limpai as mãos, e purificai o coração – kardia, sobretudo aqueles de ânino dobre – dipsuchoi – que ficam entre dois pensamentos, não se definem a quem agradar, se a Deus ou ao mundo (v. 8). Para tanto, devem sentir as vossas misérias – telaporeisate – lamentar e chorar – converter o riso em pranto; e o gozo, em tristeza. E mais: humilhar-se – tapenoithete perante o Senhor, somente ele pode exaltar – hupsosei – no futuro, de maneira oportuna.

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
O pecado da dissenção, naquela comunidade eclesiástica, era resultante da falta de sabedoria do alto (Tg. 3.13-18), que tinha relação com a mundanidade, ou seja, aos valores daquela época que estavam adentrando à igreja. Muitas disputas que acontecem no seio da igreja são provenientes dos desejos (gr. hedone – paixões), que fazem com que as pessoas entrem em conflito umas com as outras (v.1). É muita cobiça envolvida, sobretudo nos tempos atuais, marcado pelo consumismo, as pessoas estão deixando de valorizar o que é espiritual, e se tornando extremamente mundanas, se apegando ao que é da terra, em detrimento do que é do céu. Essa condição se reflete na própria oração, pois as pessoas expressam em suas palavras aquilo que desejam. Uma demonstração prática disso é a famigerada teologia da ganância, que incita os crentes a buscarem enriquecimento terreno, trazendo sobre elas mesmas sofrimento e frustração (v. 2). Por causa disso, as orações são equivocadas, pessoas que pedem apenas para satisfazerem seus deleites, não que o prazer seja pecado em si, mas esse não pode controlar as pessoas (v. 3). Quando isso acontece, nos tornamos adúlteros e adúlteras, no sentido espiritual, pois desejamos o mundo, como se esse fosse a razão da existência (v. 4). Ninguém que ama este mundo pode dizer que é amigo de Deus, pois são incompatíveis (I Jo. 2.15,16; 5.19). O mundo, nesse contexto, não se refere ao mundo físico, muito menos às pessoas, mas ao sistema anti-Deus, que se opõe aos valores do Reino de Deus (Mt. 6.24). O Espírito que habita em nós é um real, e tem sentimentos e vontades, por isso sente zelo por aqueles que se entregam aos prazeres do mundo (v. 5). A graça de Deus é para aqueles que se humilham, ou seja, que se submetem à vontade de Deus (I Pe. 5.5), se opõem à arrogância e ao orgulho, e se fiam na providência divina, dependem daquilo que Deus dá, o pão nosso de cada dia (v. 6). É preciso resistir ao diabo, e uma das melhores maneiras de fazê-lo é se aproximando de Deus (I Co. 10.13), pois somente assim Satanás fugirá de nós, como aconteceu com Cristo, ao ser tentado (Lc. 4.13). Se quisermos nos aproximar de Deus, devemos purificar nossas vidas, chorar nossa condição de pecado, reconhecer a misericórdia divina (v. 8,9), como orientaram os profetas do Antigo Testamento (Is. 15.2; Jr. 6.26). E para concluir, de maneira resumida, Tiago reforça que devemos ser humildes – viver um estio de vida simples – se quisermos ser exaltados por Deus (Mt. 23.12), ter cuidado para não se deixar levar por um modelo de religiosidade que apenas valoriza o que se tem, diferente daquele ensinado por Jesus, sobretudo no sermão do monte (Mt. 5-7).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
O mundo é movido pela ganância, essa é a causa das guerras e conflitos, não apenas entre os não-cristãos, mas também entre os cristãos. O mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19), e esse é inimigo de Deus, por se opor à sua vontade (Rm. 8.6-8; 12.1,2). Uma das formas de Satanás, que é o deus deste século, manipular as pessoas (II Co. 4.4), é através do desejo desenfreado, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba dos olhos (I Jo. 2.16-17). O pecado dos nossos primeiros pais no Jardim do Éden se deu através do olhar, e o desejo de ser igual a Deus, se apropriando daquilo que Ele havia proibido (Gn. 3.6). O desejo de enriquecer, inspirado na inveja do outro, está levando muitas pessoas à ruina, afinal o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Tm. 6.10-12). Mamom é o deus que governa o mundo dos negócios, e sacrifica muitas vidas, a fim de ser adorado, por isso Jesus advertiu quando a essa divindade, e foi categórico ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores (Mt. 6.24). A alternativa cristã contra a idolatria do dinheiro é um estilo de vida simples, pautado no contentamento, pois é assim que Deus deseja que vivamos (Lc. 3.14; Fp. 4.12; Hb. 13.5). Contentamento não significa comodismo, ninguém está proibido de buscar viver melhor, e até mesmo de prudentemente reservar um pouco para os dias difíceis, mas não se pode confiar nas riquezas. Jesus nos ensinou a viver sem o frenesi das preocupações, sobretudo em relação ao que teremos para viver no futuro (Mt. 6.24-33).  O problema é que as pessoas estão sendo seduzidas pelo consumismo, comprando coisas que não precisam, apenas para agradar as outras pessoas. Essas pessoas, ainda que não percebam, estão no ritmo de vida do mundo, e por essa razão, estão adulterando espiritualmente, pois amam mais o presente século do que a Deus. A cobiça e o hedonismo não é um estilo de vida compatível com o cristão, ainda que tenhamos sido criados para o prazer, não podemos deixar que os deleites da vida nos controlem (I Co. 6.12).

CONCLUSÃO
As advertências de Tiago são necessárias, caso queiramos resistir ao diabo. A melhor maneira de fazê-lo, conforme instrução do próprio apóstolo, é sujeitar-se e se achegar cada vez mais a Deus. A vitória sobre os poderes do mundo depende de Deus, mas nós também somos participantes, na medida em que buscamos viver no Espírito (Gl. 5.22), não satisfazendo os desejos desenfreados da carne (Gl. 5.16). É preciso se arrepender dos pecados, sentir as misérias, lamentar e chorar, a fim de receber a graça de Deus, pois o Senhor abate os orgulhosos, mas eleva os humildes (Tg. 4.6,10).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.