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ORANDO SEM CESSAR

Texto Áureo: I Ts. 5.17 – Leitura Bíblica: Mt. 6.5-13

INTRODUÇÃO
As armas espirituais são indispensáveis na batalha que temos que enfrentar. A oração, enquanto fundamento para a luta, também é muito importante. Na aula de hoje, a última deste trimestre, iremos estudar a respeito da oração, e seu valor para a vida cristã. Inicialmente, destacaremos, com base em Mt. 6.5-13, os fundamentos cristãos para a oração, com base na análise do texto grego. Em seguida, faremos a interpretação e aplicação desse texto.

1. ANÁLISE TEXTUAL
A oração sempre fez parte da religiosidade judaica, os fariseus do tempo de Jesus consideravam-na necessária, mas se equivocavam em relação ao modo. Esses eram os hupokritai, que apreciavam orar em pé, que pretendiam ser admirados pelas pessoas, como se fossem atores em um teatro. Eles são censurados pelo Mestre por quererem plateia (v. 5). A oração pública tem seu valor, mas não substitui a oração privada, no lugar secreto. Essa é a oração direcionada ao Pai, pois Ele é Aquele que recompensa. A oração, ainda que seja em oculto – en tô kruptô, terá recompensa do Pai, que responderá (v. 6). Ao orar, devemos fechar a porta, e não fazer como hoi hupokritai, que optam por ficarem “batendo na mesma tecla” (v. 7). Os seguidores de Jesus devem ser diferentes: me oun homoiôthete. Com essa expressão, o Senhor adverte para não se parecer com os gentios (v. 8). Deus é Pater hêmôn, não apenas meu ou teu, mas hêmon, e que é maior do que nós, pois está em tois ouranois. É assim que Jesus ensina Seus discípulos a orarem, e mais que: hagiasthetô to onoma sou, que Teu nome seja santificado (v. 9). A oração ensinada por Jesus orienta a clamar:  elthetô hê basileía sou, venha o Teu reino. Ele já reina nos corações e vidas daqueles que creem. Os súditos do reino se submetem ao senhorio de Cristo. A thelema - vontade de Deus é que todos se dobrem diante desse reino, mas isso não pode ser feito por meio da força. Oramos para que a vontade de Deus seja feita na terra, assim como acontece no céu. (v. 10). Até aquele dia, quando finalmente o reino de Deus será pleno, quando Cristo retornar em glória (Ap. 20.1-10). Devemos orar também pelas nossas necessidades, especialmente pelo pão nosso.Temos necessidades, e essas são supridas pelo Senhor, que nos favorece σήμερον. Nesses tempos de consumismo, existem muitos desejos, mas precisamos aprender a pedir pelo sustento (v. 11). Temos carência também do perdão divino, por isso devemos pedir: aphes hemin ta afelimata hemôn, perdoa as nossas dívidas. O relacionamento com o Pai é o que há de mais importante, pedir perdão é uma necessidade que não pode ser desconsiderada. E um dos fundamentos para fazê-lo é: hos kai hemeis afiemen tois afeiletais hemon, assim como nós perdoamos aos nossos deveredores (v. 12). Somos devedores a Deus, assim como certamente outros nos devem, formos alcançados pela graça, devemos agir de igual modo. É necessário também lembrar do perigo da tentação, por isso precisamos orar: kai me eisenegkes hemas eis peirasmós. E por fim, precisamos reconhecer na oração que é de Deus: he basileía kai he dunamis kai he doxa eis tous aiônas aiônas amén. Ao invés de querer aparecer, como faziam os religiosos, que pareciam que estavam em um palco, diante de uma plateia, em um espetáculo, devemos dar a Deus a glória (v. 13).

2. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus passa, então, a ensinar-lhes a orar (Mt. 6.9; Lc. 11.2). As instruções do Senhor dizem respeito às atitudes: 1) com sinceridade (Mt. 6.1,5,6), não como os fariseus (Mt. 23.14; Lc. 18.10-14); 2) com confiança (Mt. Lc. 11.9-13; Mt. 21.22); 3) com persistência (Lc. 11.5-8), mas 4) com brevidade, sem apelar para vãs repetições (Mt. 6.7). Ainda que possamos orar no templo, enquanto casa de oração (Mt. 21.13; Mc. 11.17; Lc. 19.46; At. 3.1), não estamos restritos a um lugar específico, pois Deus é Espírito e importa que os adoradores que Ele mesmo busca façam-no em espírito e em verdade (Jo. 4.19-24). Um dos elementos fundamentais à oração é que essa seja feita com fé, pois aqueles que se achegam a Deus precisam acreditar que Ele é galardoador dos que O buscam (Hb. 11.6). As palavras de Jesus também devam permanecer em nós, pois, diz Ele em Jo. 15.7, “se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. É preciso fazer uma ressalva, que esse “tudo” é relativo, isto é, não podemos pedir mal, para esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.2,3). E assim, quando as palavras de Jesus, verdadeiramente, estiverem em nós, oraremos segundo a Sua vontade, e Ele nos ouvirá (I Jo. 5.14; Jo. 15.7). A oração instrutiva de Jesus quebra um paradigma em relação à fé judaica porque chama Deus de “Paizinho” (Aba), ressaltando o relacionamento íntimo que podemos ter com Ele. Mas Deus não é apenas meu Pai, Ele é “nosso” Pai. Em Cristo fomos feitos filhos de Deus, de modo que hoje podemos, todos aqueles que crêem, se direcionar a Ele como Pai (Jo. 1.12). Esse Pai amoroso, revelado na Parábola do Filho Pródigo (Lc. 16), está acima dos homens, Ele é Deus acima de todos, por isso, está “nos céus” (Is. 66.1), é o Criador, não pode ser confundido com a criatura. Todos devem reconhecer que Ele é Santo, o nome dEle, na verdade, é Santo, e digno de louvor e adoração (II Sm. 22.5; Ez. 36.20). Ele é soberano, por isso, oramos para que venha o reino dEle, que Sua “vontade seja feita na terra como no céu”. Jesus veio para anunciar o Reino de Deus (ou dos céus) (Lc. 4.43), e esse já está no meio de nós (Mt. 22.1; Lc. 14.16), pois Cristo já reina entre os seus súditos (Mt. 13.44, 45, 46), mas ainda virá o dia no qual esse reino será pleno (Ap. 21.2-4), naquele dia, a vontade de Deus prevalecerá, na terra como já acontece no céu. Essa é a bendita esperança da igreja, e principalmente, de Israel, quando o trono de Deus será estabelecido na terra e Jesus será reconhecido como o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Enquanto vivemos debaixo dessa esperança, dependemos de Deus e rogamos que Ele nos dê o alimento diário, ainda que saibamos que o Pai sabe o que temos necessidade, antes mesmo que peçamos (Mt. 6.8), oramos, pois Ele se compraz em responder as orações. O cristão não deve pedir riqueza, muito menos pobreza (Pv. 30.8,9), mas tão somente o necessário, não para entesourar, ou para viver ansiosamente (Mt. 6.19-31), antes dependendo do Senhor, que nos dá o que precisamos (Mt. 6.32-34). Devemos lembrar do material, mas também do espiritual, pois somos pecadores. Durante a oração precisamos reconhecer diante de Deus os nossos pecados, e pedir que Ele nos perdoe, mas precisamos perdoar aqueles que nos ofenderam (Mt. 6.14,15; 11.25; 18.21,22, 35), muito mais do que sete vezes (Mt. 18.21,22). O pecado não deva ser uma prática comum na vida cristã, por isso, é preciso orar para que não caiamos em tentação, cientes que não somos tentados por Deus, e sim pela nossa concupiscência (Tg. 1.13-14) e que nenhuma tentação nos sobrevém de sorte que não a possamos suportar (I Co. 10.13; II Pe. 2.9). Além de orar para que não cedamos à tentação, devemos pedir também que o Senhor nos livre do mal, isto é, do Maligno (Jo. 17.15). Orar somente não é suficiente, faz-se necessário resisti-lo (Tg. 4.7), pois Satanás “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe. 5.8). Estejamos, pois, firmes, fortalecidos com toda armadura de Deus (Ef. 6.14-18) para que não sejamos vencidos pelo príncipe das trevas (Ef. 6.10-12), nem por homens perversos e maus (II Ts. 3.1-2), e muito menos pelos cuidados deste mundo e pela sedução das riquezas (Mt. 13.22).

3. APLICAÇÃO TEXTUAL
Vivemos em um mundo repleto de atividades, uma se sobrepõe à outra. O corre-corre da vida impossibilita o crente a buscar a Deus em oração. Mas não era assim no princípio, no Gênesis está revelado que o ser humano desfrutava de amizade com Deus. Depois da Queda, o sentimento de autossuficiência passou a ter prioridade na conduta humana. A agitação da modernidade também favorece a ausência de oração. Nos dias atuais, dominados pela tecnologia, as pessoas estão deixando de orar. O fazer está se sobrepondo à oração. É evidente que precisamos agir, mas toda ação do crente pressupõe oração. Lutero costumava dizer que deveríamos trabalhar como se todo trabalho dependesse de nós e orar como se tudo dependesse de Deus. Nesse contexto do fazer, os cristãos estão deixando de separar momentos especiais para a oração: de madrugada, antes das refeições, ou antes de dormir (Sl. 63.1). A materialismo filosófico e o liberalismo teológico contribuíram para essa “apostasia na oração”, pois fomos instruídos, por esses pensamentos, a depender exclusivamente do poderio humano. Essa lógica leva à apostasia, e, na verdade, toda aposta se inicia pela falta de oração. A oração não pode ser um apêndice na vida cristã, ela precisa ter prioridade, a hora silenciosa para a oração e meditação na palavra deva ter primazia na agenda do cristão. A oração é o meio pelo qual desenvolvemos nosso relacionamento com Deus. Ela é uma disciplina cristã, por isso, precisa de treinamento contínuo, tal como a de um atleta (I Co. 9.25). É importante que o cristão tenha um tempo reservado para a oração, ainda que esse seja inicialmente de apenas 15 minutos diariamente, e deva ser persistente em tal prática. Esse é o momento de trocar as nossas forças pelas forças de Deus (Is. 40.31). O ideal é que o crente associe a oração à leitura da palavra (I Sm. 3.21), meditando em algum texto da Escritura, pedindo ao Senhor que se revele por meio dela. Esse é um período para digerir a Palavra de Deus, deixando que ela seja alimento (Jr. 15.16). Alguns cristãos adotam a prática de fazer anotações: data, passagem lida, aplicações e o motivo da oração. Outra opção é a utilização de um livro devocional diário, com textos bíblicos e meditações aplicativas, sem esquecer da oração. A relevância da oração não está naquilo que iremos receber da parte de Deus, mas no fato de estarmos na presença dEle. Jesus nos dá esse exemplo maior, pois Ele, enquanto homem, nos ensinou a depender do Pai e a buscar desenvolver nosso relacionamento com Ele (Mt. 1.35-39). O encontro de Jesus com os discípulos, no caminho de Emaús, revela a importância do relacionamento com Deus (Lc. 24.13-16). Na jornada cristã, precisamos da companhia de Cristo, Ele é Aquele que nos livra das inquietações do cotidiano (Hb. 4.16; Fp. 4.6,7) Jesus é o fundamento da oração cristã, na verdade, podemos nos achegar ao Pai com confiança porque Ele é o mediador, Seu sacrifício perfeito nos oportuniza o acesso a Deus em oração (Ex. 30.7-10), por meio da Sua graça (Hb. 4.14-16), e auxílio bem presente (Rm. 8.34; I Jo. 2.1-2). A confiança se concretiza através da sinceridade, por isso, devemos orar cientes de que Deus pode nos socorrer (Sl. 139.1; I Cr. 28.9), perdoar os pecados, contanto que quebrantemos nossos corações perante Ele (Sl. 51.10,17), que não sejamos hipócritas tal como o publicano (Lc. 18.13). Na oração também podemos apresentar nossas queixas perante o Senhor (Sl. 44.23-24). A esse respeito, disse um pensador judeu: “o judeu pode amar a Deus ou lutar com Ele, mas não pode ignorá-lo”. Não tenhamos receio de apresentar nossas angústias diante de Deus, esses também são modos de oração, experimentados por homens de Deus, tal como Abraão (Gn. 18.23-33) e Moisés (Ex. 32.12,14). Mas a oração é também uma oportunidade para a rendição, isto é, de acatarmos a vontade soberana de Deus para as nossas vidas. Alguns crentes não oram porque têm receio de se dobrarem à vontade de Deus (Jo. 4.34; Rm. 12.1-3). É por meio da oração que nos achegamos em gratidão por tudo que o Senhor nos tem feito (ou deixado de fazer). Deus sabe sempre o que é melhor para cada cristão, por isso, enquanto a resposta não vem, devemos confiar nEle (Sl. 100.4), agradecer pela Sua providência (Ef. 5.20) e reconhecer a Sua soberania (Sl. 113.1-3).

CONCLUSÃO
A oração é fundamental na vida de todo crente. Não apenas para recebermos as bênçãos de Deus. A importância central da oração repousa na oportunidade de desenvolvermos um relacionamento contínuo com nosso Pai Celestial. Enquanto oramos, independentemente do modo como Ele responde, devemos confiar em Suas promessas (Fp. 4.6,7), que é o antídoto contra toda ansiedade (Sl. 4.8) e a certeza da Sua presença diante das adversidades (Fp. 4.9).

BIBLIOGRAFIA
BORGMAN, B., VENTURA, R. Spiritual warfare. Grand Rapids: RHB, 2014.
STEDMAN, R. C. Batalha espiritual. São Paulo: Abba Press, 1995.